Ele chamou meu nome novamente, e outra vez estremeci, era incrível o poder que a voz dele tinha sobre meu corpo. Levantei a mãe esquerda e ainda deitada acenei pra ele.  Ele pulou do cavalo e desceu correndo em minha direção.

   - Oh meus Deus Bella, não se mexa – ele disse todo preocupado – Acho melhor chamar alguém, você precisa ir a um hospital.

   - Que drama Edward, eu só cai e bati a cabeça, estou um pouco tonta, mas já vai passar. Ajude-me a levantar. – disse e já fui me levantando.

   - Nada disso, fique aqui que vou chamar alguém. – me empurrou pra baixo.

   - Até parece que eu vou ficar deitada no chão pra fazer sua vontade – me levantei de uma vez, e na hora senti tontura, mas Edward me segurou, e que pegada ele tinha, e estava cheirando tão bem que me embriagou, agora acho que eu ia desmaiar de verdade.

   - Bella, você não está bem. Tem uma ferida aqui na sua fronte, está sangrando. – disse e tocou levemente onde estava ferido.

   - Só preciso de um curativo e tá tudo ótimo. Você viu onde tempestade foi? – meu cavalo tinha me abandonado aquele ingrato.

   - Entrou no pomar, vamos pedir pra alguém buscá-lo depois, eu te levo de volta no meu cavalo é mais seguro – na hora todos os meus sentidos entraram em alerta, andar no cavalo com ele? Bem pertinho? Se controla Bella, se controla.

   - Tudo bem. – disse com voz fraquinha, afinal eu tô ferida, e não podia demonstrar que tinha gostado da idéia.

          Ele me ajudou no curto caminho de volta a estradinha,  me ajudou a montar no cavalo e subiu ficando atrás de mim, eu disse isso mesmo, atrás de mim. Encostei-me em seu peito, sentindo um pouco mais do perfume dele e fechei os olhos, imaginando que poderia ser sempre assim. Logo já estávamos voltando a casa, pra fazer meu curativo.

   - Então, porque você quis correr com o cavalo? Ainda mais com esse vento, sem prática você iria mesmo se atrapalhar.

   - Como sabe que fui correr, estava me vigiando?

   - Estava indo ao seu encontro, fui te procurar na sua casa, mas sua mãe disse que você tinha ido cavalgar, então peguei um cavalo e fui tentar te encontrar. Já estava me aproximando quando vi você se atrapalhar com o vento no chapéu e no cabelo e cair.

   - É me atrapalhei, mas não estou sem prática, foi um simples erro matemático.

   - Sei – e aposto que ele revirou os olhos quando disse isso.

          Continuamos cavalgando num silêncio confortável, e minutos depois chegamos. Minha mãe estava na varanda e quando me viu toda suja veio correndo tentando saber o que houve. Eu mal tinha descido do cavalo.

   - Filhinha tá tudo bem? Você machucou? O que aconteceu? Está doendo? - Estava visivelmente aflita, ficava me apalpando pra ver onde estava ferido.

   - Tá tudo bem mãe, eu cai e bati a cabeça, mas estou bem, só preciso de curativo e um banho e estarei novinha. – revirei os olhos.

   - Vou pegar a caixa de curativos. Entra e senta lá no sofá querida, eu já volto. – e saiu correndo pra dentro de casa.

   - Quer que eu te carregue Bella? – Edward perguntou sorrindo.

   - Machuquei a cabeça, minhas pernas ainda estão boas. Eu acho - e dei um passo, meio que pra comprovar se realmente estavam boas. Senti-me tonta, mas conseguia caminhar.

- Então vamos, se apóia no meu braço.

          Fui caminhando escorada em Edward até o sofá. Sentei e logo minha mãe veio fazer o curativo. Enquanto ela fazia, Edward contava pra ela o que tinha acontecido e avisou pra alguém buscar o tempestade.

          Quando ela terminou eu fui tomar um banho, estava cheia de folhas secas grudadas no cabelo e barro em varias parte da roupa e no corpo. Enquanto isso, Edward estava comendo o pudim que minha mãe fez especialmente pra ele. Puxa saco.

          Após o rápido banho, vesti um shortinho curto e uma blusinha frente única, já era de tarde e ainda estava muito calor, por isso aqui sempre uso roupas curtas, e também o que é bonito é pra se mostrar né? Deixei os cabelos soltos, passei perfume e desci.

          Cheguei à cozinha e sentei ao lado de Edward, e mamãe me serviu um prato com pudim, ele já tinha comido a metade, se eu demorasse mais ficava sem.

   - Tá sentindo alguma coisa Bella? Você ainda pode ter uma concussão? – disse ele.

   - Relaxa, eu tô ótima. Nenhum dano mais grave. – disse e comecei a comer meu doce, tava muito bom, eu precisaria começar a me exercitar ou ia acabar engordando com a comida da minha mãe, tudo era tão gostoso.

   - Edward, preciso ir na horta pegar salsinha pro jantar, mas fique a vontade, agora Bella te fará companhia. Se quiser mais pudim pode pegar na geladeira.

   - Obrigado dona Renné. Fique tranqüila, estou satisfeito. – sorriu pra ela.

          Minha mãe saiu e ficamos a sós, em silêncio, que depois de alguns minutos ele quebrou.

   - Vamos até o lago depois que você comer? – Tinha um lago nas redondezas, e muitos casais e famílias sempre faziam piquenique por lá.

   - Acho melhor eu não andar mais a cavalo hoje. – coloquei mais um pedaço de pudim na boca.

   - Eu vim de carro até aqui. É seguro pra você andar de carro comigo. Pode acreditar. – piscou e sorriu torto pra mim, e me lembrei do Edward com doze anos, o sorriso era o mesmo.

  - Só se for agora – comi o último pedaço de pudim e pulei do banco,  já fui andando em direção a saída.

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          Edward tinha um volvo cinza chumbo, muito lindo e bastante espaçoso, acho que dava pra dormir dentro do carro, entre outras coisas. Só não sei por que estou pensando sobre dormir no carro dele e outras coisas, na verdade talvez essa seja a última vez que eu fique tão próxima dele, portanto nem terei chance de dormi no carro, muito menos fazer outras coisas.

   - Gostou do carro? – perguntou enquanto dava a partida e saia do estacionamento rumo ao portão da saída. Seu perfume mais acentuado dentro do carro me dava reações impróprias.

   - É lindo, mas prefiro o meu. Sabe como é né, o primeiro carro nunca se esquece, é como o primeiro sutiã ou...

   - Ou o primeiro beijo – disse ele, me interrompendo – Nunca se esquece o primeiro beijo, não importa quantos vierem depois, ele sempre será especial.

          Fiquei quieta por um momento, olhando pra ele, que olhava seriamente pra frente, como se estive lembrando algo.

   - Bom, depende de com quem foi o primeiro beijo, senão pode ser uma experiência horrível – eu disse depois de um tempo, e tentando mudar de assunto.

   - Foi ruim pra você? – perguntou olhando pra mim. Desviei dos olhos deles, olhei pra frente, minha tentativa não tinha dado certo, mas não achei que ele me faria uma pergunta tão direta, ainda mais por que ele sabia que tinha sido o meu primeiro beijo. Já estávamos quase chegando. Ainda olhando pra frente respondi.

   - Não, na verdade foi tão perfeito que me marcou pro resto da vida. – me arrependi de ter sido tão sincera, mas essa era uma coisa que não podia lutar contra, eu sempre acabava dizendo o que estava sentido pra ele, muitas vezes de maneira sarcástica pra disfarçar um pouco, mas pra ele, eu sempre falava a verdade.

          O carro parou já tínhamos chegado, em silêncio ele desceu, veio abrir a porta pra mim e me ajudou a descer. Ligou o alarme do carro, pegou minha mão e saímos andando em direção ao lago. Estava  começando a escurecer,  a iluminação que beirava o lago já estava acesa, era uma imagem linda.

          Sua mão na minha estava quente, um pouco áspera devido ao trabalho na fazenda, e parecia que se encaixava perfeitamente. Chegamos à beira e paramos, me virou de frente pra ele, me olhou nos olhos por uns segundos, a conexão do dourado no verde, e disse:

   - Agora vamos conversar.

Continua...