Destinys Play escrita por Bella P


Capítulo 12
Capítulo 11




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Capítulo 11

 

Aconteceu tudo tão rápido que Kaylee não teve tempo de processar direito. Só sabia que em um momento sua tia estava prestes a ser morta e no outro a vampira loira foi jogada longe por um lobo enorme que pulou em cima dela. E então a confusão se instaurou com isto. Dois outros lobos surgiram: um na sua frente e um às costas de Demetri, rosnando, com os pelos eriçados e as orelhas achatadas contra o crânio e quando o da frente fez menção de atacar, distraindo o vampiro, o de trás agarrou a perna do homem e o puxou com força, o soltando de Kaylee.

A garota, que pensou que iria ser levada junto no tranco, surpreendeu-se quando um vampiro alto e loiro, de olhos topazes, surgiu no meio da briga e a abraçou contra o peito sólido dele, a levando para longe. Em questão de segundos ela viu-se entre as criaturas de negro e um piscar de olhos depois estava do outro lado da rua nos braços de uma bela mulher de cabelos curtos castanhos que a levava para ficar escondida atrás de outra de cabelos longos e escuros.

- Não! - protestou ao recuperar-se do choque. - Tia Winnie! - ameaçou dar um passo na direção da mulher caída no final da rua mas a diminuta criatura de cabelos curtos que mais parecia uma fada a parou.

- Carlisle vai tirá-la de lá. - e apontou para o vampiro loiro que foi até Winifred, acompanhado por outro de cabelos cor de bronze. Ambos haviam se ajoelhado em torno de Winnie e pareciam avaliar com cuidado o estado dela, trocando olhares preocupados do qual Kaylee não gostou nem um pouco.

Jasper e os lobos mantinham os Volturi ocupados com seus ataques enquanto Emmett gargalhava ao ouvir o ranger dos dentes de Jane ao perceber que ela não conseguia usar, de novo, os seus poderes sobre eles. Edward e Carlisle por outro lado continuavam a rodear Winifred caída e cujos braços e pernas encontravam-se em ângulos anormais para membros humanos.

- Kaylee... - a mulher murmurou com uma voz rouca e quase sumida.

- Ela está bem. - Carlisle respondeu em um tom profissional, enquanto usava todos os seus sentidos aguçados para avaliar a situação dela, e depois mirou Edward nos olhos. - Ferimentos internos graves, há lesões nos músculos e o sistema nervoso central está completamente abalado. Fraturas e ao menos três costelas quebradas com duas que perfuraram os pulmões. Ela está tendo hemorragia interna generalizada. Removê-la é um risco e mesmo assim não creio que ela vá sobreviver a viagem até o hospital. - pensou e depois desceu o olhar para a mulher que tocou de leve em seu braço.

- Eu sei o que você é. - falou com uma voz bem baixa. - Sei o que faz...

- Senhora? - Carlisle perguntou confuso.

- Será que ela está pedindo que salve a vida dela? - Edward comentou em um sussurro que somente o outro homem pôde ouvir.

- Não. - Winifred os cortou. Não precisava ouvi-los para saber sobre o que eles estavam falando. Podia percebê-los, vê-los, afinal não era a única naquela família com dons. Ciganos também tinham as suas lendas e seus misticismos e muitos deles envolviam a magia e a capacidade de prever o futuro, coisa que ela herdou de seu povo. - Minha hora chegou e não quero que mudem isto. O Livro... Avise a Kaylee que o Livro do Clã Cigano agora é dela. Precisa tê-lo, precisa lê-lo. E ela precisa ficar com o Jacob. Está segura com ele. Precisam um do outro. Não deixem eles a levarem... - o olhar da mulher ficou desfocado quando a sua cabeça pendeu na direção dos Volturi que estavam enfileirados de um lado da rua e rosnavam ameaçadores para os Cullen e os lobos, bem protegidos pela barreira de Bella, do outro lado.

- Não deixarei. - garantiu Carlisle.

- Bom... Dê isto a ela. - a mão de Winnie tentou ir ao pingente em seu peito, mas não teve forças para erguer o braço.

- Daremos. - Edward apiedou-se da mulher e lendo os pensamentos dela retirou o colar que envolvia o seu pescoço, recebendo um último sorriso de agradecimento antes dela partir de vez.

- Guarde o corpo Edward, tenho que conversar com o Aro. - o rapaz assentiu com a cabeça enquanto Carlisle erguia-se e ia na direção do grupo que trocava olhares ferozes mas não mais se agrediam.

- Carlisle. - Aro sorriu quando o patriarca dos Cullen tomou a frente do grupo. - Nossos caminhos se cruzaram mais uma vez. E foi bem cedo, não?

- Pensei que já estaria retornando a Volterra, Aro. - Carlisle disse em um tom calmo, quase amigável.

- Tivemos um desvio de percurso, assuntos de última hora para resolver. - os olhos rubis do vampiro passaram por cima do ombro do outro vampiro, pela alcateia e os outros Cullen até chegarem a Kaylee que era protegida por Bella e Alice. Carlisle deu um relance por cima do ombro para o que Aro tanto mirava e depois voltou a olhá-lo.

- Sinto então dizer que não podemos permitir que este assunto seja resolvido.

- Carlisle... - Aro sorriu de canto de boca. - No momento o seu território se resume a Forks e você está bem longe dele. - o vampiro deu um passo a frente, o que fez os lobos rosnarem baixo e Aro congelou os movimentos em um gesto preventivo.

- Sim... Mas a jovem Kaylee pertence ao território de La Push. - o Volturi arregalou levemente os olhos diante desta nova informação. - Ela esta sob a guarda da alcateia e portanto não pode ser tocada. Creio que os Volturi não irão querer começar uma guerra contra eles. Afinal, os lobos de La Push não estão submetidos as nossas leis.

- Carlisle... - Aro mudou o tom de voz de agradável para algo mais ameaçador. - Ao menos faz ideia do que essa menina é capaz?

- Sim. - blefou. Fora o relato de Stefan sobre ela ter sido capaz de brigar com um vampiro, nada mais sabia sobre ela. Edward parecia ter mais conhecimento do segredo de Kaylee, pois vira o mesmo na mente de Jacob, mas o guardava a sete-chaves em respeito ao lobo.

- Então sabe que ela é uma ameaça à nossa raça. O sangue dessa menina pode ser a cura e a nossa destruição.

- Você sempre teve uma inclinação para o drama Aro.

- Uma humana que sobrevive naturalmente ao veneno de um vampiro é sem precedentes. - acusou e Carlisle manteve a mesma expressão impassiva, embora por dentro estivesse chocado. Os lobos reagiram com ganidos de surpresa, exceto Jacob, enquanto Bella, Emmett e Jasper arregalavam levemente os olhos. Alice com certeza já tinha previsto tudo e Edward sabia com antecedência da história.

- Nada é sem precedentes. Como médico e cientista garanto que tudo tem uma origem. E não creio que uma simples adolescente seja motivo para tanto alvoroço e alvo da caça dos Volturi. Você mesmo disse que ela é imune ao veneno dos vampiros. O que mais ela poderia ser resistente? Quem garante que o que fizessem a ela iria surtir efeito? O que realmente desejava fazer com ela Aro? - estreitou os olhos na direção do vampiro que sorriu divertido.

- Pesquisar... Adicionar. Ela poderia ser muito útil aos Volturi. - mais uma vez Carlisle deu um relance sobre o ombro para a jovem aterrorizada atrás de Alice e Bella.

- Ela não parece disposta a ir com vocês.

- Percebo. - Aro deu um aceno de cabeça. - Mas ela estará, mais cedo ou mais tarde. Perdemos esta batalha, Carlisle, mas não perderemos a guerra. Essa menina é uma ameaça para a nossa raça e quando outros descobrirem ela será caçada impiedosamente.

- E como eles vão descobrir? - o Volturi deu um sorriso de canto de boca. - Irá espalhar a notícia, não?

- Espero que a alcateia de La Push esteja preparada para ataques repentinos. Vampiros curiosos podem surgir do nada querendo dar uma olhada na menina especial, não é mesmo? - riu e com este último aviso desapareceu em um borrão, sendo seguido pelos outros. Bella ainda manteve o escudo em pé por uns cinco minutos enquanto a tensão pairava no ar e todos mantinham-se quietos e mal respiravam até que uma única voz quebrou todo o silêncio:

- Tia Winnie! - Kaylee saiu detrás de Bella e pôs-se a correr na direção de onde estava a mulher caída, sendo parada por Carlisle que a segurou pelos braços. - Me solte! É a minha tia, ela precisa de mim! - esbravejou a garota, debatendo-se nas mãos do vampiro.

- Kaylee... - o médico falou em um longo suspiro que fez a menina retesar todo o corpo, não gostando nada do tom dele, e com mais lágrimas correndo pelas bochechas ela virou o rosto para mirá-lo. - Eu sinto muito criança. - os olhos amêndoas ficaram largos e quando sentiu os dedos de Carlisle afrouxarem o seu aperto, a jovem disparou na direção de Winifred, deslizando sobre o asfalto congelado e caindo de joelhos ao lado da mulher morta.

Edward tinha sido misericordioso e neste meio tempo fechara as pálpebras dela e antes da rigidez pós-mortem a acometer ajeitara os membros tortos, a deixando mais natural, entretanto não mudava o fato que o rosto pálido, os lábios sem cor e a ausência de movimentos respiratórios vindo do peito indicavam que não havia mais vida naquele corpo. Um soluço travou em sua garganta e fez todo o físico da adolescente tremer. Quis estender uma mão e tocar o rosto que com certeza já estava frio, mas o medo a impediu, pois se fizesse isto seria apenas mais uma certeza, mais uma prova de que a tinha perdido. Perdido a única família que lhe restara.

Sentiu algo cutucar as suas costas e inclinou a cabeça, vendo de rabo de olho uma massa de pelos caramelo pintada de flocos branco de neve. Um focinho passou pelo seu ombro e um enorme olho castanho ficou na altura de seu rosto onde a garota pôde ver seu reflexo na íris escuras. Seu rosto estava pálido, as bochechas rosadas e marcadas pelas lágrimas, seus cabelos despenteados e a sua expressão miserável. O soluço preso em sua garganta finalmente libertou-se e foi seguido por vários outros. O lobo expirou longamente e agachou-se até deitar-se por completo ao seu lado e Kaylee enterrou os dedos no pelo grosso e áspero, escondendo o rosto no mesmo em seguida.

Jacob soltou um suave ganido, inconformado desta ser a única forma de consolação que conseguia dar a menina. Não tinha como se transformar de volta, não se quisesse ficar nu em frente a uma grande plateia que fosse além da sua alcateia, e a perda de Winifred também pesava em seu coração. A mulher o abrigou sem muitas perguntas, o acolheu como mais um sobrinho e sempre o fazia rir, o fazendo esquecer dos problemas, e agora vê-la sem vida sendo emoldurada pela neve era surreal. Não parecia ser ela. Não mesmo. E a qualquer momento ele esperava que a cigana se levantasse em um pulo e gritasse “surpresa!”, coisa que não ia acontecer.

- Melhor a levarmos daqui. - Carlisle anunciou, interrompendo os lamentos de Jacob e indicando com um gesto de cabeça a garota agarrada ao lobo deitado na rua. O vampiro puxou um celular do bolso e começou a discar alguns números. - Eu cuido do corpo e das explicações.

- A loja da família fica no outro quarteirão, talvez tenha alguma coisa para eu vestir e assim levá-la para casa. - pensou Jacob.

- Jacob falou que a loja da família fica no outro quarteirão. Ele quer levá-la para casa. - Edward reproduziu os pensamentos do lobo para o restante dos Cullen.

- Certo. Alice e Jasper vocês ficam comigo para me ajudar com toda a burocracia. - Alice assentiu com a cabeça, concordando com Carlisle pois já previra os pensamentos dele. Kaylee não podia mais ficar em Chicago e sem Winifred que deveria ser a única guardiã legal dela, precisariam de papéis, verdadeiros ou não, para justificar a partida da menina e transferir a guarda dela para Jacob. Além de explicar o motivo da morte da mulher que jazia no meio da rua. - Os outros irão levá-la para casa. Arrumem tudo o que der para levar. Temos que tirá-la da cidade no máximo até amanhã à tarde. - os lobos e vampiros concordaram com a cabeça e Jacob mexeu-se, tentando chamar a atenção de Kaylee que ainda escondia o rosto em seu pelo.

Carlisle aproximou-se dela com uma expressão paternal no rosto e tocou em seu ombro, a fazendo levantar a cabeça para mirá-lo.

- Precisamos ir minha jovem. - a adolescente desviou o olhar do vampiro para o corpo de Winifred no chão frio. - Eu cuidarei para que ela receba um funeral o mais rápido possível.

- Cremação. - disse a garota com a voz rouca por causa do choro. - O nosso clã acredita que depois da morte o corpo precisa ser queimado para assim a alma não ter ao que se associar à terra, não ter motivos para ficar presa a este plano e assim seguir em frente para o próximo estágio e possibilitar a reencarnação. - Carlisle sorriu. Já ouvira tal tradição cigana em seus longos anos de imortal. - Winifred sempre me dizia que quando morresse queria ser cremada.

- Então será feito. Vá com os outros, por favor. - Kaylee assentiu com a cabeça, erguendo-se do chão com as pernas bambas e sendo auxiliada por Edward enquanto usava Jacob como apoio. O vampiro fez menção de pegar a menina no colo, com a intenção de carregá-la mesmo que fosse pelo curto trajeto até a loja, visto que ela ainda parecia instável por causa da perda, mas um rosnado o parou nos movimentos.

- Qual o problema vira-lata? - Edward rolou os olhos.

- Ela vai comigo. - veio a resposta atravessada de Jacob.

- Como, posso saber? - a imagem mental de Kaylee montada no dorso do lobo chegou a mente do vampiro e ele riu.

- O que foi? - Bella perguntou confusa ao ouvir a gargalhada do marido.

- Jacob quer que a garota monte nele, como um cavalo. Essa eu realmente quero ver. - Kaylee mirou horrorizada o lobo enorme e recuou um passo, mordendo o lábio inferior, incerta sobre esta ideia. - Ele disse que não vai te machucar. - Edward completou ao ver a expressão da garota.

- Eu... sei disso. Acho. Mas é que eu nunca montei nada antes... Nem cavalinho de carrossel. - mais gargalhadas, agora vindas de Emmett e umas risadas latidas provindas dos lobos. Jacob rolou os olhos e inclinou as patas dianteiras e depois as traseiras, agachando-se graciosamente até ficar de barriga no chão e a uma altura boa para a garota subir nele. Kaylee protelou mais um minuto até que aproximou-se do lobo e fechou os dedos no pelo grosso e com uma inspirada de ar passou uma perna sobre o dorso dele e acomodou-se às costas do animal. Edward e Emmett explodiram em risadas, Jasper tossiu para disfarçar um riso enquanto Bella e Alice desviavam o olhar, mas o risinho de canto de boca estava lá.

Carlisle apenas lançou um olhar divertido para a cena enquanto voltava a conversa no celular e os lobos soltavam as suas risadas latidas ao mesmo tempo em que recebiam miradas ferozes de Jacob que erguia-se nas quatro patas, trazendo uma Kaylee bem acomodada nas suas costas.

- Upa, upa cavalinho! - Leah zombou.

- Vai pro inferno Clearwater!

- Sabe... Eu estou começando a gostar dessa pirralha. Não é todo dia que vemos Jacob Black ser reduzido a um burro de carga. - Jake soltou um último rosnado para a mulher e virou sobre as patas, assustando Kaylee que agarrou-se ao pescoço largo dele, e disparou pela rua. Ainda rindo os outros o seguiram, deixando apenas Carlisle, Jasper e Alice para trás para lidar com o sistema em relação ao corpo de Winifred e com a certeza de que esta era uma cena que seria relembrada muitas e muitas vezes para a desgraça de Jacob.

 

oOo

 

- Vai ficar olhando para a minha cara a manhã inteira? - foi a primeira pergunta que Kaylee fez depois de uma hora com os dois parados dentro do antigo quarto de Winifred.

Depois do ataque dos Volturi, do resgate em cima da hora, da morte de Winnie, os Cullen junto com a alcateia tinham ido até a loja da família Whitaker e encontrado lá algumas peças de roupa que o próprio Jacob deixara quando as ajudava em seus dias de folga da oficina. E então o rapaz retornou a sua forma humana, para o alívio de Kaylee, auxiliou a fechar o estabelecimento corretamente e na calada da noite e na surdina todos foram para a casa da menina silenciosos e velozes como um sopro de vento.

Chegando lá roupas foram providenciadas para Quil, Embry e Leah. Bella entrou em contato com Carlisle para saber como andavam as coisas enquanto Edward, com autorização de Kaylee, apossou-se da cozinha para providenciar algum alimento para os lobos famintos. Jacob seguira Kaylee para o andar superior como uma sombra, ou um cão de guarda, e deu com a cara na porta quando ela se trancou no quarto por ao menos uma hora. Depois levou outra porta na cara quando ela saiu do quarto sem mencionar uma palavra à ele e foi se refugiar no banheiro e quando abandonou o mesmo trajando roupas escuras mas com um aspecto melhor do que estava mais cedo, se enfiou no quarto de Winifred. Só que desta vez não bateu a porta na cara de Jacob de novo.

- Não há nada melhor para fazer. Poderia perguntar como está, mas é uma pergunta ridícula, então não me arrisco.

- Está ficando esperto com o tempo, meus parabéns. - mais silêncio se seguiu com Jacob a encarando de onde estava encostado na comoda com os braços cruzados sobre o peito e com ela mirando as cobertas da cama onde estava sentada.

- Mas agora que tudo foi exposto, gostaria de uma explicação.

- Não sei.

- Não sabe nem sobre o que eu ia perguntar.

- Sim eu sei. Por que eu sobrevivi ao veneno do vampiro, como eu sobrevivi, por que consegui bater em um, por que me curo em uma velocidade mais rápida que um humano normal. A resposta é uma só: não sei.

- E nunca ficou curiosa em saber?

- Quando eu era criança achava que era normal, que todos eram assim, até perceber que não era bem assim. Uma vez houve uma epidemia de catapora no jardim de infância onde eu estudava e todos da minha classe ficaram doentes, menos eu. Achei que foi sorte. Então comentei isto com os meus pais, esta é a última lembrança que tenho deles: dos dois me dizendo para ignorar, não fazer perguntas e nunca, nunca mesmo, comentar isto com ninguém.

- E Winifred?

- Acho que ela sabia. Ela nunca se surpreendia por eu jamais ficar doente, ou quando eu caía durante as brincadeiras ela não era do tipo que saía correndo para ver se eu estava inteira. Era como se ela soubesse que precisaria de muito mais do que aquilo para me quebrar, me machucar. Foi por isso que ele não pareceu preocupada naquele dia quando voltei do hospital. Porque se eu estava de volta... Era porque não foi nada grave.

- Você foi mordida por um vampiro. - Jacob estreitou os olhos. Winifred, sem querer pensar mal dos mortos, não teria achado isto se tivesse visto o que ele viu. - Você estava agonizando e gritando e sofrendo. Mas creio que isto foi efeito do veneno em seu corpo antes dele ser expurgado.

- Entretanto a única coisa que me fez levantar questões sobre mim mesma foi logo depois que eu voltei do hospital.

- O que foi?

- Bater em um vampiro.

- O que tem?

- A força anormal não é uma característica de infância. - Kaylee franziu as sobrancelhas. - Ela veio depois que conheci você. - Jacob engoliu em seco.

- Aconteceu mais alguma coisa diferente além disto depois que você me conheceu?

- Talvez...

- O quê? - o rapaz desencostou da comoda.

- Você tem cheiro.

- E daí? Eu uso perfume de vez em quando e por incrível que pareça, eu tomo banho. - Kaylee rolou os olhos.

- Não... Cheiro de mato. O cheiro da floresta da reserva. Quando eu estive na sua casa percebi que o seu cheiro é o mesmo da floresta de Forks. - a respiração ficou presa na garganta de Jacob. - E os vampiros têm cheiro de hospital.

- Você consegue sentir cheiros? Farejar coisas?

- Não... Eu consigo sentir cheiros com uma intensidade um pouco acima da humana, mas nada que me incomode e a pessoa ou coisa têm que estar em um raio de distância próxima a mim para eu conseguir captar algo.

- Visão? Audição?

- Acho que também ficaram um pouco mais aguçadas. Por quê?

- Merda. - Jacob praguejou baixinho e começou a perambular pelo quarto.

- Jacob? Qual é o problema? - perguntou a menina, mas a conversa de ambos foi interrompida pela chegada de Bella à porta.

- Carlisle voltou. - anunciou a vampira. - Kaylee... Você não comeu nada desde que chegou e por incrível que pareça sobrou alguma coisa do ataque dos lobos. Jacob você também...

- Não estou com fome. - ambos responderam ao mesmo tempo e depois se olharam com as sobrancelhas erguidas.

- Vou ver o que o Dr. Cullen resolveu. - Jacob deu as costas, saindo do quarto apressado.

- Bem... - Bella começou um pouco sem jeito. - Acho que com toda a confusão e depois de tudo o que aconteceu eu não tive tempo de me apresentar. - deu um passo à frente, entrando no quarto e esticando uma mão na direção da jovem. - Sou Bella Cullen.

- Bella... - Kaylee percorreu seu olhar pela mulher na sua frente de extrema beleza e graça, mas não se abalou. Pelo pouco que viu dos vampiros e as informações que juntou deles, chegou a conclusão que tornar-se um morto-vivo além de ganhar a imortalidade como bônus também lhe dava uma beleza fora dos padrões humanos normais. - Tenho que arrumar as minhas coisas. - declarou, levantando-se da cama e passando por ela sem dizer mais nenhuma palavra, indo para o seu quarto. Bella piscou os olhos diante da hostilidade e retesou os ombros quando o som de uma porta batendo no fim do corredor zumbiu em seus ouvidos. Algo lhe dizia que aquela menina não gostava dela, nem um pouquinho.


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