Por seis anos, Thony nunca entendera por que nenhum seqüestrador ligou pedindo resgate, isso se sua família tivesse sido realmente seqüestrada, porque nem isso Thony sabia.

Agora, para piorar, estavam atrás dele. Mas por quê? Que razões teriam para correr atrás dele? E sua família, onde estaria? Parece que só Jonh Glover sabia, e agora ele corria contra o tempo.

Thony se arrumou rápido, recolheu os envelopes com o dinheiro, a passagem e o passaporte, pegou sua mala e o medalhão.

Eram seis horas e, a qualquer momento, seu castelo seria invadido. Chamar a polícia era algo que ele queria evitar, já que tinha sido preso sob acusação de seqüestro da própria família. Mas ele foi solto por falta de evidências que o acusasse.

BAM!

Um estrondo vindo da porta da frente ecoou por todo o castelo. Com o coração saindo pela boca e o suor percorrendo seu rosto, Thony passou a mão nos cabelos castanhos e lisos, com os olhos verdes dilatados.

BAM!

O barulho agora veio mais forte e a porta caiu com estrondo. Vários passos ecoaram pela sala. Todos que entravam falavam em uma linguagem incompreensível.

PÁ!

Agora Thony ouviu tiros. Ficou paralisado, não conseguia sair do lugar. Passos subiam as escadas e ele continuava imóvel. Os passos estavam mais próximos. Ele tremia dos pés a cabeça.

BAM!

A porta do seu quarto tremeu.

- Eles estão aqui – Thony sussurrou para si mesmo.

BAM!

Mais uma vez ele não conseguia sair do lugar. Foi quando um carro parou bem debaixo de sua janela e buzinou. Thony saiu de seu torpor e correu até ela. Um rapaz gritava lá de baixo:

- Pule! Eu te ajudo, fui contratado por Jonh Glover para te buscar!

Sem pensar duas vezes, Thony pegou sua mala, o envelope e pulou da janela para o carro no instante em que a porta foi derrubada.

De repente tiros vieram em direção ao carro. O rapaz estranho acelerou e saiu a toda velocidade.

- Graças a Deus – disse Thony ofegante e assustado – pensei que tinha chegado a minha hora…
- Olha, preste atenção, se o senhor não ficar mais atento, vai morrer. Essa foi só a primeira vez, ainda virão mais deles atrás do senhor.
- Pode me chamar de Thony. Acho que já te vi em algum lugar…
- Sim, eu sou o entregador de pizza, lembra?
- É mesmo – Thony estava perplexo – o que você fez comigo?
- Eu coloquei um sonífero na pizza para arrumar sua mala e pegar seus documentos para fazer seu passaporte.

Thony se sentiu usado, como uma daquelas relíquias que ele caçava. Agora o caçador de relíquias se via em uma história de papéis invertidos, onde ele era caçado por todos.

- Calma, o senhor precisa ter calma, daqui a alguns minutos seu avião partirá para a França.
- Sim, mas como eu saberei quem é Jonh Glover?
- Não se preocupe, ele saberá quem você é…

PÁ, PÁ, PÁ!

Tiros ecoavam por todos os lados. Um deles acertou o braço do entregador de pizza.

- AHHH!!!
- Você está bem?
- Sim – ele respondeu com a voz cheia de dor – ai meu Deus!

De repente vários homens mascarados cercaram o carro e o entregador deu uma freada brusca.

PÁ, PÁ, PÁ!

Os tiros quebravam os vidros do carro.

- Se abaixa! – o entregador gritou – estamos perdidos!
- E agora? – Thony perguntou desesperado.
- Espera, estou pensando!
- Então é melhor você pensar rápido!
- Tudo bem, então. O senhor vai entrar naquele bueiro.
- O quê? Você ficou louco?
- O senhor quer morrer? – o entregador se irritou – entra no bueiro e segue em frente. Logo o senhor sairá na entrada do aeroporto.
- Mas como você sabe?
- Eu sabia que eles viriam atrás de nós, então verifiquei todas as opções de fuga.
- Ok – Thony limpou o suor da testa – mas e você?
- Eu vou distraí-los enquanto o senhor foge…
- Não…
- Quando eu contar três!
- Não, espera!
- 1… 2… 3!

Tudo aconteceu muito rápido. O entregador saiu atirando e servindo de escudo para Thony.

PÁ, PÁ!

Outro tiro acertou o ombro do entregador.

- AHHH!!
- Meu Deus! Você está bem?
- Eu vou sobreviver, ok? Agora entra logo!

Thony pulou para dentro do bueiro e correu muito. A única coisa que ouviu foi uma grande explosão. Era o fim do entregador de pizza…

- Que destino, sair para entregar uma pizza e nunca mais voltar…

Thony andava se orientando pelas placas de identificação das avenidas nas paredes subterrâneas. Os ratos passavam por ele, alguns se atirando na água suja.

"Bom, agora só Deus sabe o que acontecerá" Thony pensava olhando no relógio "tenho vinte minutos para chegar no aeroporto".