Speechless escrita por Vick_Vampire, Jubs Novaes


Capítulo 21
20. A vez em que todos os átomos se chocaram


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por Jubs Novaes.
Ponto de vista do Jasper.

Boa leitura!



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Jasper

Alice segurou meu braço com suas frágeis mãos, unicamente para se apoiar.
Atravessamos a porta do hospital lentamente, acompanhando o ritmo de caminhada dela.
Naturalmente, eu sentia o calor e a fraqueza das mãos frágeis dela no meu braço.
Não havia muitos carros no estacionamento.
- Desculpe por isso, mas teremos que voltar andando. Não consegui pegar nenhum carro emprestado. - eu disse constrangido.
Alice apenas sorriu. Não entendi muito bem o significado do sorriso, então apenas virei a cara para evitar mais reações.
- Olha, acho que o médico pensou que eu fosse seu irmão ou algo do tipo e me passou uma lista de cuidados em casa. - comecei. - Devo passar a lista para os seus tios?
O corpo de Alice tremeu quando falei. Ela parou momentaneamente de andar e olhou firmemente em meus olhos, depois fez que não com a cabeça.
Não entendi muito bem seus motivos contra, mas não falei nada.
Os vinte minutos seguinte de caminhada foram lentos, eu sentia a mão sensível de Alice tremer em meu braço e seu olhar sem foco no chão. Ela não estava feliz como achei que estaria, ela tinha acabado de receber alta, no lugar dela, eu ficaria feliz.
Paramos em frente a casa de seus tios. Guiei Alice até a porta de entrada e bati três vezes.
A mulherzinha de aparência rabugenta abriu a porta. Viu Alice e bufou, depois olhou para mim me avaliando dos pés à cabeça.
- Já a liberaram do hospital? - perguntou indiferente.
- Sim. - respondi. - O médico me passou uma lista de cuidados básicos em casa. Alice ainda não está forte o suficiente para fazer tarefas, é melhor que descanse.
Renée segurou o riso e fez um gesto para que eu entrasse na casa e logo depois apontou um velho sofá, com a intenção de que eu colocasse Alice ali.
- Ela não tem uma cama? - perguntei. -Pode não ser muito bom para ela deixá-la dormindo no sofá.
- Temos coisa melhor para fazer com uma cama do que acomodar essa fedelha. - resmungou.
O primeiro pensamento que veio à minha mente foi que eu não podia deixá-la na casa dos tios. Não seria cuidada ali e seus ferimentos poderiam ser abertos novamente, mas ela não tinha para onde ir e eu não podia levá-la comigo. Eles eram seus guardiões legais e se eu a tirasse da posse deles seria o mesmo que cometer um crime.
- Por favor, sua sobrinha está em recuperação. - pedi. - não a deixem fazer nenhum esforço.
Renée me olhou com tédio e logo em seguida resmungou:
- Deixe a garota no sofá de uma vez!
Eu não tinha outra opção, então passei o braço em volta da cintura de Alice, unicamente para ajudá-la a andar e fui com ela até o pequeno sofá surrado. A essas alturas Renée nem olhava mais para nós, estava mais preocupada com a novela que passava na televisão do lado oposto do cômodo.
Segurei-a em meus braços, tomando cuid        ado para não dobrar sua coluna e coloquei-a deitada no sofá. Alice sorriu para mim e eu retribuí.
- Olha, se acontecer qualquer coisa, me ligue e eu venho imediatamente. - avisei. - O médico disse que você não devia ir na escola pelas próximas semanas e eu sugiro que você não se levante do sofá sozinha.
Dizendo isso, cobri-a até os ombros com o lençol branco furado e ela sorriu novamente.
- Eu volto amanhã. - acenei - e trarei o remédio que o médico mandou também.
Dei uma última olhada em Alice, que se aconchegou no pequeno sofá e depois saí, fechando a porta atrás de mim.
Voltei para casa pelas ruas quase desertas de Forks. Não morava muita gente naquela região, talvez por ser um pouco longe das estradas principais.
Atravessei o pequeno jardim milagrosamente florido de minha casa e entrei pela porta da sala.
Rosalie não estava ali, o que era de se esperar e minha mãe também não. Fui até a cozinha procurá-la e achei.
- Foi ver Alice? - minha mãe perguntou.
- Sim. - respondi - ela já foi para casa, eu levei-a.
- Ela está vivendo com os tios, não?
- Está.
- Ela teve sorte por eles viverem aqui em Forks e ela não ter de se mudar. - comentou.
- É. - respondi sem muito ânimo.
- Sua irmã esteve aqui hoje. - minha mãe falou, mudando de assunto.
- O que ela disse?
- Ela está com medo, Jazz. – minha mãe também estava, percebi pelo tom de voz – ontem, quando ela sumiu, tinha ido até Seattle para falar com o advogado do seu pai. Disse-me que a coisa estava feia.
Eu percebia o estremecimento de minha mãe ao mencionar cada uma daquelas palavras, eu entendia como devia ser duro para ela encarar tudo aquilo.
- Meu pai está em Seattle? – questionei.
- Sim, ele conseguiu um emprego num hospital famoso por lá. – esclareceu tristemente. – Me ligou pedindo autorização para dar entrada num pedido de divórcio, vai se casar com Jéssica.
Assenti com menos ânimo ainda. Eu nem ao menos conhecia a tal da Jéssica. Claro que já tinha visto-a, mas nunca tínhamos conversado. Meu pai tinha abandonado minha mãe e em menos de um mês já estava casando com outra mulher.
- Onde está Rosalie? – perguntei.
- Não sei bem, mas ela disse que ficaria nas redondezas por essa noite.
Por que diabos ela não podia voltar para casa? Decifrar o que se passava na cabeça da minha irmã era uma tarefa extremamente complicada.
Assenti com a cabeça para minha mãe e resolvi subir as escadas até meu quarto.
Saquei meu celular na cômoda assim que atravessei a porta e apertei os números de Tanya.
- Alô? – a voz familiar atendeu.
- Oi Tan.
- Jazz! – cumprimentou.
- Alice foi liberada do hospital. – notifiquei.
- Eu sei. – comentou. – estou aqui no hospital nesse momento.
- Fazendo o quê?
- Você não fez a gentileza de me avisar que ela já tinha saído, então eu acabei vindo. – bufou. – Dr. James acabou de me dizer que ela foi para casa.
- Deixei-a na casa dos tios.
- Certo. Vou desligar.
Nem me deu tempo para responder, já havia desligado.
Segundos depois, o celular começou a tocar. O nome na tela do aparelho era “Mike”. O que Mike queria comigo?
- Mike?
- Oi, Jazz. – ele me cumprimentou. – Liguei para te pedir um favor.
- Fale. – encorajei.
- Bem, o teste de inglês é na sexta feira e eu estou quase tomando bomba. – começou. – Queria saber se você podia estudar comigo amanhã depois da aula.
- Vou visitar Alice depois da aula. – respondi.
Ele não escondeu a decepção em sua voz.
- Ah, certo. Sem problemas, vou pensar numa outra solução.
- Ei, Mike. – chamei. – Você podia ir comigo até a casa de Alice e depois podíamos estudar.
Ofereci porque sabia que ele precisava de ajuda para estudar. Mike estava em apuros na escola há anos.
- Claro! – animou-se imediatamente. – eu vou sim.
- Certo, até amanhã.
Desligou o telefone. Não podia negar que a ideia de ter Mike visitando Alice era um pouco estranha, mas talvez a presença de outra pessoa fizesse-a a um pouco mais feliz e provavelmente apaziguaria um pouco o clima deprimente de estar em volta da garota doente.
Deitei em minha cama e fechei os olhos. Mesmo sendo cinco horas da tarde e eu não estando com sono, consegui dormir facilmente. Talvez tudo o que estava acontecendo à minha volta me deixasse cansado o suficiente para dormir a qualquer hora do dia.

***

Acordei somente sete horas mais tarde, quando minha mãe já havia ido dormir e a noite já tomava conta da cidadezinha pacata de Forks.
Meia-noite, marcava o meu relógio.
Constatei rapidamente que estava com fome. Resolvi descer na cozinha e pegar alguma coisa para comer.
Estava no terceiro degrau da escada quando ouvi um barulho vindo do andar de baixo.
Desci sutilmente as escadas, rezando internamente para que não fosse nenhum assaltante, pois eu não teria como me defender.
Meus pés estavam prestes a tocar o último degrau da escada quando a origem dos barulhos apareceu bem na minha frente, a figura era loira, assustada e segurava uma mala de mão no braço.
- Rose! – me espantei ao vê-la.
- Jasper. – me cumprimentou sem entusiasmo nenhum.
Sua expressão era de quem tinha acabado de levar um tiro na barriga. Naturalmente, ela estava apavorada.
- Há quanto tempo está aqui?
- Uns vinte minutos. – respondeu. – A porta da sala estava aberta.
- Aonde vai com essa mala? – apontei para a mala de mão que ela levava no braço esquerdo.
- Vou embora, Jasper. – esclareceu.
- Como assim?
- Não posso mais ficar aqui. – respondeu. – Se Alice resolver dar queixa, eu vou presa, entendeu? Não posso ir para a cadeia!
- Mas Alice pode não dar queixa. – sugeri.
Rosalie soltou uma risada abafada, de deboche.
- Acha que ela faria isso? – desafiou. – Acha sinceramente que ela faria isso?
Não respondi. Eu não sabia a resposta para aquela pergunta.
- Jasper, essa garota me odeia. – assumiu. – e tem todos os motivos imagináveis para isso. Ela não vai desistir de dar queixa. – declarou com pavor na voz - ela pode até ter mudado a atitude, mas no fundo sempre será como eu.
- Rose, ela está diferente. – tentei argumentar.
- Não Jasper. – negou. – Ela não vai me perdoar dessa vez, nem eu o faria no lugar dela.
- Eu posso pedir para Alice te perdoar. – me ofereci. – implorar, se for preciso.
- NÃO PRECISO DA PIEDADE DE NINGUÉM! – me interrompeu.
Terminou a frase arfante, sem ter nenhum controle sobre sua voz. Era visível que Rosalie não sabia o que fazer naquele momento. Um turbilhão de emoções deviam estar vagando pela cabeça dela agora.
- Apenas não quero depender da decisão dela! – acrescentou.
Assenti. Não querendo provocar novamente o desespero na atitude. Nunca havia sentido tanta pena de minha irmã como sentia agora. Tudo o que ela fizera fora errado, naturalmente, mas naquele momento, eu senti que ela realmente não sabia o que estava fazendo,
- Para onde você vai? – perguntei.
- Sairei do país... Não sei exatamente para onde irei... Talvez para a América Latina. – respondeu. – Não posso me dar ao luxo de esperar pela queixa da Alice, se esperar, nunca mais conseguirei sair daqui.
Assenti novamente.
- Boa sorte, Rose. – me despedi.
Ela sorriu desconfortável.
- Não diga nada para a mamãe. – pediu. – Papai ligará para ela de manhã e contará tudo. Por favor, Jasper.
Rosalie não esperou por mais nenhuma palavra vinda de mim. Atravessou a sala com passos incertos, abriu a porta e saiu.
Assim que a porta se fechou, suspirei pesadamente. O dia seguinte seria longo e seria extremamente doloroso ver minha mãe sofrendo por Rosalie. Talvez a vida estivesse dando uma lição para Rose, fazendo-a passar por aflição, desespero, medo e culpa. Talvez ela aprendesse alguma coisa com os próprios erros, ou talvez não.
Aquela Rosalie que acabara de fechar a porta não se parecia nem um pouco com a Rosalie vingativa e rancorosa que eu havia visto nos últimos dias. No lugar dela, estava uma Rosalie confusa, desesperada e apavorada. Não a impedi de ir porque talvez um tempo longe de tudo aquilo que ela conhecia podia fazer bem a ela.
O que aconteceria ninguém saberia responder, mas uma coisa era fato: Minha irmã estava à mercê da própria sorte.
Dei uma última olhada na porta de entrada e depois fui até meu quarto. O dia seguinte não seria fácil.

***
Acordei com a claridade da manhã refletida na janela. Olhei para o relógio no criado-mudo. Sete horas da manhã, eu teria aula dentro de meia-hora.
Levantei-me da cama e pus minha camiseta branca de botões que eu usava para ir à escola e uma calça jeans qualquer.
Escovei meus dentes em frente ao espelho e tentei consertar a bagunça de fios loiros que estava meu cabelo. Falhei, como sempre.
- Jazz! Você vai se atrasar! – minha mãe avisou, batendo na porta do meu quarto.
- Já estou indo, mãe.
Cinco minutos depois, saí do quarto pronto para ir.
Mal tive coragem de encarar minha mãe e muito menos dizer alguma coisa sobre Rosalie.
Apenas acenei e fechei a porta atrás de mim e caminhei até a escola.
Ângela, Mike e Eric me esperavam em frente à sala de biologia.
- Oi. – cumprimentei-os.
Eles responderam com um aceno.
Entramos na sala e nos sentamos. O senhor Barner apareceu alguns segundos depois, acompanhado de alguns alunos atrasados, dentre eles estava Emmett.
- Sentem-se por favor. – dirigiu-se aos alunos atrasados. – Hoje falaremos sobre as propriedades de uma célula vegetal.
Emmett aproximou-se de onde estávamos sentados e ocupou a cadeira ao lado da minha.
- E aí, Jasper? – me cumprimentou.
Estranhei a princípio. Emmett raramente falava comigo, mas seu comportamento nos últimos dias não era o mesmo dos últimos dois anos.
- Oi. – respondi.
Eu definitivamente não estava com vontade de iniciar nenhuma conversa com Emmett McCarty, então prestei atenção na aula do senhor Barner.
Quando acabou a primeira aula, formos para a segunda, que era Educação Física. O horário de Emmett e Mike era diferente, então os dois voltaram para o prédio enquanto eu, Ângela e Eric seguimos para o ginásio.
- Por que você acha que Emmett está tentando virar nosso amigo? – Ângela perguntou.
- Provavelmente não tem mais ninguém que queira ser amigo dele agora. – respondi – Rosalie foi embora.
- O que você quer dizer com “foi embora”?
- Exatamente o que você ouviu. – respondi.
- Mas para onde? – Eric questionou.
- Ela disse alguma coisa sobre América Latina.
- Meu Deus! – Ângela comentou.
Pelo resto da aula, discutimos sobre a “fuga” de Rosalie, até que o sinal tocou e fomos para o refeitório.
Mais uma vez, sentamos-nos na mesa sete e Emmett sentou-se conosco.
- Por que está fazendo isso? – perguntei a ele.
- O que você quer dizer? – devolveu com outra pergunta.
- Se aproximando de nós.
- Não sei, me parece a coisa certa para fazer agora. – respondeu. – Rosalie foi embora depois de ter melado a vida da Brandon, Bella nem é mais reconhecível e Ness e Edward não deram sinal de vida. Não tenho mais ninguém e vocês me parecem ser normais, sem problemas de auto-estima alta demais ou rixas com os outros alunos.
Entendi o que ele quis dizer. O grupo da mesa cinco havia se desfeito totalmente e ele não queria ficar sozinho. Imaginei também que houvesse um pouco de remorso pelo que ele fez para Alice, mas resolvi não perguntar nada.
O resto do dia na escola foi normal. Nas outras três aulas, conversei apenas com Tanya sobre Rosalie e quando o sinal da saída tocou, eu e Mike saímos em direção à casa de Alice.
- Onde é que ela mora? – Mike me perguntou.
- Na casa dos tios, uns quatrocentos metros daqui. – respondi.
- Deve ser duro sair daquela mansão sensacional da família dela e vir morar aqui. – comentou.
- É. – respondi se muito entusiasmo.
- Você viu Bella Swan hoje?
- Vi, estava sozinha na mesa cinco usando suas roupas pretas medonhas. – respondi.
Mike sempre fora apaixonado por Bella, mas ela, obviamente nunca nem tinha olhado para ele.
- Talvez seja mais fácil me aproximar dela agora que o Cullen saiu de cena. – insinuou.
- Acho que ela não quer mais saber de ninguém. – cortei o barato dele. – Chegamos.
Estávamos em frente ao pequeno sobrado dos tios de Alice. Mike olhou o lugar de cima a baixo até que nós batemos na porta.
Renée, a mulher de expressão rabugenta abriu a porta relutante e bufou ao me ver.
- O que quer, fedelho?
- Visitar sua sobrinha. – respondi.
Ela revirou os olhos, mas nos deixou entrar.
Alice estava estendida no pequeno sofá velho no canto da sala. Sua expressão se tornou feliz assim que nos viu.
- Olá. – cumprimentei.
- Oi, sou Mike Newton. – Mike se apresentou.
Alice assentiu e acenou brevemente com a mão para nós.
- Está se sentindo bem? – perguntei.
Ela fez que sim com a cabeça.
- Me desculpe, esqueci do seu remédio. – me desculpei.
Ela arqueou os ombros cuidadosamente, para não machucar a coluna.
Alice estendeu a mão para o bloquinho no braço do sofá e pegou uma caneta esferográfica preta ao lado dele.
“Você não cortou o cabelo”, escreveu.
- Nem pensei nisso. – respondi. – mas qualquer dia desse eu corto.
- Ela tem razão, Jazz. – Mike comentou. – A coisa tá feia aí na sua cabeça.
Revirei os olhos para Mike e me voltei para Alice, que riscava o papel com a caneta.
“Eu poderia cortar pra você, quando eu puder me mexer direito”
Imaginei Alice passando seus dedos por entre as mechas loiras do meu cabelo. A sensação seria indescritível, sem a menor dúvida.
- Falaremos sobre isso quando você estiver melhor. – evitei dar a resposta direta.
“Rosalie apareceu na sua casa?”, me mostrou o papel.
- Sim. – admiti relutante. – ela está indo embora. Tem medo de ser presa.
A expressão seguinte de Alice foi de tristeza, eu não sabia o que se passava na cabeça dela, mas fiquei chocado. Ela não ficara feliz em saber que Rosalie tinha ido embora. Resolvi não perguntar nada.
- Olha, eu vou ao banheiro, está bem? – Mike anunciou e em seguida se levantou indo até uma porta no outro canto da sala.
Nem ao menos olhei quando ele se levantou, apenas ouvi seus passos se distanciando.
Alice fez menção de sentar-se no sofá, mas com dificuldade.
Ajudei-a passando o braço em torno de sua cintura, até que ela já estivesse sentada. Sentei-me ao seu lado, ainda com os braços em torno dela. Eu podia sentir o coração de Alice bater na extensão do meu braço que tocava a pele dela.
- Seu coração está batendo rápido. – observei.
Alice corou em um vermelho profundo quando fiz esse comentário.
O rubor no rosto dela fez-me lembrar que meu braço ainda tocava sua pele então o afastei, constrangido.
Alice virou-se para mim, seus olhos brilhando. Pegou o bloquinho e escreveu mais.
“Por que afastou o braço? Estava quente, era confortável”.
Meus olhos se arregalaram em choque. Ela estava realmente me pedindo para tocá-la?
- Quer que eu encoste em você? – perguntei ainda confuso.
Ela assentiu, seus olhos brilhavam.
Toquei as costas da mão direita dela com a minha mão, tentando ignorar totalmente a sensação de deleite. Alice suspirou pesadamente.
Toquei seu pulso com a ponta dos dedos e fui subindo até seu antebraço. Havia um hematoma ali, acariciei-o, como se pudesse aliviar a dor que ela havia sentido quando foi machucada ali.
Olhei profundamente em seus olhos e ela retribuiu o olhar, eu podia ver meu reflexo dentro dos olhos dela.
Um pensamento desesperado preencheu minha mente naquele momento.
- Eu poderia te beijar. – disse, sem nem pensar.
Antes que eu pudesse perceber o que havia dito, Alice já escrevia a resposta.
“Posso não ser muito boa nisso”.
- Impossível. – eu disse antes de aproximar ainda mais meus lábios do dela. Estavam a milímetros de distância quando ela pôs sua mão entre nós, impedindo o contato.
Meu rosto assumiu uma expressão indignada, então ela escreveu alguma coisa no papel e me mostrou:
“Não posso, ainda não me sinto preparada para isso. Talvez eu ainda ame Emmett”
A sensação de rejeição não foi tão ruim assim. Tentei convencer a mim mesmo que era melhor assim. Apegar-se a uma garota como Alice podia ser um erro. Talvez o maior erro que eu já poderia cometer na vida.
Meus pensamentos foram interrompidos pela porta do banheiro abrindo e Mike saindo de lá.
- Desculpem demorar tanto assim. – Mike disse. – Tive um pequeno problema com a descarga.
- Não tem problema. – me adiantei. – Já estamos de saída, Mike. Vamos.
Acenei para Alice, constrangido o suficiente para não olhar para ela.
Atravessamos a sala rapidamente e eu fechei a porta atrás de mim.
- Por que você é tão legal com essa garota? – Mike perguntou no caminho.
- Ela está diferente. – respondi. – Não é mais aquela imbecil que conhecíamos.
- Acho que você está enrabichado por Alice Brandon. –comentou, rindo.
- Não estou enrabichado por ninguém, seja lá o que for isso. – retruquei, de mau-humor.
Paramos em frente à porta da minha casa e entramos.
- Vamos estudar. – anunciei.
Sentamos-nos na mesa de jantar. Fiquei de costas para a porta da sala e Mike sentou-se de frente para mim.
- Ok. – concordou.
.- O teste vai ser apenas um questionário geral sobre as obras de Shakespeare. – comecei.
- Certo, me faça algumas perguntas então... Para ver se eu sei responder. – pediu.
- Está bem. – concordei. – Capuleto e Montéquio são os nomes das famílias de qual obra de Shakespeare?
- Hamlet? – sugeriu.
- Não, a resposta é Romeu e Julieta. – corrigi.
- Ah, sim... O romancezinho água-com-açúcar. – falou debochado.
- Na verdade é uma tragédia. – corrigi de novo. – os dois morrem no final.
- Por que temos que estudar a obra de um cara que já morreu há mais de duzentos anos?
- Porque é clássico, Mike. – expliquei. – é cultura.
- É um saco... Mas continue.
- Quais são os nomes dos quatro personagens que inicialmente entram na floresta de “Sonho de uma noite de verão”.
- Hm... Demétrio, Lisandro, Hérmia... Deixe-me lembrar o nome da última. – parou para pensar por alguns segundos. – e... Alice?
- Não, o nome dela é Helena.
- Não, Alice está aqui. – apontou para a porta da sala.
- O quê? – perguntei, sem entender nada.
- Olhe para trás.
Obedeci. Ele tinha razão, Alice jazia de pé em frente à porta escancarada. Tinha uma expressão convicta no rosto, seus olhos brilhavam com certa alegria oculta que eu não consegui decifrar. Ela viera andando até aqui?
- Você veio andando sozinha até aqui? –perguntei surpreso.
Ela assentiu, sem se importar realmente com a pergunta.
- Mas suas cost...
Fui interrompido pela palma da mão de Alice estendida, pedindo que eu parasse de falar.
Sorriu de alguma piada interna que eu não entendi muito bem e pegou alguma coisa do bolso e estendeu a mim.
Apanhei o objeto. Era um papel amassado que eu abri.
Através das marcas amassadas do papel, em caneta preta esferográfica se lia:
“Eu mudei de ideia”
Inicialmente, não entendi do que se tratava. Reli a frase escrita no papel mais de três vezes seguidas, até que entendi o que ela queria dizer com “mudar de ideia”.
Virei meu rosto até encontrar com os olhos dela, ainda brilhando de expectativa na minha direção. Ela se nunca parecera tanto com uma fada para mim.
- Vo... – comecei a falar, mas ela pôs o dedo indicador em seus lábios, para que eu parasse.
Depois disso, deu um passo a frente até estar a centímetros do meu corpo. Não esperei por seu movimento de encorajamento.
Estreitei ainda mais a distância entre nós, colando meu corpo no dela e pus as duas mãos em seus braços, depois deslizei as mãos em seus ombros, até finalmente chegar em seu rosto. A mesma sensação elétrica que passara por meu corpo a última vez que toquei seu rosto me atingiu novamente. Pude notar o estremecimento de seu corpo encostado ao meu e a olhei profundamente nos olhos.
Foi então que as milhões de partículas que moviam meu corpo escolheram mover-se por conta própria e em menos de cinco milésimos, minha boca já estava colada na dela.
Foi como se um milhão de fios elétricos resolvesse entrar em curto-circuito ao mesmo tempo. Antes que eu percebesse, minhas mãos que estavam no rosto de Alice foram parar em sua cintura e antes que eu pudesse me controlar, já puxava-a para mais perto de mim.
Seus lábios não eram pequenos e frágeis como havia imaginado à primeira vista. Eram quentes, assim como todo o seu corpo.
Seus braços foram para o meu ombro e seus dedos se enterravam em meu cabelo, da mesma maneira que eu havia imaginado quando ela se oferecera para cortá-lo.
Tirei uma das mãos de sua cintura e fiz o mesmo, levando meus dedos até seu cabelo preto.
Era como se nada mais no mundo importasse. Eu não conseguia pensar em mais nada que não fosse Alice e em como seu corpo era macio. O fato de que Mike estava a três metros de distância assistindo a tudo nem passou pela minha cabeça, ou que Alice não poderia ter vindo ali andando, por causa da sua coluna. Nada disso importava.
Alice entreabriu os lábios, aprofundando o beijo e eu correspondi. O curto-circuito que rondava nossos corpos se transformou imediatamente num incêndio que tomava conta de cada milímetro do meu corpo. Era como se o resto do mundo tivesse se difundido em átomos e as únicas coisas que sobraram eram Alice e eu.
Não havia nada no mundo que preparasse uma pessoa para aquele momento. Nada se comparava àquela sensação.
Uma onda de felicidade se apossou de meu corpo. Como eu poderia beijar Alice Brandon e me sentir daquela maneira? Era até inacreditável que há alguns meses atrás eu odiava a garota que me fazia sentir assim. Ah, se eu soubesse que precisava apenas beijá-la para transformar meu ódio nisso, já teria feito há muito tempo.
Poderiam ter se passado alguns minutos, horas ou até dias ensolarados. Poderíamos ter ficado conectados para sempre, mas a voz debochada de Mike nos interrompeu.
- Dói o meu coração interromper vocês, mas faz dois minutos e meio que vocês estão se pegando aí e eu ainda não achei nenhum buraco para me esconder.



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Notas finais do capítulo

Olá pessoas lindas!
Jubs Novaes falando aqui.
;D
Faz tempo que eu não apareço por aqui... Mas enfim, este foi o capítulo 20. ;D Era para eu ter postado ele ontem, mas eu estava com uma dor de cabeça infernal e não iria dar para eu escrever esse "grand finale" e fazê-lo ficar bom.
Eu estava passando por mais um daqueles meus momentos de romantismo quando escrevi e utilizei de toda a minha "fufura interior" para escrever essa última cena... Olha, pessoas... Foi complicado... Primeiro porque eu sou péssima em descrição de cena (meu negócio é diálogo mesmo) e segundo porque que eu sou mulher e não sei descrever um beijo pelo ponto de vista de um homem... Passei umas boas horinhas nessas últimas páginas, mas acho que valeram a pena.
Ainda não sei muito bem qual vai ser a reação da Vick quando ler esse capítulo... Porque a gente não tinha combinado nada sobre os dois "se pegarem"... ;D. Espero que ela não me mate...

Bem, alguém mais notou que as recomendações de todas as fanfics sumiram?
Pois é, eu tive um treco quando vi (ou melhor, quando não vi)... Mas a moderação me disse que é provisório... Espero que seja mesmo. hehehe...

Bem, não tenho mais nada pra falar da fic, mas eu tô afim de escrever aqui, então vou improvisar.

ALGUÉM VIU O FOFORKS ONTEM? (DIA 12/01/11)

Bem, pois eu vi... Fazia um século que eu não entrava nesse site, mas ontem eu resolvi tirar meu atraso com a Saga Crepúsculo... E quando estava lendo as notícias vi que O ROBERT PATTINSON VAI APRESENTAR O GOLDEN GLOBE AWARDS 2011!
KKK
Fiquei totalmente estática quando vi... Eu quero só ver ele falando aquelas piadinhas ensaiadas... hauahuha... Vai ser d+. ;D
;D Domingo ninguém vai me tirar da tv. heeheheheee... Vou assistir mesmo sem estar torcendo pra filme nenhum. ;D

enfim, pessoas... Não tenho mais nada pra falar, então vamos para os pedidos de reviews...

Bem, EUZINHA fiquei muito triste quando vi os reviews dos últimos dois capítulos... Fomos de 30 para 22 reviews...
OU SEJA... TEM ESPELHO QUEBRANDO NA CASINHA DE VOCÊS!
Por que pararam de mandar reviews?
Os últimos dois capítulo não ficaram bons?
Se for isso, por favor falem para nós e eu juro que tentaremos melhorar... Só que eu não consigo decrifrar a mente de ninguém se essa pessoa não me disser o que está acontecendo... Olha, entre mandar uma crítica e não mandar nada eu prefiro a crítica, sinceramente.
Eu não quero ter que estabelecer um número de reviews para postar... Acho isso uma PUTA FALTA DE SACANAGEM e também não vou pedir para a Lunah postar um recado para as pessoas mandarem revies na minha fic (isso foi uma indireta pra você, Mari-twi), mas se as coisas ficarem do jeito que estão e vocês não mandarem reviews, eu e a Vick vamos assinar um contrato com a chatisse e aí já viu, né...
Então tenho uma proposta pra vocês:

Vamos valorizar o trabalho das escritoras do Nyah?
Vamos ser bonitos?
Vamos ser legais?
Vamos colaborar?
Vamos ser lembrados?
Vamos ser amados?
Vamos ser valorizados?
Vamos ser amigos?
Vamos mandar um review?