Savannah ficou por dias revivendo a cena de encontrar John com Lucy e cada vez que lembrava seu coração ficava ainda mais apertado porque ela sabia que isso representava o fim definitivo. Agora depois de quase duas semanas sem nenhuma notícia dele, na verdade ela nem mesmo procurou por notícias, soube que ele ligou no outro dia depois da festa, mas não retornou a ligação, aquilo agora fazia parte do passado, sua vida era outra, muito mais responsabilidade não tinha tempo para tentar consertar seu coração... Ele consertaria sozinho, por isso mergulhou cada vez mais no trabalho, deixou de fazer sua visita semanal na livraria de Lenoir, o lugar lhe trazia muitas lembranças, ficaria afastada de tudo que lembrasse John, mesmo que isso só na camada exterior de seu ser, porque ela jamais superou o que sentia por ele e achava que nunca iria superar... Mas tentaria... Até o fim tentaria.

John ligou mais duas vezes, ela soube, mas evitou qualquer contato com ele, estava dando espaço para que ele vivesse sua vida, da mesma forma que ele fez quando ela estava com Tim. Uma única vez durante seu casamento eles se encontraram e foi muito difícil para ela, agora tinha plena certeza que tinha sido bem mais difícil para ele...

Passado cerca de um mês Savannah resolveu escrever uma última vez para John não só por nostalgia, mas por necessidade de demonstrar seus sentimentos.

Querido John

Já faz muito tempo desde que te escrevi, tantas coisas mudaram ao longo desses anos, nossas vidas tomaram rumos totalmente diferente daqueles que esperávamos, às vezes erramos outras acertamos, se foi o caminho certo não nos cabe julgar agora, o que importa é que foi importante para nós.

Sei que há muito tempo perdi o direito de saber sobre sua vida, não porque não me importava saber, mas porque sei que suas decisões só cabem a você da mesma forma que um dia me deixou livre para tomar as minhas.

O que vivemos foi muito importante, estará presente em meu coração para o resto da vida, o nosso amor foi à parte mais linda da minha vida por isso ela é tão importante. Estou te deixando livre John, não me entenda mal, você não me pertence, mas respeito o seu direito de começar novamente e espero que Lucy seja a pessoa certa, porque você merece ser feliz.

Você tem em mim uma amiga de verdade, mas, vamos a partir de agora deixar o que vivemos no passado e vamos tentar construir um futuro melhor.  Te desejo toda felicidade do mundo.

Sempre, Savannah

Savannah ficou com essa carta escrita por dias, dentro de uma gaveta sem coragem de enviar para ele, pois sabia que assim que mandasse estaria abrindo mão de qualquer tentativa de ficar com John, mas com o silêncio dele nos últimos dias ela teve certeza que era isso que deveria fazer.

Postou a carta no correio da forma tradicional rejeitando a idéia inicial de entregar pessoalmente, mas ao pensar que poderia encontrá-lo novamente com Lucy seu coração se apertou, por isso resolveu evitar um novo encontro, não estava preparada, talvez um dia... Não agora.

Sua rotina seguiu tranqüila por dias, seu coração já estava mesmo doído com a situação, Alan precisava muito dela, a fazenda tomava muito seu tempo, ficava maravilhada com o desempenho das crianças, a alegria que elas demonstravam cada vez que saíam para cavalgar, por falar em cavalgada esse era o passa tempo preferido de Savannah a fazia se sentir livre, o vento batendo em seu rosto a acalmava cada vez que precisa de um descanso, era esse o seu momento feliz.

Seus pais a visitavam constantemente, sua mãe ainda vivia entupindo a geladeira de comida, ela já estava acostumada com esse comportamento desenvolvido por sua mãe desde quando Tim adoecera, ficava feliz, pois era a forma que ela tinha de demonstrar que estava ali e que a amava.

Seus pais sempre souberam tudo a respeito de John, nunca questionaram seu amor por ele ou a decisão de ficar com Tim, eles acima de tudo confiavam que ela sabia o que era melhor para si, mas a mãe sempre a fitava com um olhar inquisidor desde a feira, pois ela também viu que John estava lá quando saiu para ajudar procurar por Alan e no outro dia ela comentou com Savannah, mas ela disse para sua mãe que estava tudo bem, nunca mais falaram a respeito, mas sentia a preocupação de sua mãe, só não queria falar nada mais, encerrara esse capítulo de sua vida.

No sábado Savannah resolveu que tiraria o restante da tarde de folga, estava precisando disso, foi para a casa deu uma arrumada na cozinha, pois ela esteve deixando a faxina de lado por causa de outras coisas na fazenda, arrumou tudo, preparou um café, pegou um livro para ler, o tempo estava nublado, prenúncio de que uma forte chuva cairia a qualquer momento. Alan estava na casa de seus pais, a mãe dela cismou de levá-lo para passar um tempo com eles e ela não sabia como sua mãe estava se saindo já que Alan tinha o jeito dele calado e sua mãe era uma pessoa que gostava de conversar.

Savannah estava lendo por quase duas horas quando ouviu uma batida na porta, se levantou para atender pensando que sua mãe já estava de volta com Alan, estava chovendo, uma chuva fininha, que começava engrossar e o vento começou a soprar com mais força, pelo visto a tempestade estava chegando mesmo com tudo.

Abriu a porta com um sorriso nos lábios, já ia dizer a sua mãe que sabia que ela não ficaria muito tempo com Alan, quando o sorriso morreu em seus lábios. Não era sua mãe que estava ali, nem mesmo Alan. John estava parado com uma expressão sombria em seu rosto como se estivesse com raiva de alguma coisa. Seu coração se sobressaltou diante a visão, tratou de respirar fundo e recupera o fôlego e o convidou para entrar.