Capítulo 18 – Mais verdades.

- Existe mais? – Bella ergueu uma sobrancelha, visivelmente irritada e surpresa, como podia haver mais para saber, ela se perguntava.

Carlisle e Edward ponderaram por um segundo. Bella pensou que aquilo poderia ser uma estratégia deles para ganhar a confiança dela e de Leah também; mas mesmo assim, não podia deixar de querer saber mais, de querer saber o que mais de podre havia dentro de Jacob Black.

- Sim, existe. – Edward assentiu. – Sente-se.

- Há mais ou menos uns doze anos atrás, Jacob Black começou sua busca pelas jovens que seriam escolhidas. – Carlisle olhou de relance para Jasper, que naquele instante, enviou uma onda calma para o ambiente. – Mas foram só dois anos depois, que ele encontrou a jovem.

- Isso quer dizer que... – Leah disse devagar. – Não pode ser.

- Isso quer dizer que ele sabe sobre mim desde que eu tinha oito anos. Ele sempre soube que eu não era... Normal.

- Bella... – Edward falou devagar. – Há dez anos, um casal foi encontrado morto perto de uma das saídas da cidade...

- E só a filha havia sobrevivido. – Leah completou, para choque de Bella.

- Não... Ele... Você não pode estar falando a verdade!!! – Ela gritou. – Vocês só querem ganhar minha confiança, nãoo!! Não pode ser...

A mente de Bella girou. Ela não podia agüentar a possibilidade de Jacob ter sido o responsável pela morte de seus pais. Ela não podia acreditar que todo este tempo, esteve vivendo sob o teto de um assassino. Seus gritos era desesperadores e todos eles sentiam a dor que dilacerava seu peito. O coração de Bella estava aos pedaços. Mais e mais lágrimas caiam, manchando a camiseta e pingando no tapete quando ela deixou seus joelhos se dobrarem.

Aos poucos... Foi perdendo a consciência.

Mamãe... Ela chorava.

Eu sei que é duro. Mas eles não querem ganhar a sua confiança. É a verdade querida. A mais pura verdade. Renée disse suavemente, acalmando a mente da filha, que fervilhava com a informação recém-adquirida. Esme sabe sobre você, sobre nós. Quando você era pequena, nós duas nos conhecemos e imediatamente, ela soube quem você seria. Nós ficamos amigas, nenhum dos Cullen sabia sobre isso, porque ela temia a reação de cada um deles. É por isso que ela vai te ajudar. Ela é uma boa vampira, uma boa mãe, B. Agora eu preciso ir, quando novamente chegar a hora, eu voltarei a te ver, antes do fim.

[...]

- Devemos ordenar uma invasão às terras dos frios? – Paul, o braço direito de Jacob, perguntou.

- Se atacarmos agora, despreparados e sem qualquer plano, eles vão nos vencer. – Seth resmungou.

- Mas eles estão em menor número. Só foram vistos três deles na cidade ontem à noite e parece-me que hoje cedo. – Paul retrucou.

Jacob e os principais lobos do bando estavam na imensa sala de jantar, com mapas da região espalhados sobre a mesa. O celular de Jacob recebia mensagens a quase todo momento. Havia lobos e transmorfos espalhados por toda a propriedade, na cidade e perto dos limites.

- Ontem de noite e hoje de manhã? – Jacob ergueu seu olhar para Paul. – Onde?

- Próximo ao centro.

- Não pode ser.

- O que foi, Jake? – Seth perguntou.

- Aquelas duas devem ter ido para cidade. Ou estão com os vampiros, ou fugiram da cidade e eles ajudaram-nas.

- Bella não faria isso. – Paul falou. – Durante o tempo que ela esteve aqui, nós fizemos sua cabeça. Dizíamos que os frios eram sugadores de sangue do mal e coisas do tipo. Ela não pode ter desacreditado.

- Pois acho que sim. Não temos escolha senão esperar.

[...]

- Bella... Bella, acorda.

- Lee? – Ela respondeu baixo. Sua cabeça latejava.

- Sim, sou eu. – A prima respondeu quando se sentou na beirada do sofá.

- Eu vi minha mãe. – Bella ergueu-se e sentou um pouco. – É verdade. Ela disse que conheceu Esme.

- Sim, nós éramos amigas. – A figura materna do clã respondeu.

- Como nós nunca soubemos? – Jasper questionou.

- Eu escondi. Evitei pensar nisso. Sabe que posso bloquear minha mente de Edward quando eu quiser. – Esme respondeu. – Eu conheci Renée quando ela saía do trabalho, era de noite e imediatamente, nós soubemos que ambas não eram normais. Ela era bem perceptiva e soube que eu não era humana, não tive escolha senão dizer o que eu era. Em troca, ela disse-me que era uma escolhida.

“Conforme o tempo passava, nós duas nos tornamos mais amigas e então eu conheci a pequena filha dela. Nós duas sabíamos que ela seria diferente e que precisaria de proteção. Não estávamos erradas. Foi quando Jacob começou a se aproximar da família, que Renée pediu minha ajuda. Ela disse que se algo acontecesse, era para eu cuidar de você.” – Esme contava. As lembranças de alguns dias que passara com Renée voltaram a sua cabeça. Edward, desta vez, tinha acesso a tudo e assistia a pequena Isabella crescer cada vez que sua mãe a via. – “Quando nós estávamos voltando de uma caçada, vimos o acidente. Eu soube que eram seus pais só pelo cheiro. Então imaginei que Jacob tivesse levado você.”

- Por que não me tirou de lá? Digo...

- Porque eu soube que enquanto você não despertasse, estaria segura. Por isso não me preocupei. Mas recentemente, quando descobrimos que você estava para acordar e Alice começou a ter visões sobre você, nós começamos a planejar...

- Vocês planejavam me capturar para Edward tirar minha vida. – Não era uma pergunta, era uma afirmação. Mas Bella não demonstrava mais sinal de desespero. Agora, ela só queria a verdade.

- Sim. – Edward assentiu, ainda surpreso pelas palavras dela.

- Mas assim que eles foram buscá-las, e desde que Matt nos contou sobre a impressão, nós mudamos. – Carlisle falou. – Eu não poderia deixar um filho meu cometer um assassinato, não sei onde eu estava com a cabeça. E não posso deixar outro filho se afastar de nós. Então, peço desculpas a vocês se qualquer atitude nossa as tenha ofendido. Não somos assim...

As palavras de Carlisle deixavam Bella confusa, mas ela sabia que eles estavam sendo sinceros. Ela não tinha certeza de como sabia daquilo, mas algo dentro dela dizia que podia confiar naqueles vampiros, que ironicamente – ou não -, eram aqueles que antes, queriam capturá-la. Eu não me importo. Ela pensou decidida. Eu já estava nessa guerra mesmo antes de nascer... Não faria sentido não estar depois que descobri tudo isso. Não faria sentido algum eu fugir agora, não faria sentido eu não acabar com Jacob.

O resto do dia passou de forma lenta. Esme preparou um jantar para Leah e Bella, que apreciaram a refeição. Todos os outros voltaram às suas atividades, mas ainda havia um clima estranho que pairava no ar. Edward quase não trocava palavras com Bella, nem ela com ele. Os dois conversavam apenas com Tanya, que serviu de intermediária neste assunto. Se antes o triângulo “não amoroso” envolvia Edward e Jacob, agora ele envolvia Bella, Edward e Tanya.

- Não é tão seguro ficar aqui. – Tanya disse a Bella, que estava sentada na varanda, olhando a mata.

- Gosto da noite. – Bella respondeu.

- Posso te fazer companhia? – Tanya perguntou baixinho, aparentemente, envergonhada.

- Claro.

As duas ficaram em silêncio por algum tempo, até que a vampira resolveu quebrar o silêncio. Bella encarava o céu negro e as estrelas cintilando. O vento fresco acariciava suas bochechas como mãos gentis, o orvalho era como um frescor que aliviava qualquer doença.

- Como está se sentindo? Digo, com toda esta situação?

- Bem, não sei. Sinto-me... Estranha. Não sei se é por causa do que eu sou, se é porque estou mudando, mas sinto como se eu estivesse crescendo, como se... Uma trepadeira estivesse crescendo, se ramificando dentro de mim. – Bella ponderou suas palavras, não queria parecer maluca.

- Vai dar tudo certo, Bella. Você está segura aqui.

- Estou segura com você aqui também? – Bella disse baixo.

- Você é perceptiva. Quando notou? – Tanya sorriu gentilmente, mas ela não escondia o pouco desapontamento que sentia.

- Há algum tempo. Todos os outros têm companheiras, apenas Edward estava só, imaginei que você fosse a dele.

- Eu era. Ou... Eu era para ser. – A vampira desabafou. – Não ofereço risco para você. Se fosse antes, até ofereceria, mas não agora.

- Por quê?

- Eu... Sou uma Succubus, Bella. Meu sangue é nobre, não tanto quanto o de Edward, mas é. – Tanya falou à jovem. – Por isso eles escolhem companheiras que seriam adequadas. Mas Edward não me escolheu, então eu percebi que seria melhor que ele ficasse com você. Se fosse antes, eu teria arrancado seu pescoço e sugado todo o seu sangue, provavelmente teria fugido depois, mas não agora.

- Hum... É só uma obrigação, Tanya. O que mais pode acontecer? Eu só estou aqui para ficar segura e então dar meu sangue a ele. Só isso. – Bella falou.

- Não se intimidou com o que eu disse?

- Não. – Bella deu de ombros. – Eu convivia com lobos. Acho que são piores. Quando não comem e não dormem eles ficam irritados.

- Sei... Mas não ache que você esteja aqui como obrigação. As coisas mudam. – A risada de Tanya ecoou pela mata, assustando alguns esquilos. Aos ouvidos de Bella, era como uma nota aguda perfeitamente afinada.

- Você disse que me estriparia antes. Por que não está sendo falsa, se roendo de ciúmes e planejando mil formas de me matar? – Bella ergueu uma sobrancelha.

- Por que acha que não estou sendo falsa? – Tanya perguntou, esboçando um sorriso que soaria falso, se ela tivesse a intenção.

- Porque responde perguntas com mais perguntas? Eu me perco. Sou só humana. – Bella riu.

- Desculpe. – Tanya acompanhou o riso. – Porque eu fiz um pacto com os Cullen. Se eu falhar com eles, ou com você, pagarei com o meu sangue. E você sabe que para um vampiro, sangue é a mesma coisa que vida.

- Entendo. Obrigada, Tanya. – Bella sorriu. – Vou dormir agora.

- Não se preocupe. Durma bem, Bella.