Kiss Me, Kill Me escrita por aegyo nad


Capítulo 2
1 - Liberdade


Notas iniciais do capítulo

Oie! õ/
Não ia postar agora, mas não resisti! A fic tava pedindo pra ser postada, tipo com os olhinhos do Gato do Botas *--*
Curtam



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 Já se passou um mês. Nada do infeliz que me internou. A fraca chama de esperança em mim se apagou. A linda luz branca que iluminava meus sorrisos verdadeiros nos últimos dias se apagou, e me deixou de volta na escuridão. De volta ao inferno.

 Estava em meu quarto, observando o jardim pela janela suja e enferrujada através das grades. Era dia de visitas. Os poucos que tinham a sorte de ter familiares carinhosos que não os abandonavam, se divertiam.

 Eu apenas observava tudo aquilo com ódio. Por mais que eu desprezasse aquilo, não conseguia tirar meus olhos de lá. Eu não tinha uma família, e sentia muito por isso. Mas também sentia um ódio desconhecido, pois sentia que alguma coisa havia acontecido entre mim e meus familiares.

 Ouvi a porta ser aberta com cuidado. Olhei para trás. Nancy entrava, com as mãos livres e um sorriso gigante e sincero.

 - Becky... Você não vai acreditar!

 Sentei na cama, suspirando e observei o quarto com tédio. As paredes pintadas estrategicamente de verde claro já não me acalmavam mais. Elas me irritavam. O pequeno vaso de flores amarelas sobre o criado-mudo parecia sorrir para mim. No início, eu as arrancava, despedaçava e as espalhava pelo quarto. A vida, qualquer vida que não fosse a minha, me irritava. As flores estavam felizes por eu não matá-las mais. Os móveis todos brancos e impecavelmente limpos não costumavam ser assim. Eu me batia contra as paredes e objetos deste quarto até que meu sangue saísse, e eu sentisse a tão confortável sensação de dor percorrer meu corpo. A jarra e o copo de plástico cheios de água estavam intactos há dois dias. Eu não queria mais água, e sentia que não precisava.

 Aquele quarto exalava felicidade. Mas não era a minha felicidade. E esse sentimento me irritava.

 - O que, Nancy?

 - Você tem visita. Depois de tanto tempo.- Não consegui levantar os olhos, por mais que eu quisesse. Meu coração disparou.

 Senti que mais alguém entrava no quarto. Minhas mãos começaram a tremer.Engoli em seco, respirei fundo e fechei os olhos.

 - Becky.- Disse uma voz grossa, doce, que eu reconheci, mesmo sem ter me lembrado de conhecer.

 Abri os olhos e os levantei lentamente. Ao encontrar aqueles olhos, minha respiração falhou, meu coração parou por um instante.

 Ele era mais bonito do que eu imaginava. Mais bonito e mais vivo do que a minha curta memória se lembrava. Não sei como aquela memória suportou tanto tempo sem renovação. Ela sobreviveu aos três anos de loucura e inferno que passei.

 Era um garoto simples. Seu olhar era preocupado, mas brilhava de felicidade. Usava óculos quadrado de aro preto, que só o tornava mais bonito.

 - Gustav.- Murmurei. Eu não lembrava desse nome. Não tenho consciência de como o disse, de como lembrei... Foi como se minha boca tivesse agido por conta própria.

 Nancy saiu e fechou a porta. Gustav se aproximou cautelosamente e se sentou ao meu lado.

 - Você se lembra de mim?- Ele perguntou relutante.

 - Eu não... Eu sei quem você é. Eu te conheço. Eu...- Retomei minha consciência. Sacudi a cabeça.- O que você está fazendo aqui?

 Talvez eu fui rude demais. Talvez tenha perdido minhas chances de sair daqui.

 Ele estava com o rosto triste. Eu não gostei de vê-lo assim. Senti vontade imensa de abraçá-lo, mas me contive.

 - Eu vim te buscar.- Ele murmurou, como se fosse óbvio. Não gostei do tom de voz, mas ignorei.

 - Porque só agora?

 - Porque você não estava bem. Você só ficou bem agora.

 - Estou pronta há um mês. Porque não me procurou antes? Porque só agora?

 Ele se aproximou mais. Eu me assustei. Ele não percebeu.

 - Só me acharam há pouco tempo. Eu estava viajando. Vim o mais rápido que pude, eu juro, Becky.

 - Porque eu estou aqui? Porque não me lembro de nada? Quem sou eu?

 Eu sentia uma tontura por fazer todas aquelas perguntas. Tudo estava acontecendo rápido demais, eu não sabia o que fazer. Ele me observava e apertava as mãos, nervoso.

 - Tudo á seu tempo. Você vai saber disso aos poucos. Antes... Acho que quer sair daqui, não é?

 Olhei minhas roupas. Não poderia sair daquele lugar vestida com o uniforme da Clínica. Era uma calça e uma camiseta de algodão tão fino que no frio, os mais fracos adoeciam.

 - Não se preocupe.- Disse Gustav, parecendo saber o que eu estava pensando.- Trouxe roupas para você.

 Ele pegou uma sacola que estava ao seu lado, no chão. Me entregou e sorriu. Não consegui retribuir.

 Levantei-me e fui para o minúsculo e gelado banheiro. Tranquei a porta. Abri a sacola cuidadosamente e tirei as roupas de lá. Um tênis preto, uma camiseta branca, um sutiã, uma calça jeans e uma blusa preta. Parecia servir em mim.

 Vesti-me sem pressa alguma. Ao terminar, penteei o cabelo e escovei os dentes. Quando saí do banheiro, ele me esperava observando a janela, como eu.

 - Estou pronta.- Murmurei, sentindo vergonha. Há anos não uso uma roupa diferente do uniforme. Eu me sentia nua.

 Ele se virou, e me olhou de cima a baixo. Depois sorriu e disse:

 - Finalmente. Vamos?

 Apontou para a porta. Fui até ela, devagar, sentindo ele que ele estava atrás de mim, atento a cada passo.

 Quando saí do quarto, senti uma sensação estranha me invadir. Liberdade, talvez. Eu não me lembrava de ter sentido liberdade alguma vez na vida. Como qualquer outra coisa.

 Na saída da Clínica, Nancy e Dr. Climer me esperavam sorrindo. Retribui, mesmo não sendo essa a minha vontade. Deixei que Nancy me abraçasse, mas eu não sabia o que fazer com as mãos. Não sabia como era abraçar alguém.

 Dr. Climer apenas me cumprimentou com um breve aceno de cabeça. Continuei sorrindo, dessa vez feliz. Feliz por sair daquele lugar. Feliz por ter encontrado o garoto dos meus sonhos. Feliz por saber o nome dele.

 Saímos, Foi como se uma barreira tivesse se desfeito. Eu estava livre.


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Notas finais do capítulo

Quem curtiu? o/
Obrigada pelos reviews, eu adorei!
Os meninos vão aparecer em breve, e as lembranças da Becky vão começar a aparecer. Vocês saberão o que aconteceu aos poucos, portanto, pode ficar um pouco difícil pra entender no começo.
Estou apostando todo o meu lado melancólico nessa fic, o que significa cerca de 70% dos meus sentimento,so resto é felicidade e loucura UHAHAUAHHA'
Bom, deixem reviews, por favor *----*
Beijinhos :*