Lua Vermelha escrita por Lauren Reynolds, Jéh Paixão


Capítulo 37
Capítulo 35 - Passado




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Capítulo 35 – Passado.

Bella

Desliguei o celular e fui ao lado de Edward para o carro, onde já estavam Matthew e Leah. Minha cabeça girava, e imagino que a cabeça de Edward também estava girando. Matt guiou o carro até o apartamento, passando por algumas ruas onde os prédios modernos já ficavam mais extintos, dando lugar às construções antigas, com abóbadas e arestas de cores diferentes.

Ainda era dia quando chegamos ao apartamento. O sol tingia o céu azulado, era possível ver os raios entre as nuvens, rumando ao infinito. Fiquei observando aquela paisagem que nunca via em Treesville, então encarei Edward novamente. Seu olhar era distante, seus olhos estavam negros.

- Amor... – O chamei. – No que está pensando?

- Em minha mãe. – Ele falou, quando entramos no quarto. Edward sentou na beirada da cama e deixou seu corpo cair, fechando os olhos e suspirando pesadamente.

- Desabafe. – Pedi, me aconchegando em seus braços.

- Depois que eu acordei, que eu soube no que eu me havia transformado e que meus pais estavam mortos. Passei anos sofrendo por isso, até que superei, porque eu havia me dado conta de que não tinha sentindo continuar daquele jeito, continuar eternamente sofrendo... – Ele murmurava, com seu nariz em meio aos meus cabelos.

- E agora tem a possibilidade dela estar viva. – Falei.

- É.

- Amor, vai dar tudo certo. Seja qual for o resultado disso tudo. – Tentei confortá-lo.

Edward encostou-se na cabeceira da cama e eu me aninhei a ele. Percebi que estava ligeiramente tenso e então o encarei. Seus olhos estavam escuros e os caninos faziam menção de mostrar-se na mandíbula. Desde o dia anterior a batalha, ele não se alimentava. Geralmente, Edward tinha um bom autocontrole e conseguia ficar algumas semanas sem beber sangue. Mas aquilo já estava ficando ridículo.

Levantei-me e passei minha perna em torno dele, sentando em seu colo. Aproximei meus lábios do seu, brincando com eles. Eu sabia que quando ele me beijasse, não iria resistir. E eu também sabia que ele me conhecia muito bem para saber que eu faria isso.

Edward não disse nada. Seus lábios se colaram aos meus e sua língua brincou com a minha. Imediatamente, minhas mãos percorreram todo o caminho entre seu pescoço, chegando até seus cabelos cor de cobre. Me deixei levar por aquele momento.

Então, segundos depois senti os lábios dele descendo para o meu pescoço, beijando-o gentilmente. No momento seguinte, seus afiados caninos perfuraram a pele fina do meu pescoço e eu pude ouvir meu sangue se esvaindo.

O curioso naquele momento foi quando minha mente foi invadida por um turbilhão de lembranças. Quando me dei conta, eu estava perdida entre elas. Mas não eram lembranças minhas, eram de Edward. De repente, me vi perdida nas ruas da antiga Chicago. Ora, eu andava entre algumas pessoas e ora eu estava dentro de uma casa, na companhia de duas outras pessoas. Imaginei que fossem os pais dele.

Quando eu tentava decifrar essas lembranças, comecei a perder a linha de raciocínio e então... Perdi a consciência.

--

Edward mantinha uma de suas mãos pousada sob as costas de Bella, enquanto seus lábios, que pressionavam a região da mordida, sugavam aquele líquido morno. Porém, ele estava tão perdido em seu próprio turbilhão de lembranças – que por acaso Bella também ficou imersa – que não percebeu quando Bella perdeu a consciência.

Quando a mão dela, que antes estava pousada sobre sua nuca, caiu em seu colo, ele se desvencilhou e viu que ela já estava inconsciente.

- Bella... – Ele murmurou, colocando-a deitada. – Me desculpe.

Ele a deitou na cama e ficou mais algum tempo ali. Então, decidiu que faria algo para que ela comesse quando acordasse, pois estaria fraca. Na sala de estar, estavam Matt e Leah. Fermín ainda dormia, ou pelo menos era isso que todos achavam. Quando desceu as escadas encontrou seu irmão na sala.

- O que houve? – Matt perguntou.

- Cadê a Bella?

- Dormindo. – Edward sibilou, indo para a cozinha e pegando algumas coisas na geladeira e nos armários.

- Devo perguntar o que aconteceu, ou é melhor eu ficar quieta? – Leah ergueu uma sobrancelha.

- Lee... – Edward disse suavemente. – Se eu lhe responder exatamente o que aconteceu você vai ficar brava comigo, e, particularmente, não gosto de ver transmorfos irritados.

Leah novamente ergueu uma sobrancelha.

- Não vá dizer que não avisei. – Edward deu de ombros. – Matt, por favor. – Edward riu, mas logo sua expressão ficou sombria. – Bella me alimentou.

Silêncio.

- Não vai ficar estressada e nem estourar numa pantera e me caçar? – Edward perguntou.

- Não. Porque sei que você não faria nada de mal com a Bella. – Leah falou.

Algumas horas depois, quando já havia anoitecido, Bella começava a despertar. Edward subiu ao quarto e levou consigo a bandeja, onde havia panquecas, xarope de chocolate e um copo grande suco de laranja. Quando ele entrou no quarto, Bella já estava acordada, sentando-se na cama. Ela sorriu ao vê-lo.

--

Bella

- Coma isso, vai se sentir melhor. E tome essa vitamina. – Edward disse, colocando a bandeja sobre meu colo.

- Vitamina?

- Sim, vitamina B. Vai te fazer bem. – Edward murmurou. – Me desculpe.

- Não precisa falar nada. – Eu sorri. De qualquer maneira, alguém como eu, existia para isso. Mas eu não me importava. Eu existia para ele.

Sem dizer mais nada, comi tudo o que ele havia trazido para mim. Meia hora depois, eu já me sentia bem de novo e estava pronta para sair em busca daquela que responderia muitas das minhas perguntas.

Depois de comer o lanche que Edward havia preparado, tomar a vitamina e um bom banho me senti inteira. Ligeiramente cansada, mas nada alarmante. Eram quase nove horas da noite quando nós estávamos saindo. Fermín também ia junto, para aproveitar seu “dia”, enquanto nos colocava numa conversa engraçada sobre as modernidades e as antiguidades.

O céu de Chicago estava limpo. Um manto azul marinho estendia-se sobre nossas cabeças, sendo decorado por uma brilhante e prateada lua. Acima da lua, naquela escuridão infinita, as estrelas brilhavam como pedaços perdidos de diamantes. O ar da noite estava fresco e a brisa morna. Eu caminhava de mãos dadas com Edward, e não podia deixar de pensar...

Que romântico. Coloquei meus pensamentos em sua cabeça. Ironicamente romântico. Completei.

Não consigo me imaginar tendo outra vida, Bella. Ele esboçou aquele sorriso torto, cativante e sincero, que sempre fazia.

Algumas quadras depois, nós entramos numa rua onde só havia casas antigas. A maioria tinha a fachada pintada com cores claras, contrastando com as portas escuras. Algumas, ainda habitadas, possuíam jardineiras nas janelas; outras – as que possuíam um jardim – tinham pequenos canteiros de flores miúdas e rosas vermelhas. Mas foi antes de chegarmos numa das últimas casas da rua, que Edward estacou.

Ele observava a fachada de uma casa em especial. Acima da porta de madeira escura, havia uma pequena inscrição. “Masen”. Aparentemente, a casa tinha condições de ser habitada, ou por alguém que conservara os traços de um século atrás... Ou pela pessoa que procurávamos.

Respirando profundamente, chamei Leah e andei até a casa. Pedi que Edward, Matt e Fermín ficassem encostados num dos lados escuros daquela calçada. Eu tinha que fazer aquilo, eu tinha que confrontar um passado que eu não sabia se existia ou não. Eu faria isso por mim e por Edward. Eu faria isso pela minha família. Pela minha vida e pela vida daqueles que eu amava.

Seja o que Deus quiser. Pensei alto.

Logo em seguida, fechei minha mão e bati algumas vezes na madeira.

Esperei.

Corri meus olhos por toda a porta, até que achei uma daquelas argolas presas num arabesco antigo. Ergui minha mão e a peguei, fazendo-a bater na madeira mais algumas vezes.

- Em que posso ajudá-la? – Uma voz soou da porta, quando eu havia me virado para encarar Leah.

Eu não sabia o que responder a mulher. Como dizer a ela que eu procurava minha sogra, que na verdade era minha parente muito distante? Como dizer a ela que o filho dela havia se transformado num vampiro e que agora estava por perto para reencontrá-la? Como dizer a ela que eu procurava alguém que tinha o mesmo talento que eu?

- Estou procurando Elizabeth Swan, ela está? – Eu disse meio baixo.

- Não há nenhuma Swan aqui. – A mulher respondeu seca, saindo porta a fora e fechando-a atrás de si. Quando ela desceu os dois degraus que a separavam da calçada, eu pude ver seu rosto, agora iluminado pela luz branca de um poste.

Suas feições eram como as de um anjo, ou como as de uma deusa grega. Seus cabelos eram cor de caramelo e caiam em ondas perfeitas pelas costas; os olhos eram verdes, verdes como um mar de esmeralda, verdes como os olhos de Edward.

- Elizabeth Masen?


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