The Chosen One escrita por Ducta
POV Justin
-Que aconteceu com você?
Eu havia encontrado Alethia sentada no sofá, abraçada aos joelhos chorando quieta.
Ela levantou os olhos lacrimosos na minha direção e seu olhar era de puro terror.
- Ale? - Eu chamei novamente.
- A Kimmy está grávida.
- Peter me falou. Achei que você ficaria radiante.
- Tenho que confessar: não estou conseguindo achar felicidade nessa situação.
- Porque?
Ela voltou sua atenção para seus joelhos. Eu contornei o sofá e parei à sua frente. Seu olhar estava vago, como se ela lembrasse de alguma coisa e eu senti que não fazia ideia do que era.
- Que foi, meu amor?
- Nosso... O bebê. - Ela se corrigiu rapidamente.
- Que bebê?
- O nosso.
- Nosso? - Eu repeti surpreso. - Que estória é essa?
- A Kimmy não vai ser feliz daqui uns anos.
- Você está me confundindo.
- Ela e o Peter estão vivendo rápido demais.
- E o que isso tem haver com o “nosso bebê”?
Ela suspirou como se tentasse achar palavras. Quando ela voltou a abrir a boca, a porta da sala foi aberta revelando meus tios e meus pais.
- Onde é o incêndio? - Perguntei notando a expressão de meu pai.
- Alethia você está bem? - Annabeth perguntou aproximando-se da filha.
- Sim. O que aconteceu?
- Você estava certa. - Minha mãe disse nos fazendo franzir o cenho, confusos.
- Você realmente foi atacada por uma Fúria. - Meu pai explicou.
- Eu sei.
- Mas porque ela atacou a Ale? - Perguntei.
- Hades não quis dizer. - Percy disse trocando um olhar culpado com meu pai.
- Tem mais coisa nessa história. - Alethia disse notando o mesmo olhar que eu. - Não tem?
Annabeth olhou para o marido e logo baixou o olhar de volta aos cabelos da filha.
- Tem. - Minha mãe disse por fim. - Mas nada com o que precisem se preocupar.
- Qual é, uma fúria quase me comeu, preciso saber porque ela me atacou! - Alethia disse se levantando, seu olhar passando por todos os adultos na sala.
- Porque você estava chorando? - Percy desconversou.
- Kimmy está grávida.
- Ela foi bem rapidinha não?
Annabeth concordou com um aceno de cabeça.
- Bom, nós vamos pra casa. - Meu pai disse me olhando. - Você vem Justin?
Eu olhei para Alethia, mas ela não olhou pra mim. Provavelmente ela não queria continuar aquela conversa.
- Você vai ficar bem? - Perguntei deslizando um dedo por sua bochecha rosada.
- Vou. Mais tarde eu te ligo.
- Cinema?
- Não. Pretendo dormir cedo. Se importa?
- Claro que não. - Eu disse com um meio sorriso. - Vou esperar sua ligação.
- Ela sorriu fracamente. Eu a beijei rapidamente e deixei a casa com meus pais.
Já em casa, eu passei o resto da tarde assistindo TV e quando eu finalmente resolvi comer alguma coisa, eu parei no meio do caminho à cozinha. A conversa dos meus pais me chamou a atenção.
- Não pode ser Nico. Eles são humanos! - Minha mãe dizia.
- Pelo visto não por muito tempo.
- Como assim?
- Você ouviu o que Apólo disse.
- Mas mesmo assim, profecias desse tipo não podem envolver humanos.
- Poder, elas podem e acabou de acontecer.
- Eu não vou deixar que o Justin se envolva nisso.
- Não sabemos se é o Justin. Existem vários outros Semideuses que se casaram com Semideuses.
- E se for?
- Ele não vai ter escolha.
- Alethia também?
- Bem provavelmente.
- Eles são humanos! - Minha mãe disse baixo, porém indignada.
- Mas fica tranquila, Angie. Não aconteceu nada ainda.
- Ainda.
Profecia? Que profecia envolvendo proles de semideuses? Porque eu e a Alethia estávamos nessa conversa? O que aconteceria? Droga. Mais uma coisa em que pensar. Decidi entrar na cozinha, fingindo que não tinha ouvido nada.
- E aí, qual a preocupação agora? - Perguntei sorrindo.
- Nada com o que tenha que se preocupar, você não está no meio disso. - Minha mãe disse tentando se convencer disso.
- No meio do que? - Tentei.
- Coisas que Semideuses precisam resolver. - Meu pai disse.
- A Fúria?
- Também.
- O que ela queria com a Ale?
- Melhor você não se envolver. - Minha mãe disse em tom de quem encerra a questão.
Peguei um pacote de biscoito recheado no armário e voltei para a sala. Mas a TV já não era meu principal atrativo. Lembrei da expressão de Alethia quando eu a encontrei e pensei no que ela disse sobre o “nosso bebê” e em como ela se corrigira rapidamente, mudando a frase para “o bebê”. Não pode ser. Relembrei as últimas vezes que transamos. Usamos camisinha em todas, estava tranquilo quanto a isso, mas porque ela parecia tão triste? Kimmy estava feliz com o bebê e o casamento pelo que Peter me contara aquela manhã, porque ela também não estava feliz? Suspirei pesadamente tentando pensar em maneiras para descobrir o que havia acontecido com ela.
Alguns bons minutos depois, minha mente vagou para a conversa de meus pais. Fiquei curioso quanto a profecia. Porque eles não queriam nos contar? Sempre nos contavam. E porque filhos de outros semideuses também estavam envolvidos? Que coisa estranha eles esperavam que acontecesse? Me sentei a frente do computador e comecei a pesquisar fenômenos naturais incomuns, destruições sem explicação e coisas do gênero. Não achei nada que conseguisse prender minha atenção. Mais que diabos estava acontecendo? Odeio ficar curioso.
Me joguei na minha cama, o travesseiro ainda com o cheiro de abacaxi e menta do shampoo exótico que Alethia gosta. Tirei o celular do bolso no exato momento em que ele tocou. Era ela.
- Oi, meu amor.
- Como você está? - Perguntei.
- Consegui parar de chorar.
- Vai me contar o porque da sua tristeza?
- Agora não.
- Não gosto de não saber o que está acontecendo com você.
- Eu estou bem. Mas eu tenho uma coisa para te falar.
- Sobre...?
- Eu acabei de ouvir uma conversa estranha dos meus pais.
- O que você ouviu? - Perguntei interessado.
- Uma profecia envolvendo filhos de semideuses. Humanos.
- E eles estão esperando alguma coisa estranha acontecer.
- Como você sabe?
- Meus pais estavam comento sobre a tal profecia também.
- Não me disseram o que é.
- Nem pra mim. Nós estamos envolvidos.
- Estamos? - ela perguntou surpresa.
- Meus pais nos mencionaram.
- Estou preocupada.
- Por causa da fúria?
- Também.
- O que mais te preocupa?
- A Kimmy.
- Ela está bem.
- Por quanto tempo?
- Quando você se tornou pessimista?
- Estou sendo realista.
- Não estou acostumado a te ver assim.
- Assim?
- Tensa.
- Só um pouquinho.
- Não fique.
- Eu sei, eu tenho você pra não deixar nada ficar errado de novo.
- Exatamente.
- É por isso que eu te amo.
- Não tanto quanto eu amo você.
- Vai começar?
Eu ri. Sempre ficávamos muito tempo discutindo quem amava mais o outro.
Eu a ouvi fungar.
- Que foi?
- Nada.
- Me fala. - Eu implorei.
- Deixa pra lá.
- Alethia...
- Até amanhã Justin.
E assim, ela desligou o telefone me deixando confuso e preocupado.
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