Kiss Me, Kill Me escrita por aegyo nad


Capítulo 4
3 - Cicatrizes


Notas iniciais do capítulo

OI
Antes de mais nada, Hill, MUITO obrigada pela recomendação, eu amei de verdade e quase tive um troço quando vi *---*
E... Atenção! Este capítulo contém:
— estupro
— violência *desvia do tomate* (se tem esturpo, tem violência, né, dona Nadine?)
— faca e sangue
Portanto, se não gosta, que tal voltar aqui no próximo capítulo?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/88069/chapter/4

 Voltei a mim. Abri os olhos e primeira imagem foi a de Gustav, debruçando-se preocupado sobre mim.

 Levantei-me. Estava deitada no sofá. Gustav ergueu-se junto comigo.

 - O que aconteceu?- Ele perguntou, preocupado. Pegou um copo de água sobre a mesa de centro e me entregou.

 Ah, um copo de vidro. Há quanto tempo não vejo um!

 - Eu acho que me lembrei de algo... Um show. Duas garotas.

 - Sabe o nome delas?

 Enrolei, fingido eu queria beber água. Há dois dias não experimentava essa sensação, e agora eu senti que estava realmente precisando do líquido gelado descendo pela minha garganta, acabando com a sensação de seca em meu organismo e relaxando cada célula. Água me acalmava. Agora eu sabia que não eram os remédios que me davam. Não eram as minhas crises por alguma coisa que eu precisava ingerir, mas com o tempo, me esqueci do que era.

 - Ah...- Balbuciei, afastando o copo.- Não. Só os rostos e as vozes. Nenhum nome.

 - Ah. Isso é muito bom, Becky.- Ele levantou a mão, mas ao ver meu olhar assustado sobre ela, abaixou-a.- Você está começando a se lembrar de tudo. Sua vida vai voltar ao normal.

 Tentei forçar meus músculos a sorrirem, mas não consegui. O máximo que pude foi encará-lo com um pouco de meiguice nos olhos.

 O telefone tocou. Gustav se levantou e foi atender na cozinha.

 Permaneci sentada, olhando o copo de vidro. Há quanto tempo eu não me cortava? Dois anos?

 Observei as cicatrizes nos meus pulsos. Alguns cortes foram realmente profundos, outros não, de modo que somente uma pequena mancha ficou como cicatriz. Nunca parei para contar quantas cicatrizes eu tinha, mas agora eu fazia isso.

 10, 11... Gustav pigarreou. Perdi a conta, e suspirando, olhei para ele.

 - Becky... Eu tenho que ir. Preciso trabalhar. Mas... Não quero te deixar sozinha.

 - Não, tudo bem, Gustav! Ficarei muito bem, não se preocupe!- Disse, com toda a gentileza que consegui reunir. Eu queria e precisava ficar sozinha.

 - Está bem. Venha, vou lhe mostrar seu quarto.

 Eu o segui pelo corredor. Quatro portas. Uma delas estava aberta, e era o banheiro, a última do lado esquerdo. Ele parou na porta em frente ao banheiro, sorrindo.

 - Pode abrir.- Ele se afastou para que eu pudesse passar e eu fui. Abri a porta com cuidado, com medo do que eu poderia encontrar lá.

 Mas me surpreendi. Não esperava encontrar algo tão... Feminino.

 Três paredes eram brancas. Uma era preta com traços de cores variadas, como o arco íris. Uma das paredes era coberta de pôsteres e fotos, em especial de Gustav. Aproximei-me e observando algumas das fotos, parei meus olhos em algumas em que uma garota abraçava Gustav feliz.

 Ela era bonita. Tinha pele branca, olhos divididos entre o castanho caro e o verde escuro, os cabelos negros e pontas vermelhas, em algumas fotos, azul, rosa, verde. Uma pontada atingiu meu peito, e eu compreendi que estava sentindo ciúmes. Um sentimento estranho, mas ao mesmo tempo, um velho conhecido.

 Respirei fundo e disfarcei. Girei nos calcanhares para observar o resto do quarto. Uma cama repleta de ursinhos de pelúcia, os móveis todos negros, mas com objetos tão coloridos que o quarto se tornava alegre. Perguntei-me a quem pertenceria tudo aquilo.

 Como se tivesse lido meus pensamentos, Gustav me informou de que era o meu quarto, desde que moramos juntos.

 Minha surpresa aumentou. Eu não parecia ser o tipo de garota “ursinho de pelúcia”. Eu não sou... Fofa. Não sou assim. Aquela não era eu.

 Despedi-me de Gustav dizendo que tudo ficaria bem. Quando ele saiu, peguei-me encarando as fotos da garota. O que ela fazia ali, abraçada com Gustav, no meu “quarto”?

 Percebi que fechava os punhos para conter a raiva. Fechei os olhos, respirei fundo, contei até 20 e quando os abri, eu havia voltado ao normal, a frieza se espalhando pelo meu corpo.

 Decidi tomar um banho para tentar acalmar o sentimento possessivo em mim. Eu não conhecia Gustav direito, não posso fazer isso.

 Abri o armário e voltei a sorrir, vendo todas aquelas roupas e sapatos maravilhosos que deveriam ser meus. Escolhi um vestido branco solto, bem confortável, e fui para o banheiro.

 Quando eu entrei, me assustei com alguma coisa que passou ao meu lado e soltei um grito. Depois, percebi que era um espelho.

 Voltei e olhei melhor. Na Clínica não havia espelho, pois alguns pacientes ficavam perturbados com sua imagem.

 Observei a garota me olhando com, curiosidade. Era a mesma garota das fotos, mas não tinha pontas coloridas, e seu cabelo estava ressecado e longo demais. As sobrancelhas não estavam feitas, tinha olheiras e um aspecto extremamente cansado.

 Eu estava horrível e muito diferente da garota feliz das fotos.

 Por isso, entrei no banho, decidida a retomar minha antiga imagem.

 Mas, enquanto eu deixava a água quente – diferente da Clínica, em que a água era fria – cair, fechei meus olhos, com o coração apertado e revivi outra memória.

 

 - Becky? – Chamou uma voz conhecida. Eu estava tomando banho, eu e Drake estávamos sozinhos em casa. Amanda e Andressa tinham saído com Tom e Bill.

 - Ah, você já acordou? Espere.

 Mas ele não esperou. Ouvi a porta do banheiro ser aberta. Depois, o Box, e senti as mãos dele puxando minha cintura por trás.

 - Drake! Eu quero tomar banho!

 - Eu vim tomar com você, ué!- Ele me virou e logo começou a beijar meu pescoço. Ele me mordeu, mas eu não estava com paciência nem disposição naquela hora.

 - Sai, cara! Eu não to a fim, eu to cansada, volta depois!- Empurrei-o, mas ele me apertou ainda mais.- Me solta, eu não quero!

 - Não quer?- Ele parou de me beijar para me olhar com raiva.- Você não tem que querer.- Ele sorriu maniacamente e eu fiquei com medo.- Eu mando e você faz. Na hora que eu quiser. Apenas fique quieta, seja uma boa garota e faça o seu serviço.

 - EU NÃO QUERO, ME SOLTA!- Tentei me soltar, empurrá-lo inutilmente, mas ele era mais forte do que eu, mesmo com todas as drogas que ingeria todos os dias. Ele riu alto, e continuou me beijando, agora me prensando contra a parede fria.

 - Olha, eu trouxe um presentinho pra você, Becky!- Ele me mostrou uma faca, a que eu usava para me cortar.- Você adora isso, não é? Imagine se eu fizer isso em você?

 Senti minhas lágrimas se misturando com a água do chuveiro. Ele continuava me apertando, passando suas mãos ao redor do meu corpo. Eu sentia a lâmina afiada em mim, mas eu não conseguia me conter.

 Ele me elevou e me penetrou violentamente. Senti dores, e gritei, mas ele tapou minha boca, rindo maleficamente. Pensei em Gustav, pensei no que eu estava fazendo com ele, com tudo o que nós tínhamos junto. Chorei ainda mais, com o coração apertado.

 Eu só sentia dor e arrependimento. Drake sentia prazer, pela cara que estava fazendo. Estava gostando de sexo violento daquele jeito.

 Drake terminou, e me jogou no chão. Eu bati a cabeça na parede, mas antes que pudesse me recuperar, ele puxou meu rosto e me bateu, fazendo com que eu batesse a cabeça de novo.

 Depois, puxou minha perna e eu senti a faca rasgando o lado interno da minha coxa até o joelho. Segurei os gritos.

 

 Abri os olhos, ofegante. Olhei minha coxa. Por isso eu tinha aquela marca. O corte não chegara a ser tão profundo, de modo que era apenas uma mancha, não uma cicatriz.

 Meu coração estava acelerado. Aquela memória era com certeza horrível. Será que Gustav sabia disso?

 Comecei a pensar naquele garoto, o Drake. Então, ele usava drogas. E eu me relacionava com aquele garoto de alguma forma.

 Pensei que ele deveria saber alguma coisa sobre o meu passado. Talvez ele não fosse protetor como o Gustav, e me contasse algumas coisas. Ao mesmo tempo, afastei a ideia, e tremi, com medo do que ele pudesse fazer comigo.

 Mas eu precisava de algum modo encontrar esse Drake.

 Suspirei e voltei a tomar banho. Foi quando tive uma ideia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A frase grifada, lembrem-se dela. Lembrem do Drake também...
Bom, é só isso!
Quem curtiu, quem curtiu o/o/o/o/o/o/o/
Deixem mais reviews *-----*
Obrigada, beijos :*