Dia 2

As coisas ficaram loucas e foras de controle... Depois que os mortos começaram a andar tudo ficou confuso e sem sentido, mas uma coisa é clara... Eu preciso escapar. Não sei onde estão meus pais, mas a essa altura eles provavelmente já estão mortos, então resolvi me juntar ao filho do meu vizinho e procurar abrigo.

No fim do dia tínhamos encontrado mais outras quatro pessoas para se juntar a nós e algumas armas. Após mais um tempo de procura encontramos um motel para servir de abrigo. Ao entrarmos nele encontramos o dono e sua esposa que estranhamente foram amigáveis com todos nós. Seria medo?Medo de ficar sozinho quando os mortos andam? Bem, tanto faz. No final de tudo eles se juntaram a nós e no mesmo dia começamos a barricar o local inteiro e a reunir toda nossa comida e remédios. Apesar da policia ter avisado a população para não andar com armas, começamos a reunir nosso armamento apenas por precaução.

Não temos muitas coisas... Pouca munição, pouca comida enlatada... Nenhum de nós gosta da idéia, mas provavelmente teremos que procurar mais dessas coisas amanha.

Dia 3

A noite passada foi um pesadelo... Se não eram os gritos de desespero e dor do lado de fora eram os sons de tiros ou de carros batendo desesperados para fugir. E se não fosse o suficiente meus pesadelos também não me deixavam dormir. A cidade estava um caos, tudo que conhecíamos estava sendo destruído por essas coisas que desafiam a lógica.

Acabamos de voltar da busca por suprimentos... Foi pior do que todos nós imaginávamos. Cadáveres, sangue e destroços... Isso era tudo que se podia ver sobre os asfaltos da cidade. Tentamos ignorar, mas era impossível. O cheiro de sangue cobria todo o lugar, era insuportável... E ainda mais o gemido daquelas criaturas e os pedidos de ajuda dos que ainda não haviam morrido...

Saímos do motel e corremos para supermercados e farmácias próximos. Graças a deus encontramos comida e remédios o suficiente para semanas, e até meses se bem administrado. O problema foi a munição, com tantos cadáveres ambulantes por ai nossa quantidade de munição não será o suficiente, precisávamos encontrar mais.

Nós procuramos por todo lugar possível... Carros de policia, carros abandonados, mas não encontramos muita coisa... Não era o suficiente. O senhor [nome riscado] deu a idéia de procurarmos nos cadáveres que não andavam. Muitos deles ainda carregavam armas e munições, mas era perigoso demais além de antiético. Todos de inicio desaprovaram a idéia, mas no fim vimos que era nossa única opção.

Dia 4

Depois de ontem não sei o que aconteceu, mas não me sinto bem... As imagens dos cadáveres que reviramos continuavam em minha cabeça e os pesadelos pioram, já tomei vários banhos para me livrar do cheiro dos corpos, mas nada parece funcionar...

Acho que comecei a ouvir sons estranhos de meu vizinho de quarto sobrevivente... Melhor não me preocupar com coisas como essa agora. Já sobre a busca de ontem, graças a deus conseguimos achar algumas armas e bastante munição também. Um dos sobreviventes tinha algumas armas de porte civil em casa então ele me deu uma carabina M1 que é mais fácil de operar... Acho que é assim que se fala, nunca entendi nada de armas e nunca me preocupei em saber... Grande erro.

O dia hoje foi quieto considerando os dias anteriores... Mas que dia é hoje? Já não sei, minha noção de tempo esta confusa, mas quem se importa com horas em uma situação como essa?

- Que estranho- disse parando de ler.

- O que houve, porque parou?- perguntou Mika

- Algumas páginas foram arrancadas e outras estão apagadas... Só sobraram mais duas legíveis.

- Então continue lendo

Data riscada 1

Fomos atacados por outros sobreviventes hoje. De sete sobreviventes, restaram apenas 3, eu o dono do motel e meu amigo, 4 deles morreram no confronto, a ultima uma mulher de 20 e poucos anos fugiu em meio a confusão...espero que ela esteja bem.

Eu sempre achei que nossa única preocupação nesse inferno seriam os monstros andando do lado de fora, nunca imaginei que seriamos atacados por pessoas de nossa própria espécie de um jeito tão feroz.

Com a maioria de nós mortos o lugar ficou silencioso e melancólico, não conseguíamos dormir devido ao medo de outra invasão. Decidi andar um pouco e entrar nos quartos para passar o tempo. A cada quarto que passava eu tentava imaginar o que eles faziam antes desse inferno e as vezes eu conseguia tirar alguns risos disso. O ultimo quarto que passei foi o do meu vizinho de quarto que morrera algumas horas atrás  no ataque. As paredes do quarto estavam manchadas, de inicio eu não sabia o que era até que comecei a sentir o cheiro de sangue seco por todo o quarto e vi que a banheira do quarto estava cheia de pedaços de corpos e sangue. Por quê? Porque ele fizera tudo aquilo? Loucura? Ao olhar melhor notei que havia coisas escritas na parede, eram frases de desespero e despedidas. Após alguns minutos sai do quarto e o tranquei ninguém mais precisava ver aquilo.

Data riscada 2

Fomos atacados novamente hoje. Os outros três que estavam comigo morreram, e tudo que eu pude fazer foi me esconder. Sinto-me péssima por isso, e me sinto pior pelo que farei agora.

Ouvi gritos e sons de um carro lá fora, talvez eles possam me salvar...Mas agora já é tarde para arrependimentos... Bem, de qualquer jeito se alguém encontrar esse caderno, espero que não tenha o mesmo fim que eu e meu grupo.

Adeus

Ao terminar de ler, Mika e eu permanecemos em silencio. Agora todas as marcas de sangue e o corpo da garota faziam sentido.

- Depois de retirar os corpos ela se matou de overdose. - disse fechando o diário- mas por quê? Há munição e comida o suficiente para sobreviver por messes.

- Medo, foi isso que a matou. -Disse Mika se levantando da cama.

Ao terminar a frase, Kouta entrou no quarto avisando que eles haviam terminado de juntar o que seria útil. Seguimos ele até a área de funcionários onde todos estavam esperando.

- Como vão as mãos Daisuke?- Perguntou Albert olhando para minhas mãos enfaixadas.

- Melhores, não doem tanto.

- Então partiremos agora, tenho medo que aquelas pessoas nos encontrem. - disse Albert se virando com os outros para saída.

- Daisuke espera um pouco – disse Kouta me segurando pelo ombro- Acho que encontrei uma arma boa pra você.

Ao falar isso ele me entregou uma carabina M1 modelo civil e algumas caixas de munição para ela. Mika e eu ficamos a olhar para a arma calados até que eu peguei ela e fiquei a analisá-la

- Encontrei ela jogada junto com alguns pedaços de papeis queimados em um dos quartos – completou Kouta.

Após carregar a arma e mais alguns alimentos nos dirigimos à saída do abrigo, mas quando abrimos a porta nos deparamos com nossos perseguidores do outro lado da rua. E ao nos verem começaram a gritar com raiva e a correr atrás de nós.

- Droga- disse Steven atirando e correndo.

Albert começou a disparar neles também, mas apenas dois dos sete caíram e o resto continuou correndo atrás de nós.

- Para o carro agora!-gritava Albert correndo

Quando entramos Steven começou a dirigir enquanto eu e Mika continuávamos a atirar e Kouta nos seguia no quadriciclo. De repente Hachiko começou a latir fortemente a olhar para esquerda do carro, e quando olhamos para onde ela latia nos deparamos com uma multidão de 100 ou mais daqueles infectados subindo a rua por onde iríamos fugir.

- Merda!- gritava Albert virando o carro bruscamente para a direita. Eu estava na abertura do teto e Mika na janela e ambos fomos jogados para o lado, mas quando Kouta foi fazer a mesma virada seu quadriciclo capotou jogando-o no chão.

- Droga!- Disse pulando do carro junto com Mika. - Levante logo Kouta!

Os perseguidores humanos continuavam longe e os infectados que se aproximavam Mika os matava rapidamente junto com Susumo que havia descido para ajudar, e do carro os adultos nos davam cobertura.

- Vamos logo se ficarmos mais tempo A cidade inteira via estar aqui!- gritava Steven em inglês.

Kouta havia levantado, mas seu quadriciclo não dava partida, e enquanto ele tentava fazê-lo funcionar uma faca voou em sua direção, mas Susumo havia empurrado ele em tempo

- Obrigado- agradecia Kouta levantando.

Continuávamos a atirar até que minha munição na pistola acabou e eu tive que pegar a arma que conseguimos. Ao aproximar ela de mim para fazer a mira senti um cheiro de perfume feminino e sangue misturado na arma o que me fez lembrar a garota no motel.

- Os outros estão chegando perto!- Gritava Mika jogando sua pistola no chão e matando alguns infectados com a espada.

Assim que ela falou, vire-me neles e mirei porem meu dedo não conseguia apertar o gatilho. Apesar de tudo, eles ainda eram humanos. Eu não podia matar outras pessoas de minha própria espécie podia?

- O que você ta fazendo?- Gritava Mika novamente.

Eu simplesmente não consegui atirar, então abaixei a arma por alguns segundos. Fiquei a encarar o grupo raivoso a nossa frente e os infectados ao nosso lado esquerdo até que o cheiro da arma me lembrou do diário e do que vimos na noite anterior. Ao lembrar-me das cenas, por impulso levantei a arma novamente e mirei e disparei no primeiro deles que caiu no asfalto.

- Pronto!- gritava Kouta subindo no quadriciclo – Vamos.

Mika e Susumo correram para o carro, mas eu continuei disparando em cada um deles até que o ultimo caísse morto no asfalto. Ao ver o ultimo cadáver cair no chão sangrando corri em direção ao carro.

-Enquanto Albert e Steven gritavam algo no banco da frente eu continuava no teto solar a olhar a multidão de infectados se afastando pouco a pouco e aproveitando algumas gotas de uma chuva que começava.

- O que foi aquilo?- perguntava Mika guardando a espada ao seu lado.

Fiquei a olhando por algum tempo e virei-me para minhas mãos que voltaram a sangrar um pouco.

- Então o cheiro de sangue era meu... -disse para mim mesmo

- O que?

- Esquece, não foi nada. - disse tomando mais um analgésico e fechando os olhos.

- Tsch

Dead Diary End