Por que? Por que aquilo tinha de acontecer?

Nada fazia sentido. Muito menos agora. Agora, minha mente não estava só cheia de dúvidas. Estava cheia de medo.

Por que eu tinha que proteger aquela caixa? Por que EU? Podia ser qualquer pessoa, mais corajosa.

Fiquei por um bom tempo deitada na cama. Só pensando. Qualquer um que me visse acharia que eu estava doente. Mas eu não estava.

Conforme os dias passam, minha situação piora.

Eu ando tendo sonhos estranhos toda noite. E é sempre o mesmo sonho. Descubro que o sonho é real, ou quase real, e agora eu tenho que proteger um objeto místico que eu não posso abrir nem mostrar a ninguém.

Olhei no relógio. Já eram nove horas.Nem percebi o tempo passar. Esse era outro dos meus problemas.

Meus pais já estavam me chamando para dormir. Mas eu não queria sonhar. Eu queria, pelo menos uma vez na vida, ter um sono sem sonhos.

Pensei em não dormir a noite. Mas fui fraca.

Em um momento, eu estava em minha cama, no outro eu estava naquele lugar.

Não podia ser. Mas era. Era o lugar preto de meu sonho. Mas a luz ainda não tinha aparecido.

Senti novamente aquela mão em meu ombro. Isso já estava virando rotina.

Tremi. Isso era muito normal. Bom, pelo menos para mim.

-- Não tenha medo. -- ele disse em meu ouvido.

Ao dizer isso a escuridão foi se quebrando. Uma luz foi aparecendo. Mas não era uma luz qualquer. Era o sol.

Quando me dei conta estava em lugar perfeito. Uma pequena campina. Nada de especial. Mas era especial para mim.

Aquela mão continuava em meu ombro. Eu precisava descobrir de quem era.

Olhei para trás. Quase dei um grito.

Olhos castanhos e brilhantes e cabelos cor de ouro. Era Alex. Era ele que estava lá. Me protegendo.

Mas, se isso não era um sonho, como Alex podia estar lá?

Talvez ISSO fosse um sonho.Porque eu não havia sonhado com aquela criatura horrível.

Pousei minha cabeça em seu ombro. Sua mão agora estava em meu braço.

Pela primeira vez na história do mundo, eu tive um sonho bom. E isso era a malhor coisa. Pena que não era real.

Como eu havia dito, a realidade é traiçoeira. Ela sempre espera o momento certo para invadir a sua vida. E transforma seus mais lindos sonhos em seus piores pesadelos. A realidade é assim pra mim.

Mas eu não me importei. O sonho ainda não tinha acabado. Eu não havia acordado.

-- Sempre que precisar, eu estarei aqui. -- Alex disse, me fazendo mergulhar em um masr de felicidade. O que nunca tinha acontecido comigo.

Tudo o que eu queria era que aquele momento durasse para sempre. Mas nada dura para sempre. Nem mesmo a vida.

Mas, naquele momento, eu me senti viva.

Olhei fixamente nos olhos de Alex. Nossos rostos foram se aproximando. Minha boca estava a milímetros da dele. E tudo desapareceu.

Eu estava na minha cama, olhando fixamente para o teto. O sol iluminava todo o quarto.

Nada dura para sempre. Eu odiava quando meus pais diziam isso quando eu era pequena, algumas horas antes de voltarmos de viagem. Mas agora eu odeio isso por outro motivo. Muito mais importante que uma viagem. Pelo menos para mim.

O meu problema neste momento era: como esconder a caixa dos meus pais? Como nada dura para sempre, uma hora eles vão ter que achar.

Eu não gostava de ter segredos. Eu sentia um peso enorme sobre mim. Mas como o segredo da caixa era muito mais importante, o peso era maior. Como se eu tivesse que andar por aí carregando um piano de calda.

" Nada dura para sempre" . Fiquei pensando nessa frase por um bom tempo.

Mesmo o sonho tendo acabado, eu me sentia bem. Eu estava feliz.