Inglaterra estava sentado em seu escritório, folheando seu exemplar do London Herald quando ouviu batidas na porta:

_ Entre.

_ Senhor, o senhor tem uma visita.

_ A esta hora? _ Ele indagou ao serviçal que batera na porta.

_ Receio que sim.

Ele relanceou o relógio, não era tarde, mas realmente sua disposição para receber visitantes estava seriamente comprometida. Inglaterra inspirou e soltou o ar vagarosamente, só então falou com o serviçal que aguardava uma resposta:

_ Deixe a visita entrar.

_ Sim senhor.

Um minuto depois, a porta se escancarou e uma jovem, de escuros e curtos cabelos castanhos entrou escritório adentro.

_Wy?

_ Ah, boa tarde, Inglaterra.

_ Tarde? A hora do chá já passou faz tempo, menina...

A garota permaneceu em pé no assoalho do escritório, esperando ser convidada a sentar. Relutando muito, Inglaterra lhe apontou uma das cadeiras próximas a sua.

Wy havia mudado muito, não era mais aquela garotinha de 12 anos, que andava sempre acompanhada de Seaborg e Sealand e que viva as turras com o irmão Austrália. Ela crescera, estava mais madura, mais decidida, estava assustadoramente diferente.

Aquilo espantava Inglaterra, que havia acostumado-se a ver Wy como uma menina travessa e por vezes, até desbocada.

_Então... O que te traz aqui?

_ Preciso do seu apoio, Iggy.

_ Iggy? Olha o respeito, menina!!

_ Vai me apoiar ou não?_ Ela pareceu não se importar, na verdade era até legal irritar Inglaterra.

_ Te apoiar em que? Eu nem sei do que você está falando.

_ Deixe eu começar... Primeiro: Quero ter uma seleção de futebol só minha. Estou cansada de ver só o Austrália na Copa do Mundo. E segundo: Quero ser um principado de verdade, que nem a Mônaco.

_ Mas Wy, seleções de futebol são... Como posso dizer? Problemáticas. É isso! ... E você é um principado de verdade. Não sei do que esta reclamando.

_ Você não entende, não é? _ Ela falou séria.

_ Entender o que? Eu não sou psicólogo...

_ Sou uma das mais novas na reunião de países, ninguém me dá ouvidos... Só o bobo do Itália que fica me passando aquelas cantadas infames... E a cada quatro anos é a mesma coisa, o Austrália é a sensação da Copa. Todos acham a Mônaco um luxo, mas e eu? E eu, Inglaterra?

Ele finalmente entendeu. Ela estava ali não para irritá-lo nem para pedir coisas bobas. Inglaterra sempre a vira como uma filha, assim como via Austrália e América. Estes últimos já sabiam se virar por conta própria há bastante tempo, mas Wy era outra história.

Desde que se tornara independente, o pequeno principado era motivo de chacota entre os países. Apenas Sealand e Seaborg lhe davam algum crédito, e ela havia ido até Inglaterra, depois de muito relutar, em busca de uma solução. Pensara em procurar América, ou até mesmo Rússia e China, quando se deu conta de que não tinha o mínimo relacionamento com eles. Mas Inglaterra sempre esteve ali, olhando por ela como um pai olha por uma filha...

_ Escute, Wy. Acho que sei como se sente.

_ Sério? _ Seus olhos se iluminaram.

_ Sério... Mas deixa eu te alertar... Ter uma seleção de futebol não é brincadeira, e cá entre nós, até eu estou tendo sérios problemas com o meu time... Mas se quiser ter uma equipe só sua, eu te apoio. Pode contar comigo...

_ Obrigada, Inglaterra... Obrigada mesmo... _ Wy ameaçou chorar.

_ Pode parar com esse choro! Eu ainda não acabei de falar!! _ Ele a repreendeu.

_ Desculpa...

_ Agora, preste atenção... Sobre ser um principado de verdade, isso é algo que você já é. E não ligue pro que os outros países dizem, especialmente o que o Austrália diz. Ele e o América não passam de dois moleques...

Ela riu do que Inglaterra dizia de seu irmão, e sabia que no fundo, era mesmo verdade.

_ Obrigada de novo, Inglaterra.

_ Não me agradeça, menina. Estou aqui para essas coisas...

Wy levantou-se da cadeira e deu um abraço apertado em Inglaterra.

_ Boa garota _ Ele sussurou baixo.

_ Obrigada, papai. _ Ela respondeu.

FIM ~