Não Pare a Chuva escrita por sheisbia


Capítulo 21
Capítulo 21 - Trying to get a little bit tipsy


Notas iniciais do capítulo

Tom continua narrando.



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TOM'S POV

Nicole estava triste desde aquela maldita ligação, obviamente ela tentava não demonstrar, mas, nos últimos dias ela parecia tão distante, nem "bom dia" ela conseguia dizer sorrindo de verdade. Ultimamente seus sorrisos tem sido bem falsos.

Pensando nisso, eu e Georg saímos em busca de algumas bebidas, afinal ele era o único entre nós que realmente poderia comprar. Tá, parece idiota tentar animar alguém com um pouco de álcool, mas já era hora de alguém fazer alguma coisa, certo? Além do mais, aquele era nosso último dia da viagem, por sinal, o mais ensolarado de todos — ironia?

Compramos bebidas cedo, saímos novamente e chegamos em casa ainda antes do sol se pôr. O combinado era ir embora apenas à noite, portanto ainda restava tempo suficiente para a diversão.

Todos estavam na sala, conversando, quando eu pedi a ajuda de Georg e fui para a cozinha. Em poucos instantes, voltamos com algumas garrafas em mãos. Curiosos, os outros sentaram-se em volta do balcão que havia entre a cozinha e sala. Georg colocava as garrafas de tequila e vodka na mesa enquanto eu pegava alguns copos.

— Isso é pra comemorar nosso último dia aqui? — perguntou Bill, encarando-nos confuso. — Estranho da sua parte.

— O que é isso? — perguntou Nin, apontando para as garrafas que eram colocadas sobre a mesa.

— É um coelhinho.

Ela fez uma careta levantou-se do banco, sem muito humor e eu segurei seu braço com força. Eu havia esquecido do quanto ela ficara irritantemente sensível naqueles últimos dias.

— Desculpa — sussurrei. — Senta aí.

Ela suspirou, rolou os olhos e sentou-se novamente.

Voilà! Em alguns instantes haviam alguns copos cheios sobre a mesa, eu encarei Nicole com um sorriso.

— O que é? — ela indagou. — Não vai beber?

— Não é pra mim, são pra vocês — me referi às meninas, empurrando levemente as bebidas para o outro lado.

Olívia soltou uma gargalhada e Julie falou em um tom baixo de voz:

— Eu não bebo.

— Bebe sim! — eu disse. — Se o seu irmão pode, você pode.

— Eu vou dirigir, babaca — Georg disse, erguendo uma sobrancelha.

— Detalhes.

Julie e Bill riram, mas Georg se manteve sério e confuso.

— Isso é alguma brincadeira? Por que comprou isso? — Nikky perguntou, me encarando séria.

— É um desafio — sorri.

— Patético.

Ela levantou-se novamente, mas quem a impediu dessa vez foi Penny:

— Ah, tenha um pouco de humor, Nin! Vamos fazer uma aposta!

— Não, obrigada.

— Mas...

— Eu aposto que você não aguenta mais de três copos — eu disse, fitando os olhos verdes e sérios de Nicole, enquanto os outros a encaravam a espera de uma resposta dela.

— E o que vamos apostar? — ela sorriu, interessada.

— O ganhador decide o prêmio.

Ela suspirou, provavelmente não acreditando que caíra nas minhas palavras manipuladoras e, segurando um dos copos, após sentir a bebida fortemente aromática, ela sorveu o conteúdo do copo de maneira rápida e pouco hesitante.

Não demorou muito para Penny e Olívia pegarem um copo e juntar-se ao que, futuramente, viraria um desastre. Julie, pelo contrário, parecia ter receio de beber e ficou apenas observando, mas isso até Olívia incentivar a pobre coitada — devo dizer, às vezes eu achava a Olívia um tanto amigável.

Julie cedeu, e no fim todos estavam se divertindo como era pra ser. O problema teve que partir da Nicole, é claro! O desafio continuou e ela bebeu muito mais do que havíamos apostado. Acho que perdi a conta, afinal nem estava prestando atenção na quantidade, e sim no quanto o humor dela havia mudado após algumas doses de álcool. Ah se eu soubesse disso antes!

O que mais me surpreendeu foi Julie, que tomando um pouco menos que Nin, parecia completamente entregue aos efeitos da bebida.

— Ei... Ei! — Julie pegou a garrafa que Bill tinha em mãos. — Essa é mi-nha!

Notando o estado da loira, Bill pegou a garrafa de volta e colocou-a longe. Julie o fuzilou com o olhar e tentou pegá-la novamente, sendo impedida por Bill.

— Já chega disso por hoje, tá bom? — Bill disse, forçando um sorriso assustador.

— Não! Eu gostei... Sai da minha... frente! Babaca! — ela tentou pegar a garrafa de novo, mas Bill a segurou e ela o encarou seriamente.

— Julie, que tal... — iria dizer Georg, se não fosse interrompido.

Julie fitou os olhos de Bill com a maior cara de criança chorona e se soltou dos braços dele, correndo até Georg e abraçando-o num pulo, o fazendo cambalear para trás. Julie, ainda com a voz embargada, começou seu discurso:

— Ele não gosta... de mim — disse, numa tentativa de choro. — Eu sou feia, Ge?!

— Mas é claro que...

A gargalhada totalmente escandalosa e empolgante de Nicole fez todos prestarem, por um segundo, atenção nela. Aquela risada era deliciosa e do tipo que faz a gente rir junto, não importa se o motivo em questão tenha graça ou não.

— Eu não quis dizer isso! — Bill disse, voltando as atenções para ele.

— Você é um bun... bun-dão! — Julie virou-se para ele. — Sabe quanto tempo faz que eu tô esperando você acordar... pra vida?! — Bill uniu a sobrancelha em sinal de confusão, acho que até pra isso era difícil perceber que ela se referia à uma atitude dele.

— Do que ela está falando? — Georg, fazendo seu papel de "segundo babaca" também não entendeu muito.

— Seus insen... insensíveis!

Nicole riu ainda mais.

— Julie, eu... — Bill aproximou-se, do outro lado do balcão. — Eu não quis dizer nada disso, tá bom?

— Então você gosta de mim?!

Julie abriu um sorriso enorme e pulou, tentando abraçar (lê-se: agarrar) Bill, mas havia se esquecido que existia um enorme balcão divindo-os. Bill a segurou, mas um ou dois copos não foram poupados e cairam no chão, quebrando-se. Georg fez uma cara de "vou ter que pagar por isso" enquanto Nicole ria e Julie tentava alcançar Bill.

Depois de muito tentar, ela conseguiu atravessar os cinquenta centímetros de largura do balcão e pular sobre Bill, beijando o rosto dele, que mudou de branco para vermelho num piscar de olhos.

— Espera! Julie!

Bill e Georg tentavam fazer com que ela desgrudasse dele, mas deu tão errado que ela caiu por cima de Bill e um beijo completamente inusitado aconteceu bem ali, com a irmã de Georg por cima de seu amigo — uma cena nada agradável aos olhos dele, eu acredito.

— Cara... ela vai estuprar o Bill! — gritou Nin, caindo na gargalhada em seguida.

Antes que a situação se tornasse mais embaraçosa, Olívia puxou Julie, segurando sua cintura e braços pra que ela não pudesse dar mais um show novamente e retirou ela de lá, a levando para o quarto enquanto a síndrome de Nin atacava nela, fazendo-a rir sem parar.

Do meu lado, a própria Nicole ria da situação.

— Qual a graça? — indaguei, observando o copo de bebida em suas mãos. — Você parece tão bêbada quanto ela.

— A graça e que... eu ganhei a aposta! Há! Eu escolho o prêmio né?

— Quem disse que você ganhou?

— Imbecil! Eu ganhei... E eu vou pensar com muuuuito cuidado!

Ela sorriu, bebendo o restante do que havia sobrado no copo. Notei os olhares frios de Georg, Bill e Penny sobre mim e me senti um completo idiota por ser o responsável por deixar aquelas duas bêbadas, eu juro, essa não era a intenção. E não, eu não estava nem um pouco a fim de abusar da situação.

— Acho que você também precisa ir pro quarto, que tal? — sugeri.

Adivinha o que eu ouvi como resposta? Risos.

Eu apoiei uma mão sobre suas costas e a levei até seu quarto. Se eu não estivesse perto dela, Nin teria caído no chão umas cinco vezes só no corredor. Sua mente parecia mais resistente que a de Julie quanto ao álcool, mas não seus sentidos, acho que ela nem ao menos enxergava direito.

Eu não acendi a luz do quarto, pois a janela estava aberta e ele estava bem iluminado, mesmo sendo fim de tarde. Ela deitou-se na cama com minha ajuda e me puxou pra cima dela, com aquele sorriso bobo no rosto. Suas bochechas estavam rubras e ela sorria o tempo todo, tem como ficar mais adorável?

— Pega mais um! Mais um copo de vodka pra mim! — ela sussurrou, segurando em meus ombros, me mantendo perto dela.

— Não.

— Mas eu tô com sede!

— Eu te trago água, se quiser.

— Água não me deixa feliz, imbecil!

— É porque sua felicidade não tá em uma bebida, sua idiota — eu passei lentamente as mãos sobre o seu cabelo e ela fechou os olhos, sorrindo fraco.

Ela levantou um pouco, ficando sentada sobre a cama, como eu estava.

— Tom... O que é um astrólogo andando de cavalo?

— Eu não sei.

— Um cavaleiro do zodíaco!

Nikky riu descontroladamente e só parou depois de longos minutos. Incomodada com o silêncio, colocou suas mãos sobre meu ombro e jogou seu corpo pra frente, ficando à centímetros de distância, quando achei que ela iria aproximar os seus lábios também, a idiota soprou no meu rosto e começou a gargalhar novamente. Eu suspirei, cansado, foi divertido vê-la naquela estado, mas estava começando a ficar entediante.

Ela começou a vasculhar pelos bolsos da minha calça enquanto eu observava a hora no relógio. Quando voltei meus olhos pra ela, havia um cigarro entre seus lábios e um isqueiro na outra mão, tentando acendê-lo.

— VOCÊ BEBEU?!— puxei os dois de suas mãos e ela riu.

— Só um pouquinho — ela mordeu o lábio, não havia perdido seu sarcasmo único. — Por que eu não posso?

— Porque dar um isqueiro na mão de alguém num estado deplorável como o seu é pedir para morrer queimado.

Ela cerrou os olhos, brava.

— Você é um cretino, sabia?! Perdi... a vontade!

Eu sorri.

— Vontade de quê?

Ela não respondeu, repousou a cabeça sobre meus ombros e, dentro de alguns segundos, pegou no sono. Já era hora de ir embora e se despedir daquela casa. Fiquei apenas pensando no que a mãe de Nicole pensaria ao vê-la assim. De qualquer forma, seria melhor se ela voltasse para casa logo. Eu peguei-a no colo e carreguei até o carro de Bill.

— Ela tá bem? — perguntou Penny, surgindo ao lado do carro.

— Vai ficar — respondi. — E a Julie?

— Também dormiu. E o Georg já não tá mais querendo matar o seu irmão, o que é um bom sinal.

— Realmente — sorri.

— Eu conversei com ele e acho que vou voltar no carro deles, tudo bem pra vocês?

— Claro.

— Então até mais.

Ela sorriu e voltou para dentro da casa, afinal, faltava colocar suas malas no carro para poderem partir, ao contrário de nós que já estávamos prontos. Exceto pelo Bill, que demorou horas para se despedir de... Sabe-se lá do que ele estava se despedindo.

Finalmente o carro saiu do lugar e nós abandonamos nosso lar de férias por uma semana. A estrada estava vazia, portanto voltamos tranquilamente para casa ao som de Panic! At the disco, "The Ballad of Mona Lisa" e outras músicas como Kings of Leon, "On call". Nicole dormiu durante as poucas horas de viagem, acordou apenas uma vez, ainda sob o efeito da bebida e reclamando que estava com fome e frio. Lá se foi mais uma blusa que eu empresto à ela, fora o dinheiro que gastei com biscoitos que ela não comeu porque disse que estava passando mal. É, faltou paciência, mas cuidei daquela incapaz até depois de chegarmos na casa dela. Nicole estava dormindo, portanto eu iria dizer para sua mãe que ela havia pegado no sono no meio do caminho e depois ela iria se virar sozinha.

Eu saí do carro e peguei-a no colo, enquanto Bill ia para nossa casa, afinal era bem perto. As malas também iriam pra lá e ela pegaria amanhã, afinal já tinha gastado esforço demais com ela. Notei, antes de tocar a campainha — com a maior dificuldade do mundo — que haviam dois carros estacionados na frente da casa. Um era de Lauren o outro eu não conhecia. Também haviam barulhos vindo de dentro da casa, conversas altas.

Quando finalmente a porta foi aberta, Lauren, a mãe dela, tomou um susto ao vê-la assim nos meus braços. No mínimo pensou que estava morta! Eu a tranquilizei rápido, contando aquelas mentiras e me oferecendo para levá-la até o quarto dela. Ao entrar na sala, senti o ódio tomar conta de mim de uma maneira inexplicável. Havia outra pessoa além de Lauren lá: Frank, o pai dela.


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