Através dos Seus Olhos escrita por ReLane_Cullen


Capítulo 17
Se ao menos


Notas iniciais do capítulo

Cá estou eu outra vez! Gente, eu esqueço completamente de postar aqui *face palm*Eu peciso arranjar alguma coisa para me lembrar hauahuahaua

Ah! A música do capítulo é Strange and Beautiful do Aqualung.



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Capítulo 17- Se ao menos

[BPOV]

Eu não estava com tanta pressa de chegar à escola, mas meu pai estava com pressa de chegar ao trabalho, o que me deixava sem muita escolha.

Eu estava receosa de chegar lá.

Eu não sabia o que esperar dele.

Se é que ele estaria lá.

Eu não o tinha visto desde aquele sábado pela manhã.

Ele estava me evitando, e eu não sabia até que ponto ele continuaria com aquilo.

Ele voltaria a sentar ao meu lado sem dizer nenhuma palavra?

Ou ele me cumprimentaria friamente apenas por eu me sentar ao seu lado, cumprindo algum estúpido código de boas maneiras?

Tentei não olhar para os carros que estavam no estacionamento, mas o reluzente Audi azul chamou a minha atenção.

Segui o meu caminho até a sala de aula, tomando o máximo de cuidado para não me encontrar com Jasper ou Alice.

Quando finalmente cheguei à sala, ela estava completamente vazia.

Ele não havia vindo.

Senti meus olhos lacrimejarem com a minha constatação. Desde que eu havia conhecido aquele garoto ele sempre tivera um efeito sobre mim, e a cada dia que passava parecia que só piorava.

Fui andando até a minha mesa, onde notei um pequeno embrulho branco junto de um envelope que tinha o meu nome, perfeitamente escrito.

Analisei o presente por alguns míseros segundos, já que minha curiosidade não me permitiu continuar a análise, e logo fui abrir o envelope, ávida para saber o que dizia o bilhete dentro dele.

Bella,

Sei que não agi certo nos últimos dias. Não posso explicar minhas razões, mas posso me desculpar.

Você me perdoa?

Seu amigo,

Edward.

Sorri feito uma boba, enquanto eu lia e relia o pequeno bilhete.

Ele ainda era meu amigo.

Aquele não era o relacionamento que eu desejava, mas com certeza era tudo o que ele podia me oferecer. E eu me apegaria com toda a minha força.

Coloquei o bilhete na mesa, e me voltei para o embrulho que ainda estava ali.

Desfiz o laço da fita, e abri a caixa.

Debussy: Greatest Hits, dizia a capa.

Sorri ao ler as músicas que continham no CD, em sua maioria eram as minhas favoritas.

Acabei achando outro pequeno bilhete dentro da caixa.

Para quando você estiver com saudades de casa.

A caligrafia dele era tão impecável, que me fazia ficar envergonhada dos garranchos que eu tinha nos meus cadernos.

Guardei o bilhete de volta na caixa, e continuei com o CD nas mãos, ainda sem acreditar que ele havia lembrado.

Eu havia comentado com ele uma vez que minha mãe amava Debussy, e que todas as vezes que eu ficava com saudade dela, eu escutava Clair de Lune, que além de ser minha favorita, era a única que eu tinha no meu Ipod.

Aquele era o melhor presente que alguém já havia me dado.

Eu nunca pensei que ele pudesse me conhecer tão bem.

Sempre pensei que eu era a observadora, que conseguia prever as reações dele, mas eu estava completamente enganada.

E muito feliz de estar assim.

Os alunos começavam a chegar, e eu esperava ansiosamente pela chegada dele.

Meu coração falhou duas batidas assim que o vi parado a porta.

Ele veio andando calmamente, parecendo um pouco incerto sobre seus passos.

Será que ele estava hesitante por minha causa?

Levantei da minha cadeira e fui para a fileira ao lado, onde ficava a cadeira dele. Mike ficou me olhando, achando que eu fosse ir falar com ele, mas eu o ignorei.

Edward continuou seu caminho, até esbarrar em mim.

“Oi.” Ele parecia nervoso. Acho que eu nunca tinha visto ele assim.

“Oi.” Respondi mordendo o lábio. Eu também estava nervosa. E quem não ficaria?

“Então...” Ele passou a mão pelos cabelos, enquanto procurava as palavras certas a serem ditas.

“Desculpas aceitas.” Me apressei em dizer. Edward sorriu um sorriso torto que fez meu coração acelerar.

Se continuar assim vou ser cardíaca antes dos trinta.

“Você gostou do presente?” Ele perguntou, ansioso.

“O melhor presente que eu recebi.” Respondi com sinceridade. “Eu amei. Obrigada.” Disse, e sem que eu percebesse, eu já o estava abraçando. Seu cheiro delicioso sendo aspirado pelo meu nariz, o calor que o seu corpo emanava pro meu...

Espera! Eu estava abraçando o Edward?

“Desculpa.” Eu murmurei baixinho, enquanto me separava dele.

“Sem problemas.” Ele disse com o mesmo sorriso de antes.

***

Dias depois...

Eu estava em frente ao meu prédio, andando de um lado para outro completamente impaciente.

Eu estava parada ali há uma hora esperando por ele, e nada dele aparecer. Nem a droga do celular o idiota atendia. De que adiantava um celular se ele vivia caindo na caixa postal?

Eu já estava quase voltando para o meu apartamento, quando eu vi o meu bebê.

Minha Chevy baby estava virando a esquina da minha rua. Eu conhecia minha caminhonete em qualquer lugar.

“Jake!” Exclamei assim que ele saiu do carro. Nem esperei ele fechar a porta e já estava pendurada no pescoço dele, abraçando-o. Eu estava morrendo de saudades dele.

“Isso tudo é saudade?” Ele perguntou sorrindo.

“Olha quem fala” Disse quando finalmente me soltava dele.

“Eu pelo menos admito.” Ele disse com um sorriso de orelha a orelha.

“Por que você demorou tanto?” Perguntei, dando um leve soco no ombro dele. Quer dizer, leve para ele, por que eu podia sentir meus dedos doendo.

“Culpa dessa caminhonete lenta.” Ele disse com desprezo. Como ele ousava?

“Não fala assim, ela tem sentimentos.” Rapidamente, alisei minha caminhonete como se estivesse pedindo desculpas pelo que Jacob havia dito.

“É só um carro” Ele continuou com sua atitude desdenhosa.

“Que merece respeito pela idade que tem.” Ele revirou os olhos, mas decidiu não falar mais nada sobre aquele assunto.

“Ah! Leah e o Seth mandaram um beijo para você.”

“Eu tô morrendo de saudades deles.”

“Eles também, Phoenix ficou meio chata sem você.” Ele disse, enquanto pegava as coisas que estava na parte de trás da caminhonete.

“Pensei que a Leah tivesse te entretendo.” Comentei sarcasticamente, e ele mais uma vez ignorou meu comentário. Eles eram tão teimosos.

“O que é isso?” Perguntei me referindo as sacolas que ele – literalmente – havia jogado em cima de mim.

“Sua mãe que mandou.” Ele respondeu.

“Roupas novas?” Perguntei, depois de abrir rapidamente uma das sacolas.

“É, agora que ela não sai do shopping, ela compra tudo o que vê. Só tenho pena da criança quando nascer, vai ficar...” Assim que eu ouvi o que Jacob tinha dito, não pude deixar que ele continuasse com sua frase.

“Espera. Criança? Minha mãe tá grávida?” Eu tinha certeza que minha expressão naquele momento, era de alguém muito chocada.

“Você não sabia?” Ele perguntou surpreso.

“Você acha que eu estaria com essa cara se eu soubesse?”

“Ela descobriu essa semana.”

“Wow.” Foi o que eu consegui dizer enquanto assimilava tudo aquilo. Minha mãe, grávida? Isso era diferente. Nunca achei que ela pensaria em ter mais filhos, mas pelo visto eu estava enganada.

“Ela deve ter esquecido de te contar.” Assenti ao que o Jacob disse. Eu conhecia minha mãe muito bem, ela sempre esquecia onde deixava as chaves ou o celular. Eu só esperava que ela não fosse esquecer onde largou o meu irmão ou minha irmã.

  “Pronto para conhecer o meu pai?” Perguntei assim que ele acabou de recolher tudo da caminhonete.

“Tem certeza que eu vou poder ficar?” Ele perguntou desconfiado.

“Eu expliquei para ele que você é como um irmão para mim, e que eu preferiria beijar um sapo a beijar você.”

“Ah, qual é! Sapos são nojentos.” Ele protestou.

“Pelo menos eles podem virar um príncipe, o que não se pode dizer o mesmo de você.” Dessa vez fui eu quem ganhou um leve tapa no ombro.

“Você é tão irritante!” Ele reclamou, antes de colocar a mão nos meus ombros. “Mas eu estou feliz de estar aqui melhor amiga.”

“Eu também, melhor amigo.”

Durante todo o caminho Jacob parecia ainda estar nervoso por conhecer o meu pai. Isso por que ele nem era meu namorado. Será que o Charlie metia tanto medo assim?

Entramos no apartamento, e logo vi meu pai sentado no sofá da sala.

“Pai, esse é o Jacob. Jake, esse é o meu pai.” Meu pai olhou em nossa direção, e levantou-se, vindo até nós.

“Sr. Swan é um prazer conhecer o senhor.” Jacob estendeu a mão para cumprimentá-lo.

“Como vaio garoto?” Charlie perguntou educadamente.

“Bem. E o senhor?”

“Tudo certo...” Meu pai respondeu. “Sinta-se em casa. Você pode ficar no quarto de hóspedes.” Meu pai apontou para o que ficava ao lado do meu.

“Obrigado.” Jake agradeceu e foi para o quarto guardar suas coisas.

“Pai ele trouxe minha caminhonete.” Eu comemorei.

“Ótimo só assim não preciso mais te levar para a escola.” Até parece que ele não gostava de bancar o pai e me levar para lá todos os dias. “Por falar em escola, Alice ligou querendo saber que horas você iria para os Cullens.”

“Eu não iria hoje.” Respondi.

“Mas eu vou trabalhar hoje à noite.”

“Eu sei, mas como o Jake tá aqui eu achei que não teria necessidade.” Expliquei. Já que eu tinha que ir para os Cullens para não ficar sozinha em casa, com o Jacob ali o problema estava resolvido, certo?

“Você acha que eu vou deixar você sozinha aqui com ele?” Meu pai disse como se fosse a idéia mais absurda que eu já tivera.

“Pai, eu já falei que não tem nada demais.” Argumentei mais uma vez.

“Não discuta, Bella.” Revirei meus olhos e bufei irritada. Eu não ia perder o meu tempo discutindo com o meu pai.

***

Eu nunca havia demorado tanto para chegar até a casa dos Cullens.

Por mais que eu odiasse culpar minha caminhonete, eu sabia muito bem que ela era a principal e única culpada.

“Uau! Isso aqui é uma mansão.” Jacob disse, enquanto saia do carro.

“Eu sei.”

“E eles te deram a chave?” Ele perguntou admirado ao ver que eu tirava a chave do bolso e a colocava na fechadura.

“Sou praticamente da família.”

“Eles não querem me adotar não?” Esme que não ouvisse Jacob dizendo aquilo, por que ela acabaria atendendo o seu desejo.

“Alice!” Chamei, antes de fechar a porta atrás de mim. Não demorou nem dois segundos para que a figura pequenina de Alice se fizesse presente.

“Bella!” Ela gritou, vindo em minha direção. “Ah, e você deve ser o Jacob. Prazer, eu sou Alice, melhor amiga da Bella.” Ela nem deixou Jacob dizer nada, e já foi o abraçando.

“Leah já sabe disso?” Ele sussurrou, quando Alice se desvencilhou dele. Tudo o que eu menos precisava no momento era ter Leah chateada comigo por que eu havia encontrado uma nova melhor amiga em Chicago. 

“Vem que eu vou te apresentar ao resto do pessoal.” Alice pegou a mão de Jacob e o saiu puxando até a sala de estar. O pobre coitado ficou me olhando como se estivesse pedindo socorro, mas não tinha nada que eu pudesse fazer.

Alice sempre fazia as coisas do jeito dela, e quanto antes ele aprendesse isso melhor.

“Bellinha!” O Ursinho de pelúcia gritou assim que me viu.

“Pessoal, esse aqui é o Jacob. Jake esses são o Emmett, a namorada dele Rosalie, e o Jasper.” Apresentei.

“Prazer.” Jacob disse, antes de cumprimentar a cada um individualmente.

“Ah, e esse é o Jake.” Apontei para o labrador que estava ao lado de Jasper, e que parecia estar muito bravo por ter sido ignorado.

“Como é que é?”

“Ele também se chama Jake.” Expliquei, enquanto tentava não rir.

“O cachorro tem o mesmo nome que eu? Que palhaçada é essa?”

“Não fala assim com o Jake, ele é um ótimo cachorro.” Disse, não conseguindo mais conter o riso.

“Eu tô pensando...” Emmett começou. “Se eu gritar Jake, qual dos dois chegam primeiro?” Jacob lançou um olhar mortal para o grandalhão, quem ignorou completamente seu olhar.

“Amor, é melhor você não pensar.” Rose disse, entre os risos

“Então, o que vamos fazer?” Jasper perguntou. Olhei par Alice, e vi seus olhinhos brilhando de excitação.

“Antes que você responda, eu não vou ao shopping com você” Consegui ser mais rápida que ela, e ela fez um biquinho para mim.

“Te odeio.” Ela murmurou.

“Eu tô louco para comer uma pizza.” Emmett disse.

“Podemos ir para uma pizzaria então.” Jasper sugeriu.

“Eu posso viver com essa escolha.” Rosalie falou, sem dar muita importância.

“Cadê o Edward?”

“No quarto dele.” Jazz respondeu.

“Ele vai?” Mesmo já sabendo a resposta, decidi perguntar.

“Acho pouco provável, e você sabe as razões.” Alice disse.

“Vou lá falar com ele.” Deixei Jacob conversando com eles, e fui para o quarto falar com Edward.

“Entra.” Ele respondeu após ouvir minha batida na porta.

“Oi.”

“Bella. Vai ficar hoje aqui?” Ele perguntou surpreso.

“Contra a minha vontade.” Admiti. Não era que eu não queria passar um tempo ali com eles, mas eu queria passar um tempo sozinha com o Jacob.

“Por quê?” Ele perguntou como cenho franzido.

“Eu tava achando que meu pai ia deixar eu ficar em casa sozinha já que o Jacob tá comigo, mas não ele me mandou para cá.” Expliquei.

“Pensei que você gostasse de ficar aqui.” Ele comentou, encolhendo os ombros.

“Eu gosto, mas eu queria passar um tempo com o Jake, só isso.”

“Quem é esse tal Jacob?” Ele perguntou levemente exasperado.

“Meu melhor amigo que mora em Phoenix. Ele vai passar umas semanas aqui.”

“Ah!” Foi tudo o que ele disse.

O silêncio, tão conhecido de nós, se fez presente no quarto.

Desde o dia que Edward me dera o CD, a nossa amizade havia continuado de onde havia parado. Nenhum dos dois havia ousado falar sobre o que havia acontecido na noite que eu tinha ido parar no hospital.

Mas isso não queria dizer que eu não pensava nisso.

Às vezes eu só queria que ele trouxesse o tópico à tona, para que toda essa dúvida acabasse de uma vez por todas.

Eu odiava esses silêncios que me faziam pensar, imaginar.

“O pessoal tá indo para uma pizzaria, quer vir?” Convidei, na tentativa de acabar com aquele silêncio mais que incômodo.

“Acho que não.”

“Edward, por favor.” Pedi.

“Eu não acho uma boa idéia.”

“Vamos! Você precisa se divertir, e também é uma ótima oportunidade de você conhecer o Jake.” Tentei argumentar. Eu precisava que ele fosse.

“Se ele for tão irritante quanto o meu cachorro, eu dispenso.”

“Edward, por favor!”

“Bella...” Ele implorou, como se estivesse travando uma luta interna.

“Por mim.” Pedi mais uma vez. O silêncio apareceu outra vez, até que ele exalou pesadamente.

“Está bem.” Ele disse, derrotado.

“Sério?” Perguntei sem acreditar. Eu realmente havia conseguido aquilo?

“Você não me deixa muita escolha.” Ele respondeu, levemente humorado.

“Que demais.” Comemorei. E novamente, antes que eu percebesse, já o estava abraçando.    “Ops, desculpa por isso, de novo.” Disse tentando me soltar dele, coisa que ele não permitiu.

“Eu já disse que não tem problema.” Ele disse com uma voz calma.   “Nós somos amigos, lembra? Amigos se abraçam.” Ele beliscou minha cintura, fazendo que eu sentisse um calor no meu rosto.

“Certo. Vou ficar te esperando lá embaixo então.” Finalmente me soltei dele, e saí do quarto.

Se continuássemos tão próximos assim, não demoraria muito para que eu o beijasse novamente.

E essa possibilidade, era no mínimo assustadora.

“Podemos ir?” Alice perguntou, quando me avistou na entrada da sala onde eles estavam.

“Não. O Edward vai.” Os meus quatro amigos me olharam com os olhos arregalados.

“O Edward vai? Você tá falando sério?” Rosalie perguntou, como se não estivesse acreditando no que eu estava falando.

“Como você conseguiu isso?” Jasper perguntou.

“Eu apenas pedi.” Respondi, dando de ombros.

“Você deve ser uma mutante.” Emmett disse com um ar infantil, e eu andei até ele, apenas para dar um tapa em sua nuca.

Todos ficamos na sala, esperando para que ele finalmente descesse.

“Oi.” Edward apareceu, minutos depois. E todos olharam para ele como se ainda não acreditassem que ele realmente estava fazendo aquilo.

“Edward, que bom que você vai!” Alice comemorou.

“É mesmo Eddie.” Rose concordou.

“Rosalie, não me chame assim.” Ele reclamou com uma careta, e Rose sorriu. Pelo visto, isso seria algo que o velho Edward faria.

“Edward.” Eu fui até onde ele estava, e o puxei pela mão levando-o até o Jacob. “Eu quero que você conheça o Jacob. Jake esse é o Edward.” Os dois apertaram as mãos.

“A Bella fala bastante sobre você.” Jacob comentou, amigavelmente.

“Desculpa, mas não posso dizer o mesmo.” Edward devolveu, num tom ríspido. O que estava acontecendo?

“Acho melhor irmos.” Disse, intercalando meu olhar entre os dois.

“Que troço é esse?” Rosalie fez uma cara de n nojo assim que viu minha Chevy baby estacionada.

“Ei! Essa é a minha caminhonete.” Reclamei.

“Isso pode ser chamado de qualquer coisa menos de caminhonete.” Alice também resolveu dar sua opinião.

“Você assaltou algum ferro velho?” Emmett perguntou. Ótimo! Todos estavam contra mim.

“Eu vou ignorar vocês.” Disse sem lhes dar atenção. “Ela vai provar do que é capaz.”

“Enguiçar no meio do caminho?” Claro que o Jasper não iria perder a chance de brincar comigo.

Eu estava ferrada com amigos como aquele.

Nós seguimos para a pizzaria mais perto, e que mesmo assim ficava longe.

Quem mandava os Cullens se esconderem do restante do mundo?

“Boa noite. O que vão querer?” A garçonete nos cumprimentou.

“Uma Pizza Gigante de Pepperonni.” Jasper fez o pedido.

“Duas.” Emmett, praticamente gritou.

“Emmett!” Rose ralhou com ele.

“Eu estou em fase de crescimento.”

“Você pode colocar queijo extra nas duas?” Jacob pediu.

“Claro. Mais alguma coisa?”

“Pode retirar a azeitona da metade de uma das pizzas?” Alice perguntou.

“E para beber?”

“Qualquer refrigerante que não contenha cafeína.” Rosalie respondeu.

“Para todos?” A garçonete olhava para nós.

“Eu vou querer uma coca-cola.” Eu e Edward respondemos juntos.

“Você devia ser mais elétrica que a Alice por tanta cafeína que você bebe.” Emmett comentou.

“Isso é uma coisa impossível. Alice deveria ser estudada pela ciência.” A pixel que estava na minha frente quase me assassinou com seu olhar.

“Dá para não falarem de mim? Que tal falarmos sobre a Bella?”

“Eu acho que não.”

“Vai Jacob, nos conte alguma coisa sobre ela.” Alice insistiu.

“Não tem muita coisa para contar, acreditem.” Jake respondeu. E eu fiquei agradecida pela resposta.

“Viu? Eu sempre falei que era normal.”

“Eu não disse que você era normal, só que você não fez nada que fosse interessante.” Tinha horas que Jacob era tão irritante.

“Há quanto tempo vocês se conhecem?” Emmett perguntou.

“Onze anos. Bella é minha vizinha desde quando se mudou para Phoenix.” Jacob respondeu, com um sorriso saudosista. Eu ainda me lembrava claramente do dia que um Jacob sem dente veio até mim.

“Minha mãe não escolheu muito bem a vizinhança.” Impliquei com ele.

“Percebe-se.” Edward sibilou baixinho ao meu lado. Eu olhei para ele sem entender aquela reação.

Nós continuamos conversando por um bom tempo, até que Jasper olhou o relógio e viu que já passavam das dez.

Fomos cada um para os seus carros, quando o que eu menos esperava aconteceu.

Minha caminhonete não ligava. De jeito algum.

“O que aconteceu?” Emmett perguntou, se agachando perto da janela de onde eu estava.

“Ela não quer ligar.” Respondi, chorosa.

“Eu disse que ela ia enguiçar.” Jasper falou com sua maneira irritante de ser.

“Jasper, cala a boca.”

“Bella é melhor a gente chamar o reboque, e irmos para casa.” Rosalie disse.

“Você quer que eu largue ela aqui?” Eu não podia largar meu bebê naquele estacionamento.

“Bella, nós podemos chegar tarde a casa se ficarmos aqui esperando.” Alice argumentou. Por mais que eu odiasse admitir, ela tinha razão.

“Tá bem.” Saí do carro e o tranquei.    

“Bells, você vem no meu carro, Jake você vai com o Emmett, tudo bem?” Jasper nos dividiu.

“Claro, claro.” Jacob respondeu. Diferente de mim, ele desconhecia as reais intenções por trás daquela divisão.

Entrei no carro de Jasper, ficando no banco de trás ao lado do Edward.

“Toma.” Entreguei um fone de ouvido para ele, antes de colocar o outro no meu ouvido. Apertei o play do meu Ipod, e Rêvirie começou a tocar.

“Essa é uma das melhores obras dele.” Edward comentou, aproveitando a melodia.

“Concordo. Mas ainda prefiro Clair de Lune.”

“Finalmente, algo que os dois concordam.” Ele disse com seu sorriso torto, que parecia ser sua marca pessoal.

“Mentira. Nós concordamos que o Tarantino é um ótimo diretor.” Disse, me lembrando do dia que voltei mais cedo do encontro do James e assisti um filme com ele.

“Mas discordamos sobre o Woody Allen.” Ele apontou.

“Não vou dizer que ele seja uma pessoa muito sã, mas até que eu gostei de Scoop.”

“Até onde eu sei você assistiu esse filme por causa do Hugh Jackman.” Ele provocou.

“E você por causa da Scarlet Johanson.” Devolvi.

“Eu estava querendo analisar o porquê dela fazer tantos filmes com o Woody Allen.”

“Sei.” Disse, duvidando claramente do que ele havia falado.

Pude ver o olhar curioso do Jasper pelo retrovisor, e eu revirei os olhos.

“Meninos, que bom que vocês chegaram.” Esme disse, assim que entramos em casa.   “Edward, fico feliz em ver que você saiu com seus amigos.”

“Bellinha tem super poderes.” Quem mais além de Emmett podia ter falado isso?

“E você deve ser o Jacob, certo?” Esme se virou para o meu melhor amigo.

“Sou. Como a senhora sabe?” Ele perguntou, espantado.

“O pai da Bella nos ligou avisando que você viria. Seja muito bem vindo.” Ela o abraçou com o seu jeito maternal.

“Obrigado.” Ele agradeceu. Pronto! Esme já tinha ganhado o Jake.

Cada um foi indo se acomodar em seu quarto, e eu me aproximei de Esme querendo lhe falar em particular.

“Esme, você se incomodaria do Jake dormir no mesmo quarto que eu? Ele é só meu amigo, e ele já cansou de dormir no meu quarto. Se você quiser, você pode ligar para minha mãe e falar com ela.”

“Não precisa Bella, eu confio em você.” Ela disse sincera.

“Obrigada.” Eu a abracei, antes de ir para o meu quarto.

Esme depois foi até o meu quarto, levando lençóis e travesseiros para o Jake.

“O que você achou deles?” Perguntei, enquanto Jacob arrumava sua cama no chão.

“Eles são bem legais.” Ele respondeu animadamente.

“Que bom que vocês se deram bem.” O meu maior medo era que meus amigos não gostassem uns dos outros.

Depois que Jacob acabou de arrumar a cama, eu apaguei a luz, e logo fomos deitar.

“Então, você e o Edward...” Jacob começou a falar.

“O quê?”

“Sei lá. Rola alguma coisa?” Ele havia percebido isso no primeiro dia que ele estava aqui? Era tão óbvio assim?

“Rola... amizade.” Infelizmente, completei mentalmente.

“Só isso mesmo?” Ele perguntou, parecendo não acreditar.

“Qual razão do súbito interesse na minha vida amorosa?” Perguntei, já ficando irritada com aquele interrogatório.

“Só achei que estivesse rolando algo.”

“Não. Não está.” Respondi irritada.

“Mas você gostaria?” Ele perguntou, sugestivo.

“Boa noite, Jacob!” Disse rispidamente.

“Agora eu entendi por que você gosta tanto de ficar aqui.” Ele comentou dando risada, o que me fez jogar uma almofada no rosto dele.

Ele era tão irritante!

***

Eu estava nos bastidores quando pude ouvir o Sr. Banners anunciando que o Edward seria o próximo a subir ao palco.

Corri até a parte que dava acesso ao palco esperando que eu pudesse falar com ele, mas eu havia chegado tarde demais.

Ele já estava sentado ao piano com sua típica expressão compenetrada, esperando o momento certo de fazer sua mágica acontecer.

As teclas do piano começaram a ser dedilhadas, e uma melodia doce e melancólica preencheu o ambiente.

I've been watching your world from afar, I've been trying to be where you are, And I've been secretly falling apart, I'll see.

Meu coração falhou duas batidas ao ouvi-lo cantar. Mesmo eu assistindo-o secretamente, tocando o piano todos os dias, eu nunca deixava de me surpreender com seu talento.

Sem dúvidas, Edward era a pessoa mais talentosa que eu já havia conhecido. Se ao menos ele pudesse ver além da sua deficiência. Talvez assim ele chegaria a entender que enxergar não era nada, se ele não se permitisse sentir as coisas.

To me, you're strange and you're beautiful, You'd be so perfect with me but you just can't see, You turn every head but you don't see me.

Aos poucos eu fui prestando atenção na letra. Como alguém poderia não notá-lo? Como ele podia achar que ele era invisível aos olhos alheios? Se ele ao menos soubesse que ele havia se tornado o centro do meu mundo. Se ao menos ele pudesse sentir o que eu sentia.

I'll put a spell on you, You'll fall asleep and I'll put a spell on you. And when I wake you, I'll be the first thing you see, And you'll realise that you love me.

No decorrer da música, meus sentimentos foram mudando. Quem seria a garota fascinante sobre quem ele cantava?  Ele não conversava com ninguém além de mim, então deveria ser alguém do passado. Talvez fosse a idiota da ex-namorada que o largou assim que ele perdera a visão.

Sometimes, the last thing you want comes in first, Sometimes, the first thing you want never comes, And I know, the waiting is all you can do, Sometimes...

Nunca na minha vida eu realmente havia pensado na possibilidade de me apaixonar. Claro que a maioria das garotas passavam a vida toda pensando em garotos e em casamento, e tudo o que isso envolve, enquanto eu me contentava apenas com os meus amigos.

Mas tudo havia mudado tão de repente. Eu só queria ser aquela que ele queria que o desejasse.

I'll put a spell on you, You'll fall asleep, I'll put a spell on you, And when I wake you, I'll be the first thing you see, And you'll realise that you love me.

Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu não sabia se estava chorando porque a música era perfeita, ou se porque eu não era a musa inspiradora.

Todos o aplaudiram de pé, e eu tentei me recompor, afinal subir ao palco com cara de choro não estava nos meus planos.

Edward saiu do palco, e veio andando lentamente até onde eu estava.

“Você foi ótimo!” Elogiei-o, o que fez o parar ao meu lado.

“Sério?” Ele perguntou, desconfiado.

“Sério!” Disse com um sorriso.

“Você realmente gostou?” Ele buscava pela minha reafirmação. Eu só não sabia como ele ainda podia ter dúvidas quanto aquilo.

“Sim. A música é perfeita.”

“Obrigado. Significa muito vindo de você.” Ele sorriu um sorriso sincero.

“De nada.”

“Você é a próxima?” Ele perguntou.

“Não. O Mike-Freddy-Krugger-Newton é o próximo.” Ele riu com o meu apelido.

“Se ele soubesse que você o chama assim...”

“Ele é assustador” Disse como se um arrepio passasse por mim. Era assustador como aquele garoto parecia estar em todo lugar que eu estava. “Você vai sentar?”

“Não, vou ficar aqui te esperando. Quero ser o primeiro a falar com você quando você sair do palco.” Sorri novamente. Eu sabia que não podia me dar esperanças, mas as vezes ele fazia isso ser tão difícil.

[EPOV]

Bella saiu e eu fiquei ali parado, esperando até que sua vez chegasse.

Quando Mike acabou de cantar sua música, o Sr. Banner tratou logo de chamá-la ao palco.

Eu podia ouvi-la ao meu lado, respirando pesadamente. Eu tinha certeza que ela estava prestes a entrar em pânico, assim como a primeira vez.

“Apenas lembre-se de fechar os olhos.” Sussurrei para ela, antes dela subir ao palco.

Sua voz doce e calma cantava harmoniosamente com a música. Eu tinha certeza que estava parecendo um bobo com um enorme sorriso no rosto, enquanto a ouvia cantar.

Eu não podia negar o poder que ela exercia sobre mim. Enquanto eu ouvia a música eu ficava lembrando da conversa que ela tivera com o meu irmão.

Sabe, eu ia perguntar onde você tirou tanta inspiração, mas eu acho que já sei, ele disse. Eu só me perguntava quem havia sido o rapaz capaz de inspirá-la de tal forma.

Se um dia eu o encontrasse, eu não saberia se o parabenizava ou se lhe dava um soco.

Eu só queria saber quem era o sortudo por quem ela cantava estar desejosa de conhecer, amar e arriscar todas as chances para ficar com ele.

Se ao menos ela soubesse, que no que dependesse de mim, ela não teria que arriscar mais nada.

Se ao menos ela soubesse que eu faria tudo o que estivesse ao meu alcance para que ela nunca fosse embora.

Sem dúvida alguma, a inspiração dela devia ser o tal amigo de Phoenix que estava visitando-a. Ele parecia gostar muito dela, e diferente de mim, ele podia enxergá-la.

As palmas da platéia me acordaram dos meus pensamentos, e segundos depois eu podia ouvir passos vindos na minha direção.

“E então?” Ela perguntou, ansiosa.

“Perfeita.” Respondi.

“Desde quando você virou um mentiroso?” Ela perguntou sarcasticamente

“Eu estou falando a verdade.”

“Eu sei que você só está querendo ser gentil, mas eu vou fingir que acredito.” Eu nunca iria entender como ela não podia se enxergar claramente. Será que ela não se ouvia? Ela havia sido maravilhosa no palco, e ainda duvidava de quem a elogiava.

“Bella, eu não minto. E eu nunca mentiria para você.” Disse firmemente, para que ela realmente acreditasse em mim. “Se eu estou dizendo que você foi ótima, é por que eu realmente acho isso.”

“Obrigada. Significa muito vindo de você.” Ela repetiu minhas palavras, propositalmente.

“De nada.”

“Agora vamos, antes que alguém decida vir atrás de nós.” Eu me perguntava quem estaria mais impaciente, minha mãe ou Alice?

“Espera.” Bella parou no meio do caminho, segurando meu braço.

“O que foi?” Perguntei, preocupado.

“Eu só...” Ela limpou a garganta. “Eu só queria te agradecer.”

“Pelo o quê?” Perguntei, sem entender.

“Por me inspirar com a sua música, por me ensinar a superar os desafios e principalmente por me ensinar que às vezes é bom fechar os olhos e esquecer o mundo ao redor.” Eu não acreditava que ela estava me agradecendo, quando era eu que devia estar fazendo aquilo.

“Bella, se alguém tem que agradecer esse alguém sou eu. Você...” Eu não pude continuar, já que uma discussão começou perto de nós.

“Ei! Você não pode entrar aqui.” Um dos professores gritou.

“Quem disse?” A voz desafiante de Alice perguntou.

“Eu estou dizendo.”

“Pois fique sabendo que meus amigos estão ali, e eu vou falar com eles.” Ela disse decidida.

“Volta aqui.” O mesmo homem gritou, novamente.

“Me solta!” Ela gritou. Pelo visto, Alice havia sido alcançada.

“Solta ela agora!” A voz estrondosa de Emmett disse.

“Ele você obedece, né?” Alice reclamou. Também, quem não obedeceria Emmett ao olhar o tamanho do seu porte físico.

“Acho melhor irmos antes que Alice bata no segurança.”

Eu seguia ao lado da Bella, enquanto tentava não dizer tudo o que estava preso na minha garganta.

Eu queria poder agradecer por ela não ter desistido de mim, quando isso parecia ser o mais fácil; por ela ter me enfrentado quando necessário, e me encorajado quando eu precisava; por ela ter se tornado minha amiga e ter ficado ao meu lado, mas principalmente, por ela ter me feito descobrir o real poder do amor, mesmo que para ela eu não fosse mais que um amigo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!

Beijos e até o próximo!