Ela estava triste, seus sonhos não tinham mais sentido. Afinal, nunca tiveram. Olhou para ele, que não tinha expressão. Era uma festa, e eles dois com aquele sentimento de culpa.
    - Eu quero ser só seu amigo. Não adianta mentir pra você. - Disse ele, com aquela voz que a fazia sonhar, mas que agora, acabara com tudo.
    Sim, estava tudo acabado.
    - Tudo bem, só quero que você seja feliz. - Respondeu com uma firmeza falsa, que até alguém tapado como aquele cara poderia notar que não era nada. Ela não estava bem. - Poderemos ser amigos.
    Estavam para sair dali quando o abraçou, pensando que poderia não ser a última vez, que ele poderia lembrar que se amavam. Ela sabia que nunca, nunca ia dar certo, mas não lhe custava tentar.

    Se isolou, mas quando tocaram suas duas músicas favoritas, correu para cantar o mais alto que podia. Não havia deixado ele para trás, apenas estava fugindo do que ele havia dito.
    - Ah, então ainda temos algo comum.
    - Mas é claro! - Ela o respondeu, tentando fazer com que ele a ouvisse. - Como não... Quero poder cantar outra música com você.
    Quando ela viu, ele estava saindo. O resto da festa ficaram assim, querendo se abraçar, querendo cantar juntos, querendo voltar, mas não, eram imaturos. Eram crianças demais.
    Talvez outro dia.

    Estava indo embora, quando notou que não podia fugir da luta. Apenas pausar uma guerra sem sentido. Tinha que provar pra ele que não ia correr mais atrás dele, mas sim que estaria esperando quando ele precisasse.
    Correu até ele, mesmo que seu celular estivesse tocando. Viu ele no fundo do salão, colocando o paletó e então o abraçou do mesmo jeito que fez antes.
    - Tchau, eu ainda te amo.
    Ele ficou sem reação, com uma cara de nada. Ela teria pedido um beijo dele se fosse doida. E aquela garota não era doida, era apenas um pouco sem noção. Roubou o beijo que ela pensava que seria o último.
    - Estarei sempre te esperando. - Ela disse e saiu correndo triste, antes de ir, ele sussurrou, sabendo que ela não ouviria.
    -  Eu ainda te amo, mas não era agora..
    Talvez eles nunca dessem certo, não seria agora, mesmo, pois ele pensava que ela era criança demais e ela pensava que ele era covarde demais. Não dariam certo agora.

    Pensavam assim, que não era agora. E ela ainda estava o esperando no muro da escola, alguns meses depois. E ele ainda pensava que não era agora o momento para dizer que ainda a amava.
    Os dois ainda esperavam que amadurecessem.