Fúria dos Deuses escrita por Neline


Capítulo 29
Uma doce recepção


Notas iniciais do capítulo

Um capitulo enorme para compensar a demora.
Enjoy ;*



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- Deuses, essa viagem está muito parada. - Serena murmurou no banco de trás. - Vamos cantar um pouco? - Eu me virei, com a expressão nenhum pouco amigável.

- Eu não sei o trabalho que Cronos ou Zeus tiveram para me matar, mas comece a cantar e tudo isso será poupado. Eu juro que cometo o suicídio. - July me encarou, espantada, mas eu me voltei para frente novamente, bufando, enquanto me afundava um pouco mais no banco. Não, meu humor não estava bom. Eu estava cansada, com fome, perturbada, em uma droga de carro com duas garotas que adoravam cantar e fazer algumas brincadeiras imbecis com placas, e Nate dirigia dentro da porcaria de limite de velocidade. A paisagem também não era animadora: só a imensidão seca e quente do Texas. 

-  Diké não tinha um lugar menos isolado para se enfiar não? - July falou, tentando quebrar um pouco o clima pesado.

- Nate, pelo amor do Olimpo, estamos chegando? - Ele olhou para o pedaço de papel, grudado no espelho retrovisor, e depois parou o carro, olhando para o lado.

- Eu acho que... chegamos. - Franzi o cenho, olhando pela janela. Todos dentro do carro estavam em silêncio, e eu me virei para encarar a mesma expressão confusa estampada no rosto de cada um.

- Não é possível. - Serena disse, provando que elas provavelmente viam a mesma coisa que eu.

- Qual é Nate, você não serve nem para achar um endereço? - Gritei, puxando o papel do retrovisor. Conferi o número, olhando novamente para a casa, e suspirei. - Desculpe, o número está certo. É aqui. - Anunciei a meia voz, enquanto saiamos todos do carro. Ficamos parados, enquanto alguns grãos de areia seca voavam contra meu braço. A nossa frente, havia uma pequena estrada de tijolos vermelhos, que levavam a um casebre - literalmente. Era como uma velha cabana de madeira, sem nenhuma pintura. Ou seja, a casa continuava com o imaculado tom marrom avermelhado da madeira. Parecia que alguém se dera ao trabalho de passar um pouco de verniz sobre as paredes, mas se descascou com o tempo. Havia uma pequena varanda, com o chão de tábuas. Não havia sequer uma janela, apenas a porta enorme e simples, pintada com a tinta vermelha berrante. Nenhuma árvore decorava o terreno, mas uma cadeira de balanço pairava na varanda, com um leve movimento continuo provocado pelo vento.  

- Certo. Eu bato. - Nate caminhou à nossa frente. Eu o segui, acompanhada por Serena e July nos meu encalço. Sem jeito, ele parou em frente à porta. Percebemos, desconfortáveis, que o chão rangia a caba passo que dávamos. Ele fechou a mão, batendo delicadamente contra a porta. Serena e July se encararam, nervosas. Um minuto inteiro se passou, e nada aconteceu.

- Dionísio deve ter pregado uma peça em nós. - J. sussurrou para mim, mas S. se exasperou.

- Juh, não fale isso! Jamais deve ser duvidar das palavras de um deus! Se o senhor D. disso que ela está aqui, ela está.

- Mas o lugar e... ninguém atende. 

- Diké! - Gritei, tomando a frente e batendo na porta com mais força. - Diké, por favor. Hades nos enviou até aqui, abra a porta! Me chamo Blair, meus amigos estão aqui também e nós... - Fui interrompida pelo grito agudo das garotas atrás de mim, e me virei. Eram 6 cobras, ou 7. Não parei para contar. Elas serpentearam até nós, e nos escaram com seus olhos inacreditavelmente humanos. Me concentrei na água, procurando qualquer vestígio dela aquele lugar seco. Nada. Procurei não gritar. - Se acalmem. - Falei. Nate assentiu, mas as meninas gritaram ainda mais. Os cobras nos cercaram, e nos rodearam. Duas delas se esticaram, ficando com a nossa altura e sibilaram contra meu rosto. Eu tinha uma imensa sorte com cobras, será que já não me bastava aquela no clube há... bem. As cobras, então, foram se distanciando. Em cerca de 5 segundos, elas haviam sumido. A porta se abriu lentamente, e nós 4 a encaramos, ofegantes e boquiabertos. 

- Bem... - Nate começou. - Pior do que cobras assassinas não podem ficar. Vamos entrar. - Ele pôs em punho sua espada (cuja o nome sempre me foge da mente, mas era algo como Armadilha), indo na nossa frente. Assim que cruzamos a porta e ela se fechou sozinha, ficamos paralisados. Por dentro, a casa era completamente diferente. Enorme, clara, arejada. O ar seco de fora não existia, e o calor enlouquecedor tampouco.  Moveis de luxo preenchiam a sala. Dois grandes sofás de couro branco, um tapete bege felpudo cobrindo todo o chão, duas mesas de café mogno, uma pesa de centro do mesmo tom, e, completamente deslocada naquele calor, uma lareira. Quadros por toda a parede uma escada - o que era estranho, levando em consideração que a casa não aparentava ter dois andares.

- Desculpem pelas cobras. - Uma voz doce e firme soou à nossa esquerda. - Eu costumo receber visitas desagradáveis, então tenho que conferir quem bate a minha porta por olhos de terceiros. - Nos viramos. Uma mulher estava de pé, com um vestido tomara que caia cinza, até os pés. Um cinto prata marcava sua cintura, e os ombros estavam desnudos. O cabelo castanho escuro estava preso em um rabo de cavalo que se acabava em delicados cachos nas pontas. Seus olhos eram tão escuros quanto se podia imaginar, e as feição lembravam as de Atena - nariz fino, lábios pequenos. Porém ela parecia mais simpática, mas não menos assustadora. Ela me encarou, e por um momentos parecia que dissecava minha alma. Serena apertou minha mão, como se sentisse o mesmo.

- Você me lembra a estátua de venda dos tribunais. - Falei antes que pudesse me conter. Nate ficou tenso, mas a mulher gargalhou. Não era uma gargalhada tão linda ou melodiosa quanto se esperava. Era só... legal. Como uma gargalhada comum.

- Não posso dizer como você é. Sou deveras cega. Mas sentem-se, por favor. - Ela nos guiou até o sofá. Não parecia cega: se movia com mais destreza e delicadeza do que eu.

- Não quero ser intrometida, - Mentira. - mas a senhora não me parece cega. - Eu falei, enquanto me ajeitava.

- Eu posso ver os móveis e toda a sala. Eu não posso ver vocês. A justiça não é de fato cega, ela pode ver fatos concretos e provas, mas não vê pessoas. Assim, não se julga ninguém pela aparência ou posição social. -  Diké explicou calmamente. - Mas me digam, o que querem aqui?

- Eu quero saber o que eu sou. - Respondi prontamente. - Quero saber o que o Olimpo tanto pesquisa sobre mim. Por favor. - ela me encarou, pensativa. Eu mordi o lábio inferior. Elaparecia estar me vendo

- Me diga então, Blair Waldorf, por que eu deveria? - Procurei não ficar surpresa por ela saber meu nome. Aparentemente, todos sabiam.

- Porque é justo. Me desrespeita. É inadmissível que o Olimpo me trate como um rato de laboratório e sequer me informe porque. - Me pareceu um ótimo argumento com a Deusa da Justiça. E acho que ela. Ela sorriu.

- Você está certa. É injusto. Posso falar, então. Por onde quer que eu comece? 

- O que eu sou? - A pergunta era estranha, mas parecia funcional. Apertei minha mão contra minha perna, evitando o tremor.

- Não posso lhe dizer ao certo. Mas você não é uma semideusa, e não é humana. Você tem os poderes dos seus avós, o que nunca aconteceu antes. Por eliminação, você é uma deusa. - Engoli seco. A voz de Diké continuava clara e calma, enquanto meus amigos ofegavam ao meu lado.

- Mas... como? Por que Zeus quer me matar?  

- Novos deuses nunca são bem vindos. Altera-se a cadeia natural. Podem ocorrer mudanças de lugares. Muitos tronos são ameaçados. Sua simples existência ameaça a quase todos os deuses. 

- Você não parece preocupada. - Nate observou, e a mulher sorriu.

- Eu me afastei do Olimpo há algum tempo. Não gosto da maneira com que eles lidam com as coisas. Éinjusto demais para que eu concorde com elas. - Eu assenti com ela.

- E as pesquisas? - Pediu, não querendo perder as oportunidades.

- Sobre a sua constituição biológica, você sabe. Os boatos sobre sua maravilhosa atuação no Mundo Inferior se espalharam. Desculpe crianças, mas vocês tem que ir agora. - Ela se interrompeu rapidamente. - Minhas cobras ficam famintas depois das 3 da tarde, e olhem o relógio! A última coisa que eu quero são vocês todos devorados.  - Antes dela terminar a frase, Serena e July já estavam se empurrando na frase. Revirei os olhos, assim como Nate, que as seguiu sem pressa. Me virei para os acompanhar, mas os dedos finos de Diké agarraram meu ombro. - Querida, deixe-me lhe dizer algo. O mundo nunca vai ser justo. Minha posição é como uma piada: a justiça não existe mais há séculos. Você tem que ser justa consigo mesma, apesar de tudo. Ali fora, não vão faltar cobras milhões de vezes piores do que as minhas, e elas estarão prontas para fazer coisas piores do que simplesmente te devorar. Esteja atenta, e boa sorte na sua jornada.


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Notas finais do capítulo

Então, espero que tenham gostado! Deixem reviews.

XOXO. Neli ;*

AH, quem tiver tumblr e quiser dar uma olhada no meu http://littletasteofhell.tumblr.com/ está ai ^^



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