Devaneio... escrita por aznibal


Capítulo 1
Morre a sanidade. (Capítulo único)


Notas iniciais do capítulo

Abra sua mente. Deixe sua imaginação vaguear por um mundo de trevas que o cerca...



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                Chovia. Os respingos tilintavam na janela de vidro o qual eu observava fixamente, o professor fazia explanações sobre aquelas velharias literárias. Barroco, arcadismo. Quem se importava com aquilo. Cruzei os braços sobre a mesa e repousei a cabeça a inclinando para a esquerda ainda observando a janela embaçada. O clima frio e o barulho da chuva no telhado deixavam a sala aconchegante. Dormi em meus próprios braços.

                Um trovão partiu a harmonia das gostas de chuva que caiam no telhado. Estava sozinho naquela sala. Os alunos pareciam ter sumido juntamente com o professor e seus monólogos intermináveis. Levantei-me e sai da sala. A chuva fora reduzida a um chuvisco leve. Mas as nuvens tapavam o Sol criando um crepúsculo às três horas da tarde. Teoricamente hora do intervalo.

                Os meus passos ecoavam pelos corredores vazios. A escuridão e o silêncio incomum naquele prédio fez agarrar as alças da bolsa. Olhava desconfiado para os lados pondo mentalmente minha “masculinidade” em teste a cada segundo. Fui até a saída. Os portões de ferro eram altos. E estavam trancados. Com aquela chuva eu teria de ser um atleta bem melhor do que sou para escalar aquilo. Verifiquei a guarita do vigia. A televisão chiava em um canal fora do ar como os chuviscos do telhado. Observei os superficialmente os livros de registro dos visitantes, e o abri. Fiquei boquiaberto ao notar somente a assinatura de duas pessoas.

                Em letra primária completamente infantil é quase desprovida de coordenação motora estava Isabelle Furtado Medeiros. E a outro era a minha própria assinatura.

                Minhas pupilas dilatadas perceberam de súbito a mudança dos chuviscos da televisão para uma imagem escura como aquela tarde chuvosa em preto em branco. Era um dos corredores da escola, e por ele passava uma garotinha. Saia colegial em algum tom escuro e blusa branca, as reais cores eram imperceptíveis devido à ausência de sofisticação da câmera.

                A televisão acompanhava os seus passos pelos corredores. Ela se locomovia rápido, na verdade nem parecia tocar o chão. Abandonei o livro sobre a mesa e me aproximei cada vez mais da televisão chegando a engatinha para ficar bem próximo a sua altura e olhando a poucos centímetros da tela.

                Percebi um misterioso brilho reluzente em sua mão. Bem semelhante a uma lâmina. Talvez uma faca ou estilete.

                A câmera agora a seguia pelo pátio de saída. Minha inteligência se limitava a observá-la. Então ao longe vi os portões e uma casinha pequena, minúscula na verdade.

                Lentamente a porta se abre com o rangido fino que me causou um longo arrepio na base das costas, a água do sereno fino agora caia dentro da guarita e respingava nas minhas costas intensificando o calafrio. Pela câmera eu vi a garotinha, frente a uma porta. E um rapaz mais velho de joelhos frente a uma televisão. Estremeci. E gritei o mais alto que pude.

                                                                                          ***                                                               

                O paciente gritava sem para. Inundando de sons desagradáveis o corredor do Sanatório. Uma enfermeira e um médico andavam apressados ao encontro dele.

                - De quem se trata? – perguntava o homem com passos apressados.

                - Murilo Furtado Medeiros – disse a enfermeira com precisão – quarto 207, quando chove e troveja ele tem esses ataques.

                - Sabem como foi ocasionado o trauma? – pergunta o médico segurando uma prancheta e posicionando os óculos corretamente nariz acima.

                - Quando adolescente deixaram trancado no banheiro da escola, um tipo de trote. Ele parecia ter histórico de esquizofrenia na família, perdeu uma irmã menor quando era criança. Naquele dia choveu muito. Os trovões e relâmpagos deram asas a mente doente dele.

                A enfermeira abriu a porta do quarto 207.

                - Foi encontrado inconsciente. E considerado inapto para o convívio em sociedade após muitas tentativas de terapia. Protocolo padrão. Tranqüilizantes e sedativos – completava a mulher friamente ao instruir o médico novato.

                Eles se aproximaram do homem de cabelos longos e barbado em posição fetal no canto da sala.

                Murilo via da luz que invadia o quarto escuro, cortada por uma silhueta. Pequena e com um objeto reluzente a mão. Suas pupilas dilataram-se e ele se agarrou com mais força aos joelhos.

                Os gritos ecoavam o sanatório naquela noite chuvosa...

 


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Notas finais do capítulo

É simples. Eu gosto de reviews. E aposto que você também. Então deixa um aí caso tenha gostado, caso contrario também deixa dizendo o porque.Se tiver boas histórias, eu terei prazer em ler. Principalmente na linha de suspense/terror. Mas também leio outros gêneros.

Naturalmente você ganhará um leitor e quem sabe um fã. Então deixe de ser preguiçoso e deixe um review.



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