Tudo Tem Seu Tempo escrita por BetaCullen


Capítulo 10
Primeira Fase


Notas iniciais do capítulo

Capítulo foi mais difícil de escrever...os personagens estão ficando mais íntimos, então fica pior de expressar os sentimentos.



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Não tive nenhuma surpresa naquela tarde de trabalho. Organizei tudo de modo que ficaria com muito pouca coisa para fazer no fim de semana.

Despedi-me de Margaret e fui pegar Erika para irmos para casa.

- Boa tarde. – Ela me disse quando entrou no carro.

- Boa tarde! Quanto tempo? – perguntei rindo.

Ela virou-se para mim com um sorriso amarelo.

- É, faz muito tempo mesmo. Acho que o tempo que estamos passando juntos está afetando a sua personalidade. – falou arqueando uma sobrancelha. – Você está muito engraçadinho ultimamente.

Fiquei sério novamente. Será que ela não estava gostando do meu comportamento?

- Estou incomodando você? – perguntei enrugando a testa.

Ela riu.

- Estava enganada, sua personalidade não mudou muito, você continua desconfiado. Estava brincando Mark. Prefiro você assim, mais descontraído.

- Ainda bem. Pensei que você estava incomodada com minhas piadas sem graça. – disse dando-lhe um sorriso torto.

Ela riu mais ainda.

- Não se preocupe com isso. – ela me tranqüilizou.

Chegamos ao prédio antes mesmo das 6 horas.

Quando estava saindo do elevador, resolvi acertar os nossos horários para o jantar de mais tarde.

- Então, que horas eu passo para pega-la para jantar? – perguntei me virando para Erika.

- Não sei ao certo. Acho que eu não vou a academia hoje. Não quero ir sozinha. – falou fazendo um biquinho.

- Você quer que eu acompanhe você até lá? – perguntei sorrindo.

- Acho melhor não, você pode cair na tentação e acabar entrando na sala de treinos. – disse rindo. – Hoje vamos só jantar, Segunda voltamos para a academia. Tudo bem?

- Você é quem manda. – falei fazendo uma falsa continência. – Então, que horas passo no seu apartamento? Daqui à uma hora está bom para você? – sugeri. – Ou você precisa de mais tempo?

- Não, uma hora está ótimo. Vejo você daqui a pouco. – disse me dando um beijo no rosto.

Sorri para ela e dirigi-me para meu apartamento.

Fui tomar um banho para relaxar e tirar o cansaço de um dia de trabalho. Vesti-me com uma calça jeans preta, uma camisa social azul e uma jaqueta de couro preto. Ajeitei o cabelo e coloquei um perfume que havia ganhado de aniversário de Jane.

Como ainda tinha uns 20 minutos para ir até o apartamento de Erika, precisava encontrar algo para fazer de modo que a ansiedade ficasse controlada. Resolvi ligar para minha mãe. Pelo que fiquei sabendo de Anne, ela não estava muito feliz com o pouco contato que mantinha com eles.

- Alô. –ouvi a voz de minha mãe do outro lado da linha.

- Olá mamãe, é o Mark. – eu disse.

- Olá meu filho. Ainda bem que se identificou, mais alguns dias e eu esquecia que tinha outro filho. – disse e bufou.

- Mãe. – falei em tom de suplica. Não queria brigar agora, ainda por cima pelo telefone. – Liguei para saber como você e papai estão, não para levar sermão.

- Nós estamos bem. Mas faz mais de uma semana que você não liga. Da última vez, fui eu quem ligou para você.

- Eu sei mãe, mas não se esqueça que eu estive aí no sábado passado, e não posso ligar todos os dias, não tenho tanto tempo assim. – expliquei.

- Ok. – disse encerrando o assunto. – Então, sua irmã disse-me que encontrou você almoçando com uma moça hoje. – pude ouvir um sorriso em sua voz.

- Nossa! Como Jane é rápida. – Eu disse rindo. Já estava perdido mesmo. Até já imaginava o que ela tinha falado para dona Marie.

- Bom, ela me disse que a garota era linda, e, que você parecia muito feliz perto dela. – Exatamente o que eu imaginei, e continuou. – Jane me disse que a convidou para vir almoçar no Domingo aqui em casa.

- Sim mamãe, Erika é realmente linda, é uma grande amiga, por isso fico muito feliz com sua companhia e quanto ao almoço de domingo, ainda não falamos sobre isso, amanhã lhe dou uma resposta sobre isso.

- Tudo bem, sem pressa meu filho. Mas, ela é só uma amiga mesmo? – perguntou em tom malicioso.

- Só amiga mamãe. Não me pressione dona Marie. – Eu lhe disse sério, não gostava quando minha mãe tentava fazer apontamentos ou imposições na minha vida pessoal.

- E como vai o trabalho? – Ela perguntou em uma tentativa quase descarada de tentar mudar de assunto.

- O trabalho esta indo muito bem, obrigado por perguntar – disse-lhe.

- Você esta se alimentando corretamente? Não quero que você adoeça. – Se ela soubesse que eu já tinha ficado doente, e, que eu tinha sido cuidado por Erika, com certeza, ela marcaria a data do casamento. Estremeci. Não por casar, mas por ter de enfrentar a excitação de minha mãe.

- Estou me alimentando melhor mamãe. – Uma pequena mentira. Na verdade eu estava tentando começar a melhorar minha alimentação. Havia comido decentemente hoje, mas ela não precisava saber disso. Seria outro discurso acalorado. – Mamãe, eu preciso desligar, tenho um compromisso e tenho que sair dentro de cinco minutos. –falei olhando para o relógio de pulso.

- Tudo bem. Boa noite querido. Vejo vocês no Domingo. – Parece que ela não ouviu a parte em que eu não falei com Erika ainda. Resolvi fazer-me de desentendido.

- Boa noite para vocês mãe. Amo vocês.

- Te amamos também querido.

Desliguei o telefone. Coloquei-o na base, peguei minha carteira, celular, chaves e fui me encontrar com Erika.

Quando Erika abriu a porta fiquei sem fala. Ela estava absolutamente linda, mais linda do que o usual. Usava um vestido azul magnífico, sem alças, que ressaltava a cor dos seus olhos, um colar de lápis lazuli e sapatos de salto agulha tão altos que ela ficou somente poucos centímetros mais baixa do que eu.

- Vamos? – Ela perguntou retirando-me de minhas divagações.

Pisquei algumas vezes para voltar à realidade.

- Claro, vamos. A propósito, você esta incrível. – disse-lhe com um sorriso.

- Você também. – Ela disse olhando para meu peito, não para meus olhos, corando levemente.

Como iríamos a um restaurante, e, provavelmente eu beberia alguma bebida alcoólica, resolvi que seria melhor irmos de taxi.

- Espero que você goste de comida francesa. – Eu disse-lhe já dentro do taxi. –Você é alérgica a alguma coisa? – perguntei.

- Não que eu saiba. – Ela disse-me.

Quando chegamos ao restaurante disse ao maitrê que queria uma mesa para dois e fomos guiados até uma mesa com vista para o rio Tamisa.

- Logo um garçom trará a carta de vinhos e o cardápio senhor. – disse o maitrê e se retirou.

- Obrigado. – eu disse-lhe. Virei para olhar para Erika, não conseguia tirar os olhos dela por muito tempo. Ela estava olhando através do vidro, os olhos brilhavam, a deixando impossivelmente mais linda.

- Nossa! Esta vista é linda! – Erika disse.

- É mesmo, este é um dos motivos, além da comida maravilhosa, deste ser o meu restaurante francês favorito. – eu lhe disse.

Logo em seguida, fizemos nossos pedidos acompanhados de um vinho branco muito bom, que já tinha experimentado em uma das vezes anteriores que tinha vindo aqui.

- Você parece conhecer muito bem este lugar. – Erika disse-me olhando ao redor e parando o para olhar diretamente em meus olhos.

- Por que você esta dizendo isso? – perguntei-lhe.

- Porque você não ficou olhando muito para o cardápio e nem olhou para a carta de vinhos, simplesmente pediu, como se soubesse que eles tinham o que você queria. – ela me disse estreitando os olhos.

- Muito bom Sherlock. Bem observado. – disse-lhe sorrindo.

Ela riu.

- Obrigada Watson. – disse-me devolvendo a brincadeira.

- Já vim aqui algumas vezes. É o restaurante favorito de minha família para comemorar datas especiais. O último aniversário de Jane, por exemplo, antes de ela ganhar Helen, foi aqui.

- Sua família é grande? – ela me perguntou.

- Não muito, tenho um tio de cada lado, um tio materno e outro paterno, e, por incrível que possa parecer todos os meus quatro avós ainda estão vivos. Apesar de que os paternos não serem vistos com frequência. Eles se mudaram para o interior a alguns anos atrás. – expliquei.

- E a sua? É grande? – perguntei.

- É menor do que a sua. Minha mãe é filha única, de modo que não tenho tios ou tias do lado materno. Tenho uma tia do lado paterno e somente minha avó materna está viva. – ela disse-me. – Tinha mais contato com eles enquanto estava em Manchester, lógico que morando aqui, não poderei manter tanto o contato. Mas telefono pelo menos três vezes por semana. Não que seja o mesmo.  – ela sorriu torto.

Ela olhou pelo vidro novamente. Tinha ficado com uma expressão triste e os olhos brilhando em emoção. Peguei uma de suas mãos que estava sobre a mesa.

- Você sente falta deles, não é? – Ela só balançou a cabeça em afirmação. – desculpe, não deveria revolver suas lembranças. 

- De jeito nenhum, a culpa não é sua. Eu acho que só sou uma boba sentimental. É que é a primeira vez que moro em cidade diferente da deles. Mas vou me acostumar. Acho que todo mundo se acostuma.

- Você vai conseguir. – disse dando um leve aperto em sua mão e sorrindo.

- É que minha família, apesar de pequena, sempre foi meu suporte, até na época de faculdade, quando tinha problemas, eu corria para eles, sem nem ao menos pestanejar. – ela me explicou.

- Bom, espero que você saiba que pode contar comigo para o que precisar. Posso emprestar minha mãe se você quiser, ela esta me deixando louco ultimamente. Se ela tiver mais alguém para incomodar ou dar conselhos, talvez me deixe um pouco em paz. – disse sorrindo, em uma tentativa fraca de fazer piada.

Funcionou, ela começou a rir.

- Não acredito que sua mãe seja tão ruim assim. – continuou sorrindo. Parecia que tinha momentaneamente esquecido a tristeza. – mas só para que você fique sabendo, já conto com você mais do que imagina.

- Que bom.  – Eu disse sorrindo.

O garçom chegou com nossos pedidos e eu tive que largar a mão de Erika, afinal, iríamos comer.

O resto do jantar foi muito tranquilo, só perguntei de coisas amenas, coisas que não sabia de sua infância ou do início de sua adolescência.

- Você vai querer alguma sobremesa? – perguntei.

- Será que eles teriam *tarte tatin? – perguntou-me.

- Acredito que sim. Espere, vamos pedir a carta de sobremesas. – disse-lhe fazendo sinal para o garçom.

Erika pediu a sobremesa que queria e eu pedi um mouse de chocolate preto com branco que já comera anteriormente e achava muito bom.

- Hum.... –Erika fez um som de prazer ao colocar uma colher de sorvete na boca. – Este sorvete está delicioso. – disse fechando os olhos em deleite. – Você tem que provar. – falou pegando uma colherada e levando em direção a minha boca.

Eu sorri para disfarçar o espanto por seu gesto incrivelmente íntimo.

- E então? Não é divino? – Ela perguntou-me com expectativa.

- É maravilhoso. – disse olhando-a.

Depois que terminamos, pedi a conta e chamamos um taxi.

Não sei se era por causa do vinho, se por causa da conversa que tive com Erika, ou pela nova intimidade que sentia crescer entre nós, mas me sentia extremamente feliz.

Peguei a mão de Erika e ela virou-se para mim.

- Muito obrigado. – Eu disse-lhe – Por tudo. – E sorri torto.

Ela sorriu.

Eu acho que eu que deveria agradecer-lhe. Estou muito feliz. – Ela falou-me.

Parecia que meu peito ia explodir de felicidade.

- Também estou muito feliz. – Disse apertando-lhe um pouquinho mais a mão.

Saímos do taxi e fomos em direção ao prédio. Quando entramos no elevador, não proferimos nenhuma palavra, mas mesmo assim, não se criou uma atmosfera incômoda.

As portas do elevador abriram e acompanhei Erika até a porta do seu apartamento.

Ela virou-se e sorriu para mim. Provavelmente pronta para se despedir. Resolvi criar coragem. Levantei minha mão esquerda. Ainda meio incerto do que eu estava prestes a fazer. Engoli em seco, tocando seu rosto e acariciando-o levemente. Notei que os olhos de Erika ficaram levemente mais dilatados e brilhantes, mas, não sabia qual de nós dois estava tremendo, provavelmente era eu.

Abaixei meu rosto lentamente em direção ao dela, notando que ela estava olhando para minha boca. Talvez ela quisesse me beijar tanto quanto eu queria beijá-la.

Estava sentindo sua respiração em minha pele. Conseguia sentir seu hálito através de minha boca entreaberta. Então, encostei meus lábios nos dela, esfregando-os levemente. Erika abriu a boca. Tomei seu lábio superior entre os meus, lambendo-o. Ela estremeceu e fez o mesmo com meu lábio inferior.

Enlacei sua cintura com minha mão direita, atraindo-a para mim. Erika levou suas mãos para minha nuca, enlaçando seus dedos por meus cabelos. Arfou, abrindo a boca, me dando total acesso para explorá-la completamente. Fui tomado por um desejo quase incontrolável, como se fosse um frenesi. O sabor da boca dela, somado aos arrepios e o calor que sentia por meu corpo, fizeram-me apertá-la mais ao meu corpo.

Passados alguns segundos, tivemos que quebrar o beijo, buscando oxigênio.

Olhávamo-nos, ambos, com um grande sorriso. Eu estava quase explodindo de alegria, mas, mais do que isso, queria tomá-la em meus braços e levá-la para meu apartamento.

Notei que ela também olhava para minha boca, mas, resolvi usar a cabeça. Erika era muito importante para mim, não a queria só por esta noite.

Aproximei-me dela novamente e roubei-lhe um selinho, dado com muito carinho.

- Acho melhor irmos para nossos respectivos apartamentos, não sei se consigo me controlar por muito tempo. Se ficar um pouquinho mais com você, vamos dormir somente às 4 horas da manhã.

Erika riu.

- Também acho. – Disse passando o polegar pelo meu lábio inferior.

Acabei fechando os olhos e captando seus lábios novamente.

Quando estávamos sem ar novamente, encostei minha testa a dela.

- Acho melhor entrar. Boa noite. – Disse segurando seu rosto com as duas mãos e roçando meus lábios aos dela.

- Boa noite. – Disse tirando as mãos dos meus cabelos e descendo ao meu peito. Sorriu e virou-se para entrar.

Contive-me em bater novamente na porta dela e tomar seus lábios. Acho que estou irremediavelmente viciado nela.

- Não, vamos devagar – murmurei para mim mesmo. E entrei no meu apartamento.

 

*tarte tatin – sobremesa francesa que consiste em uma bola de sorvete de creme acompanhada de um pedaço de torta de maçã quente.


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Notas finais do capítulo

Como eu disse, passada a primeira fase da história, fica mais difícil de expressar os sentimentos,mas vou tentar fazer o melhor possível. Espero review...não se esqueçam que não dá pra saber se estou indo bem sem a opnião de vocês...não sejam egoístas...comentem é só alguns segundinhos...hehe...bjus a todas leitoras.



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