Renesmee passava por mais uma manhã repleta de tédio. Alice estava tocando piano com Edward e Claire tinha pedido para ir ver a casa com o Quil. As paredes da mansão assustavam Renesmee, eram como grades que a impediam de correr pelos campos.

 

Renesmee batia com as pontas dos dedos na mesa de madeira. O som ritmado e opaco ecoava por toda a sala. Sue se aproximou e Renesmee, para não atrapalhar o momento de Alice com o pai, se levantou conduzindo Sue novamente para a cozinha.

 

— Srta, Demetri Volturi, mais um outro que me esqueci do nome, esta procurando por vosso pai. – Sue sabia que Renesmee era quem cuidava dos assuntos do pai.

 

— Alec Volturi. – Renesmee não se surpreendeu. Já sabia que não tardaria ate o recém chegado a procurar, todos faziam o mesmo. Um por um.

 

— Vós mi cê vai atender ou quer que eu diga que voltem outra hora?

 

— Pode deixar que eu atendo, já sei do que se trata. Prepare um café e leve ate a sala de visitas. – Renesmee parou diante do aparador, ajeitando a longa trança ruiva.

 

— Pode deixar Srta. – Sue foi ferver a água.

 

 

 

Alec olhava ansioso para Demetri, sua cabeça ainda doía da bebedeira de ontem. Ele já estava ciente do estado mental em que o Cullen se encontrava, mas torcia para que isso não o atrapalhasse, não o impedisse de ter a linda ruiva nos braços. As mãos chegavam a suar, nem parecia o homem de vinte e três anos que era. Os passos anunciaram a aproximação de alguém, ele se levantou, ainda com o chapéu nas mãos. Demetri o acompanhou.

 

A bela ruiva entrou no cômodo clareado pelo sol. A pele pálida, os cabelos vermelhos perfeitamente presos em uma detalhada trança, o vestido azul petróleo com leves bordados negros marcavam impecavelmente as curvas delineadas da bela dama. O andar dela era sedutor, o olhar mostrava que ela sabia o efeito que tinha sobre os homens.

 

— Bom dia, cavalheiros. – Renesmee fez a referencia, olhando fixos nos olhos azuis de Alec. Definitivamente ele era bonito. Muito bonito.

 

— Srta. – Alec e Demetri a cumprimentaram.

 

— Sentem-se, por favor. Sue já irá trazer um café. – Renesmee se sentou bem em frente ao Alce, cujos olhos ainda contemplavam a beleza desumana.

 

— Não queremos incomodar.

 

— Claro que não. Creio que tenham conhecimento do estado em que meu pai se encontra. Se for algum assunto relacionado com os negócios, podem tratar comigo. –  Renesmee era imponente. Como nenhuma garota de dezoitos anos era. Talvez isso conquistasse tantos corações.

 

— Certamente, mas acho-me na obrigação de pedir permissão para cortejar sua filha. – Alec falou sorrindo. Demetri só observava a cena.

 

— Entendo. É com ele que vós mi cê quer casar? – Renesmee continuou seria, o que fez com que Alec não entendesse.

 

— Certamente que não. A Srta. Já deve saber que se trata de vós mi cê.

 

— Então não acha que a minha opinião deveria importar? – Demetri prendeu o riso. Renesmee é mesmo uma mulher insolente.

 

— Claro, mas pelas normas deveria falar com seu pai primeiramente. – Alec estava maravilhado com a ousadia de Renesmee, definitivamente não se comprara com nenhuma outra mulher por quem já cruzou.

 

— Não sou adapta das normas. – Renesmee estava acostumada com o cortejo, não a deixava nervosa mais.

 

— Se a Srta. pensas assim, o que achas da minha proposta? – Alec sorriu para Renesmee, que inevitavelmente sorriu em troca.

 

Renesmee se levantou, ajeitando o volumoso vestido.

— Acho que já esta na hora de irem. – Demetri não acreditou no que estava ouvindo, ela estava mandando-os embora.

 

— Certamente. – Alec se levantou, beijando a mão branca e macia de Renesmee.

 

—Passar bem. – Demetri se curvou, referenciando a dama.

 

— Passar bem. Não penses vós mi cê que irei desistir. – Alec sorriu abertamente, saindo pela porta em seguida.

 

Sue, que chegara a sala com a bandeja do café e alguns biscoitos, se espantou de ver que eles já tinham ido.

 

— Já foram? – Sue perguntou a Renesmee.

 

— Só mais um que não resiste a mim. – Renesmee deu os ombros. – Acho que voltarão amanha.

 

 

 

Jacob estava acabando de arrumar sua sacola, com todas suas roupas. Muitos dos ciganos não estavam contentes com a proposta de Carlisle, mas nenhum estava disposto a abandonar o acampamento. Sairiam pela manha do dia seguinte.

 

— Jake, não creio que esta mesmo de acordo com isso. – Leah cruzou os braços.

 

— Então passe a crer. – Jake voltou a fazer o que estava fazendo, antes que Leah o interrompesse.

 

— Vós mi cê está me evitando, se já estas cansado de mim, acho melhor achar um modo de voltar a ser como era no começo. – Leah saiu balançando os quadris volumosos; por mais que Jake quisesse terminar com Leah, era o corpo dela que impedia.

 

Anita entrou no gabinete do pai. O vestido rosa combinava perfeitamente com o cabelo loiro claro. Russel afastou as papeladas que analisava, e fez sinal para que ela se sentasse.

 

— O que queres? – Russel não tratava com carinho nem mesmo a filha, mas a amava como tudo em sua vida.

 

— Sabes quem és o novo morador de Forks? – Ela falou seria, retirando a luva.

 

— Ordene a qualquer um de nossos empregados que descubra, não tenho tempo para isso. – Russel voltou a pegar os papeis.

 

— Como desejar. – Anita sorriu, deixando a sala em seguida.

 

 

 

Alec estava cavalgando de volta para a fazenda. Demetri estava curioso, mas não queria ser evasivo. Estava em silêncio desde que deixaram a sala dos Cullen. Demetri se assustou com a risada de Alec, enfim a curiosidade o venceu.

 — Estas a rir? Pensei que estarias triste ou decepcionado. – Alec colocou o alazão cor de mogno ao lado do de Demetri.

 

— Longe de mim, desistir tão facilmente. Ela precisa de alguém insistente, alguém que não se espante com as palavras malcriadas – Alec estava certo de que Renesmee seria dele, não havia uma duvida se quer em sua mente.

 

— Já sabes o que vai fazer para convencê-la? – Demetri, por algum motivo desconhecido, acreditava que Alec conseguiria a dama.

 

— Amanha vou levar tulipas. – Alec riu.

 

— Tulipas?

 

— Rosas são comuns de mais.

 

No dia seguinte, como Alec havia professado, ele voltou a mansão. Não foi recebido de forma muito diferente da anterior. Renesmee não o permitiu ficar mais do que o tempo necessário para um café e deixou claro que não gosta de tulipas, lançando o buquê requintado pela janela. Mas todo o jeito indomável da dama em questão, só fazia com que Alec se apaixonasse mais.

 

Assim, se passou uma semana. Alec visitara Renesmee mais três vezes, e ela estava se tornando mais agradável. A ousadia e insistência de Alec a estava conquistando, ele não havia desistido como todos os outros. Algo nele o tornava especial, de uma forma diferente dos demais.

 

 

Renesmee estava se preparando para ir a cidade. Não tinha se passado muito do almoço, Jasper havia vindo visitar Alice. Claire estava terminando seus vestidos. Seu pai estava pintando mais um retrato de sua mãe. Ela estava entediada de ficar só. Estava colocando uma das presilhas de ouro no final da trança quando Quil avisou que já estava pronto. Nessie ajeitou o vestido roxo, apanhou a sombrinha e as luvas.

 

 

 

Alec estava terminando de examinar alguns processos, quando Demetri entrou na sala.

 

— Sim? – Alec não tirou os olhos dos papeis.

 

— A Srt. Cullen esta na cidade. – Alec fechou a pasta pegando o chapéu, iria comprar flores.

 

Jane estava aprendendo a bordar, ela não gostava, mas Sulpicia a forçava, ela tinha que ter prendas a oferecer ao seu futuro marido. Jane se esforçava para bordar uma cesta de flores na toalha que estava fazendo para a mesa. O som de passos logo retirou sua concentração, e em seguida a voz de Demetri a fez largar a toalha.

 

— Estas ocupada, minha dama? – Jane colocou na cesta a toalha e a agulha.

 

— Acho que posso descansar um pouco. – Jane ajeitou o vestido, o cabelo preso em um coque simples.

 

— Poderíamos prosear? – Demetri sorriu. Jane sentiu algo estranho em seu estomago, como se estivesse enjoada. Mas não estava. Logo passaria o desconforto.

 

— Como queiras. Só não conte e mamãe. Ela quer que eu termine a toalha até o almoço de amanhã, e ainda estou na metade

 

— Talvez seja melhor te deixar bordar. – Demetri fez menção de se levantar, mas Jane o impediu segurando em seu paletó.

 

— Não agüento mais ficar sozinha. – Jane odiava ficar só, e algo na companhia de Demetri a agradava ainda mais de uns dias para cá.

 

— Então lhe farei companhia. – Demetri sorriu.

 

— Se não se importas. – Jane voltou a bordar, mas a sensação no estomago não diminuía. Estava desconcentrando-a. Demetri se assustou vendo a toalha ir ao chão.

 

— O que aconteceu? – Demetri estava preocupado.

 

— Acho que me espetei. – Jane estendeu o dedo para Demetri, que segurou com delicadeza o dedo da menina. Tinha uma pequena gota de sangue, da qual Demetri ousou limpar com um beijo. Após ter feito, a culpa lhe atingiu.

 

— Sulpicia sempre beijou seus ferimentos, diz que assim sara rapidamente. – Jane ainda estava olhando para Demetri, de um modo estranho. Ele não entendia.

 

— Isso quando eu era uma criança. Ainda me achas criança? – Jane não sabia ao certo o motivo da pergunta.

 

— Certamente não. Se me der licença. – Demetri se levantou envergonhado e deixou a sala. Jane suspirou tocando o dedo que Demetri havia beijado.

 

 

 

Renesmee estava saindo da igreja, onde havia ido deixar o dizimo quando avistou Alec. Não conseguiu esconder o sorriso. Ele se aproximou com elegância, beijando as luvas de renda negras.

 

— Como tens passado Srta? – Ele entregou o buquê de orquídeas.

 

— Orquídeas não me agradam. – Renesmee devolveu o buquê.

 

— O que lhe agrada? – Alec já não sabia mais o que comprar, já tinha tentado tulipas, rosas, lírios, orquídeas e dezenas de flores belas e caras, e nenhuma a agradava.

 

— Sua persistência. Isso me agrada. – Renesmee girou a sombrinha sobre o ombro.

 

— Então eu lhe agrado. É um começo. – Alec ofereceu o braço a Renesmee, que fingiu não ver.

 

— Sua persistência. – Renesmee sorriu.

 

— Claro. Onde desejas ir? – Alec estava disposto a acompanhá-la até o fim do mundo.

 

— Estou com sede. – Ficava reluzente com os olhares das pessoas sobre ela, ela adorava todo esse tipo de atenção.

 

— Costumas freqüentar o armazém? – Alec nunca havia visto mulher nenhuma se sentar lá para beber ou comer.

 

-Não sou como essas raparigas. Já devias saber.

 

— És muito mais bela. – Alec sorriu, conduzindo-a.

 

Assim que entraram no armazém, Filipe, um dos empregados de Alec, o abordou.

 

— Seu pai quer lhe falar. – Alec se assustou, seu pai nunca o chamava enquanto estivesse na rua.

 

— Sabes do que se trata? – Filipe negou. Alec teria que ver do que se tratava.

 

— Se me permite, te levarei até a carruagem antes de averiguar qual a urgência. – Alec disse a Renesmee.

 

— Não se incomode, além do mais ainda estou com sede. – Renesmee fechou a sombrinha, colocando-a sobre uma das mesas. Alec não gostou de deixar sua dama em um bar, mas não tinha escolhas.

 

— Não me demoro. – Alec se despediu já saindo as pressas.

 

Damon estava no balcão, acompanhado de outros dois senhores. Ambos admiraram a bela dama, ambos sabiam quem ela é. Ambos a desejavam. Damon é casado com Maria, mas é conhecido pelos vastos adultérios, é um homem de posses, bonito e sedutor. Mas não encanta a Renesmee.

 

— Posso? – Damon perguntou a Renesmee, que estava tirando as luvas.

 

— Lamentavelmente, a cadeira não é uma das minhas posses. – Renesmee foi seca. Damon sorriu em resposta. Logo os outros dois se aproximaram.

 

— Srta. – Ambos a cumprimentaram.

 

— Senhores. – Renesmee sorriu, chamando Jared.

 

— Dia. – Jared cumprimentou Renesmee.

 

— Dia. Traga-me água. – Renesmee começou a se abanar com o leque.

 

— Srta! – Seth entrou correndo no bar. Renesmee sorriu com sua chegada, apontando uma cadeira ao seu lado para ele.

 

— A Srta já esta sabendo? – Seth estava eufórico.

 

— Sabendo? Creio que não.

 

— São os ciganos que estão acampados nas terras do Russel. Chegaram hoje pela manha. – Damon falou com desdém.

 

— Eles são ciganos! – Seth falou entusiasmado.

 

— São ladrões. – Damon retrucou.

— Eles vão dar uma festa hoje a noite.

 

— Como sabes moleque? – Um dos homens o questionou.

 

— Eu estava lá, com eles. Eles são incríveis. – Damon riu debochadamente.

 

— Talvez tenha encontrado alguém de sua classe.

 

— Claro, porque, talvez, eles tenham alguma decência. – Renesme lançou contra Damon, que se calou.

 

— Prossiga, Seth.

 

— A Srta tem que ver! Eles dançam... As damas usam jóias lindas! – Renesmee estava mesmo se animando, talvez fosse ate lá essa noite. Nunca vira ciganos, não gostaria de perder essa oportunidade.

 

— Sabes, ao certo, onde eles estão acampados? – Damon arregalou os olhos observando a curiosidade de Renesmee. Ela não pode estar pensando em ir ate lá.

 

— É só a Srta cavalgar ao sul de suas terras, logo chegará lá. É fácil de notar. –  Renesmee riu. Era um acampamento, com certeza era fácil de notar.

 

— Talvez eu aprecie uma festa cigana. – Renesmee disse bebendo a sua água.

 

— Não creio que a Srta esta mesmo pensando em ir a um acampamento cigano. – Damon bradou. Renesmee se sentiu ainda mais entusiasmado em conhecer os ciganos. Odiava que alguém lhe dissesse o que fazer.

 

— Então acredite. – Renesmee franziu o a testa.

 

— Um acampamento não é lugar para uma Srta. – Um dos homens cochichou.

 

— Um bar também não. – Renesmee sorriu, se erguendo da mesa.

 

— Acrescente a minha conta a água da Srta – Damon falou se levantando também.

 

— Grata. – Renesmee colocou as luvas, deixando o bar acompanhada de Seth.

 

— Ela realmente me fascina. – Damon suspirou.

 

— Não, se você ainda tiver dignidade. Ela apenas pisa em vós mi cê.

 

— Não me importo. Ainda possuirei aquele corpo, onde só o demônio ousou tocar.

 

Jared se benzeu inúmeras vezes, enquanto ambos riam. Tinha medo do demônio.