As Brumas do Sol escrita por Sue Dii, Shinigami_Tales


Capítulo 3
Capítulo II - Senkai Mon


Notas iniciais do capítulo

Tasha-chan; mais uma vez, arigatou!

E minna-san: espero que gostem da leitura, e que tenham um ótimo fim de ano!



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Senkai Mon

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Chegando à porta da loja após ter concluído rapidamente o percurso com Yoruichi, viu, retirando-se dali, o jovem Quincy que tanto problema havia causado na cidade. Ele podia até ter sido o responsável para que, tão logo possível buscassem Kuchiki Rukia, inclusive acusando-a de caos no mundo humano. Suspirou “águas passadas não movem moinho.”, concluiu rapidamente, passando a olhar para as feridas do garoto, que não eram muito graves.

- Eu vejo que já pode andar normalmente, isso é bom. – comentou no típico tom sombrio. – Mesmo assim; não quer ficar e descansar um pouco? – convidou; cortês, enquanto Yoruichi sorrateiramente adentrava a loja pela pequena abertura da porta.

- Eu agradeço pelo convite, mas estou bem. Eu só peço que cuide do Kurosaki. – dito isso, fechou a mão, certamente frustrado pela falha na batalha contra os Shinigamis. – Neste momento, o único capaz de derrotar aqueles desgraçados não sou eu. Por isso, eu peço que cure-o... Ele é o único capaz de salvar a Kuchiki-san.

Em silêncio, deixou que o rapaz partisse na chuva, sem delongas. Não esperava que o Quincy fosse tão maduro ao ponto de reconhecer os próprios limites, mas também sabia que ele era o exemplo perfeito de que não se podia julgar ninguém sem conhecer profundamente.

Entrando finalmente na loja, fechou o guarda-chuva e procurou de imediato a cozinha; Yoruichi e Akemi lhe informariam sobre o atual estado de Kurosaki Ichigo e também em qual cômodo ele o encontraria com Tessai. Chegando ao cômodo, viu a gata tomando leite num pote, provavelmente a pupila a havia servido.

- Tessai está tentando aquecê-lo. Eles estão no terceiro quarto, Kisuke.

- Arigatou, Yoruichi-san.

- Hei, Urahara. – ouviu-se a voz de Akemi e ele voltou o olhar para ela, esperando que prosseguisse. – Se vamos à Soul Society, tem certeza que podemos levá-lo? – indagou, referindo-se ao Kurosaki. – Os Shinigami ao nível de taichou e fukutaichou vêm com 80% do poder selado, e mesmo assim ele quase morreu!

- Para tudo se tem um jeito, Akemi-chan – respondeu tranquilamente. – Fiquemos felizes por ele ter quase morrido. Isso é bom.

Dito isso, pediu licença e foi ao terceiro quarto, escancarando a porta no exato momento em que Ichigo fazia um escândalo ao ver Tessai sobre si.

- Se continuar assim, você pode morrer – disse tranquilamente, anunciando sua presença.

- Geta Boushi! – ouviu-o exclamar, certamente não havia se apresentado formalmente a Ichigo para que ele soubesse o seu nome. Não ligou para o apelido. – Então, esta deve ser a sua casa...

- Correto! – soltou, direcionando-lhe o leque fechado para dar um tom mais animado à conversa.

- Você... Me salvou?

- Ora, eu não esperava por esse tom. Até parece que eu fiz algo errado... – e, vendo a feição de Ichigo, não tentou deduzir o que se passava pela cabeça do garoto.

- Ah é... – Ichigo soltou, o tom totalmente destoante – Você achou o Ishida? Como ele está? Também está aqui?

- Iie. Ele já se foi. Perdeu muito sangue, mas a ferida não foi vital. Mesmo que eu o deixasse ali, estirado, não morreria em menos de dois dias. Por isso, só foi tratado superficialmente – ao explicar a situação de Ishida, não deixou de acrescentar: - Quando ele se foi, ele estava preocupado com você.

- Comigo? Sei...

Não se demorou contando da conversa tida anteriormente com Ishida, e não o teria contado apenas por fazer - não o faria se as palavras do Quincy não tivessem um fim motivador, palavras essas que inclusive o surpreenderam na hora. Após soltar-lhe a última frase (esta referente a Rukia) viu que, como previra, a expressão do garoto mudou – tornou-se mais depressiva.

- Só eu? – soltou incrédulo – Tsc, o que esperam que eu faça?! A Rukia já voltou pra Soul Society! Como eu posso segui-la até lá?! Como diabos eu vou salvá-la?! É impossível! – gritou, e Urahara não sentiu apenas a revolta do mais jovem por ter falhado, mas desespero; um desespero tão profundo que ele imediatamente entendeu.

Vendo que ele não diria mais nada, prosseguiu:

- Você acha mesmo que não há outro jeito de adentrar a Soul Society?

- Então tem como? – o filho de Isshin indagou; um fio de esperança havia surgido e aquela pergunta havia surtido mais efeito do que as palavras de Ishida Uryuu. – Como?! Como eu chego até lá? Mostre! – soltou, levantando-se imediatamente.

- Claro, eu vou mostrar... – respondeu prontamente, levantando um dedo, no entanto – Sob uma condição. Em dez dias, contados a partir de agora, você aprenderá a lutar devidamente comigo.

-Kuso! – soltou-lhe em resposta – Você ainda quer que eu treine?! Acha que eu tenho tempo pra isso?!  Você não sabe quando a Rukia será executada! Eu preciso chegar lá o mais rápido possível!

- Você é uma pessoa desesperada – Urahara replicou, sem alterar o tom.

Exatamente por se manter calmo, surpreendeu ao mais novo, derrubando-o com apenas um golpe após usar a bengala para distraí-lo.

– O que eu quero que você entenda, é: se for até lá na sua atual condição, você vai morrer – soltou em tom sombrio, o olhar sério externava a aura assassina. – O que você acha que pode ganhar, lutando contra eles agora? Eu propositalmente deixei você enfrentá-los, porque achei que seria mais fácil você perceber isso por si mesmo após a luta. Com a sua habilidade atual, você não terá chance nenhuma na luta contra a Soul Society.

Yoruichi, que havia adentrado o cômodo em silêncio, permaneceu tão séria quanto o velho amigo - era a primeira vez que o via tão assombroso numa atuação.

- Você é fraco. E um mortiço se arrastando no território do inimigo é suicídio. “Resgatar a Rukia”? Não seja tão infantil. Não use outras pessoas como desculpa para destruir a si mesmo.

Satisfeito após notar o olhar vacilante de Ichigo, tirou Benihime de sua posição ofensiva e voltou a falar; sereno.

- A Soul Society geralmente concede um período de graça que dura até um mês para uma pena de execução. Será o mesmo no caso de Kuchiki-san – revelou – Nós o irritaremos por dez dias; levará sete dias para abrir o senkai mon. Portanto, lá você terá treze dias! Terá tempo o bastante.

- Em dez dias... Ficarei mais forte?

- Claro, se você realmente deseja salvá-la... Um desejo é mais forte do que o aço. Se sua determinação não tem um fundamento, então desista – soltou, e Ichigo ainda não havia visto o quão rígido ele podia ser. – Em dez dias... Você pode mesmo desejar lutar?

- Se eu não quiser, então ninguém vai querer – replicou, como se o desejo não partisse dele mesmo, o que também era típico de Isshin. – Acho que não tenho escolha. Vamos tentar!

- Já que é assim... – e, mudando o tom, virou-se para Ichigo e olhou para Tessai, que se encontrava em silêncio desde a sua chegada. – Tessai-san; pode pegar aquilo?

- Hai, Tenchou!

Vendo-o sair, voltou o olhar para a gata de pelagem negra que o fitava e sorriu discretamente, estava saindo tudo como planejado - pelo menos por ora. A gata, meneando a cabeça, saiu do cômodo tão silenciosamente como quando havia entrado, e o ex-taichou duvidava que Ichigo sequer a havia visto.

Chegando novamente ao quarto, Tessai lhe entregou o pedido e se retirou. Começaria a correria...

Mostrando ao mais jovem a garrafinha típica de remédio, Urahara instruiu:

- A partir de agora, quero que tome essas pílulas de hora em hora. Até a hora do jantar, você terá se recuperado desses ferimentos. Começaremos a sua sessão de aprendizado a essa hora! – soltou animado, empurrando na cara de Kurosaki uma garrafinha cujo rótulo era uma caveira. – Não queremos que você morra durante o treinamento, não é? Agora, vá à escola. Hoje é o último dia de aula, não? – disse a última parte já se afastando.

Era hora de Ichigo bancar o colegial de novo, quiçá aquilo fizesse com que ele processasse todas as informações e espairecesse até a hora do jantar, afinal, mesmo que ele duvidasse da possibilidade, tinha que considerar que Ichigo podia não passar daquela noite...

***

Já perto do amanhecer, ao conversar com Yoruichi, foi decidido que a ex-taichou da Onmitsu Kidou ministraria duelos com espadas para Akemi no lugar de Kisuke; ele, por outro lado, teria certo trabalho com o novato, e por isso mesmo teria de usar a sala subterrânea. Além do treinamento extra que a Shihouin daria à Akemi, também ficaria ao seu encargo cuidar de Inoue Orihime e Sado Yasutora, dois jovens que haviam adquirido poderes misteriosos recentemente. Quem sabe, com alguma orientação, pudessem até fazer companhia ao Ichigo na Soul Society...

- Hei, Kisuke! Ele sabe de tudo isso? – indagou seriamente, fazendo-o voltar o olhar para ela, o leque lhe cobrindo a boca.

- Não tenho certeza, mas ele já deve ter percebido. Se achar melhor, posso conversar com ele enquanto estiverem na Soul Society.

- Você que sabe – disse por fim, dando de ombros. – Agora, eu vou acordar a Akemi e dar as boas novas – sorriu, dando ênfase ao tom brincalhão.

- Conto com a sua ajuda – encerrou a conversa, e ela logo se retirou do cômodo em que estavam enquanto se espreguiçava.

Durante a manhã, foi ao subsolo com Tessai e as crianças e, já com o “plano de aula” pronto, pediu ao Jinta e à Ururu que cavassem um buraco bem fundo, afinal, tinham que se prevenir contra possíveis estragos.

Pela tarde, assistiu ao treinamento de Yoruichi e Akemi, pois fazia um tempo que não via a mulher-gata lutar com uma katana e apreciou assisti-las em uma luta equilibrada. Como prometido, Ichigo chegou no horário do jantar - parecia demasiadamente ansioso para começar o treinamento.

- Oh, irasshai! – como comerciante, não via motivos para se desligar do hábito de dar as boas vindas. – Como estão seus ferimentos? – indagou no típico tom sombrio, indo direto ao assunto.

Ao invés de responder com palavras, Ichigo abriu abruptamente a camisa, mostrando os ferimentos praticamente cicatrizados - como previra o ex-taichou.

- Recuperados! – anunciou para completar; a típica expressão emburrada no rosto.

- Isso é bom! – Kisuke comentou, fechando o leque em um movimento rápido. Com a pergunta de Yoruichi na mente, aproveitou para sondar: - E você contou ao seu pai?

- Ah... Eu disse que ia dormir na casa de um amigo – o garoto respondeu simplesmente.

- Isso... – abrindo o leque novamente, voltou-se para Ichigo num tom teatral. – Soou como uma desculpa para ir dar uma “bimbada”... – comentou, mostrando-se desconfortável.

- Morra!

Virando-se para adentrar a loja – que fecharia por tempo indeterminado – o depravado comerciante não esperou ouvir:

- Onegai... Oriente-me direito!

Voltando o olhar para Ichigo e se deparando com o rapaz formalmente curvado – o que não era típico dele – continuou a tratar-lhe com descontração:

- Há alguma coisa errada?

- Não, nada mesmo! – Ichigo respondeu determinado, e Urahara se conformou – Onegai... Oriente-me direito.

Aquele foi o começo das férias de verão para o garoto do colegial, um período de dez dias de árduo treinamento – em que Urahara não hesitou sequer uma vez ao arriscar tanto a alma do filho de Isshin (e ainda tinha que falar com o outro ex-taichou sobre isso). Incrivelmente – ou, como esperado – Ichigo desenvolveu-se com intensidade e velocidade fora do comum, o que deu a ele cinco dias de treinamentos extras, onde Kisuke se divertiu ensinando-o a lutar razoavelmente.

Depois do período estabelecido de dez dias, dispensou novamente o Shinigami e ocupou-se dia e noite para abrir um Senkai mon alternativo - juntamente com um “conversor” para que os amigos de Ichigo não necessitassem se separar do corpo e passar por todas as lições que ele havia passado (até porque ele duvidava que dois humanos comuns conseguissem passar por tudo, e ainda desconhecia a origem e a natureza dos poderes deles).

Quando finalmente terminou os preparativos, avisou as mulheres com quem dividia o teto para então mandar o ultimato a Ichigo. Transformando-se em gato, Yoruichi foi buscar Inoue e Chad; pelo que haviam conversado, Ishida Uryuu havia recusado se juntar aos dois no treinamento básico da gata, e ambos sabiam que dos três, ele era o que melhor controlava a reiatsu.

Recebendo-os animadamente, Urahara logo os conduziu ao subsolo para lhes mandar à Soul Society, apresentando-lhes seu trabalho mais atual e surpreendendo aos que não estavam acostumados às suas invenções.

Para a surpresa de todos, o comerciante bateu a bengala tanto em Ichigo como também em Akemi, revelando a Shinigami de olhos esmeraldinos e madeixas de um vermelho vivo, aparência inesperada se comparada à gigai que ela ocupava.

- Você é... Um Shinigami!? – gritou Ichigo, que mal havia se recuperado do choque de um “gato falante” e já tinha outra surpresa em menos de uma hora – E qual é a desse cabelo diferente?!

- Kurosaki-san, não seja tão rude – Urahara o repreendeu com uma discreta (e forte) bengalada – Ela é um Shinigami desde que nasceu e essa é a... Hm... Teoricamente, essa é sua verdadeira aparência.

- Teoricamente? – ouviram Inoue indagar com o típico tom inocente; e certamente Akemi já estava irritada com todos os holofotes sobre si.

- Ah, quanta baboseira! Vamos logo!

- Ela tem toda a razão, precisamos ir logo – a mulher-gata então lhes chamou a atenção, fazendo-os novamente se focarem no suposto portal.

Suspirando, Urahara bateu com a bengala no Senkai mon alternativo, fazendo-os voltar o olhar para o portal que podia matá-los.

- Certeza de que devemos ir para lá por esse portal? – Akemi foi discreta ao demonstrar desconfiança, fazendo-o sorrir.

- Claro. Confie em mim, Akemi-chan!

- Não acho isso muito seguro, mas...

- Calma! – antes que Akemi chegasse ao portal, o homem chamou a pupila com um gesto, o rosto parcialmente coberto pelo leque. - Leve essa outra katana também. Ela é igual a essa que você carrega.

- Que presente inesperado. Isso tudo porque entrarei clandestinamente?

- Você entrará lá sem maiores dificuldades. Eles a esperam – avisou, demonstrando tranquilidade. – Tenha cuidado e não faça nada desnecessário.

- Ok, ok... Voltarei inteira, você verá.

- Até mais então – foram as últimas palavras dele para Akemi, antes de todos passarem pelo portal.

Apenas na companhia de Tessai, aproximou-se do Senkai mon que construíra e lhe tocou com certa nostalgia. Não podia mais adentrar a Soul Society - e o melhor que faria seria confiar em quem para lá havia enviado. Afastando-se e voltando-se para o amigo e funcionário, que o fitava à espera de alguma ordem, apenas lhe dispensou.

Depois de sair do subsolo, retirou-se também da loja cuja placa “fechado” finalmente pôde tirar, e, olhando para o céu noturno, decidiu que não perderia aquele tempo que havia ganhado. “You-san, eu sei que ainda está aqui...”.

Ah, o passado... Naquele momento, embora estivesse em busca de uma parte do passado, não fazia ideia de que sua parte mais intragável e detestável não demoraria a se abrir como um rasgo que Benihime fazia...


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Notas finais do capítulo

Minna-san, aviso importante: Natasha Mayfair, Tasha-chan, está lançando uma fanfic de nome "Nutshell", na fanfic há detalhes importantíssimos da história de Akemi E Urahara. Passem lá, tenho certeza de que adorarão!

Desejo um bom final de ano para vocês novamente, divirtam-se!

E Tasha-chan, agradeço imensamente mais uma vez. ARIGATOU!

Reviews? .-.