Ó Morte. Diga-me, morte, quem levarás hoje?

O jovem, nervoso, que morrerá só?

Ou criarás um desastre para várias almas levar?

Essa história, infelizmente, começa pelo fim.

É, eu sei, não é comum. Ninguém diz: O Fulano morreu.

Usam e abusam de mentiras e suavizantes, do tipo: Ele bateu as botas, Ele foi falar com Deus, ou até mesmo apenas um fúnebre silêncio. Bem, a parte do silêncio me agrada muito.

Eles agem como se morrer fosse ofensivo.

Só não gosto quando, por exemplo, falam: Siclano foi falar com Deus. Ele pode até ter ido falar com o tal, mas antes disso, falou comigo.

Ah, mil perdões, o meu nome... Eu ainda não me apresentei. Meu nome é Morte. Novamente, me perdoe. me perdi de nossa história quando entramos em minha diminuta lista de gostos e desgostos.

Sim, pode até parecer hipócrita, afinal, eu sou o temível Ceifador Negro. O fato de que estou aqui falando com você sentado numa poltrona confortável e Bella Louise está enterrada a sete palmos num cemitério qualquer não ajuda muito na veracidade de meu infelizmente.

Aceita picadinho? Não, não, tire a cara de nojo de sua face. Posso matar as pessoas, mas não como a carne delas e limpo o tutano de seus ossos, a carne é de gado. Vegetariano, é? Não vai te levar muito longe essa história de evitar carne...

Bom, voltando a nossa história... Louise era uma criança nervosa, e virou uma adulta nervosa. Bem, ela não devia ter morrido. Ela tinha mais algumas décadas, porém um imprevisto é sempre um imprevisto, e ouve um desastre, um acidente de trânsito...

Por que eu estou falando de Bella Louise? Afinal de contas, quem diabos é Bella Louise?

Não interessa, eu só estava tentando te distrair.

Bom, agora, se quiser me acompanhar, seu enterro foi a algumas horas.

Ora, não faça essa cara de surpreso. Você sabe que as pessoas só veêm a morte uma vez na vida...