Fúria dos Deuses escrita por Neline


Capítulo 34
Encontro meu brilho inteiror




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Quando abri meus olhos novamente, Chuck estava caído do outro lado da sala, e meu avô me olhava como se eu fosse uma bomba atômica prestes a explodir.

Não, desculpe, interpretação errada..

Poseidon me encarava como se eu fosse uma bomba atômica que tinha acabado de explodir.

A estatueta estúpida que podia destruir a porcaria do mundo estava há alguns centímetros da mão de Chuck, mas ele parecia não ter força o suficiente para pegá-la.

- Pegue a maldita alma de Urano! - Gritei com Poseidon como se ele fosse retardado, o que definitivamente não deveria ser seguro, mas eu não me importava. Estava me sentindo exausta, furiosa, e, acima de tudo, traída.

- Pegaria se pudesse ver, Blair. - Franzi o cenho.

- Que estupidez é essa?

- Não consigo ver. Você não percebe que... acabou de explodir em luz? Como se fosse o Sol? - Então, percebi que as órbitas de Poseidon estavam brancas, e Chuck não estava completamente parado. Ele tateava o chão a procura da estatueta, mas não podia vê-la. 

Ignorei o cenário, e corri até Chuck. Eu queria com todas as minhas forças me ajoelhar ao lado dele e beijar cada um de seus cortes, mas era fazer isso ou salvar o mundo. Ainda não havia me tornado uma deusa egoísta como Chuck me acusara de ser, então escolhi a segunda opção.

Agarrei a estatueta com força, como se ela fosse o último ponto firme na Terra, então as órbitas de Poseidon voltaram ao normal, e eu corri até ele.

- Guarde! - Gritei, desesperada. 

- O que você espera que eu faça, Blair? Esconda-a no meio dos meus cabelos? Segure e mantenha a estátua em segurança. Eu vou os manter longe de você até acharmos um meio de sair daqui. - Estava prestes a perguntar quem ele pretendia manter longe de mim, já que o único na sala era Chuck, mas então percebi os vários monstros que despencavam do nada. 

Poseidon era esperto, e rápido. Ele aproveitava os poucos segundos de confusão que os monstros enfrentavam ao caírem no chão para exterminá-los antes mesmo que eles pudessem se defender. 

Eu me sentia fraca e inútil, segurando o souvenir mais poderoso da Terra, escondida atrás de um trono. Não conseguia escutar nada coerente, e minha visão escurecia às vezes. Ainda me sentia exausta. Percebi que minha pele reluzia em um tom claro de branco, e lembrei do que meu avô havia dito sobre explodir. Não podia ser a benção, afinal, ela fazia minha pele brilhar em azul.  Então... o que era aquilo? 

Um estrondo alto contra o trono me fez despertar. Mas apenas por um segundo. No outro, tudo havia cessado. Não haviam mais gritos, espadas brandindo, ou explosões. E eu me senti como se estivesse envolta em água. Mas não estava. Meus músculos exigiam um esforço sobre-humano para se movimentar. Era como se meus ossos estivessem se dissolvendo em areia.

Cronos.

Usei a pouca força que ainda tinha nos músculos para apertar a estatueta mais forte entre meus dedos.

- Onde está? - A voz do titã soava alta e clara pela sala, como um rugido.

- Não sei, Senhor. Poseidon chegou e tudo ficou uma bagunça. - Não entendi porque Chuck estava mentindo. Ele sabia. Tinha me visto com a estatueta. Era só me entregar para Cronos que tudo estava acabado.

- Teremos que encontrá-la, então. Mas antes... - Escutei o barulho pesado de passos. - Poseidon. Você sempre foi meu filho mais revoltado. Ajudou seu irmão com fervor quando saiu de dentro de mim. Me manteve exilado por anos. Se certificou de que eu nunca voltaria. E, há alguns anos atrás, você e o seu maldito filho, Percy Jackson, destruíram meus planos. Agora, filho querido, é minha vez de retribuir o favor. É minha vez de destruir você. 

A raiva borbulhou dentro de mim. O reflexo de luz na minha pele ondulou, se tornou mais intenso. Mas dessa vez, eu não iria explodir. Eu iria acabar com isso. 

Imaginei a magia de Cronos quebrando ao redor de mim. Sua força vinha suprida das trevas, da escuridão, do fundo do Tártaro. Minha luz foi a devorando pouco a pouco, e eu voltei a me mexer. E, Zeus é testemunha, eu já estava cansada de ficar escondida.

- Não vai destruir nada, Cronos. - Falei, saindo de trás do trono. - Desculpe, apenas negócio de família, entende? Aparentemente, a minha está destinada a chutar esse traseiro gordo de volta para o Tártaro, toda a vez que você decide trazê-lo para nossa área. Já deveria ter aprendido a essa altura.

- Criança... - Aquela deveria ter sido sua voz baixa, mais ainda assim, fez toda a estrutura do Olimpo tremer. - Não sabe no que está se metendo. Deixe a estatueta no chão e corra. Talvez eu lhe poupe. Talvez você seja útil.

- Talvez, - falei tão alto quanto ele, no tom mais irônico que eu conhecia. - você não tenha entendido. Não está lidando como uma criança. Está lidando com uma deusa. E não vou deixar com que você esqueça mais disso.

- Deusa? - Ele gritou em tom de deboche. Aquilo bastou para mim.

Olha, vou ser sincera. Se você me perguntar como eu fiz aquilo, ainda não sei responder. Simplesmente aconteceu. Em um minuto, eu era só a velha Blair, com jeans e camiseta, parecendo uma formiga aos pés de Cronos com sua forma titã. No outro, eu era... bem, uma deusa.

Minha pele irradiava milhares de cores, que se misturavam até formarem o branco. Eu entendia agora. As cores eram só luz. Eu podia controlá-las. Estava da altura de Cronos. Senti meus cabelos tocarem minha coxa, trançados de lado na frente do meu corpo. Não estava mais usando jeans surrado e camiseta velha. Estava usando um daqueles belos vestidos gregos, branco. Na minha mão esquerda, estava a estatueta. Já na direita, eu tinha um cetro prateado, tão grande que igualava à minha altura. No topo ele tinha uma grande bola de luz.

Se eu pudesse escolher minha arma, teria sido algo como uma bazuca. Mas tudo bem. Acho que vou ter que me virar com um cetro. Não é como se eu estivesse lutando com um titã imortal que tem uma foice ceifadora de almas.

- Então, você é uma deusa. - A voz de Cronos parecia divertida, mas não deixei aquilo me afetar. Olhei para baixo, procurando Chuck. Ele me encarava com o maxilar cerrado, e eu não soube dizer o que ele pensava daquilo. - Espero que aproveite o Tártaro, pequena. - Foi ai que nós começamos a lutar.

Eu não posso dizer quanto tempo durei contra Cronos, mas foi definitivamente mais do que eu esperava. A luz do meu cetro barrava a maioria dos golpes da foice, assim como qualquer magia que o titã tentava usar.

Não era como se eu tivesse experiencia em manejamento de cetros, mas eu sabia me virar bem com uma espada, e aquilo não era muito diferente. 

É claro que eu estava em desvantagem. Não sabia usar meus poderes, nem o que estava fazendo, e uma das minhas mãos estava ocupada. Minha altura era igual a de Cronos, mas eu não chegava nem perto em força ou estratégia. Ele tinha milênios de prática. Eu tinha 16 anos.

O golpe que me derrubou foi baixo. Cronos deferiu um golpe forte com a foice, e enquanto eu ocupei meu cetro em desviá-lo, ele lançou algum tipo de truque mental contra mim, e eu senti meu cérebro virando gelatina. Depois, senti uma punhalada forte no meu estômago, e fui lançada para trás com força. O choque combinado com a dor fez com que eu voltasse ao tamanho humano. Assim que minhas costas tocaram o solo, algo estranho aconteceu. Eu vi Chuck se curvar para frente, e cair de joelho no chão. Infelizmente, Cronos estava com a ponta da foice em meu pescoço antes que eu pudesse entender o que aconteceu. 

- Acabou, mocinha. - Eu me preparei para o golpe, e pensei no quanto aquilo era irônico. Eu acabei de descobrir que sou imortal, e desejei não ser. Do que adiantaria? Se eu fosse humana, ou meio-sangue, morreria, ganharia um bom julgamento de Hades e um lugar no Campo Elísio. Como deusa, eu ia ser jogada em um buraco escuro e úmido por toda a eternidade.

- Pare! - Chuck gritou. Não sei o que fez Cronos se virar, se foi o choque ou, de fato, o chamado. Mas ele se virou. - Não pode matá-la.

- Como se atreve a me dizer o que posso ou não fazer?

- Se ela morrer, eu morro. - Ele deu de ombros, e eu senti meu coração derreter. Ah, Chuck, você seria estúpido assim por mim?

- Garoto... escute bem o que está dizendo...

- Quando eu me banhei no Estige, Blair estava lá. Ela que me puxou do rio. Ela me manteve em contato comigo mesmo. O fio que me prende a Terra? É Blair Waldorf. - Então eu lembrei. A cena estranha do rio. Aquilo poderia ser verdade? Não, não pode. Ele não pode ter se banhado no Estige. 

- Ah, criança imprudente! - A voz de Cronos ecoou como um trovão, o que era estranho, já que ele estava repreendendo o filho do próprio trovão. Chuck deu de ombros. Aquilo pareceu aborrecer o titã ainda mais. - Uma pena. Você tem sido de grande proveito. Infelizmente, em uma guerra, baixas são necessária.

- Está disposto a perder, Cronos? Pois não vai perder apenas a mim.

- O que mais vou perdeu, filho dos céus?

- Gaia. - Chuck disse, estendendo uma estatuata que parecia feita de puro barro. - Consegui encontrá-la enquanto vocês dois travavam sua briguinha. - Ele olhou diretamente para mim. - Eu prometi que te manteria segura, custe o que custar, lembra?

- Então vou matar você e pegar a estátua! Semideus estúpido. Apenas facilitou meu trabalho!

- Não. - Chuck o interrompeu. - Eu tenho a adaga da invocação, lembra? Pode me matar, Cronos, mas meu último movimento vai ser libertar Gaia, e você não vai querer que isso aconteça sem um juramento. Você pode até ter sido o filhinho querido dela, mas alguns milênios presa em um boneco de barro graças a você deve ter sido o suficiente para enfurecê-la. Vai querer arriscar?

Senti Cronos apertar a foice contra o meu pescoço.

Então, essa é a sensação de morrer. 


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Notas finais do capítulo

Sei que demorei e blablablá. Desculpem. Poderia me justificar mas, bem, acho que vocês já perceberam que minha vida anda corrida.
Não posso prometer que o próximo capitulo vai ser postado semana que vem, mas prometo que vou postar o mais rápido possível.
Então, todos felizes com a transformação da Blair? E Chuck cumprindo suas promessas?
Ah, e a Blair é deusa do que, afinal? Deixem seus palpites, haha.
Deixem reviews e mimem um pouquinho sua escritora desleixada favorita. Prometo que vou apressar a continuação da história.
XOXO, N.