The Ghost Of You

Por:

Rain & Shermie

Projeto paralelo à fic Endless Sorrow

“Nunca disse

Que deitaria e esperaria para sempre

Se eu morresse ficaríamos juntos agora

Eu não posso simplesmente esquecê-la

Mas ela poderia tentar”

Apreensão, desespero e dor.

Eram apenas algumas poucas coisas que eu estava sentindo. Eu sentia a presença tímida e fraca de Sakura. Ela estava tão gélida, seus olhos opacos, sua pele pálida... Apenas seus cabelos ainda continham um pouco de vida, mas esta se extinguia aos poucos. Ela estava fraca, não aguentaria por muito tempo, eu sabia.

Por mais que eu tentasse não acreditar, era impossível. Qualquer que a visse naquele estado diria que ela não sobreviveria mais que alguns minutos. Ela lutava, era admirável! Ela ainda tinha forças, enquanto eu chorava e não conseguia sequer fazê-la acreditar que sobreviveria. Eu sou um fraco, um covarde!

-Quero que cuide bem dele. -ela disse, num fio de voz. Ela também não acreditava.

Toda minha esperança se foi. Não havia mais motivos para viver... Ela não podia me deixar! Ela não podia nos deixar! Daiki precisava dela... Não pude acreditar naquelas palavras. Espero ter entendido mal.

-Como...?

-Sasuke, sabemos que não vou sobreviver.

Não! Ela não podia... Eu sabia que isso no que eu estava me apoiando era uma mentira. Ela estava tão debilitada... Algo dentro de mim sabia que aquilo que eu tentava fazê-la acreditar era uma mentira... Eu sabia...

Mas o desespero era maior. Eu não me imaginava sem ela! Tinha medo de deixar o tempo correr... Queria pará-lo ali mesmo. Voltar no tempo... Mas lágrimas, caíram de meus olhos.

-Como pode ser tão otimista?! Você não vai morrer! Eu... Eu não vou permitir! -parei sem ar. -Eu te proíbo de me deixar!

Quando terminei de falar, a fitei. Ela também chorava. Eu sentia ela não queria morrer, ela apenas não acreditava, assim como uma pequena parte de mim...

...Aquela parte que eu queria exterminar...

“No fim do mundo

Ou na última coisa que vejo

Você nunca voltará para casa

Nunca voltará para casa

Eu poderia? Eu deveria?

E todas as coisas que você nunca me disse

E todos os sorrisos que sempre sempre...”

Me desesperei. Não podia, não deveria... Jamais conseguiria vê-la daquele jeito, eu precisava... Eu desejava com toda minha alma ir no lugar dela.

-Sasuke ...E-Eu te amo...

Ela estava se despedindo?! Não, ela não podia! Aquela parte de mim, não acreditava que ela sobreviveria, mas eu acreditava! Com toda a minha alma!

-Sakura, olhe para mim -pedi, pegando seu rosto gélido e pálido entre minhas mãos -, eu te amo, sabia? E, por isso, eu e nosso filho não podemos te deixar ir.

Respirei fundo, antes de continuar.

-Pois ele precisava de você... Merda... Eu preciso de você!

Ela fechou os olhos, mas os abriu em seguida.

-Eu sei, mas...

Virei o rosto e desviei o olhar.

-Me deixe ir com você!

Ela sorriu.

-Ainda não é sua hora... -disse, sem esperança -Apenas me beije, Sasuke.

Se aquele era o fim dela, também seria o meu! Aproximei meus lábios dos dela, em um leve roçar, senti a pressão fraca dos dela sob os meus. A envolvi com meus braços a erguendo um pouco do colchão. Ela me correspondia... A sirene da ambulância começou a tocar lá fora: a esperança.

Mas o corpo de Sakura pendeu, caindo morto entre meus braços.

“Sempre...

Tenho a sensação que você nunca esteve

Completamente sozinha e agora me lembro

Que no topo do meu desespero em meus braços ela morre

Ela morre...”

-NÃO! -gritei, em completamente cego pelo desespero.

A última coisa que me lembro de ter feito foi ter tentado reanimá-la. Mas ela não reagia... Ela não ia voltar. Nesse momento os para-médicos entram e me afastam dela. Não queria me separar dela... Por isso, lutei. Mas eu era fraco. Não consegui me livrar deles...

Enquanto eu lutava, um deles decretou:

-Ela está morta. -olhando para o relógio disse: -Data aproximada da morte: 15h23min.

“No fim do mundo

Ou na última coisa que vejo

Você nunca voltará para casa

Nunca voltará para casa...

Eu poderia? Eu deveria?

E todas as coisas que você nunca me disse

E todos os sorrisos que vão sempre me assombrar

Nunca voltará para casa...

Nunca voltará para casa...

Eu poderia? Eu deveria?

E todas as feridas que me deixarão cicatrizes

Por todos os fantasmas que nunca vão me pegar”

-

-

Eu não podia acreditar. Eu estava no enterro da pessoa mais importante da minha vida. Ela estava ali, dentro de um caixão de vidro, em um vestido branco, segurando em buquê de sakuras. Eu não havia dito uma palavra. Todos iam embora, dando alguns tapas em meu ombro, ou apenas não falando nada. Kakashi e Anko ficaram comigo, até que começou a chover. Daiki estava nos braços de Anko, dormindo. Ele estava bem.

-Não demore muito, Sasuke. -disse-me Kakashi, entendendo minha dor, ele estava sentido algo parecido, mas não igual.

Não falei nada, quando já não havia mais sinal deles, me ajoelhei ao lado dela, impossibilitando o trabalho dos coveiros. Eu apenas não podia ir...

Eu carregava toda a culpa do mundo em meus ombros. Eu havia a feito sofrer demais... A culpa era minha! Só minha! Eu a matei...

Novamente, eu chorava. Eu podia ver em minha mente todos os sorrisos dela, que me assombravam constantemente. Eu não conseguia dormir, falar ou comer... A culpa! Maldita culpa!

-Você me perdoa, Sakura? -perguntei ao vento.

Esperei uma resposta, enquanto olhava seu rosto pálido. Uma brisa gelada passou por mim... Arrepiei-me. A chuva agora estava impiedosa. Estava encharcado.

-Por que me deixou, Sakura?! -indaguei ao nada novamente.

Novamente, a brisa passou por mim e, como uma carícia me envolveu.

-Sasuke...

Eu ouvi! Era a voz dela... Ela tinha voltado! Olhei para seu rosto, permanecia imóvel... Comecei a socar o vidro do caixão dela, machucando minhas mãos.

“Se eu cair

Se eu cair

(Para baixo)”

-

-

No decorrer dos meses, a falta que ela me fazia só aumentava. Eu passava a maior parte do tempo com Daiki, embora não conseguisse olhá-lo nos olhos. Eram duas esmeraldas brilhantes, que me lembravam ela constantemente. Daiki era um garoto esperto e saudável. Amava meu filho, mas não sabia até quando podia aguentar.

Eu fazia o trajeto, o mesmo que faço desde a morte da Sakura, em direção ao cemitério. Era outono, mas para mim continuava a ser inverno e sempre seria. Andava em passos lentos, quando algo mais forte que eu, me puxou um outra direção.

Desviei o trajeto, indo em direção a um bosque decíduo. Eu podia senti-la. Ela estava perto. Eu podia vê-la. Eu não acreditava...

Ela sorria. Então, ela desaparecia aos poucos, junto à brisa gelada.

-Sakura! Sakura... -gritei, ela havia desaparecido.

Eu não a sentia mais.

No alto de meu desespero, cacei em meu bolso a pequena ampolha com veneno. Eu carregava ele comigo caso precisasse dele, como agora. Destampei e bebi o conteúdo em um único gole.

Sentei-me, encostando à uma árvore. Apenas alguns minutos foram precisos para o veneno começasse a fazer efeito. Meu peito doía, o ar me faltava.

Eu a veria novamente?

Espero que sim...

Oh, eu espero que sim...

Ofeguei buscando ar, em meus últimos minutos de vida. Era estranho, pois tudo ficava embaçado. Então, eu a vi novamente, exatamente como eu me lembrava dela, sorrindo para mim.

-Eu te amo, Sakura. -disse.

Ela me chamou. Eu não entendi, mas me levantei e fui em direção dela. Me sentia leve...Olhei para trás e vi meu corpo, pálido e imóvel, já sem vida.

-Eu te amo, Sasuke. -ela disse, me dando boas-vindas.

A beijei urgentemente, como se eu dependesse dela para viver e, certamente, dependia.

“No fim do mundo

Ou na última coisa que vejo

Você nunca voltará para casa

Nunca voltará para casa

Nunca voltará para casa

Nunca voltará para casa

E todas as coisas que você nunca me disse

E todos os sorrisos que vão sempre me assombrar

Nunca voltará para casa

Nunca voltará para casa

Eu poderia? Eu deveria?

E todas as feridas que me deixarão cicatrizes

Por todos os fantasmas que nunca vão...”

My Chemical Romance – The Ghost Of You