Através dos Seus Olhos escrita por ReLane_Cullen


Capítulo 28
New York


Notas iniciais do capítulo

Aeeee! O capítulo finalmente chegou. Sim eu sei que demorou e sei que vocês vão falar que está curto mas eu tenho ótimas explicações: 1- A pesquisa que tive que fazer sobre o diagnóstico; 2- Agora eu só tenho as noites livres. Pois é graças a facul e o estágio só me sobraram as noites que eu tenho que dividir entre trabalhos, lazer e escrever então já viu a correria, né? Sem mais, espero que gostem do capítulo! Beijooooos!



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Capítulo 28- New York

Por mais que eu tivesse visto em fotos, vídeos e filmes, nada se comparava a ver Nova York com os próprios olhos. O brilho, as cores e as luzes eram fascinantes, tanto que eu me sentia incapaz de achar palavras suficientes para descrevê-la. Só estando em Nova York para entender.

O péssimo trânsito da cidade impedia o taxista de ir rápido demais, dando-me tempo o suficiente para observar tudo por onde passávamos. O colorido das vitrines, o monocromático dos arranha céus, a Times Square e tudo o que ela possuía.

“Aqui está” O motorista avisou.

“Quanto foi a corrida?” Carlisle, que estava ao lado do motorista, perguntou. Enquanto ele acertava o valor, Edward e eu saímos do carro.

“Finalmente estamos aqui.” Ele me abraçou. E eu sabia que o ‘aqui’ tinha um significado muito mais amplo do que simplesmente estarmos naquela cidade.

“As malas de vocês” Carlisle nos entregou nossas mochilas “Posso ser bonitão, mas estou meio velho para ser carregador.”

“Sua mãe é a única pessoa que se salva na sua família.” Sussurrei para Edward, mas alto o suficiente para que o pai dele pudesse ouvir.

“Não se deixe enganar, Esme também tem seus momentos.” Carlisle sorriu ao entrarmos no hotel. Sinceramente, eu não conseguia imaginar Esme tendo um momento assim.

Enquanto eu e Edward permanecemos no hall do hotel, Carlisle foi até a recepção para fazer o check-in.

“Você conseguiu falar com a Alice?” Edward perguntou.

“Não. Acho que quando ela resolveu dar um tempo com o Jazz, ela estendeu a todos nós.” Forcei um sorriso. No fundo eu não conseguia entender essa atitude da Alice. Depois dessa reaparição do James, parecia que tinham pego minha amiga sensata (nem sempre) e intuitiva e transformado numa pessoa reclusa e alheia a tudo ao seu redor. Alice parecia estar cega, incapaz de enxergar os sinais mais claros em sua frente.

“Então eles deram um tempo?” Edward voltou a perguntar.

“É a única maneira que consegui classificar a situação entre eles.” Encolhi os ombros. Se eles não sabiam como nomear aquela relação, como eu saberia?

“Isso não vai acabar bem.” Ele observou.

“Podemos mudar de assunto? Eu prometi a mim mesma que só me concentraria em você enquanto estivéssemos aqui, todos os outros problemas eu deixei em Chicago.”

“Está bem;” Ele sorriu. Eu não estava sendo dura ou injusta com os nossos amigos, mas na minha mente aquela viagem tratava-se de Edward e eu não queria falar constantemente sobre problemas que deixamos em Chicago e que seriam impossíveis de serem resolvidos a distância.

“Aqui está a chave do quarto de vocês.” Carlisle voltou e entregou apenas uma chave para Edward. O rubor na minha face foi imediato. Afinal, uma coisa é você imaginar que o seu quase-sogro imagina que você durma com o filho dele, outra completamente diferente é você ter certeza desse conhecimento dele. “Vocês vão querer jantar?”

“Acho que seria uma boa ideia.” Respondi sem conseguir encará-lo. Eu estava mortificada e isso era um fato.

“Então nos encontramos aqui em meia hora?” Ele sugeriu.

“Esta bem!”

Edward concordou e seguimos para o nosso quarto. Ambos os quartos ficavam no mesmo andar, mas felizmente muitas portas separavam ambos recintos. Eu não queria nem imaginar se Carlisle ficasse no quarto ao lado.

“Eu não acredito nisso!" Exclamei assim que fechei a porta do quarto.

“O que foi? Não gostou do quarto?" Edward perguntou confuso.

“Não, o quarto é maravilhoso."E realmente era. A decoração pálida que misturava rosa e branco davam um ar aconchegante ao quarto. "Eu estou falando do seu pai nos colocar no mesmo quarto. “ Gemi, tentando não me perguntar se Esme também partilhava o mesmo conhecimento que ele. “Não é engraçado!" Repreendi quando ele começou a rir. 

“Por mais que existam regras lá em casa, ele sabe o que acontece de verdade." Ele tentou me animar, mas não estava fazendo um bom trabalho.

“Isso não te incomoda?" Indaguei. Queria nem imaginar o que eu faria se Charlie soubesse de alguma coisa.

“Nem um pouco."

“Imagina o seu pai agendando a viagem e reservando o nosso quarto no hotel. Para que isso acontecesse ele teve que no mínimo pensar sobre as nossas atividades dentro de um quarto. E isso é estranho!"

“Agora eu só preciso de um banho." Ele comentou, não compartilhando nenhum pouco da minha aflição.

“Eu também."

“Vem junto?" Ele convidou.

“Não mesmo. Não podemos nos atrasar."

Ajudei-o a chegar até o banheiro e mostrei a ele onde ficava cada coisa para ele ter ao menos uma ideia do espaço para podendo assim locomover-se sozinho. Enquanto ele tomava banho, eu separei as roupas que ambos usaríamos. Assim que ele saiu do banho foi a minha vez de entrar e por incrível que pareça chegamos ao restaurante em apenas quarenta minutos.

Durante o jantar Carlisle repassou a agenda que nós teríamos: Na manhã seguinte deveríamos ir a uma consulta com um dos melhore e mais renomados oftalmologistas de Nova York. Dependendo do que o Dr. Pamel dissesse nós saberíamos por quanto tempo a estadia na cidade duraria.

“Amanhã iremos para a consulta às nove.” Ele informou.

“Pai, você tem alguma ideia do tempo que ficaremos aqui?”

“Não sei. Tudo vai depender dos exames que vão ser solicitados."

“Mas todos terão que ser feitos aqui?” Perguntei.

“Acredito que não, mas acho melhor concentrar tudo aqui. É melhor que fazer os exames em Chicago e depois ter que trazê-los aqui; É claro que se não tiver jeito não há nada que possamos fazer.” Carlisle explicou.

Após o jantar cada um foi para o seu quarto. Carlisle despediu-se de nós e mais um vez eu não consegui encarar meu quase-sogro. Era muito constrangedor.

“Eu preciso falar uma coisa com você." Disse, quando eu e Edward estávamos deitados em nossa cama.

“Então fale." Ele me encorajou e eu tive que respirar fundo antes de começar a falar sobre um assunto tão delicado.

“O Phil me ligou semana passada. A minha mãe está enfrentando um problema na gravidez que exige repouso total da parte dela. Ela tem que passar, literalmente, o tempo todo deitada."

“Meu Deus! E como é que ela está?" Ele perguntou, preocupado.

“Bem.” Ao menos era aquilo que ela me dizia. “A questão é que o Phil não conseguiu dispensa do time de basebol e ele pediu para que eu fosse ficar com ela." Mordi o lábio enquanto esperava pela reação dele.

“Claro!” Ele concordou sem hesitar. “Mas você vai ter que se afastar da escola?

“É, mas vai ser por pouco tempo. E se eu conversar com os professores eles realmente vão entender."

“E qual é o problema?” Ele perguntou. Eu ainda ficava surpresa ao ver o quanto ele me conhecia.

“Talvez eu não esteja aqui para a cirurgia.“ Diante do silêncio dele eu continuei. “Quer dizer, eu não sei. Mas eu venho pensando nessa possibilidade." O silêncio que se seguiu foi maior que o primeiro, deixando-me desconfortável.

“Eu não vou dizer que eu não quero você aqui, porque eu quero. Quando eu abrir os meus olhos eu quero que você seja a primeira coisa que eu vá ver." Ele falou com um sorriso tão verdadeiro que senti lágrimas nos meus olhos. "Mas eu nunca pediria para você escolher entre mim e sua mãe. Ela precisa de você e eu também, a diferença é que ela só tem a você."

“Eu vou fazer o máximo para estar com você." Prometi.

“Não esquenta. Não faltará oportunidade para eu ver o seu rosto." Ele tentou me tranquilizar. A possibilidade de um futuro ao lado dele era tudo o que eu precisava naquele momento.

“Obrigada."

“Pelo quê?" Ele enrugou o cenho.

“Por entender."

“Estou sempre a disposição."

“Boa noite, Edward." Desejei, aconchegando-me a ele.

“Boa noite, meu amor. Sonhe comigo."

“Sempre."

***

Chegamos ao consultório pontualmente às nove horas da manhã. A neutralidade do branco e a frieza do azul dava ao local a típica aparência de ambiente hospitalar. A mobília era moderna e aparentemente cara, bem como os quadros e outros objetos de decoração davam um alguma ideia do quanto custaria uma consulta ali. Alguns minutos depois a recepcionista nos avisou que o Dr. Pamel estaria nos aguardando.

A consulta iniciou-se com uma breve conversa sobre o histórico dele. Edward começou contanto quais foram seus primeiros sintomas, bem como a evolução acelerada que a doença apresentou no caso dele, ele não deixou de fora nem mesmo os aspectos negativos que a doença refletiu em sua personalidade e comportamento, o que me deixou bastante orgulhosa. Carlisle por outro lado mostrou todos os exames realizados durante aquele período e os tratamentos e procedimentos sugeridos pelos médicos.  Com isso o médico começou explicando no que consistiria o procedimento cirúrgico e todos os exames que seriam necessários para realizar tal procedimento.

"Então você optou pelo transplante?" O Dr. Pamel indagou.

"Sim."

"Eu ia perguntar o que te fez mudar de ideia, mas eu acho que já sei." Ele arrematou, olhando em minha direção.

"Bella pode ter dado o pontapé inicial, mas eu realmente quero fazer isso por mim." Edward o corrigiu. "Eu passei esses anos em negação deixando que a doença me punisse sem qualquer razão. Era mais fácil no meu caso ficar sentado e aceitar a doença do que lutar de alguma forma."

"Entendo. Fico feliz que você tenha mudado de ideia. Vocês tem alguma dúvida?"

"Qual a porcentagem de visão que ele irá recuperar?" Perguntei.

"Como eu disse as chances de o transplante dar certo são de 95%. No entanto não dá para determinar a porcentagem de visão que a pessoa vai recuperar. Grande parte dos pacientes conseguem recuperar visão total. No entanto, é necessário o uso de óculos ou lentes para a correção de astigmatismo." Ele explicou.

"Quando que a cirurgia será realizada?" Carlisle indagou.

"A lista é bem pequena, então quase não há espera. Assim que me entregar os exames, o seu nome vai para essa lista, logo que tivermos as córneas nós ligamos imediatamente para você. O tempo médio de espera após os exames é de duas a três semanas."

"Então em menos de um mês ele vai fazer a cirurgia?" Eu tentei, mas não pude conter a alegria na minha voz.

"Exatamente."

Com a confiança completamente renovada saímos do consultório e voltamos para o hotel, onde ficamos sem fazer nada durante todo o restante do dia. Eu não sabia que praticar o ócio em dupla podia ser tão interessante.

Como o combinado, na manhã seguinte nós decidimos visitar o Central Park. De todos os passeios disponíveis optamos pelo que mostrava os locais onde diversos filmes e programas de televisão foram gravados. Era impossível não se lembrar das cenas de cada filme, enquanto passávamos pelos locais que serviram de locação para tais. Se usasse um pouco de imaginação era possível até mesmo sentir-se parte do filme.

Conforme passávamos em cada ponto, eu descrevia as coisas para Edward. Sinceramente, eu aguardava o dia em que voltaríamos ao mesmo lugar e eu não precisaria mais descrever nada a ele.  O momento que eu mais esperava era ver a escultura da Hora do Chá da Alice no País das Maravilhas. Era um dos poucos monumentos e lugares que eu queria visitar desde que me entendia por gente, e finalmente eu podia realizar esse sonho.

"Sabe, Alice sempre me intrigou." Comentei, completamente absorta pela estátua.

"Como?"

"Quando eu era pequena eu ficava imaginando o que levaria uma garota a seguir um coelho."

"Curiosidade." Ele concluiu.

"Eu sei, mas o que tinha de interessante um coelho que vivia atrasado? Se ainda fosse o Chapeleiro Maluco, eu entenderia, mas um coelho?!" Outra pergunta surgiu em minha cabeça, mas eu logo fiz questão de espantá-la. Eu me perguntava o que levava uma outra Alice a seguir um James na vida.

"Quando você for escrever seu livro, você faz uma versão de Alice em que ela corre atrás do Chapeleiro Maluco." Edward gracejou.

"Você realmente acha que eu sou capaz de publicar alguma coisa?"

"Pelo que sua mãe andou me contando quando estávamos em sua casa, eu acho que sim." Ele falou como se possuísse toda a certeza do mundo. "De qualquer forma, eu peguei alguns textos seus. Serão as primeiras coisas que eu lerei."

"Te odeio." Dei um leve soquinho em seu braço.

"O sentimento é recíproco." Ele sorriu e me abraçou.

À noite decidimos ir assistir a um musical da Brodway, dessa vez, Carlisle decidiu nos acompanhar. Depois do musical, contrariando todas as expectativas e convenções, acabamos a noite em uma lanchonete nos empanturrando de fast-food. O mais incrível era que aquela ideia havia partido do Carlisle. Essa viagem estava me fazendo descobrir um lado do meu quase-sogro que eu desconhecia. Ele podia ser brincalhão, sarcástico e ao mesmo tempo convencido. Nessas horas dava para perceber que Jasper herdara muito mais do que os cabelos loiros e olhos azuis de seu pai.

Após o dia extremamente exaustivo, Edward e eu estávamos prontos para dormir quando o meu celular tocou. Pelo som deveria ser uma mensagem. Muito contrariada levantei-me para pegar o aparelho e fiquei sem fala quando li a mensagem.

"Quem era?" Edward perguntou quando voltei para cama.

"Uma mensagem do Jasper."

"O que dizia?"

"Nós terminamos." Respondi com uma voz grave.


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