Memórias Póstumas escrita por dona-isa


Capítulo 39
Confronto




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- Ela parece insana.
- Como assim, Susan?
- Bem, ela parece mais amedrontada, mais distraída na maioria das vezes, e até talvez...
- Talvez? - Gevanni estimulou.
- Talvez até, arrependida por tantas mortes...
- Mas isso é um absurdo - Gevanni murmurou.
- Talvez não - Halle interrompeu com uma voz ríspida.
Anthony usava fones de ouvido com censores, totalmente inerte no que fazia, alheio à conversa na sala.
- Ela foi escolhida certamente por algum motivo, talvez por sua frieza, Killer provavelmente queria alguém que não tivesse remorso em matar pessoas em tantas quantidades assim.
- Mas as pessoas mudam - Susan sussurrou, olhando para o chão com os olhos vazios.
- Hei, olhem isso! - Anthony exalou quase como um grito, arrancando arfares de todos presentes.
- O que foi, Lester? - Gevanni se levantou, ficando atrás da cadeira de Anthony.
- Ela acabou de desligar o celular, está saindo de casa e indo à um depósito de materiais parcialmente abandonado.
- Geremy! - Gevanni chamou.
- Sim?
- Pegue seu carro, você e Susan vão antes, nós vamos logo depois, nos dêem cobertura.
Geremy estreitou os olhos desconfiado, e depois assentiu, sendo puxado pelo cotovelo por Susan.
- Ok, agora chegou a nossa hora - Gevanni sussurrou, e Anthony sorriu, sutilmente.
- Está tudo pronto?
- Sim - Halle suspirou profundamente.
Gevanni pisou fundo no acelerador, tentando pegar uma dianteira e não ficar tão longe de Geremy e Susan.
- Alô, Susan? Ela já chegou?
- Acaba de chegar, trazendo uma bolsa a mais com ela.
- Perfeito.
- Parece que ela realmente está com algum remorso, ela falava sobre devolver o caderno - Anthony explicava a Gevanni enquanto ele dirigia.
- Então Susan estava certa afinal.
Já começa à entardecer aos poucos, o crepúsculo tingia o céu, o escurecendo, obrigando aos faróis a iluminarem mais a estrada.
- Estamos perto - Gevanni sussurrou, enquanto virava numa estrada levemente esburacada, dando solavancos no carro.
- Estaremos esperando numa porta ao fundo
- Ok, até logo.
Gevanni soltou um suspiro pesado, desligando o carro e tirando a chave da ignição, a única coisa que iluminava o velho barracão era o farol aceso do carro.
- Estão prontos? - ele falou num tom baixo.
- Como sempre estivemos - Anthony e Halle concordaram.
O barulho de corações batendo rapidamente, sonorizavam o ambiente.
- Por aqui - Susan sussurrou, abrindo uma portinhola - Ela está quase chegando.
- E ele? Ainda não chegou? - Gevanni perguntou, hesitando em entrar.
Susan fez que não com a cabeça, mordendo o lábio.
- Então vamos rápido, entre! - Halle sussurrou, empurrando Gevanni o forçando à entrar pela portinhola, sendo engolido pra dentro do enorme galpão de madeira rústica.
Geremy já estava lá dentro, escondido atrás de ferragens entulhadas próximas a uma divisa de madeira que parecia ser um depósito menor, apenas observando.
O cheiro de bolôr era agressor as narinas, ainda mais sendo obrigados à se espremer em um recinto tão estreito, diferente do espaço que havia mais ao centro do galpão.
E "tlec-tlec" de salto alto batendo contra o chão de madeira pesada, ecoava pelas paredes altas e largas, avisado a chegada da ilustre convidada.
- Err...Tem alguém aí? - ela murmurou, numa mistura de hesitação e desconforto.
A voz dela ecoada, batia por todos os lados do imenso salão do galpão, voltando e respondendo ela mesma.
Os passos dela se arrastavam por toda a extensão do galpão, com hesitação, medo.
- Por favor, eu não tenho muito tempo - ela sussurrou para as paredes.
A porta de repente rangeu de uma forma à produzir um barulho infernal, trazendo mais arrepio ainda, e uma sensação horrível na boca do estômago de Sarah, totalmente diferente da sensação de alívio que ela esperava ter.
Ela arfou tão alto à ponto de ecoar pelo galpão.
- Me mostre sua bolsa - uma voz abafada por algo murmurou, somente formada por um vulto no meio da escuridão.
- Como eu posso saber se você é mesmo quem eu estou esperando?
- Aconselho que liga para o seu diretor de Marketing neste exato momento - ele pausou, esperando que ela terminasse de digitar todos os números - Eu soube que ele anda tirando fotos indevidas de menores - risos.
Ela aproxima o celular da orelha, logo depois arregalando os olhos e arfando.
- Est-est-está, ocupado...
Um sorriso de repente ecoou pelas paredes.
- Então?
- Por que você não me mostra seu rosto? Eu posso ver sua expectativa de vida, assim posso confiar melhor em você e...
- Não! Ainda não - ele respondeu ríspido.
- Esqueça! Eu vou desistir, eu abdico, faço o que quiser, mas não quero mais matar pessoas, eu faço questão de fazer o que for preciso - ela parecia suplicante, a voz estava trêmula.
- Mesmo tendo sacrificado metade da vida pra estar aqui?
Ela soluçou e depois fungou, engolindo as lágrimas.
- Mesmo assim.
A pessoa que se escondia bufou, parecendo entediado.
- Está bem então, me entregue o caderno.
- Ahh - Geremy ofegou - Isso é demais pra mim!
- Não, não, Geremy! - Susan tentou o segurar, mas era tarde, ele já havia se levantado e se direcionado ao centro do galpão.
- Parados vocês dois! - disse Geremy sacando uma pistola de alto calibre, apontando para Sarah, e a "sombra" que a acompanhava.
- Geremy idiota! - Susan exalou furiosa entredentes.
Gevanni revirou os olhos.
- Merda, ele já acabou com tudo, vamos também.
Os outros também se levantaram, apontando armas igualmente.
- Vocês estão cercados! - Geremy disse.
Sarah tremia, os olhos arregalados, sem ação alguma.
- Rápido ele está tentando fugir! - Halle disse, Anthony correu o impedindo.
- Vamos, mostre seu rosto, e inútil fugir agora, temos reforços lá fora e em todas as portas do galpão - Gevanni informou, segurando o revólver - Mostre-nos quem você é, Killer!
O vulto permanecia parado no meio da escuridão, dava pra se ver um esboço de que ele usava capuz.
Sarah levantou as mãos, soltando a bolsa no chão, se rendendo.
- Ande! Mostre seu rosto! - Susan gritou enfurecida.
O vulto estava parado, de costas pra eles, sussurrando uma risada.
Halle acenou com a cabeça para Anthony, que estava mais próximo do vulto, pra que ele enfim tirasse seu capuz.

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