The Chosen One escrita por Ducta


Capítulo 3
Between




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POV Justin

-Que aconteceu com você?

Eu havia encontrado Alethia sentada no sofá, abraçada aos joelhos chorando quieta.

Ela levantou os olhos lacrimosos na minha direção e seu olhar era de puro terror.

- Ale? - Eu chamei novamente.

- A Kimmy está grávida.

- Peter me falou. Achei que você ficaria radiante.

- Tenho que confessar: não estou conseguindo achar felicidade nessa situação.

- Porque?

Ela voltou sua atenção para seus joelhos. Eu contornei o sofá e parei à sua frente. Seu olhar estava vago, como se ela lembrasse de alguma coisa e eu senti que não fazia ideia do que era.

- Que foi, meu amor?

- Nosso... O bebê. - Ela se corrigiu rapidamente.

- Que bebê?

- O nosso.

- Nosso? - Eu repeti surpreso. - Que estória é essa?

- A Kimmy não vai ser feliz daqui uns anos.

- Você está me confundindo.

- Ela e o Peter estão vivendo rápido demais.

- E o que isso tem haver com o “nosso bebê”?

Ela suspirou como se tentasse achar palavras. Quando ela voltou a abrir a boca, a porta da sala foi aberta revelando meus tios e meus pais.

- Onde é o incêndio? - Perguntei notando a expressão de meu pai.

- Alethia você está bem? - Annabeth perguntou aproximando-se da filha.

- Sim. O que aconteceu?

- Você estava certa. - Minha mãe disse nos fazendo franzir o cenho, confusos.

- Você realmente foi atacada por uma Fúria. - Meu pai explicou.

- Eu sei.

- Mas porque ela atacou a Ale? - Perguntei.

- Hades não quis dizer. - Percy disse trocando um olhar culpado com meu pai.

- Tem mais coisa nessa história. - Alethia disse notando o mesmo olhar que eu. - Não tem?

Annabeth olhou para o marido e logo baixou o olhar de volta aos cabelos da filha.

- Tem. - Minha mãe disse por fim. - Mas nada com o que precisem se preocupar.

- Qual é, uma fúria quase me comeu, preciso saber porque ela me atacou! - Alethia disse se levantando, seu olhar passando por todos os adultos na sala.

- Porque você estava chorando? - Percy desconversou.

- Kimmy está grávida.

- Ela foi bem rapidinha não?

Annabeth concordou com um aceno de cabeça.

- Bom, nós vamos pra casa. - Meu pai disse me olhando. - Você vem Justin?

Eu olhei para Alethia, mas ela não olhou pra mim. Provavelmente ela não queria continuar aquela conversa.

- Você vai ficar bem? - Perguntei deslizando um dedo por sua bochecha rosada.

- Vou. Mais tarde eu te ligo.

- Cinema?

- Não. Pretendo dormir cedo. Se importa?

- Claro que não. - Eu disse com um meio sorriso. - Vou esperar sua ligação.

- Ela sorriu fracamente. Eu a beijei rapidamente e deixei a casa com meus pais.

Já em casa, eu passei o resto da tarde assistindo TV e quando eu finalmente resolvi comer alguma coisa, eu parei no meio do caminho à cozinha. A conversa dos meus pais me chamou a atenção.

- Não pode ser Nico. Eles são humanos! - Minha mãe dizia.

- Pelo visto não por muito tempo.

- Como assim?

- Você ouviu o que Apólo disse.

- Mas mesmo assim, profecias desse tipo não podem envolver humanos.

- Poder, elas podem e acabou de acontecer.

- Eu não vou deixar que o Justin se envolva nisso.

- Não sabemos se é o Justin. Existem vários outros Semideuses que se casaram com Semideuses.

- E se for?

- Ele não vai ter escolha.

- Alethia também?

- Bem provavelmente.

- Eles são humanos! - Minha mãe disse baixo, porém indignada.

- Mas fica tranquila, Angie. Não aconteceu nada ainda.

- Ainda.

Profecia? Que profecia envolvendo proles de semideuses? Porque eu e a Alethia estávamos nessa conversa? O que aconteceria? Droga. Mais uma coisa em que pensar. Decidi entrar na cozinha, fingindo que não tinha ouvido nada.

- E aí, qual a preocupação agora? - Perguntei sorrindo.

- Nada com o que tenha que se preocupar, você não está no meio disso. - Minha mãe disse tentando se convencer disso.

- No meio do que? - Tentei.

- Coisas que Semideuses precisam resolver. - Meu pai disse.

- A Fúria?

- Também.

- O que ela queria com a Ale?

- Melhor você não se envolver. - Minha mãe disse em tom de quem encerra a questão.

Peguei um pacote de biscoito recheado no armário e voltei para a sala. Mas a TV já não era meu principal atrativo. Lembrei da expressão de Alethia quando eu a encontrei e pensei no que ela disse sobre o “nosso bebê” e em como ela se corrigira rapidamente, mudando a frase para “o bebê”. Não pode ser. Relembrei as últimas vezes que transamos. Usamos camisinha em todas, estava tranquilo quanto a isso, mas porque ela parecia tão triste? Kimmy estava feliz com o bebê e o casamento pelo que Peter me contara aquela manhã, porque ela também não estava feliz? Suspirei pesadamente tentando pensar em maneiras para descobrir o que havia acontecido com ela.

Alguns bons minutos depois, minha mente vagou para a conversa de meus pais. Fiquei curioso quanto a profecia. Porque eles não queriam nos contar? Sempre nos contavam. E porque filhos de outros semideuses também estavam envolvidos? Que coisa estranha eles esperavam que acontecesse? Me sentei a frente do computador e comecei a pesquisar fenômenos naturais incomuns, destruições sem explicação e coisas do gênero. Não achei nada que conseguisse prender minha atenção. Mais que diabos estava acontecendo? Odeio ficar curioso.

Me joguei na minha cama, o travesseiro ainda com o cheiro de abacaxi e menta do shampoo exótico que Alethia gosta. Tirei o celular do bolso no exato momento em que ele tocou. Era ela.

- Oi, meu amor.

- Como você está? - Perguntei.

- Consegui parar de chorar.

- Vai me contar o porque da sua tristeza?

- Agora não.

- Não gosto de não saber o que está acontecendo com você.

- Eu estou bem. Mas eu tenho uma coisa para te falar.

- Sobre...?

- Eu acabei de ouvir uma conversa estranha dos meus pais.

- O que você ouviu? - Perguntei interessado.

- Uma profecia envolvendo filhos de semideuses. Humanos.

- E eles estão esperando alguma coisa estranha acontecer.

- Como você sabe?

- Meus pais estavam comento sobre a tal profecia também.

- Não me disseram o que é.

- Nem pra mim. Nós estamos envolvidos.

- Estamos? - ela perguntou surpresa.

- Meus pais nos mencionaram.

- Estou preocupada.

- Por causa da fúria?

- Também.

- O que mais te preocupa?

- A Kimmy.

- Ela está bem.

- Por quanto tempo?

- Quando você se tornou pessimista?

- Estou sendo realista.

- Não estou acostumado a te ver assim.

- Assim?

- Tensa.

- Só um pouquinho.

- Não fique.

- Eu sei, eu tenho você pra não deixar nada ficar errado de novo.

- Exatamente.

- É por isso que eu te amo.

- Não tanto quanto eu amo você.

- Vai começar?

Eu ri. Sempre ficávamos muito tempo discutindo quem amava mais o outro.

Eu a ouvi fungar.

- Que foi?

- Nada.

- Me fala. - Eu implorei.

- Deixa pra lá.

- Alethia...

- Até amanhã Justin.

E assim, ela desligou o telefone me deixando confuso e preocupado.


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