-Gerard Arthur Way!! Quantas vezes eu tenho que te dizer?! Não volte tarde! E ainda escoltado pela polícia! Menino!! Você quer me matar do coração não é?

-Mãe eu...

-Cala a boca!! Você é louco isso sim! Irresponsável!! É isso que você é Gerard! Irresponsável!! Eu até te colocaria de castigo, se não fosse aquele maldit* contrato que me fez assinar! Na frente de um advogado! Suba para seu quarto menino! E você Melody, sinto muito pela sua casa e pelo trauma emocional que deve estar sentido. Se precisar de alguma coisa é só pedir...- Não agüentei escutar a fim daquela frase.

Subi as escadas correndo e Melody veio atrás gritando o meu nome.

-Gee! O que foi!?- Gritava ela do lado de fora da porta- Me deixa entrar, quero falar com você! Por favor!

Minha mente estava a milhão, não sabia o que fazer. Peguei meu bloco de desenhos rabisquei as páginas enquanto Melody gritava do lado de fora da porta.

Rasguei todo o bloco de desenho. Joguei todas as coisas da minha penteadeira no chão com raiva e gritei, gritei, gritei! Enquanto estava arrancando as gavetas vi um caderno preto todo rabiscado de branquinho na capa. Era ele.

O meu primeiro caderno de desenhos. Relaxei e me sentei na cama e comecei a olhar os desenhos, enquanto Melody gritava desesperada do lado de fora do quarto.

Eram infantis, mas lindos, me lembraram de tudo o que eu passei, e o porquê de minha amizade com a Melody ser  tão forte, e isso fez com que eu relaxasse e abrisse a porta, e Melody entrou desesperada pulando em mim.

-GERARD!! Achei que tinha feito algo totalmente  imprudente! Não me assuste mais assim! Gerard! Por que demorou tanto para abrir a porta?!

Melody me abraçava com toda a força e chorava no meu ombro, ainda sem camisa.

-AI MEU DEUS! GERARD!! OLAH PARA O SEU PEITO!- O jeito que ela gritou me fez começar a sentir a dor- GERARAD! Você quebrou as coisas de vidro da penteadeira! Está cheio de cacos de vidro!- Ela me soltou e me jogou deitado na minha cama.

-Bom, respondendo as suas perguntas... Eu nunca faria isso. Eu estava me acalmando, não queria te machucar. Ta ardendo muito Melody! Faz parar! AHHHHHHHHH!!!!!- Gritei com tudo quando encostei a um caco de vidro bem grande no meu peito.

-Fica parado ai, vou chamar a sua mãe, acho que a polícia ainda está La em baixo, e provavelmente a ambulância também. Fica parado ai Gerard!- Ela saiu correndo e gritando do quarto.

Tentei distrair a minha mente, mas a ardência começou a se tornar insuportável! Comecei a gemer baixo e aos pouco fui gritando.

Podia sentir exatamente onde estavam os cacos. Havia um exatamente em baixo das costelas (N/A:Sabe aquele lugar em cima do umbigo que é onde acabam as costelas? Lá mesmo), vários pequenos se estendendo por todo o lado direto das costelas e três não muito grandes          no lado esquerdo.

Olhei para a porta e depois para o relógio, e não havia se passado nem um minuto desde que Melody havia saído.

Olhei para o lugar dos cacos e vi que meu peito estava totalmente vermelho de sangue, e imaginei como não estaria a camiseta da Melody.

-AH!!!!!!!- Gritei ao respirar.

O movimento da respiração só aumentava a dor.

-Gee!- Gritou ela adentrando a porta com uma enfermeira ao lado.

-MINHA NOSSA!- Gritou a enfermeira!- Vou chamar o doutor.

Escutei ela dizendo para o doutor como meu peito estava e ele disse exatamente:

-Acho que ele não irá agüentar a cirurgia, provavelmente irá morrer, mas podemos tentar.

Aquelas palavras soaram como uma bomba nos meus ouvidos.

-Melody- Gemi – Vem aqui- Chamei ela para mais perto.

A dor estava me deixando MUITO fraco.

-Fala Gee- Disse ela cheia de lágrimas nos olhos.

-Ouvi que eu poderei não sobreviver. Hoje, na sua casa, se negou a me beijar. Se eu vou morrer mesmo, quero saber  como é- A puxei para mais perto mesmo com a dor do movimento dos cacos (N/A: Não vão tirar os cacos do peito desse menino não!?), a beijei e sorri- Se eu morrer, pelo menos saberei como foi.

Ela desabou em lágrimas, cada vez mais e mais fortes.

Fiquei olhando ela chorar enquanto me levavam para a ambulância. Eles deixaram que ela, Frank e minha mãe viessem comigo.

Melody chorava abrasada com Frank, que também chorava, e minha mãe estava atônita de mais para fazer qualquer coisa.

O que a Melody faria se eu morresse? Não consigo nem imaginar. Eu vou resistir. Vou resistir. Por ela, minha mãe, o Frank, o Mikey, o meu pai, até pelo Stivie, parece que o Ray vai ter que esperar mais um pouco para falar comigo.

-Melody...- Sussurrei com dificuldade- Você pegou um caderno preto que estava na minha cama?- Disse falhando em todas as palavras.

-Peguei.   

-Olha os desenhos e...- Respirei fundo e gemi em seguida- Se o pior acontecer...- Dei uma pausa para respirar, com dor- Quero que fique com eles.

 -Nada vai acontecer Gee- Disse ela- Agora fique quieto e poupe esforços, vai precisar.- Apenas balancei a cabeça em um sim para ela e fiquei pensando.

Na minha mente se passaram muitas coisas, a maioria das cenas se resumia em Melody batendo nos moleques porque eles haviam nos chamado de gays.

Parei e pensei porque estava pensando tanto em Melody ultimamente, eu estaria gostando dela? Estaria odiando ela? Estaria com ciúmes dela? Estaria super protetor com ela?

Uma das frases me veio a mente de novo “Eu estaria gostando dela?”.

Gemi da dor de respirar, e estava ficando meio zonzo... minha visão começou a ficar embaçada, ouvi Melody gritar, Frank também e o médico gritando “Estamos perdendo!!!”

Depois disso tudo ficou escuro e eu só consegui pensar em uma coisa mais:

“Já é o fim?”