Acordei, com barulho na sala. A Rose já devia ter chegado. Deixei-me ficar mais um bocado na cama. Ainda sentia os olhos a pesar. Passado uns minutos, decidi levantar-me. Levantei-me com cuidado e fui até à casa de banho, primeiro. Depois, dirigi-me até à sala, onde estavam
a Esme e a Rose a brincarem com a Liv, a Amy e o Ray. Sentei-me no sofá, visto que me custava estar em pé.

- Bom dia! – Disse, ainda ninguém tinha visto que eu estava na sala.

- Bom dia! – Disseram eles.

- Mamã, estás melhor? – Perguntou a Liv carinhosamente, vindo ter comigo.

- Sim, querida. E tu, dormiste bem?

- Dormi. – Disse ela sorrindo.

- E o que estão a fazer? – Perguntei curiosa.

- A jogar a um jogo e a avó trouxe. Eu estou a jogar com a avó. – Disse ela sorrindo.

- Então vai lá, jogar. – Disse dando-lhe um beijo na bochecha. Ela também me deu um e depois voltou para o colo da avó. O resto do dia passou-se tranquilamente. O Jasper e o Emmet voltaram por volta das cinco e por volta das seis, a Esme, a Rose e o Emmet foram-se embora com a Amy e o Ray. Já estava a ficar um pouco farta de ficar em casa. Não é que eu não gostasse de passar os dias com a minha família, eu adorava, mas eu não fazia nada. Qualquer coisa que eu fizesse, vinha as dores. Tinha a parte aleijada do corpo ainda um pouco negra e a costela doía-me muito, ainda. Queria que isto passasse num instante.

As duas semanas seguintes, passaram-se num instante. A meio da segunda semana, a Rose deixou-me ir trabalhar mas só me deixava estar sentada a atender na caixa. Era melhor do que estar em casa sem fazer nada. Já estava de cinco meses e o Will era um pouco irrequieto, então se
tocassem na minha barriga, ele adorava mostrar que estava ali. Adorava mexer-se quando alguém acariciava a minha barriga. Eu adorava senti-lo, adorava saber que ele estava ali. Hoje, era Sábado. Acordei, a sentir o Will a mexer-se. De certeza, que o Jasper estava a acariciar a minha barriga. Ele fazia sempre isso todas as manhãs.

- Bom dia. – Disse ainda de olhos fechados e sorrindo.

- Bom dia, amor. – Senti-o dar-me um beijo leve nos lábios. Abri os olhos lentamente e vi os seus lindos olhos verdes a encararem-me. Ele continuava a acariciar a minha barriga e continuava a sentir o Will a remexer-se dentro da minha barriga. – Parabéns! – Disse ele. Parabéns? Mas porquê? Olhei para ele, interrogativa. – Só podes estar a brincar. – Disse ele divertido.

- O que foi? Não estou a perceber nada. – Disse-lhe.

- Alice, não acredito que não te lembras que hoje fazes anos. – Disse ele rindo.

- Ahh, pois é. – Disse. Hoje, era o meu dia de anos. Depois de me ir embora para Seattle, nunca mais dei importância ao meu dia de anos e depois com os problemas todos, também não. Há muito tempo que
não sentia a felicidade de fazer anos.

- Só mesmo tu para não te lembrares do teu dia de anos, Alice. – Comentou o Jasper continuando a rir.

- O que tem? Depois de ir para Seattle, nunca mais comemorei os meus anos. Acabei por não dar importância e esquecer. – Expliquei-me. Ele não disse nada e continuou a acariciar-me a barriga.

- Vamos despachar, para ir para casa da minha mãe. Ela quer que passemos lá o dia. – Disse o Jasper sorrindo. Levantei-me e fui até à casa de banho. Tomei um banho rápido e vesti algo simples e confortável. Já não havia muita roupa que me servisse. O Jasper foi ajudar as meninas a vestir-se.

- Parabéns, mamã! – Disse a Amber vindo ter comigo à sala. Já estava na sala à espera deles.

- Obrigada, princesinha. – Agradeci, beijando a sua bochecha. Depois veio a Liv a correr nos seus passinhos apressados e pequeninos e saltou para o meu colo. Apanhei-a para ela não chocar com a minha barriga.

- Mamã! Parabéns! – Disse ela sorridente.

- Obrigada, amor. – Disse beijando a sua bochecha rechonchuda.

- Liv, não podes saltar assim para o colo da mamã. A mamã está grávida, podias aleijar o Will. – Repreendeu a Amber. A Liv olhou triste para a irmã e depois para mim. De seguida abraçou-me fortemente.

- Desculpa mamã e Will. Não queria magoar nenhum de vocês. – Disse ela dando uma festinha na minha barriga.

- Não faz mal, amor. Sei que não fizeste por mal, querida. – Disse acariciando a sua bochecha. Ela sorriu um pouco para mim e voltou a abraçar-me. Ficámos um pouco à espera do Jasper e quando ele se despachou, fomos todos para casa da Esme. Já só faltávamos nós. Entrámos em casa da Esme e a Amber e a Liv foram logo brincar com a Amy e o Ray.

- Parabéns, Alice! – Disse a Esme abraçando-me.

- Obrigada, Esme. – Agradeci. Entrei na sala e estavam lá todos, menos as crianças. Cumprimentei todos e todos me deram os parabéns. Há muito tempo que alguém me dava os parabéns, que eu comemorava
este dia. Acabei por me sentar ao pé da Bella e da Rose. A Bella estava com o Anthony ao colo. Ela estava cada vez maior e cada vez mais parecido ao Edward. Era a cara chapadinha dele.

- Como é que tem estado o Anthony? – Perguntei.

- Bem. Ele é sossegadinho, gosta de dormir. – Disse a Bella sorrindo.

- Tens sorte. A Amber também era assim, mas a Liv já é uma história completamente diferente. – Disse rindo. Elas também se riram.

- O Ray gostava de acordar de madrugada para comer e olhem que isso durou até ao um ano e meio. Depois tivemos que lhe dar de comer mais tarde para ele não acordar de madrugada porque eu e o Emmet
ficámos estafados. Mal dormíamos.

- E o Will? Como está? – Perguntou a Bella.

- Está bom. Passa a vida a mexer-se. Eu adoro isso. – Disse sorrindo. – Estou ansiosa que ele nasça. Quero ver como é que ele é.

Continuámos a conversar e depois fomos almoçar. À tarde as crianças quiseram ir ao parque. Eu não gostei da ideia. Depois do que me aconteceu, nunca mais fui ao parque. Tinha tanto medo que ela voltasse lá e fizesse algo de mal à minha família.

- Jasper, porque é que não brincam ali no jardim? – Perguntei-lhe baixinho só para ele ouvir.

- Alice, eles adoram brincar juntos no parque. Aqui no jardim não é a mesma coisa. Vai ser rápido.

- Mas… e se acontecer alguma coisa? – Perguntei lembrando-me do que aconteceu a última vez que fui ao parque. Eu tinha tanto medo do que a Maria pudesse fazer.

- Não vai acontecer nada. Estou lá eu, o Edward, o Emmet e o Carlisle e se vocês vierem ainda somos mais. Não vai acontecer nada, com todos lá. Vem connosco. – Pediu ele. Eu queria dizer que sim, mas eu não conseguia. Eu não conseguia voltar ao parque, pelo menos quando a Maria ainda estivesse por aí. A polícia continua a investigar mas não conseguem descobrir onde ela vive. Eles já têm algumas coisas para a incriminar e algumas pessoas viram que ela me empurrou.

- Não consigo, Jasper. Desculpa, mas não consigo. – Disse-lhe, saindo para do pé dele. Fui até à casa de banho e tranquei-me. Aí, deixei-me cair em fraqueza. Eu não queria que isto acontecesse. Não queria começar a não conseguir fazer coisas com as minhas filhas e com o Jasper. O medo falava mais alto do que a vontade de ir com eles. Eu queria tanto estar com eles, principalmente, hoje. Mas eu não conseguia. Eu iria estar nervosa e cheia de medo no parque, eu não conseguiria divertir-me. As lágrimas não paravam. Eu queria parar de chorar. Eu não queria que a Maria tivesse este impacto na minha vida, não queria que ela conseguisse provocar estes sentimentos em mim.

- Alice! – Ouvi o Jasper a chamar. Não respondi. Ele iria perceber que eu estava a chorar e eu não queria isso. - Alice, por favor, abre a porta. – Voltei a não responder. Ouvi que mais alguém estava atrás da porta.

- Jasper, vai com a Amber e a Liv ao parque, eu fico com ela. – Ouvi a Rose a dizer.

- Mas…

- Jasper, as tuas filhas estão à espera. A Alice não vai querer que tu vejas como ela se sente em relação à Maria, ela não quer preocupar-te. Vai, eu falo com ela. Depois ligo-te. – Explicou a Rose. A Rose sempre soube o que eu estava a sentir.

- Promete.

- Jasper, prometo que depois ligo-te. Agora, vai. Estão todos à tua espera.

- Está bem. – Disse ele vencido. Percebi que ele estava contrariado e não queria sair dali, até eu destrancar-me da casa de banho. Ouvi os seus paços a afastarem-se.

- Alice, só estou cá eu, por favor abre a porta. – Pediu ela preocupada. Limpei as lágrimas que ainda escorriam e decidi destrancar-me. Precisava de sentir-me segura. Precisava de sentir que tinha alguém. – Alice… - Disse aliviada. Ela abraçou-me e aconchegou-me no seu abraço. – Anda, vamos para o quarto. – Disse ela. Não disse nada.  Apenas a segui até ao quarto dela. No quarto dela, deitei-me na cama e encolhi-me. A sensação de medo ainda não tinha desaparecido. A Rose deitou-se de frente para mim.

- O que se passa, Alice? – Perguntou ela preocupada. Demorei a responder. Queria encontrar as palavras para falar mas estava um pouco difícil.

- Estou com medo do que a Maria possa fazer. – Respondi. – Da última vez que fui ao parque, ela estava lá. Eu não quero que ela magoe mais ninguém. – Expliquei.

- Alice, ela não se vai arriscar a magoar mais alguém, enquanto estão todos juntos. Se tu reparares, ela apenas ataca quando as pessoas estão sozinhas, quando não se conseguem proteger. – Ela tinha razão mas eu tinha medo à mesma. A Maria era louca.

- Eu não queria que isto acontecesse. – Desabafei.

- O quê, Alice?

- Ela fazer com que eu não consiga levar as minhas filhas e estar com o Jasper num sítio publico, ou no parque. Não consigo estar com eles sem estar com medo que ela apareça e lhes faça algo. Eu não queria isso. Eu quero estar com as minhas filhas e com o Jasper, mas o medo fala mais alto.

- Alice, eu compreendo. O que aconteceu, ainda é muito recente. É normal teres medo, mas vais conseguir controlá-lo. Com o tempo vais. E podes estar com as tuas filhas e com o Jasper, eu casa, ou aqui. Eles não vão deixar de te amar e de querer estar contigo, por causa do teu medo.

- Eu tenho medo de me afastar. – Disse por fim.

- Alice, não podes deixar que o medo consiga fazer isso. Arranja outras maneiras de estar com elas e com o Jasper. Mas não podes deixar que o medo vença. Eu estou aqui para te ajudar, está bem? Mas não fiques assim. – Disse ela com um olhar triste.

- Está bem. Obrigada Rose. Por tudo. – Disse abraçando-a. Ela também me abraçou.

- Porque é que agora, não descansas um pouco. Quando eles voltarem, devem querer ir para a piscina, o Verão está a voltar. – Disse ela sorrindo um pouco. Eu estava um pouco cansada, e doía-me as costas.

- Está bem. – Disse sorrindo fraco. Ela foi buscar uma manta e pô-la em cima de mim.

- Vou só ligar a Jasper, a dizer que está tudo bem contigo, já volto. – Informou-me ela.

- Está bem. – Respondi já a caminhar para um sono profundo. Estava mais cansada do que eu estava a pensar. Adormeci num instante.