Capítulo 27 – Lobos

Assim que o sol raiou, Sam Uley levantou-se, decidido a começar a mudar o jogo para Jacob, que até agora, tinha vantagem. Ele ainda se sentia desconfortável por estar num lugar cheio de vampiros, que afinal, eram seus inimigos por natureza. Mas ainda sim, não podia deixar de se impressionar, eles eram tão humanos quanto ele mesmo era. Sam vestiu sua bermuda e depois desceu as escadas. Edward e Bella trocavam pequenas carícias no sofá, na companhia de Leah e Matthew, que faziam brincadeirinhas.

Sam caminhou até o escritório de Carlisle quando o viu por lá. Estava mais que na hora de começarem a planejar os próximos ataques. Seth estava o tempo todo ao seu lado.

- Não posso continuar aqui. – Ele disse.

- Sei que deve ser bem desconfortável para você. – Carlisle disse pacientemente. – Alice têm visto flashes de algumas batalhas, imagino que as coisas estejam começando a se desenrolar.

- Jacob ainda não sabe sobre mim, prefiro que nem saiba. – Sam falou. – Eu e Seth vamos até uma tribo que fica um pouco depois da região de Seattle. – Sam encolheu os ombros. – Preciso procurar Emily.

- Quem é Emily? Se me permite... – Carlisle perguntou.

- Minha impressão. – Ele respondeu. – É como se meus dias fossem sempre noites, quando ela não está.

- Então vá, procure-a, fique por lá e avise sobre Jacob. Vá pelo norte e contorne, assim não correrá risco de topar com Jacob por ai. – Instruiu o vampiro.

Sam assentiu e agradeceu pela hospitalidade e pelo resgate. Seth já tinha se aprontado e estava esperando na sala de estar. Leah saltou do sofá e foi até o irmão.

- Eu acabei de ter você de volta. – Ela disse.

- Estamos do mesmo lado, Lee. – Ele sorriu. – Vai ser bom alguém dar uma surra no idiota do Jake.

- Cuide dele, Sam. – Leah falou.

- Claro.

Assim, os dois lobos saíram e começaram a correr pelas terras que pertenciam aos Cullen, mas no mesmo instante, Alice gritara, pedindo para que eles parassem. Ela ficou com o olhar perdido em meio aos borrões do futuro. Sam e Seth voltaram lentamente para a casa. Quando entraram, viraram o corpo de Alice amolecer e ela cair no chão.

- Alice!! – Jasper exclamou, amparando-a. – Alice acorde!!

- Edward, fala alguma coisa! – Bella exclamou a ele.

O vampiro se aproximou da irmã e colocou suas mãos nas têmporas dela. Aos poucos, sua mente foi cedendo e ele conseguindo entrar, tentando chamar a atenção da vampira para que ela despertasse. A mente de Alice estava confusa. Só o que Edward conseguia ver eram flashes dolorosos de uma batalha. Ele via Bella, correndo em sua direção, machucada. Todos os Cullen ocupados com seus adversários e um cenário pouco agradável. O descampado fora da cidade estava arrasado. Era uma noite de chuva. Seria naquele dia, a guerra finalmente estouraria. Naquela mesma noite, um lado seria o vencedor.

- Ela viu flashes da guerra. – Ele disse por fim. – Acho que são muito fortes para ela, então ela não aguentou.

- Ele... – Alice abriu os lábios.

- O que foi, fadinha. Nos diga. – Emmett pediu.

- Ajuda. Chamar. – Ela balbuciou. – Cinco. Dias.

- Calma, shii. – Jasper afagou seus cabelos finos. – Vão, ficarei com ela.

Carlisle permaneceu em pé, enquanto todos os outros se acomodaram. Sua expressão era séria e calculista. Estava na hora de chamar ajuda e evitar que um desastre maior acontecesse.

- Sam e Seth. Avisem as tribos vizinhas. – Carlisle falou. – O que Alice viu foi grave. Muito grave.

- Ela disse cinco dias. – Edward falou. – Jacob atacará em cinco dias.

- Omg. – Bella e Emmett engasgaram.

- Tanya, avise Eleazar. – Carlisle instruiu. – Rosalie, peça a Jasper que chame Charles e Makenna. Emmett, chame Peter, Charlotte, Mary e Randall.

- Quando Jasper descer começaremos o planejamento de nossos ataques. – Edward falou. – É bom que Jacob não descubra sobre vocês.

- E não vai. – Sam garantiu. – A tribo que Emily está é inimiga dos Quileutes a tempos. Nós vamos ser seu trunfo.

- Muito bem, vão. Rápido. – Carlisle falou. – Voltem no máximo na noite do quinto dia.

A viagem dos dois lobos seria longa. A Tribo que Emily estava ficava ao extremo norte do Canadá e não seria fácil convencer tantos outros lobos a lutar com vampiros. Mas Sam contava com a sorte. Seth corria ao seu lado. Eles chegariam do outro lado do Canadá ao entardecer do segundo dia, fazendo todos os contornos, evitando qualquer rastro que Jacob pudesse encontrar. Portanto, teria de viajar quase que o tempo todo nas bordas dos rios.

Algum tempo depois, Alice já estava bem novamente. Jasper saíra com ela e com Rose e Emmett para caçar. Desta vez eles caçariam humanos, para se manterem fortes por um maior período de tempo. Bella estava deitada nos braços de Edward – na cama dele – enquanto conversavam calmamente.

- Tenho medo do que pode acontecer agora. – Ela desabafou, colocando sua cabeça sobre o peito marmóreo dele.

- Eu vou te proteger. Todos nós vamos. – Ele assegurava-lhe.

- Sei disso. Mas mesmo assim não posso deixar de temer. – Ela falou baixo.

- Vai ficar tudo bem...

Edward selou aquelas palavras com um beijo cálido nos lábios de Bella. Como em reflexo, suas mãos subiram pela cintura dela, acariciando a pele pálida. Bella sentiu-se arrepiar com o toque, porém não recuou, concluiu que gostara da sensação que ele provocava nela. O aroma doce de Bella e o refrescante de Edward misturavam-se num só, numa fragrância deliciosa.

Bella corria suas mãos entre os fios desarrumados de Edward e os botões da camisa branca, deixando uma parte do peito marmóreo à mostra. Uma das mãos de Edward desceu pela cintura dela, puxando-a para si e pousando sobre a coxa.

Novamente, Edward sentiu sua garganta queimar e o monstro querer sair e arrancar a cabeça à sua frente; ele respirou profundamente e afastou-se gentilmente de Bella, que agora ofegava. Ele sentia os caninos começando a aparecer em sua boca. Bella percebeu e o puxou para si novamente. Ela juntou seus lábios aos dele e o beijou.

- Olhe para mim. – ela disse, enquanto deslizava seus dedos traçando o contorno do rosto angulado e perfeito do vampiro.

- Como consegue ficar com um ser como eu? – Ele perguntou.

- Criaturas estranhas são comuns na minha vida. – Ela riu. – Além do mais... Vampiros são diferentes.

- Ah, é? – Edward riu, erguendo uma sobrancelha.

- Uhum. – Ela riu baixo. – Vampiros são sexy.

Edward esboçou o sorriso torto conquistador. Deus, como pode ser tão bonito? Bella pensou, enquanto ele sorria e ela abria a boca. Fecha a boca, B. Ela disse para si mesma. Vou ter um AVC com tanta beleza... Ela pensava, mas logo perdeu a linha de raciocínio quando Edward lhe beijou.

(...)

Na manhã seguinte, a casa estava silenciosa. Carlisle estava com Esme e Jasper em seu escritório, enquanto Rosalie e Emmett haviam ido acompanhar Tanya até Denali, no Alaska. Logo depois, os três mandariam o clã para Treesville, enquanto seguiam seu caminho até o sul, para encontrar os nômades americanos. Sam Uley e Seth estavam correndo o mais rápido que podiam. A essa altura, já estavam quase na metade do país, no centro do EUA, dando voltas e mais voltas, para não deixar rastro algum.

Antes de continuarem, Sam e Seth passaram por duas tribos, os Makah e os Hupas. Os Makah eram uma tribo que conservavam o máximo possível de seus rituais e tradições, isso significava, que dentro das tradições dos índios – sendo que a maioria deles eram lobos e transmorfos – matar vampiros era o certo a se fazer. Sam não conseguira fazer com que aquela tribo se aliasse a ele na luta contra Jacob, porém, quando chegou à pequena reserva da tribo Hupa, ele teve uma surpresa.

- Você diz... Jacob Black? – Um ancião perguntou. – O Filho da Lua, descendente do tão conhecido lobo Ephraim...

- Sim, senhor. – Sam acenou com a cabeça.

- Que decepção. – O líder disse. – Ephraim era nosso amigo e era amigo de todos. Incluindo dos frios. O grande Ephraim havia feito um trato com os frios de olhos dourados.

- Eu não sou a melhor pessoa para julgar, mas existe algo que Jacob Black está fazendo que todos nós abominamos... – Sam disse tristemente. – Ele se tornou, de certa forma, um sanguessuga. Quando sua força acaba, ele mata vampiros e assim bebe o sangue imortal.

- Quando o espírito lobo passa a deixar o corpo, o corpo tende a enfraquecer. – O líder disse sabiamente. – O espírito lobo irá deixá-lo quando seu coração começar a enegrecer com as más ações. O Grande Ephraim e seus ancestrais estão muito decepcionados. Jacob Black deve ser detido.

- Mais que isso. – Sam murmurou.

- Sim, meu jovem. Devemos libertar o espírito lobo do corpo de Jacob. Ele não merece mais ser um Filho da Lua.

Dizendo isso, o ancião se levantou, assentiu para os outros e mandou um jovem alfa recrutar os membros de sua matilha. Sam e o alfa da tribo Hupa se transformaram em lobos e, inacreditavelmente, puderam sentir-se juntos em pensamento. O Líder Hupa ordenou que dois deles seguissem com Sam e Seth para a fronteira com o Canadá, enquanto o resto seguiria até a encosta da montanha ao pé das propriedades dos Cullen, onde ficara combinado o lugar que os lobos se esconderiam.

(...)

- Quantos temos até agora?

- Cerca de quinze, Jacob. – Paul falou. – Recebemos notícias dos Makah.

- O que foi? – Jacob perguntou.

- O líder disse que um lobo passou por lá esta manhã e depois seguiu ao sul. Tentaram encontrar o rastro dele mas não conseguiram. Se perdeu. – Paul murmurou.

- Provavelmente é Seth. – Jacob deu de ombros. – Não me preocupo com ele.

Jacob entrou na casa e jogou-se na cadeira atrás da mesa de carvalho em seu escritório. Ele colocou seus pés sobre a quina da mesa e ficou deitado, de olhos fechados, arquitetando seu plano de ataque. Quando estava perdido em estratégias, foi interrompido por um dos membros da matilha.

- O que foi agora?

- Sam Uley fugiu. – Disse ele rapidamente.

- Como Sam Uley pode ter fugido? – Jacob gritou. – Ele estava dopado. Dopado como um drogado. Não mexia nem um pêlo!!

- Não sei, Jacob. Mas ele não está lá.

- Seth. – Jacob rosnou. – De agora em diante, qualquer sinal dos Clearwater deve ser levado em conta. Seth e Leah, ou qualquer frio e qualquer um que se intrometa no meu caminho, deve ser rasgado em pedaços.

O jovem lobo nada disse. Apenas assentiu e saiu do escritório. Ele não podia fazer nada a não ser acatar as ordens do alfa.