Aparentemente estava tudo bem. O tempo passou e tudo estava bem em casa, e no colégio. Parecia que cada dia mais a gente se conhecia melhor. Era tão bom se sentir assim, eu estava à vontade. Quando eu chegava em casa, tranquilidade. Fazia muito tempo que eu não via nem rastro dele. Ótimo. E além disso, fazia muito tempo que eu não chorava por causa dele também. Eu, chorona que sou, considerei como um recorde.

Com Renata estava tudo ótimo. Em alguns dias eu consegui resgatar a confiança dela. Estávamos mais unidas do que nunca!

Eu estava tão feliz, ninguém poderia imaginar. Eu poderia falar de cada dia detalhadamente, estava tudo ótimo! O Daniel? Quem é Daniel? Hahaha!

Eu poderia muito bem acabar de contar a história por aqui. Seria um final feliz, não? Não. A Renata é uma vaca. Você vai entender o por quê.

P.s: Ignore metade do que eu falei até agora. Eu nunca esqueci o Dã.

Um dia eu decidi andar sozinha pelo parque. Eu amava aquele parque. Fui sozinha, andando, feliz. Comprei um sorvete, sentei no banco. Déja vu.

Comecei a olhar o parque. Era primavera, estava tudo tão colorido. Bonito. Vi uma garota e um garoto no parque. Eram tão fofos. Mas se olhasse bem, ela tava dando em cima dele, e ele não estava ligando muito. Eu ri comigo mesma, e continuei olhando-os.

Mas, peraí. Era a Renata! Fui lá falar com ela.

- Renata! – chamei ela, mas acho que ela não ouviu.

Ela puxou o garoto pela nuca e o beijou. Renata, sempre Renata. Quando eles se soltaram, eles viraram para mim e me notaram lá. Foi aí que eu vi. Era o Daniel!

Fiquei paralisada, em choque.

- Ah... É... Oi, Bel – ela falou, desconcertada.

Eu não sabia o que falar. Minha vista estava embaçada, eu só queria sair daquele lugar rápido mas minhas pernas não obedeciam.

- Renata... Eu... Não acredito que você fez isso – tentei falar – E você, Daniel...

- Mas, Bel... Você deu um fora nele... – ela tentou argumentar.

- COMO ASSIM EU DEI UM FORA NELE? EU SÓ ACABEI COM ELE POR TUA CAUSA! SUA VADIA! E VOCÊ, DANIEL? EU PODIA ESPERAR ISSO DE TODO MUNDO, MENOS DE VOCÊ!

- Bel, essa LOUCA me puxou, não acredita nela!

- Louca? Você disse que me ama – falou Renata.

- Eu NUNCA disse nada disso! Isa, ignora ela!

- Quer saber? – falei – Fiquem aí vocês dois. Vocês foram feitos um para o outro – dei de costas e saí a passos fundos. Daniel me puxou pelo braço.

- Isa, volta aqui – ele falou, com seus olhos lacrimejando.

- Nunca mais olha na minha cara – falei, e me soltei dele. Saí correndo.

A minha vista estava horrível, eu não pude enxergar nada. Atravessei a rua, mas rapidamente senti uma pancada muito forte.

Tudo escuro.

[DANIEL]

Fazia um bom tempo que a Renata estava dando em cima de mim. Ela tentava ser sutil, mas não era. Coitada.

Mas, talvez o fato de eu não ligar para ela nem seja culpa dela. É que desde que a Isabel acabou comigo, não consegui me recuperar. Não permiti a mim mesmo amar mais ninguém. Eu tentei esquecê-la, mas era impossível.

Mesmo assim, resolvi dar uma chance à Renata quando ela me chamou para andar pelo parque. O combinado era encontrar ela três quarteirões antes do mesmo.

- Oi – falei, dei um beijo na sua bochecha.

- Oi, tudo bom? – ela falou.

- Sim, e você?

- Estou ótima. Vamos?

- Claro!

Fomos andando e conversando. Chegamos ao centro do parque. Olhei pro banco ao lado e tive um súbito déja vu.

- O que você está olhando, Dã? – como se ela tivesse o direito de me chamar assim.

- Não, nada – voltei a olhar para ela, com um sorriso falso.

Ela ficava o tempo todo puxando conversa comigo. Ela era irritante. Como a Isabel poderia ter uma amiga dessas?

- E aí, você é do tipo do que só fica com quem quiser ou prefere namoro sério? – ela perguntou em certo momento.

- Eu... Só namoro, mesmo.

- Hum. Eu não sou assim, mas se quiser eu mudo só por você – que cantada besta.

- Er... Não, obrig... – ela me puxou pela nuca e me beijou a força. Tentei empurrar ela, mas ela só me soltou quando escutamos uma voz.

Era a Isabel! Ela estava parada olhando para nós.

- Ah... É... Oi, Bel –a Renata falou, desconcertada.

- Renata... Eu... Não acredito que você fez isso – a Isa falou – E você, Daniel...

- Mas, Bel... Você deu um fora nele... - tentou argumentar.

- COMO ASSIM EU DEI UM FORA NELE? EU SÓ ACABEI COM ELE POR TUA CAUSA! SUA VADIA! E VOCÊ, DANIEL? EU PODIA ESPERAR ISSO DE TODO MUNDO, MENOS DE VOCÊ!

- Bel, essa LOUCA me puxou, não acredita nela! – tentei falar para ela.

- Louca? Você disse que me ama – falou Renata.

- Eu NUNCA disse nada disso! Isa, ignora ela! – essa Renata é maluca!

- Quer saber? Fiquem aí vocês dois. Vocês foram feitos um para o outro – deu de costas e saiu a passos fundos. Puxei ela pelo braço.

- Isa, volta aqui – falei, quase chorando.

- Nunca mais olha na minha cara – falou. Ela se soltou de mim e saiu correndo.

Eu ia atrás dela, mas Renata me segurou.

- Fica aqui, já era, agora não tem mais volta – falou ela.

- Como assim já era? Você viu que ela estava nos olhando, né? Você me puxou de propósito, né sua vagabunda? – falei, e me soltei dela para correr atrás da Isa.

Eu vi tudo acontecer rapidamente.

Ela atravessou quando o farol estava aberto para os carros, e um carro que passava correndo a atropelou. O carro saiu cantando pneu e Isa ficou no chão. Corri ainda mais rápido.

- Ai meu Deus! – só pude balbuciar isso quando a vi estirada e ensanguentada no chão. Com cuidado, carreguei ela até a calçada, me ajoelhei ao lado dela, e liguei para o 192, ao mesmo tempo em que várias pessoas se aproximavam.

- Samu emergência, em que posso ajudar?

- Acabaram de atropelar uma garota aqui! Precisamos de uma ambulância!

- Poderia me informar o local em que vocês estão?

Falei o endereço e ela falou que em poucos minutos chegaria uma ambulância.

A multidão em volta era só um vulto para mim. Eu só conseguia enxergar a Isa. Ela estava ensanguentada, com o rosto machucado.

- Vai ficar tudo bem, meu amor, você vai ficar bem – falei tirando o cabelo do rosto dela, ao mesmo tempo em que eu começava a chorar.

[/DANIEL]