Através dos Seus Olhos escrita por ReLane_Cullen


Capítulo 12
Interrogatórios


Notas iniciais do capítulo

Olá! Já sei, estão todos querendo me matar pela demora, e por ter deixado todo mundo curioso depois dessa do Edward meio que convidando ela para o baile. Acertei? Acho que se for esse o caso, vocês não precisam mais se preocupar!

Espero que gostem do capítulo!


Beijos!



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Capítulo 12-Interrogatórios

[BPOV]

Eu acho que entrei em estado de choque após ouvir aquelas palavras. Como assim eu iria ao baile com o Edward? E como ele ousava fazer aquela declaração sem ao menos me consultar? E se eu quisesse ir ao baile com o Mike? Ele não tinha o direito de se meter assim na minha vida.

“Isso é verdade?” A voz chocada do Mike me tirou dos meus devaneios. Olhei para o lado, e Edward já não estava mais ali. 

Pensei em todas as coisas que podia responder. Se eu dissesse não, eu teria que inventar outra desculpa para afastá-lo, o que poderia não funcionar. Por outro lado, se eu dissesse sim, eu teria que conviver com possíveis rumores que apareceriam ao meu respeito.

Eu não sabia qual das opções poderia ser pior.

“Sim.” Confirmei, sem encarar Mike direito. Ainda incerta, se havia ou não escolhido a melhor opção.

Aquela era a situação mais bizarra pela qual eu já havia passado. Eu sentia falta do Seth nessas horas, ele era ótimo para me tirar dessas enrascadas.

“Talvez na próxima.” Mike sugeriu, esperançosamente. Me permiti apenas balançar minha cabeça afirmativamente em resposta, antes de sair da frente dele.

Eu queria sair dali e ir direto confrontar o Edward, mas eu não podia. Primeiro, por que do jeito que eu estava, nós provavelmente começaríamos a brigar, e eu jogaria toda aquela história de esquecer o passado na lata do lixo. Segundo, eu teria que explicar como eu o achei tão rápido, já que a essa hora ele estaria na sala de música. O que eu julgava ser seu refúgio particular, e quase secreto.  E então, eu teria que me explicar como eu sabia que ele estaria ali.

Tudo era tão complicado!

No meio de todos os alunos que andavam pelos corredores, eu consegui avistar as minhas amigas, e corri ao encontro delas.

“Nossa, Bela! Que cara é essa?” Alice parecia preocupada. “Parece até que viu um fantasma.” Ela adicionou bem-humorada.

“Na verdade, você está parecendo um.” Eu me perguntava como Rose podia ser tão doce, certas vezes.

“Não foi nada.” Eu sabia que nenhuma das duas acreditaria no que eu disse, mas dizer a verdade naquele momento não seria uma boa idéia.

“Você finge que é verdade, e a gente finge que acredita.”  Rose disse, enquanto revirava os olhos. Esperei para ver se ela iria falar mais alguma coisa, mas para a minha surpresa ela permaneceu calada.

“Por falar em verdade...” Alice começou, e eu senti um frio percorrer minha espinha. “É verdade que você não vai no baile?”

“Como você sabe disso?” Perguntei, arqueando minha sobrancelha.

“O Emmett não é a pessoa mais indicada para manter o bico fechado.” Rosalie explicou. Eu já devia imaginar. Querer que o Emmett se comporte e que mantenha a boca fechada, era pedir demais dele.

“Você está chateada?” Perguntei para Alice. Eu sabia que Rosalie não se importaria se eu não fosse, não que ela não gostasse de mim ou algo parecido, ela simplesmente parecia ser do tipo que não se importava com esses detalhes. Eu não sabia se podia dizer o mesmo de Alice 

“Na verdade não.”Eu a olhei surpresa. Eu estava esperando uma reação nada amistosa dela, levando em conta as palavras do Emmett, mas Alice parecia extremamente tranqüila. “Já que vou precisar daquele seu favor.”

“Qual?” Franzi o cenho, confusa. De que favor ela estava falando?

“Sair com o James.” Oh, claro! Esse favor. Por que toda vez que eu entrava em uma enrascada com um dos Cullens, eu tinha que arranjar problema com o outro? E tudo ainda ao mesmo tempo?

“Você quer que a Bella saia com o James?” Rosalie parecia um tanto surpresa e aborrecida com o fato, o que me deixou extremamente curiosa.

“Qual o problema?” Perguntei na tentativa de sanar minha curiosidade.

“Nenhum, até que o Jasper descubra.” Ela disse, séria, olhando fixamente para a Alice. Eu não sabia se todos odiavam o Jasper, ou se apenas, odiavam o fato dele sempre causar problemas. Mas estava claro que ele não era bem visto por ninguém, exceto por Alice. O que me fazia perguntar: O que diabos eu estava fazendo?

 “Do Jasper cuido eu.”Respondeu Alice, defensivamente. Rosalie assentiu, deixando claro que não se meteria no assunto. “E ele nem precisa ficar sabendo disso.”

“E como você pretende esconder seu primo durante todo o fim de semana?” Rosalie perguntou, cruzando os braços.

“Não preciso esconder ele, apenas esconder o fato que eles vão sair juntos.” Alice explicou, como se aquela fosse a mais brilhante das idéias.

“Afinal, qual é o grande problema do Jasper saber?  “ Perguntei. Eu já não agüentava mais esse triângulo inexistente entre Jasper, Alice e James.

“Nada além do que você já sabe.” Alice respondeu.

“Eu não vejo o porquê de esconder isso dele. Afinal, ele não é meu irmão e nem meu namorado.” Argumentei O fato de ter que mentir para o Jasper me incomodava, mas não tanto quanto o fato de eu não saber mentir. Na primeira resposta que eu desse ele veria  a mentira estampada no meu rosto.

“É, mas ele é meu namorado. E com certeza vai me culpar por te arranjar um encontro com o James.”

“Depois resolvemos isso.” No momento, eu tinha outras coisas para resolver.

“Mas você vai, não é?” Ela perguntou, buscando minha confirmação.

“Ainda não sei, Alice.” Ela fez um biquinho ao ouvir minha resposta.

“Alguém te chamou para ir ao baile?” Rosalie perguntou, curiosa. Essa era exatamente a pergunta que eu não queria responder.

“Mais ou menos.”  Tentei ser o menos objetiva, possível.

“Quem?” As duas perguntaram juntas. Droga! O que eu responderia agora? Por sorte, consegui avistar Emmett e Jasper vindo na minha direção. Era a minha salvação.

“Depois a gente fala, os garotos estão vindo.” Elas concordaram, e me senti aliviada por ter conseguido escapar.

 

Eu estava com vontade de ir para casa dos Cullens, e resolver toda essa história com o Edward de uma vez por todas, mas ainda não era a hora. Eu precisava me acalmar e ir para casa.

Amanhã seria um novo dia.

Antes de dormir, eu tentei procurar alguma razão para o comportamento dele.

Nós não éramos amigos.

Não no sentido pleno da palavra, como eu e Jasper éramos.

Nós estávamos no estágio de não tentarmos nos matar, então ele não poderia estar apenas sendo gentil, e me convidando na frente do Mike apenas para afugentá-lo.

Assim como a idéia dele realmente querer ir ao baile comigo, me parecia tão absurda quanto a primeira.

Quer dizer, por que ele me convidaria para o baile? Eu pensava em todas as respostas, e não conseguia achar nem sequer uma razão para ele realmente querer ir ao baile comigo.

Era estranho, mas perceber aquilo me deixou triste.

Talvez, internamente, eu desejasse que o Edward me levasse ao baile. O que era estranho, já que eu odiava bailes e eu nem sabia como eu me sentia em relação ao Edward naquele momento.

Tudo era tão confuso.

***

Quando cheguei à escola, vi Jasper saindo sozinho do seu carro. Aquilo era estranho. Ele sempre vinha para a escola acompanhando do irmão e da namorada.

Olhei para um carro estacionado próximo ao dele, e vi o porsche amarelo da Alice. Segundo ela, eram poucos os dias que seus pais a deixavam sair desfilando com o seu carro. Segundo eles, o carro era ostentoso demais. E eles tinham razão.

“Cadê o Edward?” Perguntei, me encostando no Audi azul, de onde Jasper tinha saído segundos antes.

“Sabe, eu tô começando a desconfiar desse seu súbito interesse no meu irmão.” Ele disse de maneira sugestiva, com um sorriso insinuante que mostrava seus dentes perfeitos. Eu cruzei meus braços e o olhei irritada, fazendo seu sorriso sumir.  “Mas respondendo a sua pergunta, ele não veio.”

“Por quê?” Perguntei, com o cenho franzido, esperando internamente que Jasper desconhecesse o real motivo do irmão.

“Sei lá. Ele apenas disse que não viria.” Ele deu de ombros, o que me deixou mais tranqüila. Se ele soubesse que Edward havia me convidado para o baile, a história seria bem diferente.  

“Qual ônibus me deixa mais perto da sua casa?” Perguntei, subitamente. Eu havia acordado decidida a resolver meu problema hoje, e quanto antes melhor, mesmo  que para isso eu tivesse que perder minha aula.

“O quê? Você tá querendo ir lá agora?” Jasper perguntou, assustado.

“Eu preciso falar com ele.”

“E tem que ser agora?”

“Sim.” Respondi de maneira decidida.

 “Tá legal, sobe no carro que eu te levo.” Ele disse depois de se dar por vencido.

“Não.” Recusei rapidamente. “Eu não quero que você perca aula por minha causa.”

“Não se preocupe, eu tenho  tudo sobre controle.” Ele respondeu, com seu sorriso brilhante.

“A aula vai começar em vinte minutos.” Apontei. Ele teria que ser no mínimo um piloto de fórmula um, para conseguir fazer o trajeto a tempo.

“Bella, eu sou um Cullen. A velocidade está no meu sangue.” Revirei os olhos. Jasper era tão presunçoso, certas vezes, aposto que deveria ser uma característica que ele herdara do irmão.

 

De uma coisa ele estava certo, a velocidade estava no sangue dele. Olhei para o velocímetro e vi que ele já estava passando dos 100km/h.

Eu estava rezando para que nenhum policial nos parasse. E que se por um acaso nos parassem, que o policial não fosse o meu pai.

Imagina ter que explicar para o Charlie que Jasper estava correndo para me deixar na casa dele, para falar com o Edward, no horário que eu deveria estar na escola?

Se isso acontecesse, eu deveria ficar feliz se meu pai me deixasse ver a rua da janela do meu quarto.

Menos de meia hora depois, Jasper já estava estacionando em frente a sua casa.

“São sete e trinta e cinco. ” Disse olhando para o meu relógio. “Você já perdeu a primeira aula.” Provoquei.

“Eu disse que tinha tudo sobre controle, não que me não atrasaria.” Fiz uma careta para ele. Os irmãos Cullen eram encantadoramente irritantes.

“Obrigada.” Dei um beijo no rosto dele e saí do carro.

 

A casa estava um completo vazio, o que indicava que Edward estava sozinho. Eu não sabia se isso era uma coisa boa ou ruim.

Subi as escadas até chegar ao terceiro andar, e bati na porta que ficava ao lado do meu quarto.

Senti meu coração acelerando a cada segundo, até que ele finalmente abriu a porta.

 

[EPOV]

Eu estava trancado no meu quarto, numa tentativa desesperada de evitar o mundo exterior.

Como eu poderia ir à escola, depois do que eu falei para ela?

Por que razão eu tive que abrir minha boca e deixar aquelas palavras saírem?

Eu sabia que eu não tinha o direito de fazer o que eu tinha feito. Eu não era nada dela. Mas ouvir a voz irritante do idiota do Mike convidando a Bella para o baile, despertou uma coisa estranha dentro de mim. Algo incontrolável. E quando dei por mim, eu já tinha falado que ela iria ao baile comigo.

Eu era um idiota.

Eu não sabia como encará-la depois do que eu tinha dito. Embora eu não pudesse ver a cara dela de desprezo, eu não conseguiria lidar com o fato de que ela me desprezasse.

Tudo era tão confuso em relação à Bella.

Nós não éramos amigos, mas havia uma ligação entre nós. Como se estivéssemos destinados a ser próximos.

E agora eu havia arruinado tudo. Bella acharia que eu era patético, e se afastaria de mim, com razão. Afinal, por que ela iria querer ir ao baile comigo?

Não havia nada em mim que a atraísse. Nada.  

Ouvi algumas batidas na minha porta, e fui abri-la. Devia ser minha mãe que esquecera alguma coisa, e aproveitara para vir e me dar mais uma recomendação.

Quando Esme iria entender que eu podia muito bem me virar sozinho?

Abri a porta, e fiquei esperando ouvir a voz da minha mãe, mas não foi o que eu ouvi.

“Eu sei que isso pode parecer repetitivo, mas podemos conversar?” Senti meu coração acelerando ao ouvir aquela voz. Bella parecia estar hesitante, e eu também estava, aquela seria a conversa que mudaria nossa atual situação.

Voltaríamos a ser o que éramos. Dois estranhos, habitando o mesmo lugar.

“Entra.” Fiz menção para que ela entrasse. E senti seu perfume me invadir quando ela passou por mim. Um misto de morango e frésias. Era tão doce.

 “Então, sobre o que você gostaria de falar?” Perguntei, me fazendo de desentendido. Eu sabia que era idiota da minha parte agir dessa maneira, mas eu não podia evitar.

“Sobre o que aconteceu ontem.” Ela respondeu, parecendo apreensiva.

“O que exatamente?” Eu estava vendo a hora da Bella me xingar e ir embora. Não era o que eu queria, mas se os acontecimentos iriam seguir aquele rumo, o melhor a fazer era apressá-los

“Sabe, aquela parte que você disse que eu iria ao baile com você.” Percebi o leve sarcasmo em sua voz, mas ao invés de achar irritante, como das outras vezes, eu estava achando divertido.

“Ah, sim essa parte...” O meu cinismo estava evidente. Bella suspirou irritada, e eu podia imaginá-la revirando os olhos, impaciente.

“Eu só quero saber se você estava falando sério.”Ela fez uma pequena pausa, e depois continuou.” Eu quero dizer, você realmente quer ir ao baile comigo?” Por um momento cheguei a considerar em respondê-la com um sim. Como será que ela reagiria se eu dissesse isso?

“Não, quer dizer, eu estava tentando te livrar do Mike. Você parecia não estar interessada. Eu só quis ajudar.” Resolvi dizer a verdade, ou quase isso.

“Oh!”Ela exclamou. “Obrigada.” Bella parecia genuína em seu agradecimento.

“De nada, eu só estou tentando essa coisa toda de sermos amigos.” Expliquei, completamente sem-graça.

“Engraçado, pensei que só não estávamos tentando brigar.” Era bizarro, mas eu podia jurar, que eu sentia o sorriso em sua voz. 

“É, acho que apressei as coisas. Você pode esquecer o que eu disse.” Falei um pouco desconcertado. Com sorriso ou sem sorriso, ela meio que havia me dado um fora.

“Hey, eu não estou reclamando. Acho que podemos tentar ser amigos.” Ela disse rapidamente.

“Sério?” Perguntei, surpreso.

“É só continuarmos tentando não nos matar.” Ela respondeu, com humor na voz.

“Acho que é um bom começo.”

O tão conhecido silêncio se instalou no quarto. Parecia que nossas conversas sempre acabavam assim.

As palavras morriam no ar, e logo em seguida nos despedíamos.

“Ah, droga!” Bella praguejou. Eu ouvi um som que parecia que ela tinha dado um tapa em algum lugar, talvez na testa.

“O que foi?” Perguntei, preocupado.

“Eu estou presa aqui. Vou ter que ficar aqui até o Jasper ou o Emmett voltarem.” Eu me perguntava se ela achava tão ruim ficar presa comigo, quanto eu imaginava que ela achava.

“O que você quer fazer?”

“Sei lá.” Ela pareceu desinteressada.

“Pode parecer repetitivo, mas que tal conversarmos?” Sugeri, arrancando uma breve risada dela.  

“Você tem tantos CDs.” Ela comentou, admirada. “Você realmente gosta de música.”

“E você não?” Perguntei, confuso.

“Sim, mas você com certeza ganhou. E olha que minha mãe vivia reclamando da minha quantidade de CDs.” Ela disse de maneira saudosista. Era a primeira vez que eu a ouvia falar sobre a mãe. A única coisa que eu sabia era que ela estava viva e morava em Phoenix.

“Você sente falta dela?” Perguntei.  Eu precisava saber mais sobre ela. A curiosidade de desvendar quem era Bella Swan era maior que qualquer código social que eu impus a mim mesmo.

“Sim, mesmo ela me ligando quase todos os dias, eu morro de saudades dela.” Ela parecia tão triste. Bella não parecia ser o tipo de garota que sairia de casa por que brigara com a mãe.

“Por que você  foi embora, então?”

“Minha mãe reconstruiu a vida dela, e eu a estava impedindo de viver essa nova vida. Por mais que ela tentasse negar, eu sabia que ela estava infeliz, por isso decidi passar um tempo com meu pai.”

Bella não era só inteligente, ela era extremamente altruísta. Cada palavra que saia de sua boca, me fazia admirá-la ainda mais.

 

[BPOV]

Eu nunca pensei que poderia passar tanto tempo com o Edward na mais perfeita paz.

Era estranho, mas no bom sentido.

Senti meu estômago dando seus primeiros sinais de vida, e quando olhei para o relógio, o mesmo marcava meio-dia.

Eu nem tinha percebido o tempo passar.

“Acho que preciso comer.” Comentei, meio sem-graça.

“O meu almoço é miojo, se você aceitar.” Edward ofereceu, e eu fiz uma careta. Eu estava enjoada de miojo.

“Eu passei as últimas semanas à base de miojo.”  Reclamei, percebi que minha voz saiu como de uma garotinha mimada, mas eu não pude evitar.

“De repente na cozinha tenha outra coisa.” Ele sugeriu, e eu assenti como resposta. Percebi logo em seguida que ele não podia ver a minha resposta. As vezes eu era tão idiota.

“Claro.” Concordei, e ambos descemos até a cozinha.

A cozinha era imensa, e devidamente limpa e arrumada. Tirando as duas semanas que passei enfurnada no meu quarto no terceiro andar, eu só tinha vindo aqui três vezes. O que era insuficiente para saber onde as coisas ficavam nessa cozinha.

“Você acha que sua mãe se importaria?” Perguntei receosa, a última coisa que eu precisaria seria Esme brigando comigo.

“Não.” Assim que ouvi sua resposta, não perdi mais tempo, e fui vasculhar os armários e a geladeira em busca de algo que pudesse ser transformado em almoço.

“Ok, você gosta de lasanha?” Perguntei, quando vi que tinha os ingredientes necessários para o prato.

“Sim.” Ele respondeu.

“Então vai ser lasanha.”

“Quer ajuda?” Ele se ofereceu, e eu fiquei admirada. Edward realmente estava se esforçando para as coisas darem certo.

“Precisa não...”Assim que as palavras saíram da minha boca, eu me chutei mentalmente por tê-las falado tão rápido. “A não ser que você queira.”  Consertei o mais rápido possível. A última coisa que eu precisava .

“O que eu posso fazer?” Ele perguntou, me colocando em uma encruzilhada. Eu não podia escolher algo extremamente banal para ele fazer,  pois pareceria que eu estava duvidando da sua capacidade.

Por outro lado, se eu escolhesse algo difícil demais, pareceria que eu estava zombando das suas limitações.

“Depende. O que você quer fazer?” Perguntei, deixando-o decidir.

“Tem alguma coisa para cortar?” Ele perguntou meio indeciso.

“Tem a cebola.” Ele concordou, e eu entreguei uma cebola e uma faca para ele.  Enquanto ele cortava a cebola, fui colocar o macarrão para cozinhar, assim como os tomates para fazer o molho.

“Ai!” Ouvi Edward gritando, e logo me virei para olhá-lo.

“O que foi?” Perguntei, preocupada indo até ele.

“Eu acho que cortei meu dedo.” Ele levantou o dedo para que eu pudesse ver, e eu fui logo me afastando ao ver o líquido vermelho saindo de seu dedo.

“Onde tem um kit de primeiros socorros?”

“No armário do banheiro.” Ele respondeu.

Não foi difícil achar o kit, e logo voltei para a cozinha. Edward estava lavando o dedo em água corrente, mas mesmo assim eu ainda conseguia ver o sangue escorrendo. Só falta eu desmaiar agora.

Assim que me ouviu na cozinha, Edward fechou a torneira, e se sentou em um dos bancos da bancada, que ficava no meio da cozinha.

Peguei uma gaze, e coloquei-a sobre o ferimento, pressionando o local, na tentativa de parar o sangramento.

A gaze já estava encharcada de sangue, e eu já estava começando a ver tudo rodando em minha volta.

 “Eu tô ficando tonta.” Disse, enquanto sentia meu estômago começando a protestar também.

“Por que?” Ele franziu o cenho, confuso.

“O cheiro de sangue.” Expliquei, e ele riu. Isso mesmo, Edward Cullen riu de mim. Por mais que isso pudesse me irritar, eu achava que aquilo era uma coisa boa. Afinal, ele nunca tinha rido ou sorrido para mim.

“É bom saber que você acha graça de eu estar quase vomitando na sua cozinha.” Comentei sarcasticamente, e ele fez uma careta engraçada.

“Eu nunca conheci alguém tão sensível a sangue antes.” Ele explicou.

“É que eu sou uma vampira disfarçada.” Novamente, ele esboçou um pequeno sorriso, e pela primeira vez, fiquei feliz por dizer uma coisa tão idiota.

Com muito custo, tirei a gaze do dedo dele, e a joguei no lixo. Depois limpei o ferimento, coloquei um anti-séptico e um band-aid. Pronto! Depois de anos me machucando, eu já tinha a habilidade de fazer curativos.

 “Agora você vai ficar sentadinho aí enquanto eu termino o almoço.” Avisei-o. Por incrível que pareça Edward me obedeceu.

Eu acabei de fazer lasanha, e nós almoçamos no mais absoluto silêncio.

Só que esse silêncio, agora, não parecia ser tão desconfortável assim.

 

***

Passei um leve batom nos lábios e dei uma última conferida no meu visual.

Felizmente, Alice estava ocupada demais se arrumando para o baile para poder vir aqui nos Cullens me arrumar para o meu encontro.

Eu não gostava muito de usar essa palavra, até por que eu não encarava isso como um encontro, mas essa parecia ser a única palavra que poderia ser encaixava.

Até que meu visual não estava ruim. Tirando o meu gesso, tudo estava combinando perfeitamente. Acho que a convivência com uma certa baixinha estava surtindo algum efeito. Embora eu ache que ela me recriminaria por ir de calça jeans e tênis para encontrar seu primo.

Como nem tudo poderia sair perfeito, Jasper estava parado perto da escada, quando eu estava descendo da mesma.

Contra a minha vontade, e a de Rosalie, Alice permaneceu irredutível e decidiu não contar nada a ele, mas pelo visto de nada iria adiantar. Eu era uma péssima mentirosa, e não conseguiria mentir na cara do Jasper.

“Pensei que você fosse ficar em casa.” Ele comentou, quando me viu descendo as escadas.

“Tenho um compromisso.” Respondi, tentando ser evasiva.

“Posso saber com quem?” Maldito Jasper com seus olhos azuis penetrantes e suas sobrancelhas questionadoras!

“James.” Respondi, sem nem ao menos pensar. Droga! Alice iria me matar.

“O quê?!” Ele praticamente gritou. Eu podia te sentir a raiva que emanava do corpo dele. 

“Olha só, nem pense em abrir o bico com a Alice. Ela me pediu um favor, e eu aceitei.” Disse, apontando o dedo para ele.

“Bella, eu não confio nesse cara.” Ele exalou pesadamente. “Alice não tinha o direito.”

“Shhh! Nem mais uma palavra.”Eu falei seriamente com ele. “Eu não quero que você brigue com ela sobre isso. Por que se você brigar, vai estar arranjando briga comigo também.” Jasper ficou me encarando, enquanto parecia estar tomando algum tipo de decisão.

“Ok.” Ele se rendeu, mas eu ainda podia ver algo em seus olhos. “Mas qualquer coisa me liga que eu vou voando te socorrer.”

“Pode deixar.”  Sorri ao vê-lo tão protetor. Jasper, assim como Jacob, era o irmão que eu nunca tive, mas que estava tendo agora.

“Se cuidem, os dois.” Ele disse olhando para mim, e depois olhando para dentro da sala de estar.

Foi então que eu vi Edward sentado no sofá.

Desde o dia que eu fiquei aqui com ele, nós estávamos nos tratando mais civilizadamente. Chegamos até a conversar depois dos ensaios. Eu sabia que para ele, isso era um grande progresso, e eu tentava não levá-lo ao limite, mas eu queria conhecer o verdadeiro Edward.

Aquele, pelo qual, Rosalie pediu  que eu lutasse.

“Você vai sair com o James?” Ele perguntou, com uma careta. Agora eu tinha certeza, essa era a reação universal ao nome dele.

“Por que todo mundo faz essa cara quando se fala nele?” Perguntei, não aguentando mais aquela curiosidade.

“Acho que ninguém gosta dele, já que Alice e Jasper vivem brigando quando ele aparece.” Ele respondeu.

“Vocês deviam dar uma chance a ele.” Apontei.

“Talvez.” Ele disse, dando de ombros.

“Você vai ficar sozinho? Cadê Esme e Carlisle?” Perguntei, notando o silêncio da casa.

“Saíram. Sempre que os filhos saem para se divertir, eles fazem o mesmo, e eu não gosto de ficar no caminho.” Ele explicou, um sentimento estranho inundou meu ser.

“Por que você não vai ao baile?”

“Por que é chato.” Ele disse, com uma expressão entediada.

“Nisso você tem razão.” Concordei, sorrindo.

Nessa hora, ouvi uma buzina vinda do lado de vorá da casa.

“Acho que é ele.” Disse. Era estranho, mas eu acho que estava esperando que James não aparecesse.   “Você vai ficar bem?”

“Claro.” Ele disse, assentindo com a cabeça. “Divirta-se.”

“Até mais” Me despedi dele, e saí pela porta.

***

James era exatamente como Alice havia descrito.

Loiro, bonito e simpático.

Ele também parecia ser bastante atencioso e cavalheiro, embora suas maneiras pareciam ser um tanto forçadas e mecânicas.

Fomos ao cinema, e ele escolheu um romance. O filme que passava na tela até parecia ser interessante, mas meus pensamentos estavam longe dali.

Eu me sentia tremendamente culpada por ter deixado Edward sozinho em casa. Eu sabia que não havia nenhum motivo para eu me sentir daquela maneira, mas era assim que eu me sentia.

O filme acabou, e eu percebi que James me fitava atentamente.

“Onde você quer ir comer?” Ele me perguntou, enquanto saíamos do cinema.

“Você se importaria se nós apenas passássemos em um Drive Thru?”Perguntei, quando alcançamos o carro dele. “É que  eu não estou me sentindo muito bem.” Fiz a melhor expressão de desconforto que eu tinha. Eu não estava com clima para esse encontro, eu só precisava voltar para casa.

“Claro.” Ele respondeu com um sorriso que eu classificaria como sendo forçado.

James dirigiu até a lanchonete mais próxima e fez os pedidos. Ele me olhou desconfiado quando eu pedi dois cheseburgers, duas batatas e dois refrigerantes, mas acho que ele acreditou na desculpa de que eu estava morrendo de fome.

 

[EPOV]

Eu amava quando eu ficava sozinho. Existia uma paz ao andar pelos corredores da casa, sem ter sempre alguém perguntando alguma coisa, ou simplesmente falando com você.

Eu sempre gostei desses momentos, onde toda a casa era minha.

Mas estranhamente, isso não se aplicava ao dia de hoje.

Eu já sabia que Bella iria sair com o James. Mas acho que fiquei esperando até o último  minuto, desejando que ela desistisse, ou que ele não aparecesse.

Era absurdamente bizarro, mas eu nunca havia desejado tanto a companhia de alguém, quanto eu desejava dela.

Ouvi o barulho de um motor de carro, e logo em seguida a porta de casa sendo aberta.

“Mãe, você já voltou?” Gritei, enquanto me levantava do sofá e ia em direção à entrada da casa.

“Sinto em desapontar, mas eu não sou a Esme.” Bella respondeu, e eu tive que conter um sorriso ao ouvir a sua voz.

“Você já voltou?” Perguntei surpreso.

“Não, eu morri e voltei para puxar o seu pé.” Ela e seu sarcasmo eram inseparáveis.

“As pessoas achavam isso engraçado lá em Phoenix?” Provoquei-a.

“O que você tá fazendo?” Ela perguntou, ignorando minha tentativa de provocá-la.

“Eu ia assistir um filme agora.” Ou melhor, eu iria ouvir um filme agora.

“Qual?” Ela perguntou curiosa, passando por mim e indo em direção a sala de estar.

“Pulp Fiction” Respondi, indo atrás dela. Eu já estava esperando ouvir as críticas dela. Eu sabia que poucas garotas gostavam dos filmes do Tarantino.

“Ótimo! Por que eu trouxe comida.” Ela comemorou, me entregando um saco de papel e um copo  “Espero que você goste de cheseburger” ela adcionou.

“Eu gosto, valeu.” Agradeci, me sentando no sofá.

Bella colocou o DVD, e sentou-se ao meu lado.

Eu queria perguntar o por quê dela ter voltado mais cedo, mas eu não o fiz.

Era melhor não saber a verdade. A ilusão, certas horas, podia ser muito mais agradável.

Mas independente disso, eu já havia me decidido. Eu tentaria voltar a ser quem eu era.

Por ela.


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