As duas abriram as portas e eu entrei e antes de fecharem a porta elas disseram “Boa sorte”. Lá haviam várias pessoas todas bem arrumadas e chiques, eu me senti um trapo lá.

  O salão era escuro e só tinha velas acesas, mas mesmo assim muito bonito. Todos olharam para mim surpresos e logo ouvi as pessoas comentarem: “Quem é essa?” e “Isso é jeito de se vestir, numa cerimônia tão importante?”.

  Tentei ignorar esses comentários e continuei andando. Dois servos me empurraram para o centro do salão, eu cai e ouvi risos. Logo amarraram meus braços nas costas e taparam minha boca com um pano, eu fiquei de joelhos no meio do salão ouvindo pessoas rindo de mim.Eu sentia meus olhos a ponto de lacrimejar mas se começasse a chorar só dariam mais risada ainda.Olhei para os lados e vi Sally e Elliott, que me olhavam sem nenhuma expressão.

  Todas as velas se apagaram e apenas uma ficou acesa e estava vindo em minha direção, eu já imaginava quem estava a segurando. E estava certa, era Lewis com aquele sorriso assustador. Ele colocou a mão esquerda na minha cabeça.

  -Eu, o quarto Key, faço um pacto com este “ser”, que completará a minha alma. E como sinal do pacto lhe darei esta corrente que simboliza a ligação de nós dois. - uma corrente aparecia em meu pescoço - Prometo ser o mais útil possível, e nunca te abandonar.

  Assim todos se levantaram e as velas se acenderam novamente, muitos já estavam de saída, inclusive Sally e Elliott. Eu estava sendo desamarrada, pelos servos. Lewis estendeu a sua mão, mas eu não queria a ajuda dele, me levantei sozinha.

  A cerimônia foi bem curta, pelo menos não tive que sofrer mais.

  -Me deixe em paz. - eu disse baixo.

  -Diga mais alto.

  Eu fui em direção a porta andando lentamente, meus braços estavam doendo por causa das cordas de antes.

  -Eu não posso te abandonar mais. - ele disse segurando meu pulso.

  -Você só diz isso da boca para fora. Eu não quero a ajuda de alguém como você.

  -Não, eu não disse da boca para fora. - ele me olhava sério – Você é muito parecida com ela.

  -Quem?

  Parecia que ele não estava falando comigo, como se outra pessoa estivesse na frente dele.

  -Não posso te contar ,mas ela era uma pessoa muito doce.

  Ele sorria um pouco lembrando daquela pessoa, mas aquele sorriso parecia verdadeiro. Eu me acalmei olhando para o pequeno sorriso dele que desaparecia aos poucos, e seu olhar começou a se encher de tristeza.

  -O que aconteceu com essa pessoa?

  -Ela... foi embora.- parecia que ele não era o mesmo.

  -Tem algo que eu possa fazer?

  Eu já estava muito comovida, e quando fico comovida não penso no que falo, pode ser a pior pessoa do mundo mais se estivesse naquele estado de tristeza pura, eu iria fazer o que estivesse ao meu alcançe.

  -Eu...quero biscoitos.

  -*Biscoitos?* - pensei.

  Mas ele parecia falar sério. Então voltamos a mansão, eu fui até a cozinha, onde havia tudo o que eu precisava. Era nessas horas que saber fazer biscoitos é útil. Eu tinha colocado no forno e fui até a sala onde deixei Lewis, que ainda estava com a mesma expressão de antes, parecia que continuava a pensar naquela pessoa. Será que era tão importante assim?

  Algum tempo depois meus biscoitos estavam prontos, eu queria deixar esfriar um pouco mas Lewis apareceu na cozinha, já esticando a mão para pegar um. Eu odeio quando não esperam os biscoitos esfriarem, minha tia fazia isso sempre.

  -Ainda não. - falei dando um tapa de leve na mão dele.

  Lewis parecia voltar ao normal aos poucos, e me encarou como se algo estivesse errado.

  -Você age como ela...

  -Ãh?

  -Esquece... - ele pegou a bandeja de biscoitos - Isso é meu.

  Eu estava com uma vontade imensa de dar um soco na cara dele. Ele sabe como irritar alguém. Ele saia da cozinha e subia as escadas, mas havia parado no meio do caminho se virando para mim novamente.

  -Se quer saber um pouco mais, daqui uma hora, vá até a última sala do primeiro andar à direita.

  Ele se virou e voltou o seu caminho de antes.O que eu faço agora? Tenho que esperar uma hora sem fazer nada? Eu não aguento, na minha antiga casa eu tinha o que fazer, e nessa casa que eu mal conheço? Eu não iria ficar alí, achei melhor passear um pouco lá fora.

  Sai de lá, estava escuro como na noite anterior.Eu andava muito devagar, talvez ainda com medo de sair por aí sozinha. Talvez passear por aí não foi uma boa idéia. Olhei para a mansão procurando a última sala do primeiro andar, o quarto estava escuro e só consegui ver os olhos safira de Lewis e ainda havia um par de olhos rubi que deduzi que fosse Elliott.

  Me assustei quando os olhos de Lewis olharam em minha direção, logo os de Elliott também. Lewis fez um sinal com a mão para eu ir até lá. Eu não queria ficar sozinha alí então é claro que eu fui até lá...