Estava voltando pra casa. Mas antes teria que passar na oficina pra ver como as coisas estavam, sim, eu tinha um negócio, na verdade eu mesmo cuidava da oficina quando a abri em La Push, mas teve um dia que não agüentei e deixei as finanças por conta de Alice. A baixinha tava me dando nos nervos dizendo que me faria nadar em dinheiro se deixasse minhas economias com ela. E assim foi feito.

   Realmente, Alice tinha feito um excelente trabalho! Eu havia reformado a antiga casa de La Push para o meu velho, dando-lhe mais conforto além de uma cadeira nova eletrizada. Estava contente comigo mesmo pelo o esforço e ousadia, Carlisle sempre me parabenizava e estava orgulhoso de mim por ter aberto a primeira filial em Tacoma, e eu era o chefe. Seth cuidava da de La Push, e eu controlava as coisas por aqui apesar de aparecer só de vez em quando, eu sempre estava com Nessie. Mas hoje, ela não veio. Ela estava lá, com aquele idiota.

   Era só pensar nos dois juntos que meu sangue fervia, apertei o volante com força. Vi os dois conversarem durante todo o intervalo, o sorvete, as risadas e até mesmo o beijo que o desgraçado deu demoradamente na bochecha perfeita da MINHA Nessie. Um leve tremor percorreu minha espinha, respirei fundo afim de me acalmar.

   Cheguei a oficina e estacionei meu carro, agora sim, eu tinha um carro, o carro que eu um dia sonhei em ter, tinha. (Mustang GT Prata) Olhava papéis e mais papéis, assinei alguns contratos de fornecedores de peça e ficava a par de tudo com os relatórios que Matt (http://portalamazonia.globo.com/img/upload/noticias/SergioMarone_foto_GustavoAzeredo.jpg) me passava. Ele tinha se tornado um amigo.

- E aí Jake, cadê a Renesmee? – ele perguntou descontraído após terminar de me passar os relatórios.

- Está na escola. – disse um pouco seco.

- Shii... Aconteceu alguma coisa com vocês? –

- Não, e como assim com a gente? – perguntei pra ele que mantinha um sorriso no rosto.

- Como assim ‘ com vocês’ ? É simples: apesar dela ter 16 anos e você 18, vocês andam sempre juntos, estão sempre juntos, fazem tudo juntos, como assim com vocês? Vai me dizer que nunca rolou nem um beijinho? Qual é Jacob! Ela tá na sua, e não é de hoje não viu? – ele disse com seriedade.

- Nessie é só uma criança. – respondi

- Jacob Black, A Renesmee já tá bem crescidinha pra ser uma criança não acha? – ele me encarou

- Olha Matt, Nessie é uma criança, ela pode até ter 16 anos como você diz mas pra mim ela é uma criança, eu a vi crescer e ajudei a cuidar dela, sou o melhor amigo dela e não eu nunca a beijei! – disse com raiva, saindo de vez da oficina.

   As insinuações de Matt a respeito da minha relação com Nessie me mergulharam em um mar de dúvidas. Nessie não tinha 16 anos, e sim 5. Eu não tinha 18 anos, eu tinha muito mais que isso apesar de fisicamente não aparentar. E dentro da minha cabeça meu cérebro me confundia mais ainda, ora eu via Nessie como uma menininha indefesa a qual tenho que cuidar e proteger, como um irmão, um pai, ora eu a via como uma mulher em formação, curvas em seu corpo, a sensualidade oculta em sua voz me chamando, me inebriando, me enlouquecendo... ‘ Estou louco! É isso, só pode ser! ’ Preciso de férias, preciso me distanciar daqui, mas não posso ir e deixá-la ainda mais agora com aquele lá que aposto meus caninos como está jogando conversa afiada pra cima dela enquanto ela está no treino!

   Maldita hora que Bella e Alice permitiam que ela fizesse o teste para entrar para as líderes, maldita hora em que o sempre tão protetor Edward Cullen resolveu deixar a filha fazer o que bem entendesse.

   Fiquei vagando pela cidade durante um tempo, tentando esfriar a cabeça. Minha mente estava recebendo turbilhões de dúvidas a todo instante, e isso estava me deixando louco, na verdade eu só queria me manter um pouco distante da casa onde o leitor de mentes já deveria ter voltado da faculdade junto com sua amada Bella, Emmet e Rosalie deveria estar destruindo o quarto, e Jasper atendendo aos caprichos da lunática Alice.

Senti meu bolso vibrar, atendi o celular rudemente sem ao menos olhar para saber quem estava me ligando.

- Alô!

- Jake... – sua doce voz me atingiu em cheio, tinha algo errado.

- Nessie! O que foi? Porque está assim? – disparei inúmeras perguntas.

- Jake... Por favor, me busque... Eu, eu quase cometi uma loucura! – ela começou a chorar – Por favor Jake, rápido, eu preciso de você...

Antes mesmo dela terminar eu já estava novamente acelerando o carro rumo ao colégio.

- Em 5 minutos estou aí, fique calma, meu anjo. – desliguei.

   O que será que tinha acontecido? Se aquele desgraçado fez alguma coisa com ela, eu parto seu corpo em mil pedaçinhos e faço questão de sentir a carne dele rasgando embaixo dos meus dentes afiados de lobo! ‘ Droga, quando eu mais tenho pressa essa estrada parece ficar mais longa.’ Pisei fundo no acelerador tentando diminuir mais ainda o meu tempo de chegada.

5 minutos depois eu estava correndo feito um louco, tentando não ultrapassar o limite que diga – Ei não sou humano – para alcançar o fundo do campus e chegar até Nessie.

   Assim que cruzei o ultimo portão eu a avistei, encolhida em um canto, escondida de todos, a cabeça apoiada nos braços cruzados que estavam sobre os joelhos. Me aproximei devagar, ela sentiria minha presença, meu cheiro, não queria assustá-la mesmo assim. Cheguei perto o suficiente pra sentir que sua respiração estava travada e seu coração que já batia rápido, estava mais ainda acelerado.

- Nessie... – abaixei ficando na sua altura – Ei, meu anjo, eu cheguei...- afaguei-lhe as costas.

- Oh, Jake! – ela ergueu a cabeça, seu rosto banhado por lágrimas, se jogou em meu pescoço – Por favor, me leve daqui, rápido Jake, eu não agüento mais! – ela falava num fôlego só.

Retirei-a imediatamente dali levando-a para o estacionamento.

- Nessie, calma meu bem, diga-me o que aconteceu, sim? – eu a segurava firme, mesmo assim ela me prendia mais e mais junto ao seu corpo, se pudesse acredito que teríamos nos fundido – Não chore meu anjo, estou aqui, conta pra mim, por favor... – pedi enquanto deslizava minhas mãos por seus cabelos e costas afim de acalmá-la um pouco mais.

- Sarah... – ela soluçou – Ela, nós... – ela estava gaguejando por nervosismo – Nós, bem, nós fomos fazer um salto que a capitã metida... – ela respirou fundo – A capitã pediu para que realizássemos um salto difícil, você sabe para mim não seria problema mas temi por Sarah e ela disse que tudo bem, que iria conseguir... – ela começou a chorar de novo – Mas ai na hora de aterrissar ela caiu falsamente e bom, se cortou e seu sangue... – ela se apertou mais ainda contra mim afundando seu rosto em meu peito – Oh, Jake! Eu quase, quase perdi o controle, minha melhor amiga...

Não disse nada, peguei-a em meu colo e coloquei dentro do carro, prontamente já estava ao seu lado no banco de motorista dirigindo rumo a nossa casa, nenhum instante deixei de segurar sua mão ou acariciar-lhe no rosto.

- Pronto Nessie, passou, já passou – tentava consolá-la – Não fique assim, não aconteceu nada, como você mesma disse: você quase perdeu o controle mas não aconteceu e Sarah está bem! Eu lhe disse que seria arriscado a participar do grupo de líderes minha pequena, esse tipo de coisa acontece, afinal são só humanos... – minha voz era doce e segura, queria que ela se sentisse confortável com minhas palavras.

Estávamos chegando próximo a casa.

- Jake, pare o carro, preciso de um tempo – ela pediu tentando controlar as lágrimas.

Parei o carro no acostamento e me virei ficando de frente para ela.

- Nessie, está tudo bem, estou aqui com você nada de mais aconteceu. – disse olhando em seus olhos enquanto segurava seu rosto entre minhas mãos.

   Ela fechou os olhos, deu um suspiro lento e profundo, seu coração foi se acalmando mas ao mesmo tempo sua batida se tornou mais forte, ela abriu os olhos novamente e me encarou, as lágrimas ainda presentes em sua face. Estávamos próximos demais, seu hálito tocando minha face, seu semblante triste, nesse instante mais dúvidas me atingiram e súbita vontade de fazer algo extremamente estúpido me dominou.

- Não chore, meu amor. – aproximei meu rosto do seu, beijei-lhe na face, limpando suas doces lágrimas, uma a uma.

Meu coração deu uma alavancada súbita assim como o seu, os olhos fechados novamente, seu rosto de boneca entre minhas enormes mãos, fui secando uma a uma, todas suas lágrimas, tirando sua tristeza, estava próximo a sua boca.

- Jake... – ela chamou meu nome, um sussurro inebriante, os lábios entreabertos.

- Nessie... – fui aproximando mais ainda, deixando uma distância mínima, suficiente somente para a passagem de uma leve brisa, a brisa do desejo, estava próximo demais, perigoso demais...

Meu Deus, eu iria beijá-la!