Shimmer escrita por scarlite


Capítulo 6
Capítulo 6




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CAFÉ DA MANHÃ E PRIMEIRAS PERCEPÇÕES.

– Vamos Edward! Não seja tão chato!

– É verdade Ed, vamos logo, diga sim. - Bella saiu em apoio a nossa prima.

Uma manhã normal e barulhenta na casa dos Cullen. Estávamos todos na cozinha bem iluminada, provando as famosas panquecas A la Esmè.

O som das vozes e risos poderia muito bem ser ouvido do outro lado do terreno. A tal viagem a praia não era bem minha melhor forma de passar um feriado; tudo que eu queria era ficar em casa , bem, não fazer nada.


Mas estes não eram os planos da temível dupla: Isabella e Alice pareciam obstinadas a irem a praia.

Uma pequena verdade sobre as garotas Cullen:

Quando elas querem algo, é praticamente impossível ir contra.

Balancei minha cabeça lentamente, escondendo-a entre minhas mãos na mesa. Eu estava realmente perdido sem o Emmett para aplainar as coisas com elas duas.

– Pega Maggie! - Bella jogou uma boa fatia de panqueca para ela, que derrubou no chão da cozinha.

– Isabella! Não alimente o cão assim! - Esmè ralhou.

– Ops! Desculpa tia. Pode deixar eu limpo. - Enquanto minha prima foi até a pia em busca de um pano para limpar a bagunça, minha irmã correu para o andar de cima, provavelmente com intuito de arrumar as coisas para o passeio.

– Vocês vêm conosco? - Perguntei para o meu pai que lia silenciosamente o jornal, com uma chícara fumegante de café a frente do rosto.

– Não podemos filho. Hoje teremos visita de alguns amigos nossos, que por sinal, quero lhes apresentar: Os Black. Chegam a cidade hoje, e virão jantar conosco.

– Black?! Aquele homem enorme na sua foto de formatura? - Ri ao lembrar das estórias que meu pai costumava contar sobre como conheceu minha mãe quando o amigo enorme dele a derrubou em um jogo de futebol, quebrando-lhe um braço. Ela era líder de torcida e eles, dois jogadores.

– Ele mesmo! Nosso cupido, não é Esmè? - Minha mãe riu alto.

– Espero não sair com nenhuma fratura desse encontro. - Ela se aproximou de meu pai por trás colocando as mãos em seus ombros. Ele levantou a cabeça deixando o jornal sobre a mesa. Um sorriso bobo nos lábios.

– Nesse caso eu teria que matá-lo; da última vez tudo bem, pois pude conhecê-la melhor.

– Ora, enquanto eu gritava de dor? Que romântico senhor Carlisle! - Todos rimos. Eu sempre admirei a forma como meus pais tratavam um ao outro: com respeito e compreensão. Pode parecer fantasioso até. Claro, eu sei que eles brigam e tudo mais, no entanto, nunca faziam cenas na nossa frente. No fim das contas, eles conseguiram através da paciência e do respeito o que a maioria dos casais não conseguem: se amar da forma certa.

– Hum, deve ter doído mesmo. - Bella resmungou enquanto limpava o chão, se livrando das brincadeiras de Maggie.

– Você sabe por experiência não é meu amor, como as fraturas dóem?! - Mamãe se aproximou dela para dar-lhe um beijo na cabeça. Ela balançou positivamente a cabeça, séria, como se estivesse recordando um fato bem doloroso.

– Todos sabemos que a Bellinha é PHD em acidentes não é mesmo? - Alice brincou, chegando à cozinha carregada com duas enormes sacolas coloridas.

Sorri bobamente olhando para o rosto enrugado de Bella. Ela me olhou e relaxou a expressão, sorrindo docemente. Fugindo seu olhar para o pano molhado em suas mãos.

– Posso levar a Maggie? - Perguntou para Alice.

– Oh não Bells! Você quer levar essa cadela para todos os lados? Ela vai babar no meu carro novo. - Debateu-se Alice. Bella fez sua melhor cara de gato órfão, e Alice, olhou com agonia fingida para ela.

– Tá bem, você pode sim. Mas, vai ter que cuidar para que ela não morda, nem babe ou suje de qualquer maneira o estofado do carro, ok?

– Tudo bem! Obrigada Ali! - Bella a abraçou e foi para o armário embaixo das escadas, pegando a coleira de Maggie. Eu que até então só observei tudo quieto, resolvi me pronunciar.

– Provavelmente seja bom levarmos capas de chuva, tenho certeza que vai começar a chover a qualquer momento.

– Não seja agourento irmão! Tenho certeza que teremos bom tempo. - Ela disse alegremente. Provavelmente estava errada.


Outra pequena revelação sobre as mulheres da família:

Sempre é culpa dos homens quando chove e estraga seus planos,

quando a tv explode no meio de uma tempestade, porque elas queriam ver aquele filme imperdível;

ou quando o carro atola no lamaçal que você advertiu ser impossível de passar.


– De qualquer forma, façam o que seu irmão está dizendo Alice. - Mamãe falou por mim, e pela sanidade.

– Tudo bem, mas, estou certa de que fará bom tempo! - Ela disse resoluta.

– Não é o que a previsão do tempo diz... - Papai falou brincalhão enquanto folheava seu jornal. Um grande gole no seu café. Seguida de uma batida firme da xícara na mesa.

– O que esses caras sabem! - Alice desdenhou.

– Mamãe, onde estão as capas? - Ignorando minha teimosa irmã, segui para o mesmo armário onde Bella parecia ter sido abduzida, por indicação de Esmè. Quando cheguei lá, a cena era cômica: Bella estava quase totalmente imersa numa montanha de caixas e quinquilharias. Podia ver suas mãos trabalhando no meio da bagunça em busca da coleira perdida.

Uma grande camada de pó circulava no pequeno espaço. Eu tossi, quando enfiei minha cabeça no armário. Silenciosamente, me esgueirei para mais perto, bruscamente, coloquei minhas mãos em seus lados do corpo;

– BÚ! - Gritei, e Bella deu um pulo alto, batendo a cabeça nos velhos patins muito rosa de Alice.

Ela nem disse nada, me olhou abismada e muito vermelha, sobressaltada.

Explodi em risadas exageradas. Ela me olhou indignada, colocando as mãos na cintura como Alice fazia. Sem nenhum aviso começou a me bater com as pequenas mãos.

– Au! - Me esquivei fingindo uma dor que eu não sentia. - Para uma pirralha você bate muito bem hein?! - Ri ainda mais.

– Edward seu... - Não continuou, apenas fechou as mãos em punhos, me batendo ainda mais forte. Segurei seus pulsos ainda rindo. Ela me olhou divertida e começou a rir também.

Os risos diminuíram, e pararam. Ela me olhou com expressão de estranheza. E eu parecia intrigado provavelmente, pois me perguntava no que ela estava pensando. Ainda segurava suas mãos.

– Que estranho... - Ela falou quase para si mesma. Senti um pequeno espasmo no peito com olhar que ela me dirigia agora: Fitava meu rosto com aparente assombro, parecia tão intrigada quanto eu.

Ela soltou uma das mãos e tocou meu rosto. Foi estranho. A sensação e as minhas reações foram... Bizarras, sim esta é a palavra. Me senti como se estivesse recebendo uma brisa muito fria; o toque leve de suas mãos no meu rosto provocaram um incômodo no estômago; meu corpo ficou alerta, mas, à medida que seus dedos traçaram todo o contorno do meu queixo, me senti derreter.

Uma sensação intensa de euforia me tomou desprevenido, me deixando meio assustado. Eu era adulto sabia que sensações eram aquelas, no entanto era, ou parecia estar fora de contexto, ali com Bella. Ela era minha prima de 18 anos. Não podia ser o que parecia.

Mas, naquele momento, parecia que minhas sensações não tinham controle algum. Fechei meus olhos, sem perceber completamente, inclinando minha cabeça para a mãe de Bella. Senti as pontas dos seus dedos roçarem minha barba por fazer. Decidi então deixar a estranheza de lado, e me convenci de que aquilo era o amor fraterno que sempre senti por ela tomando-me. Me permiti pensar que naquela ação corriqueira, todo o meu sentimento de admiração por Bella formasse sua aderência a este amor fraterno.

Era um sentimento poderoso aquele. Queria - e sentia isso em todas as minhas terminações nervosas - muito abraçá-la; e foi o que fiz. Envolvi seu corpo franzino em meus braços, sentindo o calorzinho gostoso, ela envolveu os braços na minha cintura e descansou a cabeça no meu peito, logo abaixo de meu queixo.

A embalei como a anos atrás, sempre que ela ou Alice estavam muito tristes com algo. Mas, sentia mais do que antes. Sentia como se ela fosse uma parte importante do meu bem estar; quase como calor no meio do frio, ou um alívio de uma dor. Esfreguei levemente minhas mãos sobre suas costas, segurando-a firme.

Ela respirou fundo, deixando-se relaxar contra meu afago. Senti meus lábios se movendo em um sorriso, naquele momento me senti completamente pleno. Contente, aliviado.

Todas essas emoções eram bem estranhas, totalmente sem sentido. Mas, o que importa?! Não existia nenhuma lei ou norma moral que impedisse um parente de abraçar outro. Eu amava Bella, oras! Não havia nada de mais. Então porque, uma sombra de culpa espreitava atrás de minha consciência?

– Precisamos mandar uma expedição de resgate a procura de vocês dois aí? - Aquela intimidade surreal foi quebrada pelo grito de Alice, que, por sinal, parecia bem impaciente.

Afrouxei o meu aperto, e Bella me sorrio travessa enquanto tocava com a ponta do indicador meu nariz, como eu fazia há muitos anos quando crianças, com ela para ajuda-la a se livrar de uma carranca. Como ela fazia, eu ri em resposta.

– Não seja tão impaciente! - Bella gritou. - Não conseguimos encontrar a coleira e nem as capas de chuva.

Ouvi o som de passos e logo mamãe estava à porta, nos expulsando do depósito.

– Vocês... Nunca encontram nada. - Ela riu presunçosa enquanto nos entregava as capas e a coleira. Não demorou nem cinco minutos para encontrar!

Eu nunca saberia como ela consegue encontrar as coisas tão rapidamente, parecia que carregava consigo um radar ou algo do tipo!


Uma conta: Alice + planos de passeio

= Muito tempo para arrumar as coisas

Algum (muito) tempo depois, estávamos dirigindo para La Push, no brilhante e vermelho carro de Alice. Os vidros estavam abertos, e uma brisa deliciosa invadia o carro. Eu estava postado no banco da frente ao seu lado. Um braço encostado na janela enquanto olhava distraído para a paisagem belíssima que se desenrolava a minha frente como um pergaminho: As ondas calmas, o cheiro e o som do mar mais calmante que qualquer melodia clássica.

O sol timidamente, se esgueirava por entre algumas nuvens, fazendo com que as árvores e o próprio oceano assumissem nuances diferentes. A coloração deixava o verde profundo quase negro, para tomar a forma de um esmeralda muito interessante.

Uma música antiga tocava no rádio, e Alice cantarolava suavemente junto. Pelo retrovisor podia ver Bella deitada no banco traseiro com um livro nas mãos. Estava lendo pela quadragésima vez "O mundo de Sophia". Sua cópia já bem gasta, claramente precisava ser substituída urgentemente. Talvez eu comprasse outro quando fosse a Seattle na semana que vem. Maggie estava com a cabeça sobre o estômago de Bella, e metade do corpo peludo atras dela no banco. Nem percebi que a olhava fixamente, com uma mão no meu queixo esfregando minha barba, fui assaltado pela memória das mãos de Bella...

– Hmm, Humm... - Alice me tirou da minha introspecção com um pigarro. Me movi desconfortável no banco, olhando de relance minha irmã que agora me olhava com uma expressão insondável.

Meneei a cabeça.

Alice e sua maldita e exagerada percepção sobre meus sentimentos.


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