Os dois irmãos se sentaram sérios, um de frente para o outro. O mais novo, uma garoto moreno, de olhos roxos, devia ter mais ou menos uns sete ou oito anos, mas mesmo com a tenra idade, não devia ser subestimado.

Porém o mais velho insistia em o subestimar. Lelouch nunca o superaria, afinal ele, com quase vinte anos já era considerado o mais inteligente e brilhante dentre seus irmãos.

-Não entendo por que insiste em me desafiar – o loiro comentou encarando o mais novo nos olhos.

-Nii-san, você é o único de quem eu ainda não ganhei – o moreno retrucou, todo a arrogância de suas palavras foram contadas por sua voz infantil, mas mesmo assim séria.

E assim o jogo começou, mais uma vez os dois começavam uma batalha intelectual travada num tabuleiro de xadrez. Dizem que são em jogos desse tipo em que as pessoas revelam quem realmente são.

E não podiam negar, ambos eram fortes jogadores, Schneizel sempre começava com as peças brancas, e usava a vantagem de ter um movimento a mais a seu favor. Cada movimento que fazia era friamente calculado para quebrar as defesas de seus inimigos.

Lelouch gostava de se manter em desvantagem, isso era bom, pois lhe forçava a pensar e a fazer jogadas mais ousadas, mas o que mais gostava de ser o segundo a jogar, era poder ver o jogo que seu adversário fazia com mais facilidade.

Os cavalos se moviam de modo a distrair o adversário, os bispos abriam o caminho em busca a uma chance se cheque. Os peões eram sacrificados para poder poupar as peças mais importantes.

-Cheque– Schneizel pronunciou pela quarta vez, mais uma vez ele começava  a encurralar seu pequeno irmão.

Lelouch optou por fazer um roque* com sua torre branca e com isso deixá-la na frente do rei de Schneizel – cheque – retrucou com gosto, mesmo sabendo que o loiro previa essa jogada, ele também tinha um plano.

Xadrez era um jogo engraçado, era silencioso e fatal, um jogo em que o mais concentrado e estrategista vence. Não adianta ter uma boa tática, sem uma estratégia por trás, como não vale a pena ter estratégia sem tática. O problema era que ambos sabiam disso.

Fugir do cheque do mais novo fora fácil, o que surpreendeu um pouco Schneizel, Lelouch não costumava fazer jogadas sem risco, mas pode perceber o que ele queria.

Não se deixaria ser encurralado por seu irmão mais novo, isso nunca aconteceria. Ele sempre será o mais inteligente. Sem contar que não poderia perder para alguém dez anos mais novo.

Um bispo branco perdido, um cavalo preto a menos no jogo, o último dos peões pretos capturado, a rainha branca encurralada. Um jogo trancado. Um jogo perigoso.

Era a vez de Schneizel. O loiro parou e enquanto respirava bem fundo encontrou a brecha que precisava. Duas casas para a direita com a sua torre, o cavalo preto a captura deixando o caminho livre para seu bispo – cheque-mate – pronunciou pomposamente. Havia ganhado mais uma vez – melhor sorte na próxima.

-Eu terei – o garotinho prometeu e saiu da mesa, se sentindo mais uma vez frustrado. Não era justo, ele ganhava de todos seus irmãos, menos dele. Mas um dia ele iria ganhar, isso com toda certeza.