The Clock. escrita por AnaBonagamba


Capítulo 6
Christmas loved.




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Tom tinha ficado acordado até tarde a estudar, e para minha grande surpresa, quando acordei, ele ainda estava a dormir. Seria de esperar que isto fosse normal, mas até hoje nunca o vira dormir até tarde, apesar de esta não ser a sua primeira noitada.

Decidi aproveitar o tempo extra e tomar um bom banho, por isso, abri a torneira da banheira e coloquei alguns dos sais de banho, que a simpática senhora do pronto-a-vestir me tinha oferecido, e que ainda não havia tido oportunidade de experimentar.

Fiquei deliciada com o efeito dos sais, uma espuma azul clarinha surgiu na superfície da água, criando uma camada tão sólida que, simplesmente não se conseguia ver o fundo da banheira, e exalava um cheiro a baunilha que depressa se espalhou pela divisão.

Entrei, e inspirei fundo, ligando depois o rádio numa música suave para criar um clima mais calmo, e fechei os olhos. Depressa a minha mente voltou ao tema que me atormentava desde que Dumbledor me havia respondido, tinha enviado o relógio na manhã seguinte, junto com uma carta expressando os meus agradecimentos, e a promessa de não alterar a História, mas aquela vozinha que eu cada vez mais odiava, perguntava-me incessantemente se era isso que queria.

Lord Voldemort tinha-me custado muita coisa, amigos… um irmão… tinha destruído tantas pessoas, tantas vidas, e aqui estava eu, junto a ele como se não fosse nada, convivendo com ele como se fossemos… amigos.

Se eu mata-se Lord Voldemort, o futuro não seria o mesmo, eu talvez nunca tivesse conhecido Harry, podia mesmo nunca chegar a nascer, mas seria um mundo melhor, uma vida por um mundo diferente.

Este tema, apesar de muito importante, não combinava com as bolas de sabão que flutuavam pela casa de banho, o aroma a baunilha, e uma cabeça acabada de acordar, por isso apenas me lembro de ponderar a hipótese de matar Lord Voldemort, e de repente estar sentada com o mesmo a segurar-me numa posição sentada enquanto lutava para libertar os meus pulmões da água que me impedia de respirar devidamente.

- Ginny! Estas bem? Já passou ok? – Dizia Tom dando-me pancadinhas nas costas. – Já passou e vais ficar bem.

Estava a tentar normalizar a minha respiração quando ele se levantou e me puxou contra si, uma atitude que me teria feito parar de respirar com a surpresa, provocou antes um ataque de tosse incontrolável, que fez com que Tom tivesse de me agarrar com força para eu não cair na banheira.

Abracei-me a ele, tossindo contra o seu ombro, enquanto ele acabava de enrolar a toalha à minha volta. Então apercebi-me, tinha-me deixado dormir, toda aquela ambiente e baunilha tinham-me feito adormecer e logo escorregar para dentro de água.

Afastei-me dele assustada, e tentei sair da banheira, acabando por me desequilibrar e voltar a abraçar Tom para não cair.

Ele deu uma gargalhada e seguro-me novamente. – Calma Ginny, já estás a salvo. – Pego-me ao colo e levo-me até ao quarto, olhei para ele, e conseguia ver um claro tom avermelhado nas suas bochechas, o que me fez rir interiormente.

Colocou-me na minha cama, e foi sentar-se na sua a olhar para mim. – Agora explica-me o que te passou pela cabeça para te deixares dormir na banheira, podias ter morrido Ginevra.

Senti a toalha a abrir nas minhas costas, e tentei compô-la melhor. – Parece que é muito cedo para tomar banhos de emersão, e junto com toda aquela baunilha… não foi uma boa combinação…

- Não tens ideia do susto que me pregaste, acordei e o quarto tresandava a baunilha, calculei que tivesses a tomar banho, bati à porta para perguntar se estavas demorada, mas não me respondias. – Tom olhou para mim com uma sobrancelha levantada. – Então ouvi a água a cair no chão, e percebi o que aconteceu.

Enquanto ele falava, eu inspeccionava-o, a manga direita estava ensopada, por ter mergulhado o braço na água para me puxar para cima, bem como os ombros onde eu me tinha apoiado para não cair.

- Desculpa ter-te assustado. – Disse baixando os olhos para os seus sapatos impecavelmente pretos. – Tudo bem. Deixa-me só ir despejar a banheira. – Levantou-se e ouviu pronunciar um feitiço para fazer a água desaparecer do chão, que supus estar inundado. Quando voltou troce-me a minha varinha, e esperou que eu a aceita-se. – Foi uma maneira emocionante de começar a véspera de Natal.

Sorri, e apontei-lhe a varinha. Mata-o. Murmurei um feitiço que lhe secou as roupas, eliminando os vestígios do acontecimento "emocionante" como ele lhe tinha chamado. – Obrigada por me salvares a vida Tom. – Disse com um sorriso, e levantei-me, pronta para me secar e vestir.

Tom aproximou-se de repente, colocou uma mão na minha cintura e outra no meu pescoço, puxando-me para ele, inclinou a cabeça para a curva do meu pescoço e inspirou profundamente. – A propósito, adoro baunilha.

Tão depressa como me agarrou também me largou e desceu as escadas, deixando-me paralisada entre as camas, a fintar o primeiro degrau. Levei a mão ao sítio onde a respiração dele me tinha tocado. – O que raio foi isto! Atracção Ginny! Só pode, tem cuidado que ele cria facilmente uma obsessão… e tu vives com ele… silenciei a voz antes que pudesse dizer mais alguma coisa e fui buscar a roupa.

Tom estava sentado na cozinha com um menino ao colo, não deveria de ter mais de cinco anos, e estava concentrado a mostrar a Tom, como conseguia contar sem esquecer nenhum número.

Mr. Borgin estava sentado a ler o jornal, enquanto uma senhora ruiva, Mrs. Borgin, rodopiava pela cozinha a preparar o pequeno-almoço. Sentei-me ao lado de Tom, sem o olhar, dando demasiada atenção ao prato com efeitos florais à minha frente.

- Queres ser minha namorada?

- Ham? – Olhei para a criança no colo de Tom, que voltou a perguntar com um ar muito serio. – Queres ser minha namorada. – Fintei Tom que estava com um ar divertido.

- Oh querido… - Disse Mrs. Borgin. – A Ginny já tem namorado. – Abri a boca para responder, mas fui interrompida. – Quem? – Perguntou com os olhos a encherem-se de lágrimas. – O Tom. - Foi o suficiente para o choro começar.

Tom tentava manter a criança equilibrava no colo, enquanto este esperneava e tentava ir para o chão.

- Dimus! Acalma-te! – Dizia a mãe, sem largar o que estava a fazer.

Com algum esforço puxei-o para o meu colo. – Dimus, tem calma, eu não sou a namorada do Tom. – Peguei no meu guardanapo e sequei-lhe as lágrimas. – Não sou a namorada do Tom esta bem? Ele é só meu amigo.

Dimus riu e abraçou-me. – Ele é o meu irmão mais velho, quando cá estou cuida de mim!

- A sério? Ele é mais ao menos o mesmo para mim! – Respondi-lhe e Mrs. Borgin disse num murmúrio bastante audível para o marido. – Não me tinhas dito que eles já andavam juntos?

- Pensava que sim…

- Isso quer dizer que podes ser minha namorada? – Perguntou com os olhos cheios de esperança. – Claro! – Respondi, e dei-lhe um beijo estalado na bochecha.

Passei a manhã na cozinha a conversar com Dimus, ouvindo com atenção a descrição dos seus amigos, e o porque do seu cão se chamar Lancelot.

Tom também a passou na cozinha, porque foi obrigado a isso por Mrs. Borgin, que lhe disse que não iria tolerar estudos na véspera de Natal, e o fez ler as palavras cruzadas para que ela pudesse responder.

Almoçamos, e ela deu-nos um saquinho com dinheiro para irmos comprar uma prenda para o marido, ao que parece Mr. Borgin adorava receber presentes. Paramos primeiro num café para beber algo enquanto discutíamos o que oferecer, enquanto Dimus desfazia um guardanapo.

Tom falava normalmente comigo, como se o que ele fizera de manhã não tivesse tido importância. Levei algum tempo a controlar os meus pensamentos, mas quando saímos em direcção da loja de ingredientes para poções, para comprar um estojo de cabedal com Todos os Ingredientes que um Feiticeiro com Sucesso Deveria ter, também deixei de dar importância ao sucedido. Depois seguimos para a loja de animais mágicos para comprar uma pequena coruja para Dimus que estava a fazer uma birra.

A criança estava eléctrico, por isso decidimos leva-lo até a um pequeno descampado, para que ele me pudesse brincar com a pequena ave. Tom e eu sentamo-nos numa pedra e olhávamos para Dimus em silêncio, e a conhecida tensão começou a cair sobre nós de novo.

Inspirei fundo quando de repente uma mancha castanha passou rente à minha cabeça, assustando-me ao ponto de me fazer desequilibrar e cair, puxando Tom comigo.

Dimus ria descontroladamente, mas eu não tinha a mínima vontade de o fazer, estava a ser esborrachada pelo peso de Tom, e estava a usar toda a minha força para o afastar e deixar-me respirar propriamente. Ele colocou um braço de cada lado da minha cabeça e olhou para mim. – Não era necessário teres-me puxado. – Disse com um sorriso dando-me espaço para me levantar também do chão coberto de neve. Infelizmente para nós, Dimus saltou para as costas de Tom, resultando na colisão do queixo dele com a minha cabeça, e um Dimus 100% descontrolado

Meia hora depois, Dimus caminhava feliz no meio de nós os dois, com a sua coruja ao ombro. Tom levava a gaiola, e eu a prenda de Mr. Borgin, e quando finalmente chegamos à loja, já tinha anoitecido.

Mrs. Borgin fez o jantar, e passamos o resto da noite antes de ir para a cama na sala de estar da família, com Tom a ler um livro enquanto Mr. Borgin tagarelava com ele, e eu a ter uma conversa de mulher com Mrs. Borgin, algo que de certa maneira sentia muito a falta.

Eventualmente, eu e Tom subimos para o sótão, mudei de roupa atrás do biombo e fui encostar-me à janela, observando a neve que começara a cair. Ele saiu do banheiro e colocou a mão na parede ao lado da minha cabeça, fazendo-me respirar fundo. – É bonito não é?

- Tom… - Ele estava iluminado pela luz alaranjada do candeeiro da rua, o que lhe dava uma aparecia diferente. Tom inclinou-se na minha direcção, e encostou a cabeça à minha – Sim? – Perguntou num tom baixo.

Não lhe respondi, e ele não perguntou de novo, limitamo-nos a ficar assim durante muito tempo.


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