Um Verão Inesquecível escrita por GiullieneChan


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Fic UA.

Resolvi manter os nomes dos personagens originais, para que não houvessem confusões. É um fic sem grandes ambições, a não ser divertir.

Com exceção dos cavaleiros, os demais personagens ou foram criados por mim ou inspirados em pessoas reais.

Boa leitura...



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Londres, 1843.


A passos lentos, o homem caminhava pelas ruas de Londres apoiado em sua bengala. Em seu rosto as marcas do tempo se refletiam nas rugas e nos cabelos brancos, mas não em seu sorriso que lhe marcavam uma alma jovial.

 

Ele vai até um parque, ao entrar esbarra em um rapaz, fazendo-o ter um encontro acidental com uma jovem dama que caminhava. O rapaz pede desculpas rapidamente e a moça responde com um sorriso tímido que o encanta. Logo estavam conversando.

 

- Mais um. –riu o senhor, sentando-se em um banco apreciando a vista.

 

- Reverendo Malloren?-uma senhora de idade senta ao lado do senhor, ela lhe sorri.- Não resiste a tentação de unir algum jovem casal nos laços do amor?

 

- Estarei realizando o casamento daquele jovem casal no próximo verão. Isso se ele vencer a timidez e cortejar a moça como se deve. E que prazer revê-la Viscondessa de Chanttél.-o idoso se levanta e beija a mão da dama.-Quando voltou de Paris?

 

- Há algumas semanas. Para visitar meus netos.-respondeu.

 

- Desde o velório do Barão de Blackmoore não nos falamos.-pensou o idoso.- Sabe, eu também não estava morando em Londres nestes últimos cinco anos. Estou cuidando de uma pequena paróquia no interior. A idade não me permite muitos exageros como outrora, incluindo enfrentar o ar frio daqui.

 

- Mas mesmo assim atendeu meu pedido deste encontro.

 

- Como dizer não a uma amiga tão querida? Fale-me o que a aflige.

 

- Meu neto.

 

- Explique-me.

 

- Sim. Começarei por meu neto. O único varão da família, que ostenta o nome de duas famílias tradicionais de dois países e que se recusa a perpetuar isso.-respondeu transtornada.

 

- Como?

 

- Kamus, lembra-se dele? Ele se recusa a casar e me dar a alegria de ver um bisneto antes de morrer.

 

- Isso são arroubos da juventude, minha amiga.

 

- Ele fará vinte e oito anos, Adam! Passou da idade de ter arroubos de juventude!

 

- Hum...decerto que sim.-o idoso sorriu.-Então deseja casar seu neto? Ainda este ano?

 

- Sim. Se encontrar uma jovem que o mereça!

 

-Faça um baile. Apresente-o às jovens em idade de se casar da cidade. Apresentarei uma lista de famílias que possuem alguma dama nesta idade.-e acrescentou cauteloso.-E convide a baronesa de Blackmoore.

 

- Será um escândalo!-a viscondessa ficou horrorizada.

 

- A baronesa tem as enteadas em idade de se casarem!-rebateu o reverendo.-E lembre-se que eram filhas de um amigo querido, já falecido...

 

- Não tente me chantagear com meu lado sentimental Adam Malloren.-fechou o cenho e o reverendo a fitou com severidade.-Está bem! Eu as convidarei. Em nome do falecido Barão.

 

- Faça o baile e eu me encarregarei do restante. Se o baile não der certo...tentaremos outra abordagem.-reverendo Malloren sorriu.-Seu cozinheiro ainda faz aquelas tortinhas de limão maravilhosas?

 

Três dias depois, em um bairro nobre de Londres.

 

Uma jovem em vestes cinzas, cabelos ruivos presos em um coque cuidadosamente armado, lia com atenção uma missiva sentada nos jardins dos fundos de sua mansão. Ergueu o olhar quando ouviu passos se aproximando e sorriu ao ver a figura de seu fiel mordomo.

 

- Perdão se eu parecer atrevido madame, mas...Está lendo a carta novamente?-indagou o criado, carregando uma pequena bandeja de prata com um envelope sobre ela.

 

- Fico apreensiva com a chegada dele, Igor. Ele por direito é o guardião desta casa, das meninas e...meu também.-ela suspirou, retirando os delicados óculos.-Não o conheço, este Lorde Francis Furneval, primo de meu falecido esposo...e temo que não seja boa pessoa.

 

-Não o considerarei um homem mal se mandar uma ou duas das suas enteadas a um colégio interno. Mas a senhorita Carla afirma veemente que o primo é um homem de caráter.-ele se aproximou e entregou a sua senhora o envelope.-Veio em nome da Viscondessa de Chanttél.

 

-Da Viscondessa?-estranhou pegando o envelope.-Não a vejo desde o funeral, há cinco anos!

 

-Espero que não sejam notícias ruins, baronesa.

 

-Ora. É o convite para um baile!-a baronesa se ergue com um sorriso nos lábios.-Um baile na Mansão Villeirs! Fomos convidadas!

 

-Isso é maravilhoso.

 

-Notei certa ironia em sua voz Igor.-a baronesa sorriu.

 

-Imagina senhora. Eu adoro quando as suas enteadas se empolgam com um baile e me levam para fazer compras e carregar seus pacotes de tecidos, chapéus, fitas e espartilhos novos.-ele faz uma mesura e sai da sala.-Irei polir meus sapatos confortáveis...sinto que irei precisar deles logo.

 

A baronesa sorri e caminha apressada até uma sala de estar, onde encontrou sete jovens, de idades entre quinze a vinte e três anos. Duas delas, as mais velhas, estavam concentradas em um jogo de xadrez.

 

Uma jovem, de cabelos castanhos amarrados com uma fita azul, que combinava com o vestido praticava no piano. Uma jovenzinha, aparentemente a mais nova entre elas, ergueu os olhos do livro ao ver a madrasta entrar no aposento. As demais, que bordavam, fizeram o mesmo.

 

- Vamos a um baile.-anunciou a dama.-A viscondessa de Chanttél nos convidou.

 

Gritinhos entusiasmados foram ouvidos. A menina do piano correu empolgada, abraçando a sua irmã mais velha pelos ombros.

 

-Um baile Carla. Com belos rapazes!-disse a menina rindo.-Certamente irá encantar algum cavalheiro que irá fazer-lhe a corte.

 

-Amanda, contenha-se!-pedia Carla ruborizada.

 

-Não sei por que tanto entusiasmo com um baile.-resmungou a mais nova, mexendo nos cachos dourados e voltando a atenção ao livro.-Está certo que Carla e Inis passaram da idade de se casarem, mas não precisam ficar afobadas!

 

-Melissa!-Inis ergueu indignada, quase derrubando o tabuleiro de xadrez. A morena olhou para a madrasta como se pedisse ajuda.-Não vai dizer nada.

 

-Melissa, isso foi rude!- baronesa sentou-se em uma poltrona.

 

-Desculpe, Inis.-e cochichou para a irmã sentada ao seu lado.-Eu disse alguma mentira Louise?

 

-Não me envolva nisso.-pediu voltando o olhar para a madrasta.-Nós todas iremos?

 

-Sim. A Viscondessa faz questão de nossa presença.

 

-Ai, preciso de fitas novas!-outra, de cabelos castanhos claros, largou o bordado e levantou-se entusiasmada.-Me ajuda a escolher Vanessa?

 

-Mas já tem muitas fitas, Tathiane!-exclamou a irmã.

 

-Todas usadas!-defendeu-se.

 

-Sim! Temos que comprar fitas novas!-Amanda dá a volta correndo pelo sofá, fazendo as irmãs se levantarem.-Posso pedir ao Igor que nos ajude nas compras?

 

-Ele está entusiasmado com isso.-respondeu a baronesa sorrindo.

 

-Isso é tão excitante!-Amanda correu, gritando pelo nome do mordomo, mas volta para a sala.-Vamos! Temos que chamá-lo e sair agora!

 

As mais novas se entreolharam e saíram correndo atrás de Amanda, deixando apenas Carla e Inis na sala, com a baronesa.

 

-Amanda Dawes!-repreendeu Carla.-Isso não são modos de uma dama!-suspirou.-Ela não me ouviu.

 

-Quando elas ficam juntas...-suspira Inis, e depois olha preocupada para a madrasta.-A senhora vai ao baile?

 

-Não posso permitir que vão ao baile sozinhas.

 

-Mas...pensei que odiasse bailes.-comentou Carla.-Sabe, por causa dos comentários maldosos que fazem de você.

 

-Injustos!-exclama Inis.

 

-Se a senhora Laik não puder acompanhá-las, terei que ir. Não é de bom tom que damas vão a um baile desacompanhadas.-determinou a baronesa, se levantando.-E não é justo privá-las do convívio com a sociedade.

 

-Mas...

 

-Acho que já passou da hora de eu deixar o luto. Não acham?

 

-Sim. Eu acho!-Carla sorriu e Inis concordou.

 

-Agora vão. E avisem suas irmãs que amanhã sairemos cedo para as compras.-pediu a baronesa.-Preciso terminar de ler os livros de contas, antes da chegada de seu primo.

 

-Sim.

 

As duas concordaram e saíram da sala de estar, deixando a dama sozinha com seus pensamentos e problemas.

 

Naquela noite... Nos aposentos das meninas Dawes.

 

-Isso é ridículo!-exclamou Melissa, olhando para as irmãs mais velhas.

 

-Não é ridículo! É Magia!-exclamou Amanda.-Dizem que se você for dormir na noite de Santo Elias, em jejum, após fazer uma prece...sonhará com o homem com que irá se casar!

 

-Jura?-Louise ficou espantada.-E dá certo?

 

-Sim! Judith Horwaad fez esta simpatia no ano passado, nesta mesma noite de Santo Elias e sonhou com Alexander Beldon. E agora vão se casar no outono!

 

-Continuo achando ridículo!-disse Melissa.

 

-Eu não conseguiria fazer isso.-replicou Tathiane, rindo, trançando os cabelos longos e escuros de Vanessa.

 

-Nem eu.-concordou Vanessa.

 

-Eu irei fazer!-determinou Amanda.-Fará comigo, Louise?

 

Louise Dawes ponderou sobre isso. Não lanchou a tarde por causa das lições de esgrima, e lembrou-se do pão fresquinho e quentinho que a senhora Evans havia acabado de assar para o jantar. Suspirou.

 

-Eu faço.

 

-Então não desceremos para jantar e iremos dormir mais cedo. Senão a simpatia não funcionará!-determinou Amanda.

 

-Não me lembre do jantar.-resmungou Louise ao ver as demais irmãs descendo para o jantar e já se arrependendo.

 

Horas depois a casa estava mergulhada em silêncio. Todos dormiam. Quer dizer, quase todos. Louise acordou no meio da madrugada, sonolenta e faminta, o estômago roncava e suspirou.

 

Cambaleando de sono, saiu de seu quarto, descendo as escadas para a cozinha. Certamente haveria ainda pão. Parou no alto das escadas ao ouvir as batidas insistentes na porta e encolheu-se para que Igor não a visse.

 

O pobre criado, com o rosto sonolento, veio rapidamente atender a porta.

 

-Quem é? Não sabe que horas são? Isso não são horas de visitar a baronesa Juliane Dawes!-exclamou o mordomo, entreabrindo a porta.

 

-Sou Lorde Francis Furneval! Cheguei do navio que veio de Calcutá há pouco!-anunciou o visitante, fazendo Louise tentar abrir os olhos e prestar atenção.

 

-Ah, Lorde Furneval!

 

O mordomo abre a porta dando passagem a um nobre de aparência aristocrata de longos cabelos loiros, acompanhado por um rapaz que aparentava ter a mesma idade e usava roupas exóticas. Aliás...o próprio lorde parecia estar usando um vestido!

 

Isso fez Louise constatar que estava dormindo e sonhando. Nenhum aristocrata inglês usaria um vestido!

 

-Este é Mu. Meu amigo e convidado nesta temporada em Londres.-o lorde fez as apresentações e ergueu a sobrancelha para o mordomo.-Algo errado com meus trajes?

 

-Não senhor!-respondeu o mordomo imediatamente.-Ele entende nosso idioma, meu lorde.

 

-Apesar de ter nascido e sido criado no Tibet.-respondeu Mu.-Meu pai fez questão que eu aprendesse a falar inglês e francês com fluência. Desculpe, estou cansado. Poderia me indicar o quarto de hóspedes?

 

-Certamente. Irei levá-los a seus aposentos. Avisarei a baronesa de sua chegada logo cedo. Querem comer alguma coisa senhores?

 

-Não.-o lorde olhou ao redor e seus olhos azuis fixaram em um ponto na escadaria, reparando na figura de Louise.-Poderá se retirar em seguida. Eu conheço a casa e não precisa se preocupar.

 

Louise ficou encantada com os belos olhos do lorde. Apesar de ser um sonho, concluiu que era muito bonito. Em seguida, levantou-se e voltou ao quarto rapidamente. Ao entrar fez barulho e Amanda sentou-se na cama, tal qual uma sonâmbula.

 

-Que foi?

 

-Volte a dormir. Está sonhando.-avisou Louise.

 

-Estou?

 

-Eu sei que estou.-Louise se jogou na cama.-Sonhei com um belo lorde, de vestido amarelo e laranja.

 

-Ah...que bom.-e Amanda volta a deitar e dormir.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

É..mais um fic UA...de presente para as minhas amigas.

E detalhe...o casal principal ainda não apareceu!

Aguardem e confiem!



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