Mil e Dois Dias em Cilindra escrita por Okendo


Capítulo 1
Capítulo 1 - Sindarin Jr.? Que raios de nome...


Notas iniciais do capítulo

Enrolei pra caramba pra colocar a história aqui ( e revisei várias vezes, se ainda tiverem erros crassos, eu e minha parede vamos ter uma conversinha, cara-a-cara). Vai ser a minha primeira história aqui do Nyah! Espero que gostem e riam bastante, mas nada de cair das cadeiras. Machuca (acredite, eu sei). Sim, gosto de parênteses.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/84659/chapter/1

- Ok, eu vou atirar em você agora. - o homem à minha frente diz, calmamente.

 

- Você REALMENTE precisa fazer isso? Não dá pra sei lá, me dar um soco no baço? - eu pergunto, mesmo sabendo que não adianta. Quando esse cara resolve fazer alguma coisa, é praticamente impossível fazê-lo mudar de idéia. A não ser, é claro, que você seja uma mulher gostosa e sexy. Aí não é tão difícil assim. Infelizmente, não é o caso (desapontado? Eu também, dadas as circunstâncias...)

 

- Não se preocupe. Não vai doer. Muito. Ok, vai sim. - ele diz, fazendo mira na minha perna esquerda e engatilhando a pistola. OMG, eu vou levar um TIRO! Deve ter um jeito de burlar isso... TEM que ter!

 

- Er... Por que você vai fazer isso mesmo? - pergunto a primeira coisa que vem à cabeça enquanto tento permanecer calmo, preciso comprar tempo até achar algum jeito de sair dessa. Começo a olhar em volta, mas isso só me desanima. É uma porra de um campo aberto, mesmo que eu corra, não vai ter nada pra me dar cobertura. A única coisa próxima é uma colina. E ele corre mais rápido do que eu... Quem é ele, você pergunta? Bem...

 

- Eu vou fazer isso porque você é o meu filho. - pois é. Esse cara é o meu *querido* pai. Eu chamo ele de papi. - E se você tem nem que seja 1% de mim em si, você VAI levar um tiro cedo ou tarde. Na perna esquerda. - por quê na perna esquerda? Eu queria perguntar, mas minha mente crê que essa pergunta pode esperar até acharmos algum jeito de sair dessa.

 

Dou um passo atrás instintivamente enquanto ele fecha o olho esquerdo (por quê tudo esquerdo?!) para melhorar a mira. Preciso pensar em alguma coisa. RÁPIDO! Pensa, pensa, PENSA!!!

 

  *BANG!* Ok, talvez não tão rápido...

 

O sangue vermelho (atualmente com uma grande falta de glicose, to com uma fome...) começa a escorrer do buraco na minha pele e os pulsos de DOR EXTREMA!!! começam a fluir da perna para o cérebro... - MINHA PERNA!!!!! AAAAAAARGH!!!!! SEU DESGRAÇADO FILHO-DE-UMA-ÉGUA!!!!!!!! AAAAAAAAARRGHH!!!! - Eu começo a rolar no chão, segurando a perna ferida.

 

- Ufa... Está feito. Agora eu posso ficar calmo. Nossa! Esqueci de dizer que isso ia doer mais em mim do que nele... E eu fiquei treinando o discurso por tanto tempo... Oh bem, o passado são águas passadas mesmo... Você tá legal aí, filhão? Se mexer desse jeito pode piorar o ferimento sabe... Ei! Por quê você tá me olhando assim? Não! Não faça isso! Não pule em cima de miiiiiiiim!!!! IIIIKH!!!

 

  Pouco depois...

 

Nós dois ficamos quietos enquanto a comida ficava pronta. Eu digo comida pra vocês, mas meu termo favorito para ela é "o Grude". Nada contra o sabor, é boa até. Mas que tá mais pra grude do que qualquer outra coisa, tá...

De qualquer jeito, meu pai me passa um pote cheio de Grude, com uma cereja no topo. Isso é um jeito de pedir desculpas?

 

- Bem... - ele começa, meio sem jeito. Estranho ver isso. - O... O quê aprendemos com a experiência de hoje? (Eu aprendi que atirar nas pessoas deixa elas bravas! E sinto que eu já deveria saber disso por algum motivo...)

 

- Er... Tiros machucam. Curativos coçam. E cereja não vai bem com o grude... - Blergh! *PTUH!* Meh, cadê meu molho de pimenta? Um momento de devaneio. O quê são aqueles chocolates de pimenta?! Quem teve essa idéia? E por quê um dos que eu comi era tão bom e o outro tão horrível?! Bom, fim do devaneio.

 

Ele me olha com uma certa... curiosidade enquanto eu viajo profundamente a respeito de pimenta, trazendo-me de volta ao mundo normal (onde não há tanta pimenta, infelizmente). Ei, o quê é aquilo no horizonte? Não tinha reparado antes, tem uma cidade por lá. Durante o dia eu não vi nada por causa da colina aqui perto (ajuda você estar em CIMA dela, e não atrás...), mas agora dá pra ver claramente as luzes ao longe... Muitas luzes. É uma cidade grande. BEM grande! Essa... Essa é...

 

  - A Cidade Livre.

 

A Cidade Livre, também referida (bem raramente) por seu nome real, Tartare, sempre foi uma das maiores cidades do mundo. Isto, é claro, até a Grande Guerra Interna de Cilindra, quando ela assumiu o título de cidade número 1 do mundo. É também um dos maiores focos de aventureiros do mundo, um grande centro comercial e o único lugar que eu poderia chamar de lar. No fim, nós sempre voltamos para cá.

 

- Quanto tempo vamos ficar aqui desta vez? - eu pergunto, contendo o ânimo que está preenchendo meu corpo. Man, eu sentia saudades daqui. É sempre divertido. E eu posso ver a minha mãe.

 

- Nós não vamos ficar aqui tempo algum. - ele diz. Obviamente, só posso responder com HÃ?! - Você, por outro lado, vai passar um loooooongo tempo dentro desses muros... Aqui.

 

Eu recebo um monte de papéis "quase" na cara. "Confirmação de Matrícula"? Matrícula onde? O que diabos tá acontecendo?!

 

- Você deve estar confuso, mas é bem simples. Eu e sua mãe conversamos e é hora de você ter uma vida mais normal um pouco. Por isso nós colocamos você na Academia de Aventureiros, ou AVE, como chamam ela. Por algum motivo, AA não deu muito certo... Pela manhã eu vou deixar você lá e partir para uma viagem simples. Você vai morar com a sua mãe ou nos dormitórios da AVE, não lembro bem dos detalhes...

 

Eu gostaria de apontar que ele DEVERIA saber dos detalhes, mas, no momento, até o fato de levar um tiro na perna (FDP!) não parece tão ruim assim! - Papi, eu... eu... eu nem sei o que dizer!

 

- Fazia tempo que você não chorava...

 

- Eu NÃO tô chorando!!! É só uma poeira que entrou no meu olho... - Não, sério, eu não estou chorando. Só tá ventando muito sabe. E esse chão é de mais terra do que grama... (ok, é praticamente um tapete de veludo verde, podem me humilhar seus malditos!)

 

  Na manhã seguinte

 

Cá estamos nós, na frente dos portões de Tartare. Olhando daqui, eles parecem imponentes e ameaçadores, com uma tangível aura de "E aí? Vai encarar?" e de "Cai dentro!". Os guardas estão fazendo um discurso simples sobre as leis da cidade para os recém-chegados, basicamente, elas dizem: Não faça muita merda, por favor.

Tartare tem como política interna confiar na bondade e lealdade de seus habitantes para viverem bem em sociedade, dando amplas liberdades para quem passar por ela (daí o apelido de Cidade Livre). Por isso mesmo, ela é uma baita zona. Uma das grandes perguntas de muitos é: Por quê ninguém faz nada a respeito disso? E a resposta: porque ninguém consegue mais.

A Cidade Livre é um ser vivo que não segue nenhuma regra que não sejam as suas. Ela não liga para seus governantes, para seu povo ou até mesmo para seus invasores. Ela vive como quer e quem não aguenta, dá o fora.

 

- Ok, próximo - finalmente a minha vez... Odeio filas. Eu dou uns passos adiante e entrego os meus documentos para o guarda. É um humano comum, um pouco velho e acima do peso. Não parece muito interessado em analisar a fundo as minhas coisas.

- Bem, senhor... McLovin. Bem-vindo de volta à Cidade Livre. Esperamos que a sua estadia seja frutífera e pacífica. - ele diz após analisar meus documentos falsos. Sim, falsos. Eu tenho documentos reais também, mas eu prefiro Yoseph McLovin. É TÃO mais engraçado!

 

- Filho! - meu pai dá um grito antes que eu passe por baixo do arco do portão. - Tome cuidado e lembre-se, o papai sempre vai estar por aí quando você precisar! E mande lembranças para a sua mãe! E para o Bill! E pro Battutta! AH! E pro...

 

- Eu mando lembranças para todo mundo! Pode deixar! - velho preocupado... Continuo andando por um tempo, tentando parecer puro e inocente. Por quê, você pergunta? Bem, eu e o meu papi temos uma tradição quando nós nos separamos. Sempre fizemos isso, desde que eu tinha 5 anos.

Eu checo para ver se minha bolsa de dinheiro ainda está no lugar certo. E para ver se a que está entre meus dedos tem dinheiro de verdade. Dois positivos, sucesso! Sim, isso mesmo, nós sempre tentamos roubar o dinheiro um do outro! E dessa vez o meu truque sórdido funcionou... Aproveite seu "GOLD", velho! (Eu coloquei um saco cheio de pedras com os escritos GOLD em meu cinto para ver se ele realmente cairia num truque tão besta) Eu rio abertamente, mas paro quando percebo as pessoas olhando estranho para mim.

 

O quê será que eu deveria fazer primeiro? Visitar a mamãe? Passar pra ver o Bill? Dar uma volta pela feira? Em meio a esses pensamentos e com um sorriso de orelha a orelha, eu ouço algo que me capta a atenção.

 

- Então você realmente vai para as aulas da AVE? - duas meninas conversam na porta de uma casa simples. Ei, uma delas até que não é nada de se jogar fora...

 

- Ah sim! Eu me inscrevi para o ano e se eu não me apressar, vou perder a cerimônia de abertura! Vejo você depois! - a mais, erm, interessante diz. Beleza! Dei sorte, ela vai ser minha companheira de ano, provavelmente. Pera. Cerimônia de abertura? Tipo, a cerimônia da qual eu devo muito provavelmente fazer parte? Ei, você aí! Não corra ainda!

 

- Ei! Ei! Moça! - um soco vem com tudo rumo à minha cara e eu NÃO desvio a tempo. AUCH! Isso doeu mais do que parece! E parece que ela segurou um pouco o soco!

 

- Não me chame de moça! Eu odeio ser chamada assim! - ela grita, com raiva nos olhos e veia saltando na mão.

 

- Calma, calma! Eu só quero perguntar uma coisa! - ela parece acalmar um pouco, mas faz uma cara de "vai logo que eu tô atrasada" - Você é da AVE? Eu estou matriculado, mas acabei de chegar na cidade e... - a menina me agarra pelo pulso (incrível força, falando nisso!) e começa a correr, me arrastando como um saco de batatas que reclama.

 

- Ei, pare de reclamar! Nós estamos atrasados para a cerimônia! Você não quer começar o ano com o pé esquerdo né? - Estamos bem no começo do ano, falando nisso - Meu nome é Karin. E o seu, senhor olhos verdes? - e sim, meus olhos são verdes como na maioria dos elfos. Ah é, eu acho que nunca descrevi ninguém até agora, né?

 

Eu sou mais ou menos normal, eu acho. Meus olhos são verdes, como eu disse, e meu cabelo é preto. Algo um pouco não-usual, considerando que minha mãe é loira e meu pai tem cabelo castanho claro. Minha altura não é nada de excepcional, mas eu ainda tenho alguns anos para crescer. Meu peso seria meu ponto forte, eu acho. Os anos passados andando de um lugar para o outro com pouca comida me mantiveram sempre num peso bem razoável. Posso descrever mais coisas com mais detalhes depois, principalmente se eu tiver um espelho.

A menina puxando o meu braço com sua força nem um pouco condizente com o tamanho de seus braços é ruiva. Ela tem olhos azuis e um monte de sardas nas bochechas. E eu não tenho como negar que ela tem um corpo incrível... Com as curvas nos lugares certos e... ei! Ela é mais alta do que eu! Que mancada! Que raios de personagem principal é menor do que uma mulher (da mesma idade)?! Sacanagem!

 

- Chegamos! - nossa, eu devia muito ter respondido o meu nome - Bom, sr. Olhos Verdes, boa sorte! Eu vou encontrar o lugar em que eu deverei ficar. Vejo você por aí! - e assim, ela some no meio da multidão, rápida e violenta como aquele soco que ela me deu! Cara, tá doendo agora... Será que inchou?

 

- Ei, você aí! Você mesmo, o atrasado! - um homem parado em frente a uma mesa cheia de papéis me chama. Ah! Que bom, alguém pra perguntar o que diabos eu faço - Deixe-me ver a sua confirmação de matrícula, jovem. - essa tá fácil de achar - Entrada por recomendação? Então você conhece alguém importante, meu jovem? - ele ri com uma risada daquelas cavernosas, bem digna do tamanho dele. O cara é grande. E o braço dele é maior que a minha perna! Sacanagem, é todo mundo maior do que eu por aqui?!

Antes que eu fale alguma coisa que não devia, ele para de rir e fica com uma cara séria. Tem alguma coisa errada?

 

- Meu jovem, essa recomendação, embora suficiente para que você possa entrar na Academia, também exige que você preste a prova de qualificação para definir a sua sala. - eu fico com um pressentimento de que alguma coisa vai dar muito errada agora...

 

- E quando é isso? - pergunto, já me preparando para o pior.

 

- É ontem! - eu sabia! - Mas não se preocupe, por sorte, nós ainda temos várias delas por aqui e eu sou um professor! Meu nome é Wilson. Vamos para uma sala de provas e eu deixo você fazê-la. - ele começa a me "guiar" para dentro do complexo, uma enorme construção de tijolos de cores diferentes do normal. Um tom meio... branco. Quem imaginaria isso?

 

- Mas... E a cerimônia de abertura? Os alunos não precisam estar presentes? - eu consigo ouvir os gritos de felicidade das pessoas e muitas risadas ecoando pelo corredor feio e ameaçador em que estamos... Eu queria ir lá e descobrir o que está acontecendo!

 

- Não se preocupe com isso. É só uma formalidade. Na verdade, uma desculpa para uma festa e para os alunos começarem a se conhecer. Nada importante. - ah! É exatamente o tipo de coisa de que eu gostaria de fazer parte! O tal professor me coloca numa cadeira de frente a uma carteira e um papel. Há também um lápis e uma borracha. - Pois bem, pode começar, sr. Sindarin!

 

Aw man. Era o meu nome de verdade na confirmação de matrícula... Sindarin. Júnior. E o que diabos é uma mitocôndria?! Sinto que vou me fuder nessa prova...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Espero que tenham gostado! Quem quiser comentar eu tenho certeza que existem meios *cof*REVIEW*cof*... Com alguma sorte eu pego embalo e escrevo um monte nos próximos tempos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mil e Dois Dias em Cilindra" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.