- Eu ainda gosto de você!

Não sei o que me deu mas eu comecei a rir na cara dele.

- Você. ainda.gosta.de.mim?

- Gosto - disse, se aproximando de mim

- Dylan, vai pro inferninho, da onde você não devia ter saido. E se afasta de mim - falei o empurrando

- Por que não acredita em mim Ju?

- Quer mesmo que eu responda?

- Quero. Me fala

- Por que você é um babaca, galinha, não vale o chão que pisa. Me fez gostar pra valer de você, eu te amava e você foi embora me deixando sozinha, sem mais nem menos, não disse nem tchau. Eu esperava mais de você e além de ter me entrgado pra você em meus plenos 15 anos, você sumiu! E agora vem me perguntando por que não acredito em você? Me poupe Dylan! - falei tudo que tava entalado na minha garganta, e sai andando, o deixando com cara de taxo.

Voltei pra sala, contei o que houve pra Dé. Só faltava ela ir lá no Dylan só pra rir na cara dele. Eu lá contando pra ela e ela rindo do que eu falei pra ele. Só a Dé mesmo, minha amiga. Tinha que ter disturbio mental, tinha.

Tocou o sinal do termino das aulas e eu tava doidinha pra ir pra minha casinha queria e aconchegante mas me lembrei que tinha detenção. Aquele velho, barrigudo, que mais parece o Leôncio no Pica-pau! Isso, ele é o Leôncio do Pica-pau.

AH se eu tivesse um martelo gigante, do jeito que ele é baixinho eu martelava ele no chão e puf! tchau Jorge.

Fui pra sala de detenção e vi Maria, ela que ficava com a gente na sala. Agora me expliquem: Por que existe detenção se, a mulher que fica com a gente é uma velha caquética com 80 anos na cara, que dorme mais do que cuida da gente?

Se desse eu bem que fugiria agora, mas é bem provavel que o Leôncio, Jorge pra quem ainda não sabe o apelido novo dele, esteja na porta, prevendo minha fuga.

Sentei-me na última cadeira, bem longe de Maria, não tava afim de ouvir o ronco dela. Peguei meu mp e coloquei o fone no ouvido, abaixei a cabeça e tava quase cochilando quando senti um cutucão. Caralho, sempre um cutucão, será que não podiam inovar o modo como me chamavam? Que saco!

Levantei a cabeça preparando meu punho pra dar um soco na criatura do cutucão, quando me deparei meu olhos com um tom azul.. vou resumir em uma palavra.. perfeito!

Só sei que meu punho se disfez e minha boca se abriu num O bem redondo o que rendeu um risinho. Ein? Risinho?

Percebi que tava parecendo uma tapada olhando pra cara daquele garoto e com toda a certeza ele estava pensando 'Que que essa garota maluca tá fazendo olahndo pra mim desse jeito?'

Fechei minha boca e abaixei minha cabeça.

- Oi. - que voz! DEUS

- Oi - falei, levantando a cabeça de novo

- Por que você tá aqui?

- Detenção. Dã - disse, apontando pra Maria.

Olhei eu mesma pra Maria, porque o garoto riu da minha cara do tipo 'Ahn tapada'

Maria estava dormindo, roncando mais alto do que imaginava. Eu que tava com o fone nem tava ouvindo, então nem tinha reparado que eu, SÓ EU, estava naquela sala.

- Ah tá de sacanagem? - falei, pegando minha mochila e andando até a porta - Valeu, me salvo

- De nada. - disse, sorrindo. PQP que sorriso é esse? Ou melhor, da onde surgiu aquele SER que Deus capirchou quando criou? - Espera

- Que?

- Você não é a Juliana Massari? - AH! eu infarto agora ou depois? Depois, ele ta aqui! Lezada

- S-Sou . - gaguejar agora não Juliana

- Vem comigo - falou, puxando minha mão

Agora que eu meio que voltei a realidade, como eu não o conheço? Estudo aqui há um booom tempo e nunca o tinha visto. Bizonho!

- Qual o seu nome?

- Sandro .- Definitivamente eu não o conheço. Não lembro de ter visto nem ouvido falar de nenhum Sandro.

- Você é novo aqui? - perguntei. Ele ainda me puxava, me levando pro fundo da escola. Ninguém vai lá, só se quiserem fazer algo mais. (leia-se: Sexo). Isso mesmo, meu colegio tinha local pra isso. Na verdade foi eu que descobri. Eu avisei que eu era conhecida naquela escola. Alguma merda foi feita? Eu tô no meio.

Sabe não gosto muito dessa fama, mas fazer o que, eu procurei por ela não foi? Acho que faço isso pra chamar atenção, desde que meu pai morreu, eu não fui a mesma, só tenho dado prejuizo quando você diz.. 'Juliana é uma santa', 'Juliana é a garota mais comportada que eu conheci'. Eu gosto do que sou, pelo menos não fico imitando ninguém, nem mudando o que eu sou pra agradar ninguém.

Sandro me levou até lá e olhou pra cima do mudo. Ele tava mesmo tentando fazer o que eu tô pensando?

- Ahn, Sandro .. - o chamei

- Oi? - falou ainda olhando o muro..É, ele vai fazer oq eu eu to pensando

- Não é mais fácil sairmos pela porta principal?

- Não.

- Por que não?

- Olha, eu sei que o Jorge te percegue, e ele tava no portão. Não saiu de lá em nenhum momento. Se te vir saindo.. - ele tava me salvando do Jorge?

- Mas.. Como você sabe que ele me persegue? E vejamos, eu te conheci só agora, então..

- Olha Ju.. Depois eu te explico tá? Vai querer ou não sair daqui? - estendeu sua mão e eu o fitei confusa.

O que ele tava querendo dizer? Ele me conhecia?

Dei-lhe minha mão e ele me impulsionou pra cima, agarrei o muro e com dificuldade consegui subir, me sentei no muro olhando pra baixo, do outro lado. Lehal, eu tô aqui em cima e agora como eu saio?

- Sandro? Como eu saio daqui?! - o olhei com receio

- Pula

- Tá maluco? Quer que eu quebre a perna? - ele me olhava, parecia que me avaliava. Tenso!

- Calma, eu vou subir

- Mas como .. - quando percebi ele estava sentado ao meu lado - Você é primo do homem- aranha garoto?

- Tá pronta? - perguntou, ainda rindo da minha pergunta

- Acho que sim.

- Não vou deixar você cair.

- Eu agradeço

Ele se pendurou no muro e pegou minha mão, me equilibrando no muro me segurei nele e ele me pendurou pelo muro, ficando com metade do corpo de cada lado do muro.

- Posso te soltar?

- Pode

Quando ele me soltou, eu cai sentada no chão, mas não me machuquei. Cai em cima da minha mochila que amorteceu minha queda. Eu estava a centimetros do chão e consegui cair de bunda. Eu sou um gênio.

Sandro puloi do muro parando em pé ao meu lado.

- Obrigada.

- Tudo bem. Sempre que precisar.

- Acho que vou precisar por duas semanas - CALADA JULIANA

- Duas semanas? - olhei pra ele fazendo uma careta, ele riu

- Poisé. Só por causa de uma resposta sem ignorancia nenhuma - ele sorriu pra mim. Já tava me sentindo uma palhaça ali com ele, qualquer coisa que eu falava ele ria.

- Tudo bem, vou adorar te ajudar nessas duas semanas

- Okeey! Então, obrigada de novo, mas eu tenho que ir

- Tá. Tchau - se despediu me dando um beijo na bochecha

- Tc- tchau

Cheguei em casa ainda em choque com que tinha acontecido. Qual é, um garoto gato, que eu nunca tinha visto na vida, aparece pra me salvar da detenção, fala que adoraria me ajudar nessas duas semanas e ainda me dá um beijo na bochecha? Ah isso não é real!

Acho que essa detenção veio em uma boa hora.