Renascida escrita por ReLane_Cullen


Capítulo 3
Relações




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/83796/chapter/3

Capítulo 2- Relações

Assim que a aula acabou, fui o mais rápido possível em direção ao meu carro. Eu não tinha falado com o Jason desde o incidente na hora do almoço, e não estava com a mínima vontade de conversar com ele no momento.

Assim que entrei em casa, fui direto para o meu quarto. Como era de se esperar, meus pais não estavam em casa. O que me possibilitava ligar o som no último volume. Apertei o play do meu aparelho de som, e Smells Like Teen Spirit começou a tocar.

Instantaneamente, eu relaxei. Me joguei na cama, e tentei esquecer da minha briga com o Jason. Mas era impossível.  Se tinha uma coisa que realmente me irritava, era quando ele resolvia me recriminar por alguma atitude que eu tinha com alguns dos amigos dele da escola. Amigos esses, que não me suportavam, em sua grande maioria. E a recíproca era verdadeira.

Nossa relação era complexa. Eu e o Jason crescemos juntos. Os nossos pais se conheceram, quando o meu pai trabalhava como Maitrê em um restaurante italiano em Los Angeles. Foram os pais de Jason que indicaram a cidade de San Diego para os meus pais abrirem o negócio, já que os mesmos já moravam aqui.

Desde então, eles não se desgrudavam. Resolveram fazer tudo juntos. Até os filhos eles fizeram na mesma época. Eu nasci duas semanas depois do Jason.

Com esse histórico familiar, não tivemos outra opção a não ser nos tornarmos melhores amigos. Tudo era uma maravilha, até a adolescência chegar.

Eu era acostumada a ter o Jason só para mim, e quando chegamos no colegial, tive que aprender a dividi-lo com a escola toda. Ele foi o calouro que mais rápido alcançou a posição de  titular do time da escola. Apenas um jogo, e ele já era parte dos Ravens. Enquanto ele se tornava popular, eu continuava na mesma. Eu nunca fiz questão de ser conhecida. Não no colegial. Não fazendo o que eu tinha de fazer para me tornar conhecida.

Eu não era patricinha, não era líder de torcida, não era extrovertida e nem uma vadia. Resumindo, não tinha como ser popular. Já o Jason com seu 1.90, seu sorriso fácil e simpatia, conseguiu isso num piscar de olhos.

É claro que eu estava feliz por ele não ter me abandonado, mas isso me trazia conseqüências. Ele me carregava para todos os cantos que ele ia, ele me obrigava a conviver com o mundo dele, mundo ao qual eu não pertencia. Não vou dizer que todos os populares eram fúteis e arrogantes, mas quando se está nesse meio, era preciso saber lidar com esse tipo de pessoa. Eu não sabia.

O telefone tocou, e eu abaixei o volume do som para poder atendê-lo.

-Alô.

-Cinco horas no Lumiere.- A voz do Nathan me avisava do outro lado. Tinha esquecido completamente do cinema.

-Nate, eu acho que eu não vou.- Eu tinha certeza que o Jason ia, e eu ainda estava tentando me recuperar da pequena briga.

Por que aquele garoto tinha que ter tanto efeito sobre mim?

-Por quê?- Nathan perguntou surpreso. Como ele podia me perguntar uma coisa dessas. Não estava claro o motivo.

-Você não estava lá na hora do almoço não?- Havia horas, que eu não conseguia controlar o meu sarcasmo.

-Fala sério. Eu já vi discussões piores entre vocês, e vocês voltarem a se falar no mesmo dia.- Ele tentava argumentar. Era verdade. Mas hoje eu não estava a fim. Talvez eu estivesse com TPM.

-Nate...- Tentei explicar, mas ele logo me cortou.

-Lumiere às cinco. Se você não estiver lá, vou aí te buscar.- Ele desligou o telefone, e eu sabia que não haveria mais jeito. Eu sabia que ele não estava brincando com relação a ir me buscar em casa.

Quando se tratava da minha relação com o Jason, o Nathan era o mais fiel torcedor. Eu não sabia como ele e a Lilly ainda não haviam providenciado uniformes de líderes de torcida com um R e um J estampados. Eles sabiam ser tão irritantes com relação à isso.

Por que eles não entendiam que nunca daríamos certo juntos?

Eu sei que o meu histórico com ele vai um pouco além da amizade. Foi com ele que eu dei o meu primeiro beijo, aos onze anos. E foi com ele também o meu primeiro beijo de língua, aos catorze. Foi uma das coisas mais bizarras da minha vida. Queríamos descobrir se nós tínhamos alguma habilidade em beijar. Como se dois inexperiente podiam saber avaliar o desempenho do outro. Passamos os dias seguintes, treinando, tentando melhorar a nossa habilidade.

Depois da nossa fase de descobertas, as coisas acalmaram. Ele nunca namorou, mas ficou com várias garotas. Eu também nunca namorei, mas fiquei com alguns meninos. Era difícil namorar com o Jason e o Nathan sempre pegando no meu pé. Não havia garoto que resistisse à pressão.

As coisas só voltaram a esquentar, durante uma festa para o time na casa do Dylan, no ano passado. Com a bebida rolando solta, não demorou muito para que eu e o Jason nos atracássemos em algum canto da festa. Passei a festa quase toda grudada nele. No dia seguinte, nenhum dos dois comentou nada. Se ele preferia fingir que não se lembrava, eu também faria o mesmo. Mas eu me lembrava perfeitamente. O que eu posso dizer? Ele realmente tinha melhorado, e muito, as suas habilidades com o beijo.

  

Às cinco horas em ponto eu estava chegando ao Lumiére. Deus! Será que não podiam mudar o nome do cinema não? Parecia algo tão 1920. Sinceramente, eu acho que Casablanca foi exibido nesse cinema, em seu ano original.

Para a minha surpresa os garotos já estavam lá me esperando. O Jason estava usando uma blusa preta, com uma foto do Beatles estampada, enquanto o Nathan estava com uma blusa vermelha xadrez. Maldita influência grunge!  Quando os garotos iam aprender que eles não eram Kurt Cobain?

-Oi.- Cumprimentei-os um pouco sem graça, evitando manter um contato visual com o Jason.

-Agora que você chegou, vou comprar os ingressos.-Assim que ele acabou de falar, ele me deixou ali com o Jason, e foi para a fila. Nathan e sua sutileza. Me surpreendia o fato dele se dar bem com as garotas. Àqueles olhinhos verdes deviam ser mágicos, ou alguma outra parte do corpo dele.

-Você ainda está com raiva de mim?- Jason me perguntou, me fazendo olhar pela primeira vez em seus olhos castanhos.

-Mais ou menos.- Dei de ombros, desviando novamente o meu olhar.

-O que eu posso fazer para me redimir?- Ele me perguntava com um sorriso no rosto

-Ser meu escravo por toda a eternidade?- Arqueei a sobrancelha esperando a resposta dele, que por sua vez revirou os olhos.

-Estava pensando em te dar esse chocolate. -Ele me entregou um barra de chocolate ao leite. O desgraçado sabia muito bem como me comprar. - E te ajudar com cálculo na sexta-feira.- Ele completou. Essa era uma oferta irrecusável. Eu sempre tive um currículo escolar exemplar, exceto pela estúpida matemática. Para que servem os números?

-Não é a mesma coisa, mas serve.-Sorri brevemente, o que o fez abrir um enorme sorriso. Como eu podia me render tão fácil a ele?- De qualquer forma, eu acho que te devo desculpas.- Falei completamente envergonhada. Eu tinha um sério problema em demonstrar minhas emoções. Sempre preferi ficar na defensiva. Principalmente com ele. Mas de alguma forma ele conseguia quebrar minha barreira.

-Eu também te devo desculpas. Acho que estamos quites.- Ele estendeu sua mão e eu apertei. Ele continuou segurando a minha mão, enquanto íamos em direção ao Nathan, que acabara de sair da bilheteria.

-Se vocês quiserem, eu posso trocar para algo mais romântico.- Ele comentou, se referindo aos ingressos, enquanto olhava de maneira sugestiva para mim e Jason. Eu viveria algum dia da minha vida sem ter que ouvir uma piada sobre isso? Eu acho que não.

-Vai se ferrar!-Peguei os ingressos da mão dele e entramos no cinema.

O filme até que foi ótimo, de fato superou as minhas expectativas. Sem contar que tinha Will Smith e Bill Pullman no elenco.

-O que achou do filme?- Nathan me perguntava na saída do cinema.

-Sinceramente, eu gostei. Principalmente por ter o Bill Pullman.- Eu tinha adquirido uma pequena “queda” por ele, desde que eu vi Enquanto você dormia. Ele estava tão fofo naquele filme.

-Desde quando você gosta de caras mais velhos?- Jason perguntou surpreso. Eu não gostava, mas sei lá, precisaria ter uma lógica para explicar minha atração? Desde quando isso era uma coisa racional?

-Não se preocupa Jason, você é mais velho do que ela duas semanas. – Pela vigésima vez naquela noite, o Nate fazia alguma piadinha. Pelo menos, dessa vez, ele levou um belo tapa do Jason.

 

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Renascida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.