Depois de algumas horas de viagem, na verdade já havia amanhecido, elas chegaram a fazenda da tia Renata.

-Mãe !- exclamou Lisbeth, chorando enquanto corria para abraçar a mãe.

Mia e Tia Renata, ficaram espantadas, mas não perguntaram nada. Não sabiam realmente o que Lisbeth estava sentindo

- Tudo bem filha, tudo bem- disse Renata tentando, sem sucesso, acalmar Lisbeth

- Eu... Eu...- tentou dizer entre os soluços- Essa é...- respirou fundo- Essa é Mia, minha melhor amiga, de quem tanto te falei- consegui dizer antes que as lagrimas á tomassem conta

- Prazer- disse Mia sem-graça perante o ataque de Lisbeth

- Prazer é todo meu, agora... pode me ajudar com ela? Não estou entendendo.

- Eu te explico o que eu souber. Não tenho certeza se eu sei de tudo.

- Tudo bem. Tenho certeza que será o suficiente.

- Espero que seja

As duas soltaram um riso forçado.

Depois arrastaram Lisbeth ate o quarto em que elas ficariam e a deitaram na cama.

- Lisbeth por favor se acalma!- ordenou Mia- não sei porque disso, você quer me dizer?

Lisbeth assentiu, mas as lagrimas não a deixaram falar.

Depois  de umas horas chorando, Mia mandou Lisbeth lavar o rosto e tomar água, depois ela contaria o que estava acontecendo com ela para ela e para sua mãe

- Tudo bem, agora diga o que foi? Você nunca fez isso.

- Bom... acho que as férias foram uma péssima idéia

- Mas porque?- perguntou Renata

- Mãe, lembra como eu era? Egoísta, mesquinha e ingrata?

Tia Renata simplesmente assentiu

- Pois é, isso é terrível. Agora quando olho para trás e vejo tudo o que eu fiz e tudo o que eu fui, vejo quem realmente eu sou.

- Mas.... Porque você nunca falou isso pra mim? Eu sempre te vi como uma Irma e percebia como você ficava toda vez que te perguntavam como você era, como se sentia, o que gostava....- a Voz de Mia foi enfraquecendo

- Mia- Lisbeth respirou fundo e tomou coragem- você realmente é a minha melhor amiga, a pessoa que mais sabe de mim, você me conhece mais do que minha mãe. Mas... ainda assim, me conhece muito pouco. Tudo na minha vida tinha tudo para ser que nem um jardim imenso de flores. Minha vida era perfeita, minha mãe esta aqui e não me deixa mentir. Minha vida era muito promissora, não tinha como dar errado, minha mãe me criou com tudo o que eu queria tudo mesmo

- Tudo o que Lisbeth me pediu eu lhe dei, nunca lhe disse um único não. Sei que errei com isso- falou Renata

- Mãe não se culpe, você fez o que achou que era melhor pra mim. Mas tudo bem. Estou assim, porque eu sempre fui ingrata, nunca estive ligando para os sentimentos dos outros sempre esculachei com todo mundo. Por isso estou assim. Se pudesse, voltaria no tempo e mudaria tudo, é só por isso.

- Minha filha- Começou Renata- não pense assim, você fez o que você acha que sabia. Isso é normal, ainda mais quando se é adolescente.

- Pode até ser, mas não me conformo com isso. Eu sou um verdadeiro monstro!

- Para com isso, você é uma menina ótima. Minha melhor amiga!- disse Mia

- Ta bom, vou tentar pensar diferente, mas acho que vai ser difícil.

- Tudo bem, crise de choro resolvida- falou alegre a mãe de Lisbeth- Agora me conta como anda a sua vida La? Tudo bem?

Renata não sabia de nada sobre Lucas, Lisbeth saiu cedo de casa para estudar na cidade, não sabia sobre os incidentes do passado

Lisbeth começou a chorar novamente

- Tia Renata, posso te chamar assim?

- Claro

- Então, Lisbeth pelo que percebi não te conta nada do que acontece com ela.

-Nada de coisa nenhuma

- Pois é, Lisbeth posso contar a ela?

- Claro, claro

- O que você aprontou?

- Nada- respondeu Lisbeth- fica calma.

- Bom... Lisbeth esta.... hum.. deixa eu ver como posso classificar isso direito...... Perdidamente e incondicionalmente apaixonada por Lucas

- Isso eu imaginava

- Pois é. Só que ele quebrou sua confiança uma vez quando... Lisbeth, quer contar isso?

- De preferência.

- Pode falar

- Eu e Lucas éramos muito amigos, na verdade éramos um grupo de 7 pessoas: Eu, Mia, Lucas, Felipa, Alice, Gabriel e Fernanda. Eu era a mais nova da turma, como sou até hoje, Gabriel era o mais velho. Nós nos conhecemos na 7º serie e desde aquele dia ficamos inseparáveis. Os anos passaram, e tudo o que um fazia contava pro outro, e todo mundo tinha um preferível na turma. Já no  2º ano, inventaram de fazer uma festa, todos nós fomos. Mãe, promete que não vai me criticar e nem julgar, aqueles que eram e são meus amigos?

- Juro solenemente.

- OK. Gabriel era o mais revoltado e o mais fora da linha, vivia indo a orientação e vivia levando suspensão,eu tinha uma queda por ele e sentia também uma atração enorme por ele. No dia da festa ele arranjou bebida e ele acabou ficando bêbado, ele queria ficar comigo e eu aceitei. Só que nós fomos pra cama..... Enfim, eu acabei engravidando dele, só que não queria ter filho algum naquele momento.

Ate aquele momento, Renata não disse nada, mas mudava de cor a todo instante, Lisbeth falou pra mãe:

- Mãe, res-pi-ra!

- Vou buscar um copo d’água- Disse Mia enquanto descia a escada

- Tudo bem, tudo bem- disse ela voltando ao normal- termina de contar.

- Ok, mas não vai ter outro ataque desse, vai?

- Não.

- Ótimo. Então, ai pedi ajuda pro Lucas pois ele era o único que não me julgaria. Eu cheguei e contei pra ele tudo, mas ele não estava nos seus melhores dias e me mandou embora. Aquele foi o maior baque na minha vida, fiquei muito revoltada e fui encontrar com Gabriel para contar pra ele.- Lagrimas começaram a escorrer do seu rosto- ele, pra variar, estava bêbado, e nós discutimos no meio do bar. Eu me revoltei e comecei a beber também. O dono do Bar ao queria me dar a bebida, então, como tinha uma identidade falsa....

- COMO ASSIM?!   

- Mãe, calma, eu tinha porque era a mais nova e odiava aquilo, as vezes quando íamos ao cinema não deixavam a gente entrar por causa da MINHA idade, então fiz uma identidade falsa de 18 anos. Vai me interromper novamente?

- Vou tentar não fazer de novo. Mas você tem que entender que essa estória é muito estranha pra mim, não esperava certas atitudes suas.

- Tudo bem, você sabe, estou longe da perfeição.

- tudo bem, estou de volta- disse Mia adentrando ao quarto, com 3 copos de água e ate com uns biscoitos- Como é difícil mexer naquele bebedouro

Todas caíram na risada

- Obrigada Mia, só você pra me fazer rir nesse momento. É por isso que eu te amo.

- Também te adoro. E, Renata espero q não se importe, mexi na sua dispensa

- tudo bem

- Voltando a estória, bebi muito! muito mesmo, voltei para casa já estava de noite e estava chovendo, e Lucas estava La esperando por mim, ele veio pedir desculpa e queria ajudar, disse que naquela hora estava preocupado com o irmão q tinha torcido o pé, e com outros problemas em casa, e que não conseguiu “processar” minha informação e disse aquilo sem pensar, eu respondi que não tinha problema e que depois de ir embora na chuva e bêbada, o bebe provavelmente não resistiria e morreria e mandei ele ir pra casa, já que La ele não tinha mais nada o que fazer, e pedi pra não me procurar novamente, pois depois daquilo eu perdi completamente a confiança dele, ele pediu perdão e eu o empurrei e o mandei embora de novo, ele não quis ir e eu disse que se ele quisesse morrer ai na chuva podia ficar a vontade, porque eu só não queria a vida daquele bebe. E , quando subi os degraus da varanda, escorreguei bati a cabeça e ainda consegui quebrar os degraus. Lucas veio me ajudar e me levou ao hospital, La eles ligaram pra você mãe- Renata assentiu- e disseram uma parte do que aconteceu. E eu consegui o que queria, perdi o bebe.

- Filha, por que não me conta essas coisas?

- Mãe, ainda não terminei. Pedi, novamente para que Lucas me deixasse em paz, não queria mais falar com ele, queria distancia. Ele abaixou a cabeça, e saiu, no corredor, encontrou com os outros que estavam chegando. Enfim, a partir daí, todos nós nos distanciamos, por que não tinha clima mais para sairmos juntos, não dava pra fazer nada. No fim, eu me afastei de todo mundo. Virei EMO, e só vivia de preto, com fones de ouvido, sem falar com ninguém. Lucas tocou sua vida, começou a namorar, mas eu não conseguia me esquecer dele, e ele não se esqueceu de mim. Um dia, eu mandei uma carta pra ele com as nossas fotos q dizendo q eu dava um chance a ele, só que ele teria que conquistar a minha confiança novamente.

- E agora Lisbeth se tortura, pra não dar o braço a torcer e se entregar pra ele.

- Isso mesmo, ele quem quebrou minha confiança, ele que a concerte.

- Mas, eu sei que ele já tem a sua confiança, não sei porque você ainda enrola o coitado.

- Por que ele merece.

- Ai, Ai, Ai.

- O que foi Renata?

- Nada, só estou pensando que nunca deveria ter deixado você ter isso morar sozinha na cidade.

Mias começou a rir.

Mãe e filha perguntaram em coro:

- O que foi?

- Dona Renata, acho que você não conhece mesmo a sua filha.

Lisbeth corou, e Mia continuou rindo, e Renata com cara de tacho sem entender nada