If It Was Diferent... escrita por bellafurtado


Capítulo 4
A reunião dos reis e a perseguição à srta Willians


Notas iniciais do capítulo

Enfim mais um capítulo... acho que amanhã já postarei o próximo, mas não dou certeza. Agradecimentos especiais a todas as que deixaram seus reviews e à IsabelNery, pela 1ª recomendação da fic! Façam que nem ela, hein? Espero que gostem!

beeijos:*
bellafurtado



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Abri meus olhos e encarei o local à minha volta. Tudo de pedra, os tijolos cinzas que me deixavam à beira da depressão: o castelo onde eu morava. Levantei e olhei em volta. Santo Deus, os homens ainda estavam mortos ali. A qualquer instante alguém poderia aparecer ali e perceber que eu havia matado-os... então dei meu melhor grito de donzela indefesa:

-Ah! - a voz saiu fina e esganiçada, como eu desejava. - Socorro!!!

Logo haviam alguns homens ali. A esta altura, eu já estava com os olhos molhados de lágrimas sem motivo, o que só me ajudou na minha encenação.

-O que aconteceu, altez? - um dos soldados me perguntou.

-Eu não sei – menti chorando e jogando-me nos braços dele. - Eu havia caído na escada e... iam me levar para alguma curandeira e alguém passou correndo e... matou todos, além de me derrubar... e acho que eu desmaiei.

Ele me encarou com pena.

-Imagino que seja melhor se encaminhar para o seu dormitório, Alteza – o soldado disse. - A cidade e principalmente o castelo estão sofrendo grande risco.

Assenti de maneira inocente e saí mancando para o meu quarto, recusando a ajuda de todos. Ao sair da vista dos soldados, endireitei-me e voltei a andar normalmente. Um cortinho idiota daqueles não era o suficiente para me fazer mancar. Mas eu não fui para o meu dormitório, como os soldados pensavam... fui à biblioteca do professor Cornellius (ou sei lá o que fosse aquele lugar em que ele passava os dias).

Nem me preocupei em bater à porta: abri-a e entrei lá depressa.

-Alteza! - o professor gritou. - Estava preocupado, como pudestes ficar longe tanto tempo?

-Na origem, Professor; na origem.

-Como?

-Eu não sei, eu estava caindo da ponte e... voilá, lá estava eu na origem.

Ele assentiu como se estivesse digerindo o fato. Já impaciente com aquela embromação, perguntei:

-E o Casp?

Ele me encarou e respondeu:

-Não sei dizer... eu o mandei para um lugar e lhe entreguei uma coisa, ele já deve estar longe...

-Desembuche, homem! - falei sem ligar para a educação que deveria ter. Não me entenda mal, eu gosto do professor, só que eu estava realmente preocupada com Casp. - Diga para onde o mandou!

-Lhe direi na hora certa, princesa...

Olhei cética para ele. Ouvi uma pequena alteração vinda do lado de fora e olhei pela janela do professor, podendo visualizar uma dose de soldados sobre seus cavalos. Mas no cavalo do general havia um volume, tampado por um pano espesso.

-Deus do céu – sussurrei levando as mãos à boca, já sentindo os olhos enxerem-se de lágrimas. - Acho que eles o pegaram.

O Professor foi à janela, visivelmente preocupado.

-Alteza, seu tio com toda a certeza irá convocar uma reunião de conselho... e não irá lhe chamar, visto que sabe o quão próxima és de teu primo. Dê um jeito de se infiltrar lá, saiba o que pretendem fazer com o príncipe, e nós daremos um jeito de soltá-lo juntos.

Assenti. Virei para sair mas o professor agarrou meu ombro.

-Quando souber, não esqueça de voltar aqui. Nossas aulas de mitologia narniana vão finalmente compensar e eu lhe explicarei o que disse a Caspian.

Novamente assenti e saí correndo. Fui ao meu quarto e vesti um belo vestido verde escuro, sem tirar minhas calças de montaria com o coldre e o punhal.

Fiquei sentada olhando pela janela e só saí dali quando percebi outra movimentação: os outro membros do conselho. Levantei-me da cadeira e saí rumo à sala de reuniões, onde eram realizadas todas as reuniões do conselho.

É claro que demorou um pouco, já que Miraz localizou-a estrategicamente longe do meu quarto, pensando que me afastaria dela. Sendo tolo, como sempre.

Cheguei à frente da porta da sala a tempo de ouvir um dos generais – eu nunca fazia questão de lembrar o nome de nenhum dos idiotas machistas – dizer:

-Eu alertei este conselho quando confiou no lorde Miraz de que haveria conseqüências.

Abri a porta nesse instante.

-Princesa Trudy!? - o rei da Tarcamânia disse se levantando. Rolei os olhos.

-Sim, sou eu. Parece que esqueceram de me avisar da reunião do Conselho, estou certa?

-Sim... absolutamente. - pude ouvir a nota de mentira em sua voz.

Me dirigi à minha cadeira e ali me instalei. Gesticulei com as mãos para que prosseguissem, enquanto todos me encaravam num misto de admiração e raiva.

-Continuem de onde pararam.

O homem repetiu o que havia dito sobre Miraz, até que outro o interrompeu:

-Não. Não podemos acusar o príncipe regente sem provas.

Como não sei o nome de nenhum dos imbecis, vou chamá-los de: homem 1 (o que falava quando entrei), homem 2 (o que o interrompeu com a puxação de saco sobre o “príncipe regente”) e homem 3 (o que vai falar em 5, 4, 3, 2...)

-Por quanto tempo vamos nos esconder atrás desta desculpa? - perguntou o homem 3. - Até que todas cadeiras desta câmara estejam vazias?

E então, mais uma vez, as portas da sala se abriram. E ao ver a pessoa que ali estava, percebi que não foi Miraz quem convocou o conselho, e que o mesmo não fora convocado por culpa do assunto “Caspian”.

-Minhas desculpas pelo atraso, senhores – disse Miraz entrando de vez na sala e indo até seu majestoso trono. - Não sabia que havia sessão.

-Sem dúvida estava ocupado – disse o homem 1.

-Meu Senhor? - Miraz se fez de desentendido. Essas seções eram tão massantes...

O homem 3 ergueu-se de seu trono e tomou a palavra:

-Desde a morte de Caspian IX, tem se comportado como se fosse rei. Agora parece que o príncipe Caspian desapareceu.

-Minhas profundas condolências, lorde Miraz – disse o homem 1.

O que eu concluí até agora é: homem 1 = fala mal de todos pelas costas e é um tremendo puxa-saco na frente de suas “vítimas”. Homem 3 = ao que eu mais gostei, já que disse a verdade a Miraz sem o temer. Quanto ao homem 2, ainda não tenho uma opinião formada sobre ele.

-Imagine, perder o sobrinho... - o homem 1 continuou. - O legítimo rei ao trono, na mesma noite em que sua esposa lhe abençoou com um filho.

Refaço o que comentei sobre o homem 1: ele se iguala ao 3, porém com uma pitadinha de ironia que o tornou meu preferido entre os bobões do conselho.

-Obrigado, lorde Sopespian – Miraz fingiu não notar a ironia na fala e na expressão do homem 1. Vou gravar o nome dele: lorde Sopespian. - Sua compaixão é um conforto neste momento difícil.

-Creio que possa nos contar como tal tragédia pode ter ocorrido – lorde Sopespian pediu em tom de desafio.

-Tragédia? - perguntei me levantando da minha cadeira. - Que tragédia?

Outro homem abriu a porta e entrou.

-Algum abençoado por aqui pode me dizer o que diabos aconteceu? - perguntei alterado vendo que nenhum deles se importava com o que eu dizia.

Me sentei novamente, roendo minhas impecáveis unhas tamanho era o meu nervosismo.

-Essa é a notícia mais perturbadora de todas – Miraz começou a explicar, não sei se para mim ou para o lorde Sopespian. Nosso amado Caspian foi raptado... pelos narnianos.

Ergui uma sobrancelha. Aquilo não fazia sentido mas... o professor disse que as aulas sobre Nárnia me seriam úteis hoje. Oh, céus...

-Foi longe demais, Miraz – disse o homem 3 se levantando em meio aos murmúrios de todos. - Espera que fiquemos passivos enquanto põe a culpa em fábulas?

Miraz só acenou para o homem que entrara a pouco, ao que ele abriu as portas novamente. Dois soldados entraram arrastando um pequeno ser, um homenzinho de cabelos e barbas compridos... lembrava-me dos anões a quem o professor se referia constantemente.

O anão tinha seu rosto ferido, e estava amarrado e amordaçado. Céus, pobre homenzinho. Contorci minha face em uma careta de tristeza, pena e agonia. O homenzinho me encarava suplicante. Encolhi-me em minha cadeira e movimentei meus lábios numa comunicação silenciosa:

-Desculpe.

Ele pareceu entender e desviou o olhar, vendo que eu não poderia fazer nada. Muitos dos homens já estavam de pé quando Miraz passou a explicar:

-Nós nos esquecemos, senhores... Nárnia já foi uma terra selvagem. - os homens levavam o anão ao centro da sala à medida que Miraz continuava – Criaturas ferozes vagavam livremente. O sangue de nossos antepassados foi derramado para exterminar esses vermes.

Miraz já estava ao lado do homenzinho e o apontou.

-Ou assim pensávamos – disse, parecendo concluir sua fala. Só parecendo... foi na direção do lorde Sopespian. - Mas enquanto discutíamos entre nós, eles se multiplicavam como baratas sob uma rocha!

Meu tio e suas comparações agradáveis. O miserável estava mesmo querendo enganar a todos ali. Ele já estava novamente à frente do homenzinho.

-Se fortalecendo, nos observando. Esperando para atacar! – e então deu um tapa forte e sonoro no rosto do anão, que ficou ainda mais ferido por culpa dos inúmeros anéis de Miraz.

O anão voltou o rosto para Miraz e o olhou com desprezo, murmurando:

-E não sabe porque não gostamos do senhor.

-Eu pretendo contra-atacar – Miraz disse no mesmo tom que ele, olhando para baixo para se mostrar superior. - Mesmo que precise derrubar toda a floresta, eu garanto que vou encontrar o príncipe Caspian e terminar o que nossos ancestrais começaram.

Todos começaram a aplaudir. Mas eu sentia como se Caspian estivesse muito próximo... e não só ele. Sentia outras pessoas amadas também. Todos – menos eu – começaram a aplaudir Miraz. O que foi meu grande erro.

-Matem-no – ele disse apontando para o anão. - Afogado.

Os homens agarraram o pequeno de novo e eu me levantei.

-Não – gritei. - Vão mesmo acreditar no homem que estavam repudiando há minutos atrás? Vão achar que ele tem razão só por mostrar uma criatura inofensiva como essa?

Todos olhavam para mim. Eu esperava que pelo menos Sopespian ficasse ao meu lado, mas só percebi os guardas se aproximando de mim.

-Idiotas – falei antes de saltar pelos guardas e sair correndo. Eu era mais forte e mais rápida do que todos imaginavam. Me dirigi diretamente para o gabinete do professor.

-Estão atrás de mim – eu disse entrando ali e trancando a porta atrás de mim. - Caspian não está aqui. Era só um anão indefeso que Miraz usou para dizer que os narnianos seqüestraram Caspian. Isso não faz nenhum sentido... Explique tudo rápido.

-O que precisa saber é: tudo o que aprendeu comigo sobre Nárnia é a mais pura verdade. Com sua memória maravilhosa, tenho certeza de que se lembra – assenti e ele voltou a falar: - Mandei Caspian para a floresta e ele estava com a trompa da rainha Susana. Quero que vá até lá e, se Caspian ainda não tiver soprado, faça-o você mesma.

Rainha Susana... a minha amiga Susana Pevensie daria uma boa rainha com toda aquela responsabilidade...

-Mas a floresta não é amaldiçoada? - perguntei.

-Corra Trudy! - ele disse. Mas antes me entregou uma espada enorme – Está na hora de ter a sua própria.

Sorri. Abri a porta, mas todos os soldados já estavam muito perto. Corri o mais rápido que pude até o estábulo. Tentei montar Liam, meu majestoso cavalo branco, mas um dos soldados agarrou-me antes de eu poder completar essa tarefa. Cravei-lhe a espada no estômago, sem dó nem piedade.

-Vá se juntar à meretriz que lhe pôs no mundo! (N/A: um jeito sofisticado de dizer: vai pra puta que te pariu!) - gritei para o desgraçado. Montei em Liam e saí galopando, uma dezena de soldados atrás de mim.

Eu passava por inúmeros rios, e eles nunca me alcançavam. Liam era o cavalo mais rápido, sem dúvida alguma. Eu avistei a floresta e refleti se deveria mesmo entrar ali. Mas francamente, o que eu tinha a perder? Eu provavelmente morreria agora mesmo, pelas mãos daqueles 20 soldados.

Entrei na floresta e comecei a trotar pela direita, ao invés de continuar seguindo pelo centro. Olhei para trás e não achei vestígios dos soldados. Mas caso precisasse lutar com eles, seria infinitamente mais fácil sem o cavalo.

-Vai garoto – eu disse descendo da sela de Liam. - Ache-os e os traga até mim.

O meu belo cavalo branco saiu trotando a toda a velocidade. Saí correndo sem direção, só tentando captar algum som ou cheiro diferente. Mas não havia nada. Absolutamente nada.

Já estava escurecendo, o céu negro sendo iluminado apenas pelas minúsculas estrelas. Deitei-me numa porção de folhas que estavam no chão, encostando minha cabeça no tronco de uma árvore. E ali eu dormi.


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