Era uma tarde comum, para todos da cidade de Tóquio. Os estudantes voltavam para suas casas, e a presidente do colégio Seika ia para seu trabalho de meio período no café cosplay, Maid Latte!, como sempre fazia. Aquele lugar agradava a garota de cabelos castanhos, já que lá ela era feliz com suas companheiras empregadas. Ao entrar no café, como sempre, estavam lá os três idiotas, a espera de sua diva, ‘Misaki-chan’. Como sempre, Misaki desprezava eles – e os mesmos pareciam talvez contentes com isso. O dia de atendimentos no café foi longo, mas divertido para Misaki. Ela, como sempre, era a última a sair, pouco depois da gerente. Após trancar o estabelecimento, Misaki tomava seu caminho de sempre, mas ao olhar no relógio, via que apesar de ter passado certo tempo da tarde, ainda estava um pouco cedo. Sorriu consigo mesma e desviou um pouco o caminho, passando a caminhar sem muito rumo. Ao passar por um parque, podia notar algumas crianças se balançando, alegres, mas que aos poucos iam saindo do parque por dar a hora de voltarem para casa. Como os balanços ficavam livres, e não parecia ter algum conhecido por perto, Misaki não viu problema em caminhar até um dos balanços, soltar sua bolsa no chão ao lado do balanço, se sentar no mesmo e começar a se balançar lentamente. De alguma forma, ela se sentia livre daquele jeito. Livre como há tempos não se sentia. O sereno da noite beijando sua pele, a brisa, úmida e agradável daquela noite de outono passeando pelos seus cabelos. Em certos momentos, quando atingia pontos mais altos com o balanço já em um ritmo mais intenso, ela fechava os olhos e ria, meio abobada com aquela sensação que acalmava e transmitia certa nostalgia. Mas, como o tempo havia passado, ela aos poucos ia parando o balanço, até que colocasse novamente os pés no chão para parar ele de vez. Então, tornou a olhar para a bolsa, e quando pensou em pegá-la, foi surpreendida por alguém que segurou ambas as correntes do balanço, e que projetou gentilmente o corpo para frente, para aproximar o rosto da nuca da garota e sussurrar com uma voz quente, e ao mesmo tempo gentil:

-Não deveria ficar até tão tarde no parque, Presidente... – disse o estranho, ironicamente, de forma que logo fez a presidente reconhecê-lo.

-U-Usui?! – a garota olhou para trás e rapidamente se levantou do balanço, ligeiramente corada, enquanto apontava para ele – O-O que está fazendo aqui?!

-Ora, presidente! Estou tomando cuidado para que nada aconteça com você! – disse novamente o loiro, enquanto ria um pouco e apoiava-se sobre o balanço, segurando a corrente da esquerda agora com as duas mãos e mantendo um dos pés no chão.

-Usui! Eu não sou nenhuma criança, que você precise ficar mimando... – Misaki começava a se aproximar lentamente de sua bolsa, com a intenção de pegá-la pega alça.

-Eu sei disso, Misa-chan! – Usui, da mesma forma que Misaki, se abaixou para pegar a bolsa para ela.

Mesmo que um não tivesse notado o movimento do outro, as mãos de ambos se encontraram quando iam segurar a bolsa. Como uma reação de surpresa, eles entreolharam-se por um tempo. O rosto vermelho de Misaki se tornou mais evidente, e ela, para disfarçar, rapidamente pegou a bolsa e se afastou um pouco.

-E-Er... está ficando tarde, então estou indo! – Misaki se virou para tentar evitar Usui, mas o loiro foi mais rápido que ela e segurou o pulso da mesma gentilmente com uma de suas mãos, enquanto expressava seriedade no rosto.

-Que tal se eu a acompanhasse, Presidente? As ruas andam perigosas, e você está bem longe do caminho de casa. – disse Usui, apenas fitando a jovem nos olhos enquanto esperava a resposta dela.

-Eu... acho que está tudo bem... – como sempre, o lado ‘tsundere’ de Misaki parecia relutante, mas ela não podia negar que era verdade o que Usui havia dito.

Com a resposta, o rapaz apenas sorriu e então tomou as mãos de Misaki, que tentou soltar as mãos de ambos, porém, em vão, já que logo acabou cedendo ao carinho com que o loiro segurava a mão dela. Dessa forma, ambos começaram a caminhar, sem dizer muitas palavras durante parte do percurso. Porém, algumas vezes, meio que disfarçadamente, ambos se olhavam pelo canto dos olhos, e quase nunca seus olhares se cruzaram. E, quando acabaram por se encontrar, logo eram desviados, pelo menos os de Misaki, já que, para provocar, Usui mantinha o olhar encarando a jovem enquanto sorria, ironicamente, como sempre. Ao notar aquilo, Misaki não podia conter o quanto acabava se sentindo incomodada com aquela situação, e virou o olhar para Usui com uma expressão um pouco emburrada.

-O que está olhando tanto, Usui?! Francamente... ! – a garota suspirava enquanto fechava os olhos e desviava completamente o olhar do rapaz. Este, ficava a rir apenas, balançando a cabeça para os lados.

-Não precisa ficar tão irritada, Presidente... – após recuar um pouco o braço e puxar o braço da mesma para si, Usui trazia o corpo dela para perto mas dava alguns passos em uma outra direção, assim encostando-a contra a parede e repousando a outra mão no concreto do muro, prendendo os movimentos de Misaki com os braços enquanto fitava o rosto da jovem – Você anda tão... amável, ultimamente. – disse o loiro após aproximar o rosto do de Misaki e sussurrar ao pé do ouvido dela.

-S-Seu idiota! – tentava empurrar o mesmo após apoiar as mãos no tórax do rapaz, sem muito sucesso na ação, afinal Usui era forte, mesmo não aparentando tanto – N-Não fique falando besteiras, seu...

Usui ria como sempre da forma de Misaki falar, tropeçando um pouco nas palavras. Antes que a presidente pudesse terminar sua frase, ele aproximou o rosto definitivamente do dela, fechando os olhos lentamente até que, finalmente, encostasse os lábios nos lábios dela. O toque surpreendeu Misaki, que arregalou no mesmo instantes os olhos, e por um momento cedeu brevemente o beijo, forçando uma pequena pressão entre os lábios de ambos que logo foi rompida pelos braços de Misaki que tornava a empurrar Usui, dessa vez com força suficiente para afastá-lo um pouco, o que fazia o rapaz soltá-la.

-O-O que pensa que está fazendo?! Usui... Usui idiota! Fica apenas me usando... para se divertir... i-isso é cruel... – algumas lágrimas faziam os olhos de Misaki incharem um pouco, e a presidente que não gostava de fraquejar acabava por sair correndo em direção a sua casa, que estava próxima.

Enquanto observava a garota se aproximar, um olhar sério se formava no rosto de Usui. Suas duas mãos passavam a repousar dentro da blusa de seu casaco, e após ver que Misaki entrava em casa, em segurança, o rapaz se virava, dando as costas a casa e passando a caminhar em direção da própria residência, um pouco abatido pela reação negativa de Misaki.