As Mestiças escrita por AnaTheresaC


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

É tão bom estar em La Push... especialmente com o Seth, não é?



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Capítulo 15

 

Íamos levar o Porshe do Seth. Partimos de manhã, ainda de madrugada para chegarmos lá doze horas depois. Seth foi o caminho todo a conduzir e eu a dormir. A viagem não me interessava muito. Estava desejosa de chegar a La Push, conhecer o Sam, o Paul e o Jared. Conhecer a mãe do Seth. Eles davam-se muito bem.

Senti o carro a abrandar e abri os olhos. Haviam casas dos dois lados da estrada. Eram praticamente todas de madeira. Seth parou pouco tempo depois á frente de uma casa amarelo pêssego com um alpendre de madeira. Levou a minha mala e a mala dele. Saí de carro dando um salto para fora deste sem abrir a porta. Estava desejosa de fazer isto e comecei a rir-me. Seth também se riu comigo.

-Tu estavas desejosa de fazer isso! – exclamou.

Encolhi os ombros e voltei-me a rir. Segui-o até chegarmos à porta. Alguém abriu a porta e pôs os braços há volta do pescoço de Seth. Depois de o abraçar deu muitos beijos em toda a cara.

-Mãe, pára com isso! – disse Seth afastando-se.

Tive a oportunidade de olhar pela primeira vez para a senhora Clearwater. A Leah saía mesmo a ela. E o Seth também. Ele tinha os olhos da mãe. Ela abriu os braços e dei-lhe um abraço.

-Prazer em conhecer-te Sophie – disse Sue. - Entrem!

A casa era pequena e modesta. Não era como os casarões dos Cullen ou a casa da minha mãe na Rússia.

-Vais ficar no quarto da Leah – disse a senhora Clearwater.

Olhei para ela em gesto de agradecimento.

-Não querem comer nada?

Seth abanou a cabeça e olhou para mim. Também não tinha fome. Fiz o mesmo que Seth.

-Vou apresentar-lhe ao Sam e aos outros – informou Seth. – Sabes onde é que eles estão, mãe?

-Talvez na casa do Sam. A Emily adoeceu.

Seth acenou uma vez com a cabeça. Olhou para mim e disse para eu o seguir. Despedi-me da senhora Clearwater e segui-o.

A reserva era calma. Seth  levou-me à First Beach. Nunca tinha visto uma praia. Apenas cais, onde os barcos atracavam. Estivemos a andar um bocado e depois sentámo-nos na areia.

-Porque é que não vamos a casa do Sam? – perguntei-lhe.

-Queria avisar-te primeiro de uma coisa.

-Diz – incentivei-o.

-Não olhes muito para a Emily, está bem? O Sam… não gosta muito, sente-se culpado por aquilo que lhe aconteceu.

-O que é que aconteceu?

-A Emily estava muito perto e… acabou por… o Sam magoou-a, feriu-a… A Emily tem uma cicatriz enorme na cara, por isso, não te foques muito nela, está bem? O Sam fica sempre muito nervoso.

-Mas posso olhar para ela, certo? – perguntei-lhe confusa.

Ele riu-se da minha pergunta e disse:

-É claro que podes. Não te fixes é muito nela.

Acenei com a cabeça. Encostei-me ao seu ombro apreciando o momento. O Sol batia nas ondas, fazendo-as brilhar. O som da água a bater na areia era relaxante. Fechei os olhos e ouvi o som das ondas. Ao longe havia uma águia que estava a rondar. Os animais na floresta… La Push foi decididamente uma boa escolha. Enfiar-me num centro comercial com Alice e Nessie não era definitivamente uma boa escolha. Bah! Uma péssima escolha para aquela semana de aulas. Respirei fundo, pensando no que aquelas pessoas tinham dito sobre a minha família mas afastei-o imediatamente. Prometi a mim mesma que não iria pensar naquelas coisas durante o fim-de-semana. Não queria estragar aquele tempo precioso, porque na segunda estaria outra vez naquele sitio cheio de egoístas. Deitei-me na areia. Fechei os olhos com força tentando pensar em coisas boas. Não devia ser tão difícil, mas foi. Aqueles comentários não me saiam da cabeça. Mas porquê que eu fui logo pensar nisso? Porquê?

-O que foi? – perguntou Seth.

-Nada.

-Eu não estava só a falar de agora – disse ele. – Ultimamente, especialmente desde sexta que andas assim. O que é que se passa?

Abri os olhos. Ele estava sentado, olhando para mim por cima do ombro. Sentei-me e decidi que não valia a pena esconder coisas dele. Ele era meu amigo e preocupava-se comigo.

-Já ouviste os boatos que há na escola?

Ele acenou com a cabeça.

-Sou muito… cruéis. Não gosto que falem de nós daquela maneira. Alguns pensam que andamos no tráfico de drogas. Isso é muito grave. E dizem que o Edward gosta de mim como gosta a Bella e também dizem que…

-São invejosos – disse Seth com rispidez. – Querem carros como nós, uma família estável e alguém que goste deles.

Acenei com a cabeça.

-Foi isso que eu pensei. Tenho medo.

-Medo de quê?

-Que eles façam alguma coisa que afecte a nossa família.

Ele meteu o braço à volta da minha cintura e apertou-me.

-Ninguém te vai magoar – sussurrou. – Eu não deixo.

-E eu não deixo que ninguém te magoe, ou magoe a nossa família.

Ele sorriu e disse:

-Assim é que eu gosto de te ver! A minha menina!

Estremeci ao ouvir a última frase.

-Desculpa, - disse – não te queria… Desculpa.

-Está tudo bem – disse eu encolhendo os ombros. – Somos amigos, certo? Então, também és o meu menino!

Ele riu-se.

-É justo.

-Eu sei que é!

-Queres ir conhecer o Sam? – perguntou-me.

-Claro! Por que não?

Levantámo-nos e fomos ter com o Sam. Ele estava mesmo em casa, muito constrangido por a Emily andar doente, mas era só uma gripe. Perguntei-me como é que o Seth ficaria se eu adoecesse, mas isso nunca iria acontecer. Tal como os meus irmãos, eu nunca adoeço.

Sam era um tipo simpático. Foi muito acolhedor. A Emily, apesar de estar doente, também foi muito receptiva há minha vinda. Quando nos fomos embora estavam o Paul e o Jared e chegar, por isso também os conheci. Muito simpáticos.

Chegámos a casa do Seth, já a senhora Clearwater estava a fazer o jantar para nós os três. Frango assado no forno. Quer dizer, três frangos assados; o Seth comeu dois. Depois disso a Sue ficou na sala a ver televisão. O Billy deveria chegar dali a nada. Seth foi mostrar-me os quartos. O da Leah era o primeiro do lado direito do curto corredor. Não era o meu quarto, mas dava para dormir. Tinha lá demasiadas coisas da Leah. O do Seth era o segundo do lado esquerdo. Entrámos e ele deitou-se na cama. Fiquei parada na ombreira da porta a observá-lo. Ele sentou-se e abriu os braços. Fiz o mesmo que tinha feito dias antes. Abracei-o. Ele apoiou o seu queixo na minha cabeça e suspirou.

Desfiz-me do abraço e perguntei:

-O que foi?

-Não gosto de te ver triste.

-Mas eu não estou triste!

Dei-lhe o meu grande sorriso, para ver que eu estava a dizer a verdade.

-Tu… tu não tens saudades do teu pai?

Olhei-o incrédula.

-Não – respondi. Olhei para a cara triste dele. Ele sentia falta do pai dele. Óbvio. Mas o pai dele era uma lenda, o meu era apenas o meu pai biológico, nada mais.

-Tu tens saudades dele.

Ele acenou a cabeça a desviou o olhar.

-Sinto a falta dele. Custa-me ver a minha mãe aqui sozinha, e eu e a Leah longe.

-Ela não está sozinha – disse-lhe – Ela tem os teus amigos e os amigos do teu pai sempre a apoiá-la. A Leah veio cá a semana passada e tu também estiveste aqui há uns tempos. Ela nunca irá estar sozinha. E também não te esqueças que se vieres em forma de lobo chegas muito mais rápido.

Ele deu um meio sorriso e encolheu os ombros. Quando olhou para mim tinha os olhos a lacrimejar.

-Oh Seth! – disse abraçando-o.

Ficámos ali um bocado sem nos mexermos. Eu compreendia-o. A minha mãe morrera por minha causa e eu nunca cheguei a conhecê-la. Ele sempre tinha uma recordação dele e eu não.

Ele deitou-se e levou-me consigo.

-Seth! – gritei.

Ele começou a rir-se às gargalhadas.

-Tu nunca usas o teu escudo! É impressionante!

Ia começar a ripostar quando ele me tapou a boca.

-Já sei os teus argumentos. Não precisas de repetir, não sou um humano com Alzheimer.

Comecei a rir-me mesmo com a sua mão a tapar-me a boca.

Tocaram há campainha e fomos ver quem era. Era Billy. Quando este viu Seth cumprimentou-o e perguntou pelo Jacob. Pai galo, pensei. Cumprimentou-me e fiquei surpreendida quando disse o meu nome. Pensei que ele não o sabia. Sentámos (eu e Seth) no sofá e ficámos a ver televisão. Sue também não gostava muito de ver basebol, mas a televisão do Billy tinha avariado. Comecei a cair no sono, mas Seth despertou-me:

-Quero mostrar-te uma coisa.

Fomos para o seu quarto e ele pôs um CD a tocar no leitor. Deitou-se na cama e arranjou-me um espacinho. Deitei-me ao lado dele a ouvir o CD de música clássica. Era demasiado calma para me manter acordada e adormeci.

 

                                         ***

 

Quando acordei o sol tinha nascido e Seth estava a ressonar ao meu lado. Já devíamos de estar a partir de La Push.

Abanei-o para o acordar mas ele rolou para cima de mim. Ele era demasiado pesado para me deixar respirar e dei-lhe um murro no ombro com bastante força. Resultou. Abriu os olhos ainda confusos e olhou-me.

-Não consigo… respirar!

Ele riu-se e saltou para fora da cama.

-Bom dia! – saudou-me.

Ri-me da forma como ele parecia tão bem disposto. Levantei-me também e olhei para a janela. Já deviam de ser umas nove ou dez horas. Olhei para Seth em pânico.

-Sempre posso ir em forma de lobo.

-E eu ia às tuas cavalitas não é? – perguntei irónica.

Ele encolheu os ombros.

-É uma opção.

-Bom-dia meninos! – exclamou Sue à porta do quarto – O pequeno-almoço já está na mesa.

Sue fez ovos mexidos e panquecas. Tinha chocolate derretido e compota de morango para servir de recheio às panquecas. Seth comeu para cinco pessoas e eu uma pequena quantidade de tudo um pouco. Os ovos mexidos eram mesmo bons.

Fui mudar de roupa ao quarto da Leah. O Seth disse para eu vestir um fato de banho porque queria ir saltar do penhasco. Vesti um fato de banho desportivo azul-escuro, vesti uns calções de praia e uma T-shirt cor-de-rosa. Quando cheguei à sala ele já tinha uns calções de banho vestidos e mais nada. Olhou para mim e fez uma careta.

-Vais assim? Isso tudo só para saltar de um penhasco? O que é que a Alice te fez? Uma lavagem ao cérebro?

Abanei a cabeça em sinal contraditório.

-Vamos? – perguntei.

-Sim – disse ele.

-Divirtam-se! – exclamou Sue atrás de nós.

Andámos calmamente até há praia e depois subimos o penhasco. A altura era descomunal e a água não era nada convidativa. Fiz uma careta ao olhar para baixo.

-Tu primeiro – disse eu.

Ele foi para trás para ganhar balanço e saltou fazendo piruetas no ar. Exibicionista na perfeição. Despi os calções e a T-shirt e saltei. Há medida que me aproximava da água lembrei-me que não sabia nadar. Perfeito!

-Seth! – tentei gritar. Mas a água entrou para os meus pulmões.

Fui levada por uma corrente e bati numa rocha. Tentei agarrar-me a ela. Precisava urgentemente de oxigénio mas não o encontrava. A corrente estava muito forte. Umas mãos quentes agarraram-me e puxaram-me para cima. Consegui respirar. Estava tudo bem. Seth levou-me para a areia e deitou-me nela.

-Podias ter-me dito que não sabias nadar! – ripostou ele furioso.

-Só me lembrei quando estava a saltar – admiti.

-Chega de saltos por hoje! Não vais voltar a saltar enquanto não souberes nadar! – disse ele.

Comecei a rir-me dele. Parecia um pai a dizer ao filho que não devia tirar objectos pessoais das pessoas.

-Qual é a piada? – perguntou.

-Nada, nada – disse rapidamente.

 

                                  ***

Tomei banho e já estava pronta. Ficámos para almoçar, por isso fomos despedir-nos de Sam, Emily e Billy. Depois voltámos a casa de Seth para almoçar. A Sue cozinhava mesmo bem. Seth comeu, comeu, comeu. Depois pegou nas minhas coisas e nas coisas dele, despedimo-nos da mãe dele e partimos.

-Foi bom – disse eu quando entrámos na auto-estrada.

Ele acenou com a cabeça e acrescentou:

-Excepto a parte em que quase te afogaste.

Dei uma gargalhada.

-Sim, essa parte não foi bonita. Mas de resto adorei. Da próxima vez trazes-me às tuas cavalitas.

-Da próxima vez? – perguntou.

-Sim, da próxima vez. Achas que eu vinha cá uma vez e nunca mais voltava a pôr cá os pés? Eu não sou dessas pessoas!

- Então, gostaste mesmo?

-Claro! – disse.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram das "férias" em La Push?
Comentem!



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