A história de Lewis era assustadora mas ao mesmo tempo era incrível, nem parecia que aquilo realmente havia acontecido, como só se fosse uma ficção.

  Pude perceber em seus olhos como ele se sentia, dor, tristeza e solidão. Ele realmente tinha gostado daquela mulher, e eu só cutuquei a ferida dele....

  -Eu não deveria ter tocado no assunto... me desculpe...

  Ele se levantou e subiu as escadas levando junto a foto de Christine. Eu me senti muito culpada, eu havia feito ele tocar em um assunto muito delicado. Eu queria que ele me perdoasse...

  Talvez eu deveria fazer algo que o deixasse mais alegre, como biscoitos. Certo, eu iria fazer biscoitos que ele tanto gostava. Fui até a cozinha preparar alguns com muita paciência e carinho como minha tia dizia. Tudo para deixa-lós com um sabor especial.

  Demorou algumas horas, mas estavam prontos, todos inteirinhos. Eu os coloquei em um prato e esperei esfriar. Quando já não estavam mais quentes eu subi as escadas para levar até Lewis.

  Quando cheguei na porta de seu quarto, respirei fundo e entrei. Lewis estava jogado na cama com a foto de Christine na mão, ele não demostrava nenhuma expressão, o que me deixou ainda mais preocupada. Eu me aproximei e deixei o prato com biscoitos ao lado dele, demorou um tempo para ele perceber-los ali então pegou um e o colocou na boca.

  -Como os de Christine...

  -Está melhor?

  -Um pouco...- ele disse pegando outro biscoito.

  A expressão dele era a mesma, como se Christine tivesse deixado um espaço vazio nele. Porque meu coração dói quando ele demostra essa expressão? Me dá um sentimento de culpa. Então sem pensar eu o abracei, coisa que eu nunca deveria fazer, mas meu sentimento de culpa é maior.

  -So...Sophie?

  Ele encostava a cabeça em mim aos poucos, como se tivesse medo que algo acontecesse. Eu nem deveria ter feito aquilo, eu podia criar algum tipo de laço com ele, algo que eu não posso fazer...

  Eu estava fazendo carinho na cabeça dele, eu estava me contradizendo. Eu tenho que parar, mas porque não consigo? Eu tenho que ser mais forte.

  Eu estava quase conseguindo, o soltando aos poucos, mas ele percebeu o que eu queria fazer e disse:

  -Esse sentimento é familiar... me faz sentir como antes...

  Eu parei o que eu estava tentando fazer, não conseguia soltá-lo.Será que ele ainda queria brincar comigo?A expressão dele parecia tão real... talvez seja verdade, mas se não for, eu posso estar perdendo meu tempo de vida aos poucos.

  -Lewis... eu tenho que te soltar...- eu estava tentando novamente.

  Mas ele havia dormido alí, bem em meu ombro. A expressão dele era pura e calma, como quando ele estava tocando o piano.

  Eu o tirava devagar para não acorda-lo, colocando-o na cama dele e o cobrindo, então eu fiquei o observando e sentei na poltrona que havia alí, pensando se o que ele tinha dito era verdade ou não.

  Eu também estava cansada e meus olhos se fechavam aos poucos e logo eu já estava sonhando.

  -Você tem que me escutar se quer viver.

  Era aquele sonho novamente com aquela voz.

  -Agora não posso fazer isso...

  -Se continuar seguindo esse caminho, você acabará morta nesse joguinho...

  -Eu sei...