Speechless escrita por Vick_Vampire, Jubs Novaes


Capítulo 4
3. Reviravoltas


Notas iniciais do capítulo

Ai gente! Me perdoem! Esqueci que era pra postar hoje, então estou postando tarde assim:
Boa Leitura!



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Alice PDV

 

                Eu acordei com uma dor lacerante cortando minhas costas em transversal. Um líquido quente empapava minhas costas.

                Sangue.

                Tudo à minha volta estava turvo e escuro, e eu só conseguia lembrar do meu próprio nome.

                Mary Alice Brandon.

                Eu sentia meu corpo fraco e eu respirava pesadamente. Havia algo extremamente pesado sobre mim, e eu começava a sentir alguma coisa pressionando minha cabeça com força, fazendo a parte de trás do meu cérebro doer muito.

                Eu achei que estava morta.

                Depois de seis árduas tentativas, a coisa pesada –um corpo- caiu para o lado, me deixando passar pelo corredor escuro.

                Eu consegui passar por uma pilha de coisas -que eu não tinha a menor ideia do que eram- e consegui chegar a um lugar plano, mesmo que ainda no breu. Eu tentei andar, mas a dor nas minhas costas mal me deixava respirar. Caí no chão e fiquei lá, sentada, tentando respirar.

                E então tudo veio na minha mente, cada memória atropelando a outra.

                Ai meu Deus. O acidente!

                A dor parecia piorar a cada segundo, mas eu não me importava. Eu ia piscando com força, tentando ver através do breu. Quando minhas pupilas finalmente se dilataram completamente, eu me ergui com força e fui até as poltronas onde meus irmãos e meus pais estavam antes do acidente.

                A primeira coisa que me fez me virar e vomitar no corredor escuro foi o corpo de Esme, todo ensanguentado e distorcido.

                A segunda foi o fato de eu não encontrar nenhum dos meus irmãos.

                Eu não tinha a menor ideia do porquê de eu não ter ficado tão emocionada quando eu vi o corpo do meu pai, esquartejado. Eu sabia que qualquer um que visse o estado dele não teria nem tempo de virar para vomitar. Mas...

                Não sei. Foi diferente.

                Eu senti as lágrimas escorrendo da minha bochecha, mas não podia ouvir meus próprios soluços. Eu deveria estar urrando da dor que transcendia por todas as minhas costas, mas eu não sentia direito. Eu só sabia, não sentia.

                Eu não sei se caí, não sei se desmaiei, mas eu vi que, alguns segundos depois, uma última pontada corrompeu as barreiras da dor nas minhas costas e tudo ficou mais escuro.

                                                                                                ***

                Eu estava flutuando. Tudo à minha volta era branco e azul, e eu já podia ver pessoas aguardando por mim lá no topo.

                Eu fui me aproximando, me aproximando. Pude ver minha mãe, meu pai, o Michael Jackson, e eu estava a ponto de tocar o chão onde eles pisavam.

                Quando...

                                                                                                ***

                Bip...Bip...Bip...Bip...Bip...

                -ELA ESTÁ VIVA! –Eu ouvi ao meu lado. Eu podia sentir que eu estava deitada, mas não sabia onde, nem como, nem porquê. –AH, DEUS, ELA ESTÁ MESMO VIVA!

                Ouvi, vagamente, muitos urros e vivas, de todas as direções. Eu não conseguia abrir os olhos, apesar de parecer tentador fazê-lo. Pareciam lacrados com fitas adesivas. Mas, mesmo assim, eu só conseguia me fazer uma pergunta. Não, eu só conseguia me fazer duas perguntas.

                Eu estou viva?

                Onde está Emmett?

                Uma mão pousou no meu braço, enquanto alguma coisa roçava no meu nariz. Ai, não! Eu não ia ter que usar um daqueles troços de respirar horrorosos que usam nos filmes, não é?

                Parecia que a resposta era sim. Eca, que nojo!

                -Agora, vamos, meu pessoal –uma voz masculina disse. –Acho que essa foi a cota de hoje. Podem ir. Eu espero ela acordar.              

                Ouvi os passos se distanciando e o som da porta se fechando.

                -Muito bem, chefinho. – uma voz, dessa vez feminina, falou. –Só precisamos descobrir de onde ela é, e, principalmente, qual é o nome dela. Então poderá voltar à Forks.

                Espere. Forks? Aquele homem era de Forks?

                -Sim, Jessica. –ele respondeu, suspirando. Então, a mulher se chamava Jessica? Hum, parecia-me vagamente familiar... –Mas terei de aturar a minha mulher, e ficarei sem você.

                Eu ouvi um farfalhar e, pela minha dedução, a tal Jessica tinha sentado no colo dele. Eca, eu estou aqui, dá licença! Eu sou menor de idade pra ficar ouvindo essas coisas!

                -Hum, doutor. –Jessica gemeu, com uma típica voz de ... Nessie. Sem querer chamar ela de putinha, mas era assim mesmo. –Sabe que poderia se separar daquela mulherzinha, a tal Gianna Hale, e ficar comigo aqui, em Seattle... –E então começaram uns barulhos bem pornográficos.

                Ai. Meu. Deus. Era o pai de Rosalie!

                Eu quis falar com ele, mas não conseguia fazer com que alguma coisa saísse da minha garganta. Estranhei. Quer dizer, cadê minha voz linda e fininha?

                E então eu reparei que os barulhos tinham parado.

                -Eu acho que ela acordou, Carlisle. –Jessica falou. –eu vou indo... Te vejo hoje à noite.

                Um som de beijos pairou no ar, e, logo depois, uma porta bateu.

                Escutei o farfalhar de cortinas e venezianas, e senti uma luz forte fazer minhas pálpebras ficarem vermelhas. Por impulso, abri os olhos.

                Eu estava num cômodo branco, típico de hospital. Havia uma mesinha com diversas seringas e instrumentos de cirurgia –ai, eles não colocaram aquilo em mim não é?-. Por fim, um homem alto, loiro, de olhos ocre e jaleco estava de pé ao lado da cama onde eu estava deitada. Eu o conhecia muito bem.

                Carlisle Hale.

                Pai de Rosalie e do malditinho que derrubou Frappuccino rosa em mim.

                -Bom dia, senhorita. –Ele não estava me reconhecendo? Quer dizer, depois de tantas vezes que eu fui visitar Rosalie? –Gostaria que respondesse algumas perguntas quando se sentir disposta. Escrevendo, é claro.

                Por quê escrevendo? Tenho cara de escritora?

                Tentei levantar e perguntar isso, mas as duas únicas coisas que consegui foi uma dor de cabeça e o meu corpo todo amolecer, só para eu acabar caindo de novo na cama.

                -Eu não aconselharia você a fazê-lo.  –Ele disse, me ajeitando na maca como uma idiota. –Ainda está muito frágil do acidente.

                Olhei para ele com uma expressão interrogativa. Eu não entendia por que não conseguia falar. O que ele quis dizer?

                -Olha, sei que não vai ser fácil isso para você, moça. – Começou, andando pelo quarto. –Mas eu sei que já não foi fácil ter que sofrer um acidente daqueles, então...

                Eu o fitei.

                -Quando encontramos você, pensamos que tínhamos perdido a sua vida. –ele falava com sinceridade. Acho. Eu nunca vi alguém falar com sinceridade. –mas o resgate percebeu que você ainda tinha pulso, apesar do corte em transversal de mais de meio metro que tem nas suas costas. –Ele apontou na minha direção. O quê? Corte? Destruindo minhas costas perfeitas? – Então, eles a trouxeram para cá.

                Ele parou, suspirou e sentou pesadamente na cadeira ao lado da cama.

                -Nós aqui, do Swedish, já vimos de tudo que parece ser possível. Mas, seu caso era diferente... Quer dizer não se é todos os dias que algum sobrevivente de acidente de avião é atendido aqui, não é?

                Ele continuava pausadamente, e eu respirava aflita.

                -Mas, o fato de você ter um corte tão grande nas costas e os cortes no rosto... Sei lá. Pensamos que não poderia ser muito pior que isso, afinal, já é bem ruim de fato, não é?    

                E então eu comprimi os olhos, sabendo o que ele diria a seguir. Não, não, não!

                “Mas eu estava errado.”

                -Mas eu estava errado, não é? Você já percebeu? –Ele falou, e eu neguei com a cabeça. –Bom... quando nós fizemos a cirurgia para costurar o ferimento nas suas costas, nós te viramos de bruços e...

                Eu reabri os olhos. Ele estava enrolando demais. Fiz uma expressão furiosa.

                -E havia um ferimento monstruoso na parte de trás da sua cabeça, que obstruía todos os canais dos seus sentidos... –Eu o encarei. Não estava entendendo. –Conseguimos restaurar grande parte dos pontos, mas apenas uma nos foi impossível...

                Ou seja...

                -Ou seja. –Ele falou, pausando. Passou a mão no cabelo loiro preocupadamente. –Você agora é... muda.

                                                                                                ***

                Eu acordei com uma enfermeira chacoalhando um pano molhado na minha frente.

                -Ai, minha queridinha! Você está bem? Quer que eu arranje algum remédio? Ai, perdão, você não pode falar. Ah, perdão, perdão! –falou, saindo correndo do quarto onde eu estava.

                Eu ainda estava tonta, mas conseguia entender claramente o porquê do meu desmaio.

                Eu. Nunca. Mais. Poderia. Falar.

                Sabia que estava sendo dramática, mas não deixava de dizer a verdade. Eu sentia as lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas, mas não podia ouvir meus soluços. Isso em fazia chorar mais e mais. Não, não! O que eu vou fazer?

                Houve um momento da minha lamentação que eu pensei em Jasper, aquele fulaninho que eu desprezei e humilhei. Eu me perguntava por que parecia tão errado agora o que eu fiz. Não, não parecia.

                Eu não conseguia encontrar palavras para minhas perguntas, nem palavras para poder entender a dor imensa que eu estava sentindo.

                Eu perdi tudo.

                TUDO.  

                -Senhorita?

                A voz de Carlisle retumbou em todos os ângulos da minha consciência. Meus ouvidos pareciam mais perceptivos. Eu me virei na direção dele.

                -A senhorita obteve alta essa tarde. A aconselho apenas a não mover muito e consumir uma taxa alta de fibras para a cicatrização se acelerar. – ele disse, enquanto escrevia no prontuário. –Mais uma coisa. Qual o seu nome completo e idade?

                Uma bolota de soluços impossíveis se formou na minha garganta. O meu estado devia estar muito ruim mesmo para ele não me reconhecer. Ele me entregou um papel e uma caneta e eu me ergui na cama para escrever.

                -Sabe, -ele comentou, olhando com a cabeça caída para a esquerda. –Você escreve igual a uma amiga da minha filha. Assim, inclinada para cima do papel. –Eu terminei de escrever, deixando uma lágrima escorrer lentamente pela minha bochecha enquanto eu entregava o papel.

                Depois, a expressão dele passou por três fases.

                Primeiro, arregalou os olhos, franzindo a testa.               

                Logo em segundo, ele passou os olhos de novo, como se procurasse algum sinal de dislexia na leitura dele.

                Por último, foi a mais escandalosa.

                -ALICE?

                                                                                                ***

                O Dr. Hale se ofereceu para me levar até Forks de volta e me hospedar na casa dele, mas eu recusei.

                Eu não queria que Rosalie me visse daquele jeito. Muito menos o insignificantezinho. Seria constrangedor demais.

                Apenas pedi a ele para que me deixasse na minha mansão, por meio da escrita, claro.

                Então, quando o turno dele acabou, por volta das 21:00, ele me levou de volta para Forks, meu novo inferno particular.

                Os pinheiros passavam num borrão da janela do Mercedes preto de Carlisle. Eu devo ter cochilado ou algo do tipo, porque em alguns segundos eu já estava descendo do carro, indo para a nossa –agora minha- mansão a passos lentos, sem bagagem e sem companhia.

                Pela primeira vez.

                Todas as luzes estavam apagadas, e eu não tinha disposição para acendê-las. Eu só veria coisas que me fariam lembrá-los. E me fazia pensar em como Emmett me trataria.

                Eu nunca fui muito de família, mas me sentia afetada como se tivesse sido Emmett, não eles.

                Só que dez vezes pior.

                Ai, Emmett. O que ele fará quando descobrir quando acontecer?

                Bom, não importa. Ele me ama, e estará sempre comigo.

                Acordei dos meus devaneios quando tropecei em algo, a poucos metros da entrada do meu quarto.

                Pisquei com força, tentando identificar o que era aquela bolota preta no meio do breu. Desistindo, apanhei-a e entrei no meu quarto, acendendo a luz, finalmente.

                Foi um erro.

                Eu vi todos os pôsteres de Reneesme, o computador dela, as bolsas e roupas. Eu fiquei parada, chorando, na entrada do quarto por uns vinte minutos antes de me recuperar. Eu sou forte, sou superior. Sou uma rainha do reino escolar.

                Respirei fundo várias vezes antes de avançar quarto adentro, levando a bolota preta –que agora que eu tinha consciência que era uma bolsa. Abri-a sobre a minha colcha de ultra fibra francesa, olhando dentro.

                O computador de Reneesme estava socado dentro dela. Devia ter caído da mala.

                Abri-o e liguei, indo diretamente checar minha caixa de e-mail. Foi quando uma mensagem piscante acendeu na tela.

                Acidente de avião mata muitos: apenas uma sobrevivente

                Eu fiquei paralisada de medo por alguns segundos. Ah meu Deus. Quanto eles todos sabiam?

                Abri o link da notícia e, enquanto esperava carregar, abri a minha caixa de entrada do e-mail.

                Você tem 112 mensagens não lidas.

                Vi que pelo menos cinquenta delas eram de Bella e Jacob, todos perguntando por Nessie e Edward. Eu não duvidava que a de Reneesme estivesse cheia com as mensagens de Emmett também.

                Rosalie tinha mandado vinte mensagens, todas com o assunto: ONDE VOCÊ ESTÁ?. Dez das mensagens eram promoções de empresas nas quais eu tinha cadastro e direito a prêmios. Havia até e-mails da ralé escolar.

                Mas nenhum de Emmett.

                Absolutamente nenhum.

                Eu senti uma dor no peito quando eu constatei isso, mas ignorei-a. Eu estava sendo fresca demais.

                Mas ele é meu namorado. Ele tem a obrigação de mandar.

                Decidi ignorar esse fato e fui excluindo os e-mails, um por um. Não estava nada a fim de falar com nenhum deles. Não depois do que aconteceu.

                Eu estava tão distraída que pulei de susto quando o telefone ao meu lado tocou. Ah, Deus, como eu vou atender um telefone se eu não posso sequer falar?

                Então deixei tocar, irritantemente, sem parar. Até que, depois de doze toques, ele parou.

                Eu me inclinei e chorei no travesseiro da minha cama, soluçando sem som. Ai droga, eu vou ficar parecendo uma emo desse jeito! Mas fiquei assim, depressiva, pelo que me pareceu a noite inteira, até eu adormecer.

                                                                                                ***

                Acordei com um som de campainha ao longe. Uma luz forte irradiava da janela do terceiro andar, o meu andar, da minha casa.

                Só minha.

                De repente, percebi que isso não parecia tão bom quanto parecia quando eu ameaçava expulsar Nessie da casa.

                Eu me ergui pesadamente, sentindo o peso da fome fraquejar todo o meu corpo. Fibras, Alice. O médico disse fibras.

                Eu desci as escadas e me empenhei em procurar alguma coisa nas despensas da cozinha. Depois do que pareceu uma eternidade, com a campainha ainda tocando, eu encontrei uma caixa de barras de cereais –maldita dieta da minha irmã, que me fez perder mais tempo me recuperando do choro de emo- e enfiei umas cinco no bolso enquanto ia para a entrada da casa.

                Abri a porta, sem ter a menor ideia de quem poderia ser, e dei de cara com uma mulher alta e corpulenta, que usava um terno preto e saltos que a deixavam mais alta ainda. Tinha cabelos castanhos claros presos num coque firme.

                -Bom dia, minha querida. –falou a mulher, sorrindo de leve. –Eu sou Claireece. Seu pai me contratou para tratar do testamento da família Brandon. Mary Alice, não é?

                Não. Pensei. Alice.

                -Posso chamá-la de Mary? –perguntou, ainda esperando uma pergunta. Eu assenti negativamente, mas, pelo jeito, ela entendeu como Sim. –Muito bem, Mary. Então, eu vim aqui para te dizer que tem algumas horas para terminar de arrumar as suas coisas o mais rápido que puder. Está se mudando para a casa dos seus tios.

                Espere. Que tios? Ah, droga, como eu queria poder falar!

                Ela olhou alguma coisa anotada na própria mão, arregalou os olhos e voltou o olhar para mim.

                -Ah, querida. Eu sinto muito pela notícia da sua afonia.

                Eu continuei paralisada, em silêncio. Que competência dessa advogada que meu pai foi arranjar... E, bom, em silêncio não, porque meu estômago roncava tão alto que eu sabia que a advogada Claireece podia ouvir.

                -Deve estar com fome, não é? Pode tomar seu café da manhã. Passo aqui daqui a três horas para te levar a leitura de testamento do seu pai.

                E então ela se virou e foi embora, sabe-se lá para onde.

                Cogitei a possibilidade de eu simplesmente pegar todo o dinheiro que havia no cofre da mansão e me mandar, mas eu teria que viver clandestinamente, e isso seria demais para alguém... Glamurosa como eu. Então me ocupei em arrumar as malas, colocando todas as minhas roupas e algumas de Reneesme na mala enquanto comia as barras de cereais. Abri o cofre, usando a senha que apenas eu e meus pais sabíamos – já que era muito arriscado com os meus dois irmãos, que iam gastar tudo. Apesar de eu ser capaz de gastar tudo também.

                Peguei uma quantia em dinheiro grande, sabendo que só poderia tocar na herança milionária do meu pai assim que completasse 21 anos.

                Já haviam se passado quase duas horas e meia quando eu coloquei todas as minhas treze malas na entrada da mansão. Que, pelo jeito, era a última vez que eu a veria nos próximos quatro anos.

                Eu fiquei sentada na entrada até Claireece chegar. Ela pegou as malas sem a menor dificuldade –e, admito, eu fiquei pasma- e logo estávamos dirigindo na direção da casa dos meus tios... Justamente os que eu menos queria ficar sob a guarda. Os Fitzpatrick, as pessoas mais mãos-de-vaca da face da terra.

                Sabia que meus pais jamais me deixariam com aqueles dois, mas, pelo jeito, os únicos parentes que foram citados no testamento já tinham... Batido as botas.

                Eu mal percebi, de tão distraída que estava, que já tinha sentado, ouvido o testamento e já estava de pé de novo, falando com minha tia Renée. Argh. Fitzpatrick.

                -Ai, querida, nós vamos nos divertir tanto! Eu vou te ajudar a aprender a linguagem de sinais e... –eu me virei para a porta que se fechara atrás de nós. Os advogados já tinham ido. –Já foram? Ah, sim. Agora, criancinha, você só está aqui porque você está com o bolso cheio, entende? Então, trate de se comportar, ou vai sofrer as consequências.

                Eu não respondi. Aliás, eu não podia responder.

                -Pode tratar de ir comprar comida para nós com o seu dinheiro, riquinha. E, se precisar falar, te vira. Pega o dinheiro que a advogada deixou aí. Pode ser qualquer comida de microondas. Mas vai rápido, hein! Ainda vai ter que limpar o seu quarto novo!

                E, em frações de segundo, eu senti o papel do dinheiro cair na minha mão esquerda e já estava do lado de fora da casa.

                Eu suspirei. Não ia ser nada fácil viver com esses dois por quatro anos.

                Caminhei por algumas quadras, até chegar à um mercadinho, um tal de Forks Supermarket. Coloquei o capuz do moletom que eu usava –o único com capuz que eu tinha- e entrei sorrateiramente, tentando não chamar a atenção.

                Apanhei algumas caixas de barras de cereais, quase tudo de comida congelada que havia lá e fui na direção do caixa cinco. A parte mais difícil.

                Uma mão longa apanhou os produtos quando eu os pousei no balcão metálico. Eu fiquei apenas observando os produtos desaparecerem, um a um, até só restar o metal do balcão. Eu não queria que a pessoa, qualquer que fosse, me reconhecesse.

                -Cinquenta e dois dólares e trinta e dois, moça. –a voz familiar veio da pessoa do caixa. Ah, não... Eu conheço essa voz... Não! Por favor, Deus do céu, que NÃO seja!

                Eu respirei fundo e ergui a cabeça, de olhos fechados.

                - Alice? –Jasper disse.

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Por Vick_Vampire

 


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Notas finais do capítulo

E aí? mereço reviews mesmo com a demora?
Beijos
Vick