- O que foi dessa vez?

- O que você fez com a Manu? - Gustavo riu, Douglas endureceu mais ainda sua expressão. - Do que você está rindo, seu idiota?

- Você não tem uma namorada para se preocupar, não? - disse saindo da frente do carro e passando pelo irmão, que o impediu segurando-o pelo braço, com um movimento rápido Gustavo libertou-se e encarou sério o mais velho. - Viu como você gosta dela. - Sorriu sem mostrar os dentes. - Eu te entendo... Ela é diferente, encantadora, linda... Você não vai me fazer sentir inferior me chamando de idiota ou irresponsável.

- Escuta aqui moleque, eu já lhe disse para você se afastar dela.

- Eu não tenho medo de você. - disse virando-se. - Aliás, quem tem que decidir se me quer longe ou não é ela, somente ela. Você pode muito bem ter salvado a vida dela a alguns meses atrás, mas em hipótese alguma é dono dela, ela já é bem grandinha para saber o que e quem ela quer por perto, não precisa de babá. - Gustavo estava saindo pela porta. - E acho que ela gosta de mim também. - Douglas gargalhou.

- Gosta de você? Ah, meu irmão! Não mesmo. Como ela iria gostar de alguém que só pensa em si?

- Ela gosta, eu sei que ela gosta. - riu.- Hoje eu tive a prova.

- O que você fez com ela?

- Quer tanto saber? Pergunte a ela.

O mais velho trincou os dentes, e impediu novamente que o irmão saísse dali, segurando-o pela gola do moleton e o prensando contra a parede.

- Não pense em brincar com ela.

- Mas que droga! Eu não estou brincando com ela! Já disse, eu gosto dela assim como você também gosta. - disse com raiva. Os dois se encaravam em silêncio. Tensão.

- O que está acontecendo aqui? - Disse Clara assim que chegou à garagem e viu os filhos naquela situação. Douglas soltou Gustavo e ambos permaneceram em silêncio. - Vamos! Eu estou esperando, o que aconteceu aqui?

Gustavo olhou para o irmão, depois para a sua mãe e saíu dali sem pronunciar mais nenhuma palavra, indo direto para o seu quarto. Enquanto Douglas, permaneceu no local olhando para sua mãe.

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Enquanto isso...

(The little things - Colbie Caillat http://www.youtube.com/watch?v=raM9uCv6Aso)

Manoela chegou em seu quarto e fechou a porta, deitou-se em sua cama de bruços, agarrada ao travesseiro. Ela estava confusa, aquele fora seu primeiro beijo, o tão esperado primeiro beijo havia acontecido. Nos últimos meses o imaginara sendo com Douglas, o seu anjo, porém não foi o que aconteceu, havia sido com o irmão mimado dele. Mimado? Talvez, não mais tanto. Não podia negar que fora perfeito, melhor do que havia imaginado. O cenário fora digno de novela: uma praia depois de uma tarde agradável e no meio da chuva. Sempre vira em filmes casais beijando-se na chuva e sempre achara lindo e romântico.

Romântico! Sim, fora romântico, também não podia negar isso. Gustavo fora tão carinhoso, tão gentil, estava tão diferente. Suspirou. Mesmo gostando tanto de Douglas, não estava arrependida do que havia acontecido. Não sabia o por que, mas no fundo se sentia uma traidora, que traiu seus sentimentos entregando seus lábios para alguém que não gostava. Não gostava? Não tinha mais tanta certeza disso.

"Ele é um galinha, aquilo fora insignificante para ele." Afundou a cabeça no travesseiro. Queria chorar e sentir raiva dele, era o certo a fazer. Era o que sua consciência dizia, mas não era o que seu estado emocional queria. Olhou em direção ao seu mural, onde agora havia muitas fotos, mas uma em especial chamara a sua atenção: Estava rindo espontaneamente com Douglas ao seu lado rindo da mesma forma. Gostava dele, ela tinha certeza disso, mas não conseguia parar de pensar no beijo, no abraço, na tarde que passara com Gustavo, do quanto ele fora gentil não só com ela mas com todos no orfanato, e como todos haviam gostado dele. "Ele está mudando e parece disposto a isso, mas por quê?" Mal sabia ela que a resposta estava diante dos seus olhos e ela ainda não conseguia enxergar.

 - Posso entrar? - disse Giovana, espiando pela porta. Manoela riu e pediu que ela entrasse. Gi entrou no quarto e fora em direção à cama, sentou-se ao lado da morena de olhos verdes. - Então, o que houve naquele orfanato? - Manu deitou sua cabeça nas pernas da garota de olhos cor de mel, e esta ficou fazendo carinho na região.

- Ele foi muito gentil.

- E..

- Todos gostaram dele e ele disse que quer voltar lá.

- Sério? Meu irmãozinho está surpreendendo.

- Você nem imagina o quanto! - murmurou.

- Como assim?

- Nos fomos a outro lugar depois do orfanato.

- Outro lugar? - perguntou Giovana incredúla.

- É, uma praia.

- O Gustavo te levou em uma praia, é isso?

- Sim! Eu nunca tinha ido numa praia antes, é lindo!

- Nossa! Não conhecia esse lado sensível do meu irmão. Primeiro: querendo voltar ao orfanato; Segundo: levando alguém, que não seja uma daquelas piriguetes, para passear.

- Pois é...

- E como foi lá? Ele foi grosso contigo? Por que você chegou em casa correndo para o seu quarto?

- Foi bom, muito bom. Não, ele não foi nenhum pouquinho grosso comigo. - ignorou a última pergunta.

- Hum. E por que você chegou e venho direto para o seu quarto? - Manoela levantou sua cabeça e olhou para Giovana, corando. Ela não sabia como dizer o que havia acontecido. - O que foi, Manu?

- É... Hum... Ele me beijou. - disse timidamente. A mais velha ficou surpresa com aquela revelação. Na verdade, incrédula. Já havia percebido que o irmão estava começando a gostar dela, porém não imaginava que ele teria coragem para beijá-la assim tão rápido.

- Sério? - ela assentiu. - Hum... E como foi? Você gostou?

- Foi bom, eu acho...

- Acha?

- Eu nunca tinha beijado ninguém antes. - disse baixando a cabeça.

- Não?

- Não!

- Não imaginava isso. - Manoela deu de ombros ainda com a cabeça baixa. - Você está arrependida?

- Não! - disse rapidamente, e se arrependeu no mesmo instante. - Quer dizer, ele foi carinhoso comigo, foi em um lugar lindo, mas não esperava que fosse com ele.

- Entendo, você esperava que fosse com o meu outro irmão, não é? -A garota levantou sua cabeça e encarou a outra surpresa. - Eu sei que você gosta do Douglas, a um tempo, já! - deu de ombros. Manu escondeu o rosto com as mãos envergonhada. - Não fica assim, quando gostamos de alguém não conseguimos esconder, mesmo.

- Você não vai contar para ele, não é?

- Não, claro que não! Até parece que não me conhece. - A garota suspirou aliviada. - Mas acho que você está confusa com essa mudança do Gu. - Giovana sorriu e negou com a cabeça. A mais nova fez uma careta e voltou a deitar a cabeça nas pernas da outra. Ficaram um bom tempo conversando, sobre outros assuntos. Até que foram interrompidas por batidas na porta.

- Quem é? - perguntou Gi.

- Sou eu Gi. - As duas se entreolharam, uma conversa muda entre elas. Manoela acabou por assentir respondendo àquela conversa. Ela levantou sua cabeça do colo da outra, permanecendo sentada em sua cama, enquanto a mais velha foi até a porta a abrindo.

 Continua....