Hermione PDV

“Então...o que estão esperando? Comecem.” – eu disse enquanto eles me encaravam.

“Espera...qual é o plano 1?” – perguntou o Rony.

“AAiii meu Deus. Você precisa tirar o menino do caminho. Quer dizer, tirar ele de cena enquanto você estiver lá no lugar dele.”

“Ok. E como eu posso fazer isso?”

“Eu não sei. Mas você precisa fazer isso rápido, antes do jantar. Você precisa de tempo para achar a sala comunal da Corvinal e arranjar um lugar para você ficar.” – falei.

“Sem problemas. Eu posso fazer isso. Vou preparar tudo e vou segui-los aonde eles forem. Eu preciso ir agora.” – disse o Edward, visivelmente cansado.

“Ok, Edward. Eu sei que você consegue. Mas toma cuidado. Não deixe ninguém ver você.”

Edward se virou e saiu.

Ele é estranho! – pensei

Eu olhei para o Rony e ele sorriu para mim. Em sua expressão vi um ar diferente. Como se..

“Eu sinto sua falta”- disse ele em súbito me fitando intensamente.

“Hã? – pisquei confusa por um instante - Mas você me vê todo dia, como pode sentir minha falta?”

“Não, não é isso. Eu sinto a falta de seus lábios juntos aos meus.” – disse com a voz rouca.

Engoli em seco, nervosa de repente.

"Ah!" – Foi só o que consegui dizer .

Ele se aproximou de mim. Sua boca se modelou à minha tão facilmente. Eu senti uma onda de emoções, mais forte e mais intensa do que tudo que já sentira. E naquela hora, eu soube que éramos feitos um para o outro.

Rony PDV

Eu e Hermione fomos para o salão principal. Logo o jantar seria servido. Me concentrei primeiro em achar o menino que eu arranquei o cabelo, mas ele não estava em lugar algum. Sentei na mesa e quando o jantar apareceu, esqueci de tudo o que tinha que fazer e fiz o que eu sabia fazer melhor. Comer.

Depois de meia hora, Hermione me arrastava para fora do salão. Por mim eu ficaria por lá, mas ela queria que eu fosse cumprir a minha parte do plano. Ela me levou até a porta da sala comunal da Corvinal e disse.

“Agora se vira. Vai procurar o menino e faça com que ele desapareça. Eu vou pegar a poção.”

“Mas..” – comecei mas ela já tinha me dado as costas.

Fiquei atrás de uma coluna, observando os alunos entrarem e saírem. Até que avistei o menino virando no corredor e vindo em direção da sala.

Congelei. O que eu vou fazer?

Eu poderia pegar ele de surpresa e levá-lo para algum lugar...mas alguém podia ver. Ou então, eu podia chamá-lo e depois de distraí-lo eu podia fazer ele desmaiar. Mas e se ele não falasse comigo? Por fim, depois de quase sair fumaça da minha cabeça, eu lancei um feitiço nele.

“Petrificus Totalus.” – murmurei.

Tratei de arrastar o menino logo dali, antes que alguém visse. O levei ao banheiro mais próximo e o coloquei dentro de um box vazio e tranquei.

É, até que eu não sou tão burro assim.

Voltei até a entrada e me escondi novamente atrás da coluna.

Cadê aquela Hermione?

“BUUUU!!” – gritou alguém atrás de mim.

“AAAHHHHHHHH....” – comecei a gritar mas logo ela tapou a minha boca.

“Não grita, Rony! Seu burro, alguém pode ouvir.”

“E como você quer que eu não grite? Sua Louca. E então, trouxe a poção?”

“Já. O Edward já deve estar lá. Agora anda logo. Vamos lá no banheiro.”

Fomos até o banheiro. Chegando lá Hermione me entregou um copo com um líquido muito grosso e de uma aparência horrível. 

“Anda, coloca o cabelo aí dentro e bebe.” – disse ela me entregando o frasquinho contendo o cabelo.

Coloquei todo o cabelo dentro do copo. Subiu uma fumaça preta e o líquido borbulhou.

Argh! Eca.

Parecia uma tentativa de derreter alguma coisa muito pegajosa e que não deu muito certo. Era nojento olhar aquilo.

“Aii, Rony. Pára de ficar olhando. Bebe logo de uma vez. E não bebe pouco se não o efeito não vai durar o tempo necessário.” – falou a chata de galocha.

“Tá, tá.” – murmurei.

Virei o copo de uma vez e um gosto estranho invadiu a minha boca. Logo eu quis cuspir aquilo pra fora, mas a Hermione virou o copo inteiro na minha boca e eu acabei bebendo a poção toda. Era muito ruim. Credo. Ela não podia ter colocado um gosto de morango?

Ate açúcar servia.

Senti meu estômago revirar. Corri para dentro de um Box, mas bati na porta que estava trancada e caí de costas no chão. Meu corpo começou a tremer, e senti como se tudo dentro de mim estivesse revirando. Pisquei algumas vezes e a sensação estranha parou. Fiquei ainda atordoado, deitado no chão encarando o teto.

“Anda Rony, você não morreu. Já acabou pode levantar.” – falou Hermione.

Levantei e imediatamente senti as mudanças em meu corpo. Eu tinha ficado um pouco maior, e mais magro. Eu não era gordo, é só que o menino era mais magro que eu. Fui até o espelho atrás da porta e encarei o reflexo que me olhava com uma carranca. Passei as mãos pelo meu rosto e constatei que era eu. Ou melhor, era eu no corpo do menino.

“Pronto. Agora está tudo em ordem. Rony, qual é o seu nome?” – porque que a idiota tava perguntando meu nome?

“Não se faça de mongol, Hermione. Você sabe que meu nome é...”

“Não seu lesado. Qual o nome do menino?”

Eu a encarei. Pensei por um momento. Caraca. Bati minha mão na testa e ela entendeu o recado na mesma hora.

“Não acredito!!! Ô sua anta!! Meu Deus..só você mesmo, Rony. Como pode ser tão tapado hein?”

“Humpf... – bufei contrariado - e você. Porque que você mesma não perguntou, já que é tão inteligente?”

“Eu não perguntei porque não era minha obrigação. Era você que ia lá fingir que era ele.”

“É, mas você sabe que eu não pensaria nesse tipo de coisa..”

“É claro. Eu devia ter pensado nisso. Devia saber que você não era capaz de fazer isso....devia ter escolhido outra pessoa.” – retrucou.

“Se você sabia que eu não era capaz, então porque me chamou?”

“Eu não te chamei...você que se ofereceu para ir no lugar da sua irmã. Até ela se sairia melhor.”

“Você não tem o direito de falar assim comigo! Quem você pensa que é?”

“Eu tenho todo direito sim! Quem manda você ser o burro que é? Eu devia saber que isso não ia dar certo. Affe.”

“Olha aqui, eu não teria aceitado fazer isso se não fosse porque você me pediu para ajudar o Harry. Eu nem conheço aquele doido..não sei porque eu estou aqui perdendo meu tempo para espionar uma coisa que nem sei se é real. Agora me fale se eu não tenho razão?”

“É, você tem razão. Em partes. Se você concordou em ajudar, você devia ter mais responsabilidade e pelo menos fazer direito...”

“DÁ PRA VOCÊS PARAREM DE DISCUTIR E ME TIRAR DAQUI E DIZER O QUE ESTÁ ACONTECENDO????” – gritou um menino de algum lugar.

Olhei para o Box trancado e lembrei que eu tinha trancado o menino lá dentro. Merda! E agora? Ele escutou tudo! Ferrou de vez. Hermione me encarava incrédula. Ela abriu a porta do Box e o menino saiu pra fora num rompante.

Mas quando ele me viu, parou de repente.

“Ooo..qq-quem..vo-cê..”

Me escondi atrás de Hermione que agora se mantinha como uma estátua, paralisada de surpresa.

“Quem é você? Por que você estava se passando por mim?” – perguntou o menino, altivo.

“Eu...eu..” – não consegui processar nada pra falar.

“Quem você estava querendo espionar, hein? Anda, me diga! Eu exijo uma explicação.” – disse ele empunhando a varinha.

“Isso é uma confusão..só isso. Eu não estava querendo espionar ninguém, você entendeu errado...” – tentei reverter.

“Não. Eu entendi muito bem. Eu escutei tudo. Agora me diga quem você está querendo espionar.”

“Não! Eu não te devo satisfações de nada!”

“Deve sim! Você ia se passar por mim!” – ele falou, já começando a se irritar.

“Ia. Mas não fui e nem vou mais. Não se preocupa porque graças á minha falta de inteligência eu não fiz nada.”

“Não importa...você não devia fazer isso. É errado se passar por outra pessoa, além do mais vai contra as regras da escola. O professor Dumbledore não vai gostar nada de saber disso.” – ele falou num tom de ameaça.

Congelei. Se o professor Dumbledore ficasse sabendo dessa história eu poderia até ser expulso. Vi Hermione mexer a mão e tirar a varinha do roupão.

“Obliviate!” – Hermione murmurou.

O garoto caiu com um baque no chão. Hermione se agachou ao lado dele e sussurrou algumas coisas em seu ouvido mas eu não entendi o que era.

“Pronto. Ele não vai se lembrar do que aconteceu aqui...”

“Então eu não vou mais ser necessário...” – falei indo em direção à porta.

Mal encostei na maçaneta e o Edward entrou escancarando a porta.

“O que vocês estão fazendo aqui?” – perguntou de súbito, surpreso por nos encontrar ali.

“Edward..o que aconteceu?” – perguntei.

“Oxe. Tá doido é. Quem é você?”

“Sou eu o Rony. Eu bebi a poção.”

“Já deve estar acabando o efeito- disse ela me olhando de lado -Mas então Edward. Conta logo o que aconteceu.” – pediu Hermione.

“Vocês não vão acreditar..”

Edward PDV

FLASHBACK

Depois que a poção me transformara no Tayler, o menino da Corvinal, corri para a entrada da sala comunal que a Hermione me dissera aonde era. Eu não sabia a senha, então aproveitei a oportunidade quando a vi. Uma menina entrava na sala e eu entrei junto com ela.

Examinei o ambiente com cuidado e reparei em um grupo que conversava mais distante de todos. Vi a cabeleira loira do Malfoy no meio de duas meninas que tampavam a visão de qualquer um que quisesse olhar. Eles estavam bem ao fundo da sala, em uma mesa redonda. Parecia uma reunião dos três mosqueteiros. Hahahaha. Tá parei. Não teve graça nenhuma.

Mongol.

Fui até o sofá mais perto, e sentei de costas para eles. O ambiente estava calmo, mesmo para a sala da Corvinal. Tinha bem poucos alunos sozinhos. A maioria se dividia em grupos. Havia três grupos distintos ali. O do Malfoy, e outros dois que ocupavam os outros cantos da sala. E eu era o único ali que estava sozinho.

“Eu consegui!! Eu decifrei tudo...” – ouvi uma menina falar.

“Shiiii...fica quieta Victória. Alguém pode escutar.” – sussurrou outra voz de menina.

Me concentrei em escutar a voz deles, porque eles falavam baixo demais.

“Desculpa.”

“Tá. Agora que eu já consegui a minha parte, é só fazer com que os primeiros sinais comecem a aparecer. Precisamos de uma vítima.” – esse foi o Malfoy.

“E você já tem algo em mente, eu suponho.”

“Claro. Ou eu não seria o cabeça do grupo né. Por que se eu dependesse totalmente de vocês duas...puff.” – falou o Malfoy.

“Aiai viu. Você tá se achando demais, mas se não fosse por nós você não teria chegado até aqui. Admita que a gente é essencial.”

“É, vocês foram úteis sim.”

“Mas agora eu tô curiosa...quem você está planejando para ser a primeira vítima?” – uma das meninas perguntou.

Fez-se um silêncio perturbador e eu vi o rosto do Malfoy se levantar e olhar diretamente para mim. Logo as meninas o acompanharam e olharam para mim também. Foi então que eu percebi que eu estava encarando eles diretamente. Virei para a frente, mas não antes de ver o Malfoy se levantando.

“Tá olhando o quê? Perdeu alguma coisa aqui, babaca?” – perguntou ele me dando um tapa na parte de trás da cabeça e aparecendo na minha frente.

“Hã??”

“Não se faça de burro. O que você estava encarando? O que escutou?” – perguntou ele, visivelmente irritado.

“Eu não sei de nada. Com licença, vou sair.” – falei me levantando.

“Com licença, eu vou sair.” – imitou ele com a voz fininha.

Olhei para ele e passei, mas não sem levar um esbarrão.

“Fica esperto seu otário. Da próxima vez eu não vou deixar passar.” – ameaçou ele.

É. Ainda bem que eu não estaria mais na pele desse menino. Ele que fique na dele, para o seu próprio bem. Depois de passar pelo retrato corri sem rumo, sentindo meu corpo voltar a se transformar. Achei uma porta e me enfiei dentro.

Entrei vendo a Hermione e um menino. Eles se olhavam com certa mágoa. Parecia que eu estava interrompendo alguma coisa. Mas porque a Hermione estaria falando com alguém da Corvinal? Eu hein.

[...]

(FIM FLASHBACK)

Rony trocou de roupa, colocando o seu roupão da Sonserina e deixando o do menino lá. Segundo a Hermione, o menino ia acordar e ia pensar que tinha dormido no chão. Conversamos sobre as novas descobertas e combinamos de falar com o Harry amanhã.

Depois de conversar com a Hermione e o Rony, fui para o meu quarto tentar dormir. Desde que tinha visto Bella quase aos beijos com aquele cara não conseguia ter um momento de paz e por isso me jogava nesse plano maluco do Harry apenas pra esquecer de tudo, me esvaziar, esquecer como eu fui tolo e por burrice, ego juvenil perdi a garota por quem eu estou apaixonado. O pior é que não consigo me conformar, não consigo tirar aqueles olhos castanhos do meu pensamento.

Depois de tanta confusão meu corpo estava exausto. Minha cabeça e, principalmente, meu coração no entanto continuavam atentos e ameaçavam minha sanidade. Respirei fundo passando as mãos pelos cabelos frustrado por tudo que vinha acontecendo comigo.

Segui pelo corredor, tanta coisa pra fazer, pra pensar e ainda tinha esse plano maluco. Sem mencionar que eu ainda precisava contar tudo o que eu descobri para o Harry.

Cheguei em frente ao quadro e antes que eu pudesse falar a senha para a mulher gorda ela foi falando.

“O diretor Dumbledore deseja ver vocês imediatamente.”

Eu e Hermione nos entreolhamos. Dei um suspiro frustrado e ela saiu cabisbaixa. A segui até chegar na escada que levava á sala do diretor. Entramos calados e encontramos Rony já em pé na frente da mesa do diretor. Dumbledore o examinava por cima dos oclínios de meia-lua. Quando entramos, ele fez sinal com a mão pra ficarmos ao lado de Rony.

Ele não falou nada por algum tempo. Simplesmente nos encarava com uma cara séria.

Engoli em seco fitando a cara da morte....

“Êita por**, é agora que seremos expulsos” - cochichei para Hermione.