Através dos Seus Olhos escrita por ReLane_Cullen


Capítulo 7
Os Cullens


Notas iniciais do capítulo

Oieee! Aqui estou eu mais uma vez! Meninas, eu acabei me confundindo esse não é o EPOV, o próximo capítulo que será. Mas esse capítulo sana inúmeras dúvidas sobre o Edward. Divirtam-se!



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Capítulo 7- Os Cullens

Na manhã seguinte tudo se repetira. Esme me trouxe o café na cama, e depois me ajudou com o banho.

 Era constrangedor ter que depender de uma pessoa para realizar esse tipo de tarefa, mas eu não tinha muita escolha.

Esme saiu logo depois do almoço, o que me dava algumas horas antes da Alice chegar e resolver testar um novo look de maquiagem em mim. Sério, aquela garota precisava ficar urgentemente um tempo longe das revistas de moda.

Como eu não tinha nada melhor para fazer, resolvi navegar um pouco na internet. Eu mal tinha começado a ler meu primeiro email, quando ouvi batidas na porta. Será que Esme já tinha voltado?

“Pode entrar” Respondi sem tirar os olhos do computador.

“Oi.” Levantei os meus olhos, ao reconhecer aquela voz.

“Rose?” Disse surpresa. Ela era a última pessoa que eu esperava ali. Ou melhor, a ante-penúltima. Ainda tinha duas pessoas com Cullen no sobrenome que estavam na frente dela.

“Eu posso falar com você?” Ela perguntou meio incerta, permanecendo perto da porta.

“Claro. ” Fiz um gesto para que ela entrasse. Rose fechou a porta, e sentou-se na cama. ” Sobre o quê se trata?”

“Eu fiquei sabendo da sua briga com o Jasper.”

“Ótimo.” Disse irritada. Eu tinha escapado do sermão da Alice, mas pelo visto isso não aconteceria com a Rosalie “ Se você veio aqui defendê-lo ou me dar qualquer tipo de sermão...”

“Não é nada disso.” Ela me interrompeu. “É só que eu já não agüento mais essa confusão toda.” Ela deu um suspiro que eu só podia traduzir como frustrado. “Você convive com a gente e eu acho que você precisa saber a verdade sobre Edward Cullen”

“Que verdade?” Perguntei surpresa. Será que todas as minhas perguntas seriam finalmente respondidas?

“Você sabe...o porquê ele é tão, digamos, estressadinho.” Rosalie mordeu o lábio ao final da frase. Acho que ela estava tão nervosa por falar, quanto eu estava por ouvir.

“Eu realmente gostaria de saber.”

“Bem, o Edward nem sempre foi do jeito que ele é atualmente...” Rose mal começou a falar, e eu já começava a interrompê-la.

“Em que sentido?” Perguntei curiosa.

“Em todos. Eu conheço a família Cullen, desde que eu nasci. Eu, Edward, Jasper e Emmett crescemos juntos. Nós sempre fomos tão diferentes. Edward sempre foi o mais simpático entre nós, quer dizer, ele só perdia para o Emmett. Ele sempre foi prestativo, atencioso e gentil. Ele era o garoto perfeito. O filho perfeito. O amigo que todos queriam ter. Até que a doença apareceu. ” Novamente essa história da doença aparecia.

“Doença?” Franzi o cenho, confusa.

“O Edward sempre foi um menino saudável, até os doze anos de idade. Foi com essa idade que ele descobriu que ele tinha Ceratocone”

“O que é isso?”

“Essa doença afeta a córnea. Ela causa algum tipo de degeneração no tecido. Eu não sei direito.” Rosalie explicava.

“Foi por causa dessa doença que ele parou de enxergar?” Perguntei,  e ela assentiu com a cabeça.

“Sim. O que acabou deixando os médicos abismados. Essa doença demora muito para evoluir até seu estágio final. Ela começa, geralmente, na adolescência e só leva á cegueira depois dos trinta anos. Quando ela evolui para esse extremo, às vezes ela simplesmente estaciona.”

“Mas por que com ele foi diferente?” Perguntei extremamente interessada. Eu ouvia atentamente cada palavra que saía da boca de Rosalie.

“Os médicos não conseguem saber. No início, as lentes e os óculos surtiam algum efeito, mas quando ele chegou aos dezesseis anos, nada mais adiantava.”

“Mas não existia outro tratamento?” Com a medicina tão avançada, não era possível que não houvesse qualquer alternativa aos antigos óculos.

“Existe. Mas Edward se recusava a fazê-los. Segundo ele, ele já havia aceitado o seu destino e não iria lutar contra ele.”

 “Mas por que ele reagiu dessa forma?” Eu nunca havia conhecido alguém que recusara um tratamento que lhe daria chances de se curar.

“Não sei. Mas as pessoas são diferentes em tantos aspectos, que cada uma age de uma maneira diferente diante de um problema. Edward estava enfrentando o turbilhão hormonal que é a adolescência, quando a doença desmoronou o mundo dele.”

“É para qualquer um essa época já é assustadora. Imagine para ele. Ele deve ter ficado apavorado.” Disse com pena. Eu estava completamente sensibilizada com o que eu ouvia.

“Não sei se, apavorado seria a melhor maneira de classificá-lo naquele momento. Quando o tratamento não funcionava mais, Edward se isolou do mundo. Terminou com a namorada, se afastou dos amigos e tentou se afastar da família também. A única coisa que ele não abandonara foi a música.” Meu cérebro registrou a palavra namorada, mas eu decidi ignorar a minha curiosidade. Aquele não era a hora nem o momento de fazer aquele tipo de pergunta.

 “Mas vocês não fizeram nada? Sei lá, psicólogos, psiquiatras, apenas, conversar com ele? ”

“Fizemos tudo o que podíamos. Por ele, eu acho que ele tinha parado de falar com a gente também, nós que não deixamos.” Rosalie sorriu fracamente. Estava visível em seu rosto o quanto era doloroso para ela reviver esses pequenos momentos.

“Mas e a ajuda externa?” Perguntei ansiosa.

“Você não pode ajudar uma pessoa que não quer ser ajudada. Ele não queria ir aos médicos, mas os pais dele o levavam contra a vontade. Só que chegando lá, ele passava a sessão toda de boca fechada. Nenhum médico conseguiu fazê-lo falar.”

“E os outros amigos dele?”

“Edward os afastou, e eles não lutaram muito contra isso.”Rosalie falou magoada. E eu a entendia. Que tipo de amigos abandonariam outro, quando mais ele precisava?  “No início ainda tentávamos arrastá-lo para o cinema, para o shopping, ou ao menos tomar um sorvete depois da aula, mas nada adiantava.” Rosalie lamentava-se.

“Daí vocês desistiram. Não estou criticando, apenas constatando.” Rosalie assentiu fracamente com a cabeça.

“Como eu disse, não dá para ajudar alguém que não quer ser ajudado. É como tentar alcançar uma folha que o vento insiste em levar para longe. É praticamente impossível. Mas eu sempre acreditei, que no dia que ele estivesse pronto ele voltaria para gente.” Os olhos azuis dela se iluminaram com um fio de esperança.

“Você acha que isso vai acontecer?” Perguntei me agarrando naquela mesma esperança que ela acreditava.

“Eu acho que já está acontecendo.” Ela fez uma pequena pausa.“E graças a você.” Ela completou com um sorriso.

“Como assim?” Eu estava confusa. Como ela podia achar que eu exerceria alguma melhora no Edward? Logo eu, que instigava o pior lado dele.

“Pelo que fiquei sabendo, desde que você chegou, vocês não fazem outra coisa, senão brigarem.” Ela disse sugestiva. Pelo visto, Alice havia falado para ela como era o meu relacionamento com o Edward.

“E o que tem de bom nisso?” Perguntei, enquanto tentava achar alguma razão para as palavras dela.

“Desde a doença, ele nunca se importou o bastante para brigar por nada. E ele nunca se importou o suficiente para trazer a matéria que alguém tinha perdido.”  Rosalie olhou sugestivamente para mim, enquanto um sorriso brincava em seus lábios

 “Ele só estava fazendo um favor para Angela” eu dei de ombros, enquanto tentava minimizar as ações dele. Acho que eu tentava convencer mais a mim mesma do que à Rosalie.

“Mas se ele não quisesse se aproximar ele teria pedido à Alice, ou qualquer outra pessoa para entregar para você.” Nisso ela tinha razão.

“Você acha que ele se importa comigo?” Perguntei.

“Eu não sei. Mas você foi a primeira pessoa que não é da família que enfrentou ele. E bem ou mal, isso está surtindo algum efeito.”

“É as vezes eu acho que eu sou a única que não sai do caminho dele.” Comentei com um sorriso, ao me lembrar de todas as vezes que eu fiquei no caminho dele.

“Sei que não tenho o direito de te pedir nada, mas eu gostaria que você continuasse no caminho dele.” Ela mordeu o lábio enquanto esperava pela minha resposta.

“Rose, eu ficaria feliz em ajudar.” Disse sinceramente, e o sorriso dela se alargou.

“Você é um ótima pessoa Bella.” Ela falou antes de me abraçar.

“Você também é”

“Vou indo antes que o Emmett chegue e acabe me encontrando aqui.” Ela falou depois de olhar para o relógio.

“Você não foi para aula hoje?”

“Fui. Mas eu saí mais cedo. Disse para ele que estava com cólica.” Ela piscou para mim.

“Se cuida” Disse quando ela já estava saindo do quarto.

“Você também. Melhoras!”

Assim que Rosalie foi embora, minha cabeça tentava processar tudo o que eu havia ouvido.

Eu tentava me colocar no lugar do Edward. Eu ainda me lembrava muito bem dos meus dezesseis anos. Lembrava de ser a invisível da escola, aquela que todos passavam sem nem olhar.

Naquela época eu tentava entender o que havia de errado comigo. Eu demorei um pouco para descobrir que a vida era uma selva, e o colegial era apenas a primeira parada do Safari.

Eu tentei reviver mentalmente meu colegial, enquanto eu me perguntava como seria se eu não tivesse um dos meus sentidos. Se eu não pudesse ouvir, ou falar, ou enxergar. Como eu teria reagido? Teria encarado isso com naturalidade? Ou teria me isolado do mundo como Edward fez?

Eu só suportei o colegial por causa dos meus amigos. Imaginar tudo aquilo sem eles, era um completo vazio, frio e solitário mundo.

Como deveria ser o mundo do Edward? Nem todos os amigos deram as costas, mas a maioria o fez. Eu nunca entenderia o que levaria uma pessoa a realizar um ato de tamanha crueldade.

Eu nunca abandonaria uma pessoa nesse estado.

Eu nunca abandonaria um amigo.

Eu nunca abandonaria o Edward.

Por que eu me importava tanto?

“Retorno da Múmia! Você tem visitas.” Emmett gritou abrindo a porta do meu quarto. Acho que eu responderia àquela pergunta mais tarde.

“Você já levou um chute de alguém engessado? Se quiser eu posso providenciar isso agora mesmo.” Disse irritada pelo apelido, pela interrupção de pensamento e por ele não ter batido na porta.

“Posso mandar a cambada subir?” Ele continuou, ignorando minha reação

“Claro, claro” Respondi sarcasticamente, antes dele sair do meu quarto.

Não demorou muito para que Angela, Ben, Mike ,Eric e Tyler entrassem no meu quarto. Agradeci mentalmente por Lauren não ter vindo junto. A simples presença dela ali, já seria um atraso para a minha recuperação.

Todos se ajeitaram como puderam dentro do meu quarto. Tyler me entregou um enorme urso, um buquê de rosas, e um cartão de desculpas. Ele só faltou de ajoelhar na minha frente para pedir perdão. Eu fiquei com pena dele. Ele não tinha tido culpa pelo acidente. A culpa era toda minha.

Angela e Bem trataram de me atualizar em tudo o que eu havia perdido tanto nas aulas quanto dos acontecimentos extra-curriculares.

Mike e Eric estavam demasiadamente prestativos comigo. Eu já não agüentava  mais eles perguntando se eu precisava de alguma coisa ou o  que eles poderiam fazer por mim.

Ir embora seria uma ótima opção, sorri com o meu pensamento.

Aos poucos, cada um dos meuS visitantes foram embora. Todos me desejaram melhoras e disseram que não viam a hora na qual eu pudesse voltar as minhas atividades estudantis.

Eu também ansiava por isso. Dois dias trancada naquele quarto, e eu já estava querendo sair correndo dali. Pena que não podia.

“Imhotep¹, o jantar já está pronto. Posso trazer?” Disse Emmett,  o ser mais inconveniente desse planeta, novamente parado a minha porta.

“Você tem o dom de ser desagradável.” Falei, revirando os olhos.

“Faço o melhor que posso.” Ele disse, com um sorriso sacana.

Emmett saiu dali e logo depois voltou, com uma bandeja nas mãos. Ele depositou a bandeja no meu colo, e eu o encarei desacreditada.

“Macarrão Instantâneo? É isso o que eu vou jantar?” Perguntei chocada.

“Sim, isso é comida para doentes.”

“Não tem outra coisa?” Perguntei. Eu não odiava comer macarrão, mas eu esperava alguma coisa com gosto, e que realmente matasse a fome.

“Temos cereais e pipoca de microondas. Qualquer coisa além disso foge da minha capacidade culinária.”  

“Esme não está?”

“Não. Ela teve um problema com um dos clientes.” Ele respondeu, se sentando na cama.

“Cadê a Alice?”  Pela hora já era para ela estar ali.

“Não sei. Nem ela e nem a Rose apareceram hoje.”Ele deu de ombros, antes do sorriso mais assustador que eu já vira, aparecer nos lábios dele. ” Mas não se preocupe, eu serei sua babá até uma delas aparecerem.”

“Era exatamente isso que eu temia.” Falei num tom desesperado.

“Assim você me magoa, Imo.” Ele disse, colocando uma mão sobre o coração, e com a outra ele secava as lágrimas imaginárias que caiam dos seus olhos.

“Dá para parar de me chamar assim?” Falei realmente irritada com o meu novo apelido.

“A culpa não é minha. O Carlisle que te deixou parecendo uma múmia, só estou falando o que estou vendo. ” Revirei os olhos me dando por vencida. Não tinha como lutar contra o Emmett. Era quase impossível.

“Então, o que vamos fazer? ” Perguntei se nenhuma vontade de realmente saber a resposta.

“Filmes!” Ele respondeu animado. Sério, ele e Alice devem ser parentes, nem que seja em trigésimo grau.

“Não!” Me apressei em responder. “Eu não quero ser apresentada a sua coleção de filmes.” Falei assustada. Segundo Alice e Jasper, Emmett só tinha um tipo de filme em Sua coleção. Sim, é exatamente esse tipo que você está pensando.

“Não acredite em tudo o que dizem de mim, eu tenho no meu acervo filmes apropriados para menores.” Ele se levantou e foi para o quarto dele pegar um filme.

Se ele trouxesse algum pornô, eu iria chutá-lo com o meu gesso bem nas partes baixas dele.

“Ligeiramente grávidos!” Ele anunciou, quando voltara para o meu quarto.

Eu dei de ombros, eu nunca tinha visto esse filme, e ele me parecia bem inofensivo.

Emmett colocou o filme no DVD, e se acomodou ao meu lado na cama, quase me jogando para fora da mesma.

O filme realmente parecia não ter nada demais, até a parte que eu vi a Katherine Heigl e o Seth Rogers numa cena bem constrangedora, pelo menos para mim. Eu já podia sentir minhas bochechas queimarem.

“Oh, você tá corada.”  Emmett disse debochado.

“Não tô não.” Respondi sem o encarar.

“Você tá parecendo um pimentão.” Ele completou rindo.

“Sai daqui senão eu vou te chutar.” Disse irritada com a implicância dele.

“Não saio não.” Ele falou, antes de me atacar, fazendo cócegas em mim.

“Emmett, para!” Eu implorava sem fôlego, de tanto rir. “Para, Emmett” Eu me contorcia com as cócegas, até que acabei acertando minha mão engessada na cabeça dele.

“Ai!” Ele gritou.

“Eu avisei para parar.”

“Agressiva” Ele reclamou massageando o local.

“Machucou?” Mordi o lábio, preocupada. E se eu tivesse realmente o machucado. “Desculpa.”

“Você precisa de pelo menos uns vinte braços engessados para realmente me derrubar” Eu ri com o comentário dele. “Mas você está no caminho certo” Ele completou ainda massageando o local.

Nós continuamos  assistindo ao filme. E apesar dos pesares, eu acabei gostando do filme. O final foi tão fofo.

Alice não aparecera. Mas ela havia mandado uma mensagem se desculpando. Aparentemente ela havia brigado com os pais, e estava de castigo.

Eu estava assistindo a televisão, completamente sonolenta, quando eu ouvi batidas na porta.

Por uma estranha razão, meu coração acelerou. Será que era ele?

“Pode entrar.” Respondi apressadamente.

Mas não era quem eu esperava. Ao invés de um par de óculos escuros, um par de olhos azuis me encaravam hesitantemente.

“Será que a gente pode conversar?” Ele perguntou, mostrando a hesitação também em sua voz.

“Claro, Jazz.”

 

 

***

Imhotep¹: Nome da múmia do filme A Múmia.


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Notas finais do capítulo

Beijos e até o próximo! (Que será EPOV com certeza!)