Jacob me convidou para sair. Fomos a um restaurante perto de casa. Tudo correu bem.  Conversamos, me distrai e ri muito com sua conversa boba. Ele me contou sobre o significado de seu sobrenome, sobre nuvens e sobre coisas como a temporada de beiseboll.

Eu me diverti com ele.

Logo depois de sairmos do restaurante, ele me levou à um parque de diversões e sinceramente, parecíamos duas crianças.

_Hey, eu não quero ir à roda gigante!- eu disse, quando ele me puxava para tal.- Jacob, não...

É claro que ele não deu ouvidos ao que eu disse.

Entramos na roda gigante, nos sentamos e ele segurou minha mão. Senti-me desconfortável, como se fizesse algo de errado. Mas não fazia, afinal, não era comprometida com ninguém.

Acredito que ele tenha notado meu desconforto, pois afastou sua mão da minha, mas eu a puxei de volta. Não queria que parecesse que eu estava forçando. Mesmo estando.

Enquanto girávamos, encostei minha cabeça em seu ombro, e ele acariciou minha face.

_Eu gosto de você, Anna. - ele me disse e eu não soube o que responder. Eu também gostava dele, gostava da sua companhia, mas não como ele. Eu gostava sim dele, mas como um bom amigo.

Eu não queria dizer nada, e assim o fiz.

Jacob tomou meu rosto em suas mãos  e me beijou. Foi um beijo calmo, e garanto que rápido. Para mim, foi uma eternidade.

Logo saímos da roda gigante e passeamos pelo parque a tarde toda.  Fomos embora apenas por volta das 17h00min.

Ele me levou até minha casa, nos despedimos  com um beijo na bochecha e eu entrei.

Quando adentrei, me deparei com uma cena que jamais esperava ver. Meus pais estavam sentados na sala de estar, mas estavam acompanhados de um belo casal: Claire e Anthony.

Casal este que eram pais da pessoa que vinha me tirando o sono todas as noites desde que havia o conhecido. Pais de alguém cujos olhos eram verdes e o sorriso malicioso e brincalhão.

Acontece que este alguém também estava lá, e me olhou como se fosse a coisa mais normal de todo o mundo encontrá-lo sentado no sofá da minha casa na companhia de meus pais.

Entrei, mas não sabia o que fazer. Estava surpresa demais e qualquer atitude poderia me comprometer. Tentei fazer parecer que tudo estava normal. Espero que tenha dado certo.

Cumprimentei Claire e Anthony e disse um olá rápido a ele.

_Filha, onde estava até agora?- perguntou meu pai, preocupado.

E foi então que eu vi em minhas mãos uma oportunidade de mostrar à Lucas que eu não estava em uma fossa.

_Eu estava com um... - fiz uma pausa e sorri como quem está apaixonada- amigo.

Completei minha frase olhando para meu pai, mas não pude deixar de notar que ele me olhou.

_Me desculpem, mas se não se importarem gostaria de tomar um banho.

_Claro, não se incomode com a gente. - disse Anthony, sorrindo.

Agradeci através de um sorriso, subi as escadas até meu quarto.

Fechei a porta e assim que o fiz pude respirar um tanto aliviada.

Pensei em sequer voltar à sala de estar, mas isso seria como entregar as provas de um assassinato que eu mesma havia cometido.

Fui até meu banheiro, despi-me e tomei um banho rápido.

Eu estava exausta, meu dia havia sido agitado e cansativo. Mas eu havia gostado da companhia de Jacob.

O que não estava me agradando nenhum pouco era ter Lucas no andar de baixo, dando uma de bom moço para meus e seus pais.

Sai do banheiro enrolada em uma toalha, parei em frente meu guarda-roupa e procurei alguma coisa para vestir.

Senti uma respiração quente em minha nuca, esta se arrepiou.

Virei-me e a poucos centímetros do meu rosto estava o de Lucas.

_Procurando alguma coisa?- ele me perguntou.

_ O que faz aqui? – disse virando meu rosto. Ele se afastou m pouco, espaço suficiente para que eu pudesse me mexer.

_Ora, quer mesmo que eu responda?- ele riu sarcástico.

_Lucas, fica longe de mim!- eu não pedi, eu mandei.

Ele riu, passou a mão pelo cabelo, bagunçando-o, e se afastou ainda mais.

_Anna, Anna. Parece até que eu sou algum tipo de maníaco. - ele voltou a se aproximar, pegou meu rosto em suas mãos.

Tudo bem, eu confesso que perdi o ar. Na verdade eu já estava acostumada a sentir isso todas as vezes que ele se aproximava de mim. Ou melhor, de meus lábios.

E foi exatamente isso que ele fez. Roçou seus lábios nos meus, deixando-me a esperar por um beijo, que não veio e nem deveria vir.

_Precisamos conversar. - ele me disse virando-se de costas e caminhando rumo à porta- E se não quiser conversar apenas de toalha, é melhor se vestir e descer até o jardim. Espero por você lá. Enquanto isso me faço de bom moço para seus pais.

Ele riu e saiu sem me deixar chances de responder. Era óbvio que eu não iria. Não cederia assim tão facilmente.

Ou cederia?

Eu desci até a sala de estar, depois de meu pai ter ido até meu quarto me pedindo para descer. Que fique bem claro, eu não desceria se não fosse a pedido de meu pai.

Claire, assim que me viu entrando na sala, me pediu:

_Querida, se não se incomodar, será que poderia procurar Lucas para mim? Ele me disse que iria ao banheiro, mas acredito que tenha se perdido.

Acenei positivamente com a cabeça e sorri. Que ótimo. Não teria escolha. Eu estava sem saída.